segunda-feira, 16 de julho de 2012

O país precisa enfatizar o investimento em capital humano e o aumento da produtividade para voltar a crescer mais, dados os limites do consumo para impulsionar a economia e o delicado quadro internacional


Quadro externo foi gatilho para piora do Brasil, diz Eichengreen
Barry Eichengreen, da Universidade da Califórnia: Brasil precisa focar na educação e no aumento da produtividade
A deterioração do cenário externo foi "uma espécie de gatilho" para a desaceleração da economia brasileira, que cresceu a taxas mais fortes nos últimos anos em grande parte devido ao boom de commodities e à forte demanda externa por seus produtos, diz Barry Eichengreen, professor de Economia e Ciência Política da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos. Para ele, o país precisa enfatizar o investimento em capital humano e o aumento da produtividade para voltar a crescer mais, dados os limites do consumo para impulsionar a economia e o delicado quadro internacional. O americano será um dos principais convidados do seminário "O Brasil e o Mundo em 2022", patrocinado pelo BNDES em comemoração aos seus 60 anos. O evento vai ocorrer no Rio de Janeiro nos dias 23 e 24, no Espaço Tom Jobim.
Para Eichengreen, é "compreensível" que o crescimento do Brasil tenha caído para níveis mais baixos num momento em que pioram as perspectivas para os preços de commodities e as condições externas se deterioraram. Nesse cenário, é um desafio crescer 4% ao ano, um nível que, segundo ele, o Brasil deveria ter como meta. No entanto, como o país tem espaço para aumentar a produtividade e a força de trabalho é crescente, é possível almejar esse objetivo, desde que o país siga "boas políticas".
De acordo com Eichengreen, "todo mundo sabe" que o Brasil precisa investir mais em educação e capacitação e elevar a produtividade no setor manufatureiro. "O Brasil tem algumas indústrias exportadoras líderes, algumas histórias famosas de sucesso, e precisa de muito mais histórias como essas", afirma ele, lembrando que, nos últimos anos, muito se ouviu falar da nova classe média brasileira e da importância do consumo.
A experiência de países como Grécia, Espanha e Portugal, porém, mostra que, se a economia depende demais da demanda interna, a tendência é que isso cause problemas em algum momento, diz ele. "O que o Brasil precisa investir em educação, capacitação e treinamento, e aumentar a produtividade, e o consumo não faz isso."
Eichengreen afirma que os juros mais baixos e o câmbio mais desvalorizado ainda não surtiram efeito sobre a atividade porque isso leva tempo. "Nós sabemos pelas evidências históricas que cortes de juros e movimentos na taxa de câmbio demoram pelo menos nove meses antes que os impactos se façam sentir completamente na economia", diz. Ele pondera, porém, que o real parece seguir num nível ainda forte, prejudicial à competitividade do exportador, apesar da recente desvalorização.
O economista americano vê o desenrolar da crise europeia com preocupação. Para ele, a decisão da cúpula da União Europeia no fim de junho, de fazer uma recapitalização direta dos bancos e caminhar para uma união bancária, é um passo importante, mas ainda há problemas nada desprezíveis. Como as medidas não são para agora, continua sem solução a questão dos bancos subcapitalizados, que não emprestam, por exemplo. "O segundo problema é que a crise bancária é apenas uma parte da crise europeia", ressalta Eichengreen. Há também uma crise da dívida soberana, uma de crescimento, uma de competitividade e uma política. "O acordo para criar uma união bancária é parte da solução, mas apenas uma parte. E há uma oposição muito forte à ideia crescendo na Alemanha."
