segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Começa a qualificação dos trabalhadores brasileiros que ajudarão no sucesso do Hexa na Copa 2014

Governo vai qualificar 150 mil pessoas para trabalhar na Copa de 2014

Com a previsão de capacitar 150 mil trabalhadores até 2014, o Plano Setorial de Qualificação (Planseq) para Copa do Mundo foi lançado na sexta-feira (27), no Rio de Janeiro, pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi. Segundo ele, cerca de R$ 124 milhões devem ser investidos no Planseg por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).

O Planseg vai oferecer 25 cursos gratuitos. Entre eles, bilheteiro de metrô e de trem, cobrador de ônibus, cozinheiro, garçom, guia de turismo e vendedoras ambulantes de acarajé. Durante a solenidade de lançamento do Planseg, na Federação das Industrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Carlos Lupi destacou a importância de ter profissionais preparados para atuar nas áreas de serviços e atendimento direto ao público.

“Mais de 1,5 bilhão de pessoas assistiram à última Copa do Mundo. Por isso, precisamos estar bem preparados não só em infraestrutura, que já vem sendo feita pelo governo federal, mas também em mão de obra qualificada [para atender os turistas]”, afirmou o ministro.

O Plano Setorial de Qualificação será executado nas 12 cidades da Copa do Mundo de 2014: Brasília, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manuas, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador. Os municípios próximos a essas capitais também devem ser beneficiados. A meta é capacitar cerca de 1,5 milhão de pessoas até 2011.

Os Planseg fazem parte do Plano Nacional de Qualificação (PNQ), criado em 2003 e desde então qualificou mais de 800 mil trabalhadores. Desde 2003, o FAT já investiu R$ 600 milhões no PNQ. (Fonte: Agência Brasil)

Crise lá fora favorece comércio

O aumento da renda, a melhor distribuição dela, o bom comportamento do emprego e a expansão do crédito criam as bases para que o Brasil sustente taxas robustas de crescimento nos próximos anos. E é a certeza em relação a esse movimento que tem atraído uma leva maior de investimentos para o setor produtivo. "O dinheiro vai para onde há crescimento econômico", diz o economista-chefe da Itaú Corretora, Guilherme da Nóbrega, em entrevista ao Correio. Para ele, nem mesmo o fato de o consumo interno estar pressionando as importações e aprofundando o rombo das contas externas — que triplicou este ano, atingindo US$ 28,2 bilhões — tira o sono dos dono do dinheiro.
A razão é simples. Com a crise concentrada nos países desenvolvidos, os investidores precisam diversificar os mercados em que atuam. "Se eles não têm como investir lá, investem aqui. O que vemos é o Brasil entrando firme na disputa global por recursos, e está competindo bem", afirma Nóbrega. Nas estimativas da corretora, o deficit nas transações correntes do país com o exterior crescerá nos próximos anos, chegando a US$ 95 bilhões em 2012 , o equivalente a 4% do Produto Interno Bruto (PIB), devido, principalmente, à demanda por importados.
Isso, no entanto, não é visto como um problema, porque, além do aumento das importações, haverá também elevação das exportações. "O país está virando uma economia cada vez mais integrada com o resto do mundo e a conta não é mais assim: só o dinheiro que vem. Agora, conseguimos mandar (dinheiro para fora) também. As restrições de financiamento (dos déficits) são lembranças de uma outra época", analisa o representante da Itaú. A seu ver, a redução da concentração de renda é um sinal muito positivo para os investidores. "Há 15 anos, as desigualdades estão diminuindo no Brasil, e caem por razões boas: a renda está melhorando, as pessoas estão com mais escolaridade, têm empregos melhores. Isso também ajuda, porque é um processo permanente de inclusão de gente no mercado de consumo."
Nóbrega afirma que essa é uma mudança que ocorre passo a passo. "O cara caminhava uma hora e meia todo o dia, de madrugada, para chegar ao trabalho. Depois, passou a pagar o ônibus. Foi o primeiro upgrade. O outro cara que comprava só leite passou a também a consumir iogurte", compara. Para o economista, a melhora da renda faz dos pobres, consumidores. Enquanto isso, o crédito aumenta o poder de compra dos mais ricos para produtos de maior valor unitário. "E no meio desse caminho tem o pessoal (uma nova classe média) que tá pegando um pouco da renda, um pouco do crédito", assinala. Não à toda, todos estão esperando o melhor Natal da história. Leia a seguir os principais trechos da entrevista com o economista-chefe da Itaú Corretora.
Que perspectivas o senhor vê para a economia brasileira nos próximos anos? — Tem uma história de investimento aí muito forte. Vejo três aspectos que são muito importantes. Um é meio óbvio, que é o juro em queda. Ele é hoje muito mais baixo do que era dez anos atrás. Passamos muito tempo com essa taxa real de 10%, 12% ao ano e hoje ele está na base de 5%, 6% ao ano. Pode até cair mais, pois ainda é muito superior ao de outros países que são comparados com o Brasil. Estamos nos afastando cada vez mais da época de máxima incerteza na macroeconomia, então o juro vai se acostumando a um patamar menor. O fenômeno viabiliza uma série de projetos de investimento. Se tem algo que o Brasil não fez nos últimos 25 anos foi resolver essas questões de longo prazo: infraestrutura, construção, casa própria, moradias. Todas as coisas que envolvem contratos mais longos eram difíceis de fazer. Então, o juro baixo tem esse primeiro impacto, ele é a expressão de um alongamento dos prazos. Você consegue organizar, pensar, fazer planos que demoram alguns anos para serem concretizados.
Daqui a alguns anos vai ficar mais fácil para o brasileiro ter a casa própria? — Já está ficando. Você tem um mercado que não existia, que surgiu, está no meio de uma euforia há uns 3 ou 4 anos. Mas tem muito chão pela frente ainda, tem muito potencial. Era muito limitado, até porque a capacidade de financiamento era bem menor.
Mas o custo da construção está subindo...
Sim, mas é porque estamos no meio de um crescimento forte. É natural, quando o patamar muda dessa forma, ter esse impacto mesmo. Como a gente desenvolveu pouco a construção no Brasil, temos uma forma de produção ainda muito pouco mecanizada, muito intensiva em mão de obra. Até o jeito de fazer casa vai mudar no Brasil. Eu converso com incorporadores e um deles me falou uma vez que, antigamente, num condomínio, cada um comprava o seu terreno e fazia a sua casa. Na verdade, o que faz mais sentido é pegar um terreno e construir 1.200 casas de uma vez. São 1.200 fundações, 1.200 encanamentos. O custo despenca. Além de mudar o custo, você tem que mudar o jeito que constrói também, a tecnologia de construção. Isso tudo demora a acontecer e, enquanto não acontece, tem uma pressão mesmo. A taxa de desemprego está baixa e está mais baixa ainda na construção.