Segundo Eichengreen, na Alemanha e nos países do norte da Europa permanece o desejo de se mover lentamente, e de apenas usar o dinheiro dos contribuintes para recapitalizar os bancos depois de que todas as instituições e salvaguardas estiverem prontas. "No entanto, se a crise piorar outra vez, com sinais de corrida bancária na Espanha ou na Itália, eles vão retornar ao assunto e agir mais rapidamente. Mas este é obviamente um modo muito perigoso de agir. Seria muito melhor fazê-lo antes da intensificação da crise."
Ele também critica o excesso de ênfase na austeridade fiscal que há em toda Europa. "Ela não está funcionando para eliminar os déficits fiscais porque deprime a atividade econômica e, com isso, afeta as receitas de impostos." Outro problema é que, com uma situação econômica delicada, perde-se o apoio político para reformas estruturais. "Está claro que eles precisam de uma estratégia diferenciada, o que significa menos austeridade agora e mais austeridade depois. Além disso, é importante que haja menos austeridade em países do norte da Europa que têm espaço fiscal. Em terceiro lugar, se a política fiscal vai ser contracionista, outra política tem que ser expansionista, e o Banco Central Europeu (BCE) não tem respondido adequadamente", avalia Eichengreen.
Para ele, o BCE deveria adotar o chamado afrouxamento quantitativo - a política monetária ultraexpansionista, de compra de títulos, que teria como um dos efeitos um euro mais fraco em relação a outras moedas, e isso ajudaria no crescimento. "Mais crescimento na Europa ajudaria a fortalecer o apoio político às reformas e a melhorar os resultados fiscais", diz.
Eichengreen diz que um colapso do euro seria muito pior do que foi a quebra do Lehman Brothers em 2008, causando uma catástrofe financeira. Devido a essa avaliação, a sua percepção sempre foi a de que os líderes europeus fariam o necessário para manter a união monetária. "Mas, à medida que a crise continua, eu, como todo mundo, fico menos confiante de que eles farão o necessário."
Nesse cenário, a Europa caminha para a sua década perdida, sem crescimento, dada a falta de capacidade de promover reformas, sustentar a demanda e encorajar a oferta. Dada a demografia desfavorável, com envelhecimento da população e força de trabalho estagnada ou encolhendo, os países europeus já caminhavam para um período longo de baixo crescimento, diz ele. A incapacidade de combater a crise tende a levar a algo pior - uma era de estagnação.
Eichengreen não se mostra otimista em relação aos EUA. Para ele, o país deverá evitar o risco de uma contração fiscal violenta em 2013, impedindo a combinação de um forte corte de gastos e uma alta exagerada de impostos, mas não vai resolver a questão de vez. Ele acredita ainda que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) caminha em direção à terceira rodada de afrouxamento quantitativo, pois, com exceção do mercado imobiliário, sobram indicadores ruins, das vendas no varejo à produção industrial, passando pela confiança do consumidor. Para ele, o Fed já deveria ter sido mais agressivo e adotado essa política.
O economista acredita que a China vai driblar o risco de um pouso forçado, mas vai insistir nos estímulos ao investimento e às exportações. Com isso, adiará a mudança em prol da maior ênfase ao consumo privado, vista como necessária pela maioria dos analistas. Os desequilíbrios chineses, desse modo, vão continuar a crescer.(Valor)

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A expectativa do Ministério do Trabalho é que a regra passe a valer no país todo até o fim de agosto


Entra em vigor em SP a exigência de curso para seguro-desemprego
Começou a valer ontem na Grande São Paulo a exigência de matrícula em curso profissionalizante para obtenção de seguro-desemprego nos casos em que o benefício é pedido pela terceira vez no prazo de dez anos.
Na região metropolitana do Rio, isso começa a ser feito a partir da próxima terça-feira, dia 17. A regra vem sendo implementada nas capitais desde abril, quando o governo publicou um decreto alterando a regra da concessão do seguro. Até então, a única exigência era que houvesse intervalo de três meses entre os pedidos de benefício.
De 2002 a 2011, 5,2 milhões de trabalhadores requereram o benefício do seguro-desemprego pela terceira vez.
A expectativa do Ministério do Trabalho é que a regra passe a valer no país todo até o fim de agosto. O advogado trabalhista Estevão Mallet diz que a exigência do curso profissionalizante é prática comum em outros países.
"O objetivo é fazer com que o seguro cumpra sua finalidade, que é garantir renda a quem não consegue um emprego, e não a quem não quer um emprego", afirmou.
Em 2011, o governo pagou R$ 23,7 bilhões no benefício. (Folha)

Crédito consignado vira jogo para gente grande
A operação fechada ontem entre BMG e Itaú Unibanco é um marco no mercado de crédito consignado. Representa a mudança do modelo de negócios, que passa a ser, definitivamente, coisa para gente grande. O BMG era a principal referência em crédito consignado entre os bancos de menor porte, porque possuía a maior força de venda e também um bom acesso a funding. Se até o BMG teve que se render à realidade do mercado, o que se pode dizer de bancos ainda menores e sem os mesmos predicados?
Quando o governo criou o empréstimo que podia ter as prestações descontadas diretamente na folha de pagamento (o consignado), em 2004, os grandes bancos não demonstraram interesse. Foram os pequenos e médios que desbravaram a novidade e, por muito tempo, dominaram o segmento. Mas com um grau de segurança de pagamento jamais visto em outra modalidade de crédito pessoal no país, em menos de uma década o consignado se impôs. Hoje tem um saldo de R$ 172,3 bilhões (dados de maio) e é uma das principais formas de crédito no país. Os grandes não puderam ficar à margem. Muitos começaram comprando carteiras dos menores, outros partiram diretamente para montar suas próprias operações. O fato é que nos últimos anos as grandes instituições avançaram nesse nicho, aproveitando-se das fragilidades dos menores. Quem saiu na frente foi o Banco do Brasil, que se valeu das inúmeras folhas de pagamento de Estados e municípios que detém para liderar o segmento.
Os bancos pequenos e médios enfrentaram duas grandes dificuldades: a falta de capital para reter em seus balanço todos os empréstimos que conseguiam gerar e o alto custo do funding na comparação com bancos de primeira linha. Os dois fatores incentivaram a prática de cessão (venda) de carteiras aos bancos maiores. Mas a disposição dos grandes em comprar esses ativos minguou conforme cresceu o interesse deles de ganhar esse mercado diretamente. O golpe final veio com a descoberta de fraudes no PanAmericano, no Schahin, no Morada e no Cruzeiro do Sul, que jogou dúvidas quanto à existência dos créditos vendidos.
Uma mudança contábil há muito adiada pelo Banco Central, e finalmente implementada em janeiro deste ano, terminou de inviabilizar a forma de operar dos bancos menores. Antes, quando cediam suas carteiras de crédito, podiam contabilizar as receitas no ato da venda. A partir deste ano, as receitas têm que ser apropriadas ao longo da duração do contrato de empréstimo, que chega a ser de 60 meses. Com a prática anterior, os bancos menores viviam de pedalar uma bicicleta em que originavam créditos e vendiam. Engordavam a receita, o resultado e, por fim, o patrimônio líquido. Tudo isso foi interrompido e culminou com a saída do Cruzeiro do Sul e, agora, do BMG de cena.(Valor)

Juros devem cair hoje para 8%, recorde de baixa
Será a oitava redução seguida da taxa Selic.
O BC (Banco Central) vai cortar hoje a taxa de juros (Selic) pela oitava vez seguida, de 8,5% ao ano para 8% ao ano, acredita a grande maioria dos economistas. Caso isso se confirme, a Selic atingirá novo recorde de baixa.
Apesar de a inflação estar em queda e de a atividade econômica continuar muito fraca, a maior parte dos analistas não espera um corte mais ousado, para 7,75%.
Isso porque o BC vem sinalizando, por meio de seus relatórios econômicos e nos discursos de seu presidente, Alexandre Tombini, que prefere manter a parcimônia.
O economista do BES Investimento, Flavio Serrano, lembra que o ciclo de redução de juros está sendo longo e intenso. Os cortes começaram em agosto, quando a Selic estava em 12,5% ao ano.
Para Serrano, o BC quer ser parcimonioso para evitar que uma dose excessiva de estímulo pressione a inflação.
Além do corte de hoje, a expectativa predominante é que os juros sejam reduzidos uma última vez, em agosto, para 7,5%. Aos poucos, porém, aumentam as apostas de que o ciclo de cortes pode ser alongado, levando a taxa até 7% em outubro, como aponta, por exemplo, o banco Itaú.
Historicamente, os cortes na Selic levam de seis a nove meses para impactar a economia. Dessa vez, o ciclo de redução está prestes a completar um ano, mas a atividade não dá sinais de reação.
Segundo analistas, a incerteza gerada pela crise externa e o aumento do endividamento dos brasileiros estão retardando o impacto da redução da Selic nos investimentos e no consumo.
A expectativa é que a atividade reaja neste semestre, o que deve ser insuficiente, porém, para que o país cresça muito mais que 2% neste ano. (Folha)

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Mantega foi firme ao dizer que a crise europeia não é passageira. Segundo ele, as mais recentes decisões tomadas na Europa afastaram a crise momentaneamente, mas os grandes problemas, como a recessão e o desemprego na União Europeia e o baixo crescimento nos Estados Unidos, não estão resolvidos