O setor diz que falta mão de obra. — É, falta mão de obra.
Isso não será um problema no futuro? — Essa discussão tem duas dimensões. Uma é o quanto a gente está avançando agora, em relação ao nosso potencial de crescimento. Acho que estamos crescendo acima do que podemos. Por isso apostamos em inflação entre 5% e 6% para este ano e entre 5% e 7% para o ano que vem. Por isso, os juros andaram subindo e esperamos que vão subir mais no futuro. Está faltando mão de obra qualificada e não qualificada. A outra dimensão é a seguinte: estamos formando mão de obra em um ritmo adequado? Eu acho que sim, que estamos formando e aumentando a nossa capacidade de crescer. Antigamente, conseguíamos crescer 2,5%, 3% ao ano sem fazer inflação. Hoje, talvez a gente consiga crescer 5%. Só que a gente está crescendo ao ritmo de 7%. Então, estamos misturando os dois problemas. Podemos crescer mais rápido, mas não tão mais rápido. Então, essa pressão de custo tem um caráter um pouco transitório também. Vai faltar mão de obra? Vai, mas vamos continuar encontrando a mão de obra. Mostramos nos últimos 15 anos que temos capacidade de aumentar a escolaridade. É muito difícil que você encontre hoje no Brasil um emprego que exija menos do que 8 ou 10 anos de escolaridade. Além disso, o juro cria todo esse movimento no mercado de crédito. Porque quando ele cai, viabiliza que um tomador de crédito de mais baixo risco pegue dinheiro emprestado. Por quê? Porque se você tem um juro muito alto, muito alto mesmo, só quem vai tomar dinheiro emprestado é o cara que precisa muito dele. Então, quando o juro é muito alto, há uma tendência de prejudicar o bom tomador.
Os juros baixos melhoram o perfil do — Melhoram o perfil do crédito. Você começa a sair do cheque especial, que era uma modalidade muito mais presente na carteira dos bancos, passa para o consignado, que tem um risco mais baixo. De lá, vai para o crédito pessoal, aquisição de veículo. Isso já é um risco ainda menor, até chegar na casa própria. Nós estamos ainda caminhando na direção da melhoria do perfil da carteira de crédito dos bancos, com a queda do juro. Outro elemento importante para o Brasil, porque ocasiona um crescimento melhor, é a distribuição de renda. Há 15 anos, cai a concentração de renda no Brasil, por razões boas. Cai porque a renda está melhorando, as pessoas estão com mais escolaridade, porque têm empregos melhores. Isso também ajuda, porque você tem um processo permanente de inclusão de gente no mercado de consumo. No Brasil, tem gente que precisa ir a pé para o trabalho. O cara caminhava uma hora e meia todo o dia, de madrugada, para chegar ao trabalho. Agora consegue pagar o ônibus, é o primeiro upgrade. Um outro cidadão comprava só leite, agora compra leite e iogurte. Logo após a estabilização da economia, havia uns símbolos, como o frango. Agora há outros: no meio do caminho tem o plano de saúde, comprar uma moto, um carro, uma geladeira, um sofá, uma casa. A renda, que melhora mais para os mais pobres e os transforma em consumidores, e o crédito, que pega mais os mais ricos e os transforma em consumidores de produtos de maior valor unitário. No meio do caminho, tem o pessoal que está pegando um pouco da renda, um pouco do crédito. Há um terceiro elemento muito importante, que são as commodities, que sempre foram, só que há quem pense que o Brasil é só das commodities. Não é só delas, mas também é delas. Vai ser um grande produtor de petróleo, exportador de petróleo, é o maior exportador de diversas commodities, o mais diversificado do mundo, de agrícolas, metálicas. Então, se você pensar bem, essa história é muito legal. É uma história que está agarrada em muitas pontas. Diferentemente da história mexicana, por exemplo, que tem um único gancho, os Estados Unidos: os EUA crescem, o México cresce.
Se os Estados Unidos entram em crise, o México entra em crise. — Quando houve a crise, o México foi o país que mais sofreu. Agora está se recuperando, porque os Estados Unidos estão voltando também. Mas eles têm uma dependência muito grande dos EUA. Outros países dependem muito da exportação. O Brasil tem uma história muito diversificada. Por isso, acho que tem uma sustentação.
É possível prever quanto o Brasil vai receber em investimentos nos próximos anos? — O Brasil é um país que poupa pouco em relação à promessa que ele representa, cerca de 17% do PIB. É menos do que a gente investe. Estamos investindo hoje quase 20%. Se toda essa história for se concretizar, o investimento em relação ao PIB vai para 22%, 23%. Temos uma poupança de 17% e um investimento de 20%. Portanto, há um hiato a ser policiado. Este hiato é o nosso déficit em conta corrente. Vamos precisar de investimento externo. A pergunta é: esse investimento vai vir para o Brasil? Eu acho que vai. E vai vir no volume que for necessário. Esse dinheiro vem dos países desenvolvidos. Eles não têm como investir lá, investem aqui. O Brasil entra numa disputa global por recursos para investimentos. E o Brasil compete bem. O Brasil tem a parte de longo prazo, de consumo, de commodities e ainda por cima é uma democracia estabilizada. Não é pouco. Isso ajuda o Brasil a atrair investimento e a regra básica do investimento estrangeiro é que o dinheiro vai para onde está crescendo mais. Em 2012, teremos deficit de US$ 95 bilhões, equivalente a 4% do PIB. Mas nesse cálculo tem o volume que vai vir para o Brasil e o que vai sair do país, que está virando uma economia cada vez mais integrada com o resto do mundo. A conta não é mais composta só com o dinheiro que vem. Conseguimos mandar também. Essas restrições de financiamento são lembranças de outra época.