Crise atual é tão intensa como a de 2008, diz Mantega
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que a atual crise mundial é tão intensa quanto a de 2008, fez um discurso mais pessimista e alertou para os seus impactos na economia brasileira. Até então, o Banco Central havia estimado que os efeitos negativos da crise atual no Brasil seriam menores, e corresponderiam a um quarto daqueles sentidos na anterior. Para combater o recuo da atividade, Mantega deixou as portas abertas para que outros setores industriais procurem a Fazenda para pedir desoneração na folha de pagamentos e reforçou que a política cambial será mantida.
"Essa crise afeta mais a indústria, que está indo para baixo não somente nos países europeus, mas no Brasil e na China também. Felizmente, somos menos afetados", disse Mantega. Na comparação com 2008, o ministro observou que o epicentro daquela crise foi diferente e os efeitos, mais concentrados. Agora, o impacto já se estende por mais tempo.
Mantega foi firme ao dizer que a crise europeia não é passageira. Segundo ele, as mais recentes decisões tomadas na Europa afastaram a crise momentaneamente, mas os grandes problemas, como a recessão e o desemprego na União Europeia e o baixo crescimento nos Estados Unidos, não estão resolvidos. Na sua avaliação, a crise de 2008 começou mais forte que a atual, mas os efeitos já são semelhantes. "Hoje você tem uma gravidade tão grande quanto em 2008, mas sem grandes instrumentos de controle na Europa, como os Estados Unidos tiveram com o Fed [Federal Reserve, o banco central americano]. Precisamos ter consciência de que enfrentamos uma crise bastante grave e que não será solucionada no curto prazo, porque os europeus são lentos."
Mantega disse que a solidez fiscal do Brasil está entre as principais armas do governo para combater o cenário adverso, que já se reflete em déficit comercial com a Europa. Ele se mostrou preocupado em manter o controle dos gastos públicos e chamou a sociedade e os empresários a fazer pressão para que o Congresso que não aprove medidas que onerem o Estado, como a vinculação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação e o reajuste dos servidores. "Temos mais experiência em crise, mais solidez fiscal que em 2008 e estamos com mudanças importantes em curso na economia brasileira. Caminhamos neste ano para um dos menores déficits de toda a série histórica, algo como 1,4% do PIB. Nossa dívida líquida, em 35% do PIB, é a menor de todos os tempos", afirmou.
Outro braço do governo nos esforços para alavancar o crescimento, a política cambial será mantida. Mantega foi incisivo em dizer que os efeitos sobre a atividade não são imediatos, mas existem, e o país precisa recorrer ao câmbio para garantir competitividade, como já vem sendo feito por outras economias mundiais em momentos de crise. "Estamos mudando a estrutura cambial. A redução dos juros e do custo financeiro é fundamental, mas ainda temos longo caminho para atingir o padrão de competitividade de outros países. Desvalorizamos o câmbio em cerca de 20% nos últimos 12 meses. Isso significa que os nossos manufaturados estão 20% mais baratos em dólar, a nossa mão de obra também [em dólar]", disse.
Perguntado sobre as críticas a tal política cambial, o ministro disse que contava com o apoio de 99% dos empresários presentes no seminário. "O outro 1% foi ao banheiro", brincou. Ele disse que quem faz especulação cambial pode estar mais crítico. "Por que o Brasil vai fazer papel de bobo enquanto outros países usam câmbio para dar competitividade? Quando a economia internacional se rearranjar, o Brasil vai exportar mais em função desse câmbio."
Mantega convocou à Fazenda os setores da indústria que querem desonerar a folha de pagamento. Ele acredita que baratear o custo da mão de obra para a atividade fabril será um dos motores para a recuperação da economia - e não negou ajuda quanto a esse benefício, inclusive cogitando reduzir ainda mais a alíquota que incide sobre o faturamento dos setores. "Está em curso uma reforma da estrutura tributária brasileira, que é ruim, ultrapassada e que prejudica a produção e merece redução de tributos", disse. "A desoneração da folha é importante em momento de crise. Temos que reduzir o custo de mão de obra. Vamos generalizar essa desoneração da folha."
Na sua avaliação, as reduções sucessivas dos juros aliviam a situação fiscal do governo, o que libera recursos para novas desonerações e mais investimentos. "Isso também ajuda a inflação, porque todo mundo embute o custo financeiro nas mercadorias. A desoneração é deflacionária."
Para Mantega, as ações do governo, o comportamento dos bancos (reduzindo spread) e o setor empresarial compõem o tripé para a recuperação econômica. "Há condições para investimentos, mas precisamos recuperar a confiança de que o Brasil tem condições diferenciadas e que, com as mudanças, estamos configurando outro país, mais competitivo, estimulando a produção e com capacidade de competir com demais países. E temos um mercado consumidor dinâmico como vantagem, o que não se encontra em outras economias", disse. Para Mantega, o crescimento entre 12% e 13% ao ano para os investimentos seria o ideal, com o crescimento do PIB em torno de 4%.
Mantega manteve a previsão de que o país vai crescer entre 3,5% e 4% no segundo semestre, mas não quis comentar o crescimento da economia em 2012. Ele acredita que os sucessivos pacotes apresentados pelo governo terão resultado mais visível na segunda metade do ano e citou o bom desempenho do setor automotivo em junho, cuja média de vendas diárias de automóveis cresceu de 12 mil em maio para 17 mil, já sob efeito da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). (Valor)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