O senhor falou de juros em queda e da expansão dos financiamentos. O crédito do BNDES não pressiona a taxa de juros básica para cima? — Saímos de uma situação em que não havia financiamento de longo prazo. Você cria um sistema em que o investidor não quer poupar no longo prazo. Então, eu te dou um subsídio para você poupar: uma poupança que não paga juros. O banco não quer fazer empréstimo imobiliário: aí tem os compulsórios para empréstimo habitacional. Não existe financiamento de longo prazo, criamos o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), que vai gerar um funding para o banco estatal. O BNDES faz financiamento de longo prazo. Hoje a gente faz um pouco das duas coisas. O BNDES aumentou seu papel. Diz o governo que é temporário, mas tem a ver com a dificuldade de achar financiamentos de longo prazo. É a mistura de uma estratégia para reequilibrar o fato de ter havido uma interrupção nesses financiamentos em 2008 com a questão de o Brasil estar crescendo muito. O governo colocou mais pressão no BNDES para ele emprestar. Isso atrapalha o Banco Central? O que atrapalha o BC é o país crescer mais do que ele consegue.
Isso gera uma certa preocupação com a inflação? — Tudo o que é expansão de investimento, tudo o que é demanda causa inflação mesmo. Tem uma história antiga do Eugênio Gudin (Filho), grande economista que morreu em 1986 e escreveu durante 50 anos em jornal, que questionava: "Investimento causa inflação?” Causa, sim. Imagina uma vila rural em que no sábado as pessoas fazem a feira. Um comerciante chega com a cabra, outro chega com o queijo, outro com a goiabada, outro com o azeite. Cada um chega com algo para trocar. Todo mundo vai querer trocar pelo que não tem ou por comida, porque precisa comer. Um trouxe uma ponte quase pronta, pela metade, e disse ‘foi isso que eu fiz no último verão’. Mas ele precisa comer também. Enquanto o investimento não está pronto, é o esforço que foi colocado por alguém que precisa comer também. Então, vai ter pressão sobre a comida disponível enquanto não fica pronto. O investimento pressiona mesmo a inflação enquanto não amadurece. Depois, ele aumenta a capacidade de o país crescer.
Mas o papel do BC não fica prejudicado? — Faz parte do espírito do país querer melhorar, crescer. O que cabe ao Banco Central é ser o sujeito que ajuda a moderar, para o ritmo ser adequado. O Brasil era um país que crescia 3% ao ano e olhe lá. Agora melhorou? Melhorou. O simples fato de o crédito estar disponível, de as pessoas investirem em fundos aumenta a capacidade de o país crescer. Passou da possibilidade de crescer 3% para 5%. Só que, entre crescer 3% e 5%, tem hora que você dá uma arrancada um pouco mais forte, vai crescer 6%, e tem hora que o BC precisa subir os juros. O BC tem papel diferente. É o mais fundamental, porque tudo depende da estabilidade. Mas quem está fazendo o Brasil crescer ou não crescer somos nós, a sociedade.
Qual será a agenda econômica do próximo presidente da República? — A principal agenda nossa é a do investimento. Acho que isso está nos discursos dos candidatos. A gente já pensou mais em estabilização, inclusão social, e está pensando agora em investimento. O que é relevante é como vamos fazer reformas, como vamos nos preparar para crescer. Não é só os juros estarem baixos que vai nos fazer crescer para sempre. Uma hora vamos precisar pensar na questão fiscal, tributária, nos impostos, nas reformas específicas, reformas no mercado de trabalho, na Previdência. São os desafios de todo o mundo. Qual é o desafio do Chile hoje? Dos Estados Unidos? Da Europa? No fundo, estamos ficando um país cada vez mais normal, que precisa resolver os seus problemas para crescer melhor. E não é porque não resolve que explode, que dá tudo errado.
Para que áreas vamos atrair mais investimentos? — Vamos atrair investimentos para três conjuntos: infraestrutura, mercado de consumo e commodities. Estão misturados, mas são três histórias que vão andar. As áreas de infraestrutura e commodities são parecidas. A produção de grãos não tem como ficar mais barata. Tem como ficar mais rentável se as estradas e os portos melhorarem. Se você olha os dados de investimento estrangeiro no Brasil, encontra uma história muito variada. Nos anos 1990, dizíamos: "O Brasil cresceu porque investiu em telecomunicações". Hoje, o que chama a atenção é o fato de não ter nada que chame a atenção. É um investimento muito diversificado, o que é bom também, porque vamos parar de ficar vulneráveis. Acho que estabilidade é uma coisa muito legal. (Correio Braziliense)

A sobrevivência das empresas

O empreendedorismo no Brasil não é tão vigoroso como se desejaria, mas o crescimento econômico com a inflação sob controle tem estimulado o surgimento de um maior número de empresas com melhores possibilidades de êxito. Segundo o último levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), a taxa de mortalidade dessas empresas, no primeiro ano de funcionamento, é de 27%, taxa ainda elevada, mas que mostra uma melhora em relação a 2000, quando era de 35%. Há também um nítido avanço no nível de escolaridade dos novos empreendedores e de frequência a cursos especializados em administração e planejamento empresarial, oferecidos pelo próprio Sebrae ou por estabelecimentos de ensino.

Segundo a pesquisa, 83% dos que abriram novas empresas em 2007 completaram, pelo menos, o ensino médio. Em 2000, eles eram 70%. Também aumentou a porcentagem daqueles que se tornaram empreendedores para aproveitar oportunidades de negócios surgidas no mercado, que é hoje de 78%, em comparação com 60% no início da década. Muitos foram levados a trabalhar por conta própria por necessidade. Essa parcela tende a decrescer, já tendo sido comprovado que os empreendedores que se lançam no mercado com vocação empresarial têm mais chances de prosperar.

Com o passar do tempo, aumenta a porcentagem das novas empresas que sucumbem por falta de clientes, insuficiência de capital, desentendimento entre os sócios, problemas administrativos, etc. Mas estas também vêm diminuindo. No período de quatro anos a contar de 2004, 50% das novas empresas do Estado de São Paulo que sobreviveram ao primeiro ano fecharam. Em cinco anos, as atividades foram encerradas em 58%. Mas, em 2000, quando a pesquisa começou, a taxa de mortalidade das empresas, após cinco anos, era de 71%.

Durante o período de retração econômica, entre o último trimestre de 2008 e o primeiro semestre de 2009, caiu o número de aberturas de empresas. Mas com a reaceleração da economia houve um aumento significativo de novos empreendedores. Isso se reflete na melhoria dos níveis de emprego. A porcentagem varia de uma região para outra, mas, no cômputo geral, verifica-se pelos últimos dados do Ministério do Trabalho que as micro e pequenas empresas foram responsáveis por 71,3% do saldo líquido de empregos gerados em maio deste ano, confirmando a tendência dos meses anteriores. A maior parte (48,0%) das vagas foi oferecida por empreendimentos com até quatro trabalhadores, vindo em seguida os que empregam entre 20 e 99 funcionários.

Apesar da burocracia para abrir uma empresa no Brasil e do peso dos impostos, pouco aliviado pelo uso do Simples, das dificuldades para obtenção de crédito e de formar uma clientela, é grande o número de jovens que se sentem estimulados a empreender. A pesquisa revelou que a idade média dos novos empreendedores é de 37 anos. O maior porcentual (49%) está na faixa de 25 a 39 anos, seguido pela faixa de 40 a 49 anos (24%). Não são raros os casos de pessoas que, pela experiência adquirida no trabalho para terceiros, localizaram nichos de mercado que as animaram a montar o seu próprio negócio, passando de empregados a empregadores.

Isso se explica principalmente porque no começo de sua vida profissional as pessoas têm mais disposição para disputar espaço no mercado e são mais abertas a iniciativas inovadoras, especialmente na área de novas tecnologias, moda e turismo. O tema foi pesquisado pelo Sebrae em 4 mil micro e pequenas empresas, tendo sido apurado que 43% delas são inovadoras em termos de produtos, processos e mercados.

São hoje muito poucos os empresários que constituem empresas sem ter capacidade para fazer uma análise de mercado ou um bom levantamento de custos. O êxito não depende só de conhecimento técnico ou administrativo. Pelo que se constata, a melhor formação educacional vem fortalecendo a vontade de empreender no Brasil. (Estado)

Lupi prevê recordes na geração de empregos até fim do ano

A geração de empregos com carteira assinada no Brasil vai bater recorde de agosto até o fim do ano, previu nesta sexta-feira o ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi.

Segundo ele, o mercado de trabalho está aquecido e a economia ajuda a alavancar a abertura de vagas. "Eu prevejo que a partir de agosto teremos recordes a cada mês. A economia vai muito bem e as acomodações que deveriam ser feitas no meio do ano por conta de férias já aconteceram", disse a jornalistas.