A ideia é fechar um acordo entre líderes de partidos, Ministério da Previdência e Ministério da Fazenda na próxima terça-feira para viabilizar a votação após o recesso oficial dos parlamentares, que vai de 18 a 31 de julho


Governo quer votar em agosto regra que altera Previdência
Uma das mudanças em estudo envolve o aumento da idade mínima para a aposentadoria de trabalhadores. Ministérios e líderes de partidos no Congresso se reúnem na próxima semana para viabilizar a votação após recesso.
O governo federal pretende que a Câmara dos Deputados vote em agosto o projeto que promove mudanças no fator previdenciário.
A ideia é fechar um acordo entre líderes de partidos, Ministério da Previdência e Ministério da Fazenda na próxima terça-feira para viabilizar a votação após o recesso oficial dos parlamentares, que vai de 18 a 31 de julho.
Dessa forma, a votação seria feita no chamado "recesso branco", o período em que o Congresso fica praticamente inativo devido às eleições.
A negociação foi confirmada pela ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
O fator previdenciário é um mecanismo criado no início dos anos 2000 para evitar aposentadorias precoces no setor privado. Trata-se de uma equação para cálculo de aposentadoria pelo INSS que leva em consideração a idade do segurado ao se aposentar, o tempo de contribuição e a expectativa de vida.
Uma das mudanças em estudo envolve a definição de uma idade mínima maior para a aposentadoria, levando em conta o aumento na expectativa de vida.
No começo desta semana, foi apresentada uma proposta prévia ao ministro Garibaldi Alves (Previdência). Ontem, ele confirmou a existência desse levantamento, mas disse que o tema ainda não foi discutido com parlamentares. Ainda neste semana, o governo deve apresentar um esboço aos partidos.
Ideli afirmou que alguns líderes da base governista sinalizaram com a possibilidade de construir uma fórmula móvel, em que a soma da idade mais o tempo de contribuição fosse adaptável conforme ocorra elevação da expectativa de vida."Quando a expectativa de vida subir, também subiria o resultado da somatória", disse.
CENTRAIS
O tema mobilizou as centrais sindicais. Em passeata pelo Congresso, elas simularam o enterro do fator previdenciário com um caixão.
Sindicalistas se reuniram com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Em sintonia com o governo, Maia pediu "paciência" e prometeu colocar em votação uma proposta para flexibilizar o fator a partir de agosto.
Presidente licenciado da Força Sindical, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) admitiu apoio à criação de idade mínima para a aposentadoria, mas só para futuros trabalhadores. (Folha)



sexta-feira, 29 de junho de 2012

Centrais estão insatisfeitas com o governo, que quer trocar o fator por idade mínima para as novas aposentadorias


Centrais querem fim do fator previdenciário já
Sindicalistas pressionarão Câmara para votar projeto sem esperar proposta do governo.
As centrais sindicais vão pressionar o comando da Câmara para colocar em votação na próxima semana o projeto de lei que estabelece o fim do fator previdenciário.
Elas estão insatisfeitas com o governo, que quer trocar o fator por idade mínima para as novas aposentadorias.
O fator é o mecanismo criado no início dos anos 2000 para evitar aposentadorias precoces no setor privado. Ele leva em conta a idade do trabalhador ao pedir a aposentadoria, o tempo de contribuição e a expectativa de vida.
Assim, quanto menor for a idade da pessoa ao se aposentar, menor será o benefício recebido. Um homem com 55 anos e 35 de contribuição tem seu benefício reduzido em cerca de 30% devido ao fator.
A ideia de idade mínima foi lançada por ministros durante reunião coordenada por Guido Mantega (Fazenda), anteontem, com os líderes da base aliada na Câmara. No encontro, a Fazenda se comprometeu a apresentar uma proposta fechada aos líderes no dia 10 de julho.
A sugestão, no entanto, não agradou às entidades, que não querem esperar uma contraproposta.
"O governo quer ganhar tempo e nos enrolar. Não vamos esperar reunião alguma", disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
A equipe econômica defende para a aposentadoria de futuros trabalhadores as idades mínimas de 65 anos (homens) e 60 anos (mulheres).(Folha)