A previsão é que sejam gerados este ano 2,5 milhões de vagas formais. "Percentualmente, o que chama atenção este ano é a construção civil, mas quantitativamente é o segmento de serviços. A partir deste mês (agosto), o comércio varejista e atacadista passará a mais contratações."

O ministro estimou ainda que a taxa média de desemprego medida pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) terá recorde de baixa este ano, abaixo de 7 por cento.

Em julho, o índice de desemprego nas seis maiores regiões do país caiu para 6,9 por cento, segunda menor taxa da série. Na média do ano, a taxa está em 7,3 por cento. (O Globo)

Incentivos fiscais às empresas que contratarem jovens entre 18 e 24 anos

Empresas que contratarem trabalhadores jovens, com idade entre 18 e 24 anos, ou com mais de 50 anos poderão ter desconto no Imposto de Renda devido, esse é um dos assuntos que serão deliberados na Comissão de Assuntos Econômicos nesta terça-feira (31).

Dois projetos que tratam da concessão de incentivos fiscais a empresas que admitirem funcionários nessas faixas etárias serão analisados pela Comissão de Assuntos Econômicos.

O primeiro, PLS 220/00, do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB/RR), que dispõe sobre incentivos fiscais a empresas privadas que contratem trabalhadores de faixa etária a partir de 50 anos.

O Segundo, PLS 185/03, do ex-senador Sibá Machado (PT/AC), que institui incentivo fiscal à contratação de jovens para o primeiro emprego em microempresas e empresas de pequeno porte inscritas no Simples.

O relator, senador João Vicente Claudino (PTB/PI) apresentou parecer pela aprovação do PLS 220/00, nos termos do substitutivo que apresenta, e pela rejeição do PLS 185/03. (Agencia Diap)

Refeição fora de casa sobe o triplo do que no domicílio

Comida em restaurante fica 8% mais cara em 12 meses; alimentação em casa avança menos que inflação geral. Estabelecimentos embutem custos com mão de obra e aluguel, que subiram com a expansão da economia.
Apesar da queda no preço dos alimentos nos últimos meses, o valor das refeições feitas fora de casa vem subindo, segundo dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice do IBGE usado como referência para as metas de inflação.
Em 12 meses, enquanto a alimentação no domicílio aumentou 2,53%, a fora de casa teve alta de 7,90%.
Isso significa que o primeiro item subiu menos que a inflação no período, de 4,60%, e que o segundo avançou mais que o índice.
A gerente de pesquisa do IBGE Irene Maria Machado afirma que o preço cobrado nos restaurantes não reage imediatamente à variação do valor dos alimentos.
No início do ano, o preço de alimentos "in natura" subiu em razão das chuvas. Machado destaca que o aumento de preço nos restaurantes pode ser um efeito retardado dessa variação passada.
Agora, com a seca em parte do país, os preços do leite e de alguns outros produtos tendem a sofrer variações.
Entretanto, de acordo com empresários do ramo de restaurantes, um item acaba compensando o outro, e os comerciantes preferem administrar a margem de lucro temporariamente a repassar todas as variações sazonais aos consumidores.
A analista do IBGE também ressalta que as refeições fora de casa embutem os custos de funcionamento dos estabelecimentos, mão de obra e tributos.
Com o aquecimento da economia, o preço dos serviços e a remuneração dos trabalhadores registram expansão. O valor dos aluguéis também tem crescido.
Apesar dessa pressão, Machado diz que, no ano, os índices de preço denotam acomodação da inflação (veja quadro abaixo).
COMER EM CASA — Mesmo com a perspectiva de inflação sob controle, porém, o engenheiro de computação Manuel Sol Bisio, 27, de Brasília, não pensa em voltar a fazer suas refeições na rua. Ele deixou de comer em restaurantes há cerca de quatro meses.
"Eu e a minha mulher almoçávamos perto do trabalho e tínhamos que jantar na rua também. Isso dava quase R$ 100 por dia", afirma.
TENDÊNCIA — Ricardo Bartoli de Angelo, presidente da seção paulista da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), diz que não há -nem deve haver- uma disparada no preço das refeições.
O dirigente afirma que, embora os consumidores tenham agora uma renda maior e queiram sair mais de casa, a estratégia dos empresários é ganhar em escala.
"O comerciante só mexe no preço se não tem outro jeito. Principalmente porque a concorrência no setor é enorme", afirma Angelo.