sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Após três meses de desempenho fraco, o comércio cresceu acima do esperado em novembro e reforçou os sinais de recuperação da economia brasileira

Vendas do comércio surpreendem e têm forte expansão em novembro

Após três meses de desempenho fraco, o comércio cresceu acima do esperado em novembro e reforçou os sinais de recuperação da economia brasileira no final do ano, depois de um terceiro trimestre de estagnação.

As vendas do varejo subiram 1,5% ante outubro, com destaque para os setores de veículos, eletrodomésticos, supermercados e informática.

De janeiro a novembro as vendas cresceram 6,9%, abaixo do resultado de 2010 para o mesmo período (11,9%).

Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú, o varejo teve um "crescimento expressivo" em novembro e existem sinais positivos para dezembro, ainda que a perspectiva seja de uma expansão mais modesta.

Apesar disso, o banco projeta que a economia cresceu apenas 0,2% no último trimestre de 2011. Já o Bradesco diz que o bom desempenho do varejo reforçou sua projeção de crescimento de 0,4% no período.

Ontem também foi divulgado que a indústria paulista cortou 35 mil postos de trabalho em dezembro.

É normal o setor demitir no último mês do ano, quando as entregas extras de Natal já foram realizadas. Descontados os efeitos sazonais, a Fiesp calcula que o emprego no setor cresceu 1,72% em dezembro.

O emprego na indústria paulista ficou estabilizado em 2011 e deve crescer até 1% neste ano, estima Fiesp.(Folha)


Dilma quer turbinar PIB com investimento em infraestrutura

Mas setor privado ainda vê falta de recursos.

O aumento dos investimentos para turbinar a economia é uma das prioridades da presidente Dilma Rousseff em 2012. Para isso, a ordem dada à equipe econômica é tirar do papel, o mais rápido possível, projetos importantes na área de infraestrutura, que ficaram para trás em 2011. O principal exemplo é a concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Campinas. Estão na lista também a nova distribuição dos royalties do pré-sal, a aprovação do código da mineração e o trem-bala. O pacote de bondades, no entanto, ainda está longe do que o setor privado considera como o mínimo necessário para atender à demanda que o Brasil tem por recursos na área de infraestrutura.

Cálculos da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) mostram que o país precisa de, pelo menos, R$ 188,6 bilhões em investimentos por ano até 2015. O valor é duas vezes maior que o projetado pelo BNDES para esses gastos no país: R$ 95,25 bilhões. Ainda segundo a entidade, a cada ano em que o Brasil deixa de investir o necessário em infraestrutura, ele aumenta o custo Brasil, deixa a indústria nacional menos competitiva e cria pressão inflacionária, pois menos investimentos representam gargalos que aumentam custos e pressionam preços.

— Quanto mais tempo o Brasil demorar para resolver seus problemas de infraestrutura, mais caro e difícil será o processo de crescimento da economia — afirma o vice-presidente da Abdib, Nilton Lima.

Meta de superávit limita investimentos -- Ele destaca que o investimento total do país em 2010 ficou em torno de R$ 144 bilhões, abaixo da demanda de R$ 188,6 bilhões. Isso significa que ficaram faltando cerca de R$ 40 bilhões em investimentos que vão precisar ser feitos em algum momento no futuro. Isso aumenta ainda mais a dificuldade para se realizar esse tipo de despesa.

Embora a maior parte dos investimentos em infraestrutura venha do setor privado, o governo sabe que também terá que acomodar em suas contas a necessidade de ampliar esses gastos em 2012:

— O investimento público tem um efeito multiplicador muito grande — diz um técnico do governo.

O problema é que esses gastos terão que ser encaixados nas despesas em um ano em que a equipe econômica tem como compromisso cumprir a meta cheia de superávit primário (economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública). Foi essa mesma dificuldade que fez com que os investimentos públicos caíssem em 2011. A equipe econômica foi obrigada a deixar para trás uma série de projetos que eram considerados importantes pela presidente Dilma. Tanto que os investimentos do governo federal fecharam o ano passado com queda. Ela era de cerca de 3% do PIB até novembro.

Pelos cálculos dos técnicos, quando forem publicados os dados oficiais do comportamento do investimento público em 2011, ele mostrará que houve um recuo de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) em 2010 para 1% em 2011. O plano da presidente é que, em 2012, o montante volte para um patamar de 1,2%, o que significaria uma despesa de, pelo menos, R$ 50 bilhões.

Maior demanda vem de petróleo e gás

De acordo com os dados da Abdib, a maior demanda do país é por investimentos no segmento de petróleo e gás: R$ 434 bilhões até 2015. Em seguida, está o setor de transporte de logística, com R$ 175,9 bilhões, seguido pelo segmento de energia, R$ 145,3 bilhões.

Segundo Lima, se o Brasil conseguir suprir sua demanda por investimentos em infraestrutura no ritmo ideal, o país teria menos trabalho para se preparar para grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. De acordo com o vice-presidente da Abdib, um estudo feito pela entidade aponta que a demanda de governos estaduais e municipais, principalmente para projetos de mobilidade urbana, seria de apenas R$ 252 milhões.

— Se cumpríssemos tudo o que é preciso, os gastos necessários para preparar o Brasil para essas competições seria relativamente baixo.(O Globo)


Cielo e Redecard fecham acordos e inibem avanço de concorrentes

Passado um ano e meio da abertura do mercado de cartões, Cielo e Redecard estão conseguindo, na prática, barrar a entrada de novos competidores no chamado mercado de adquirência - responsável pelo credenciamento de estabelecimentos comerciais, captura, processamento e liquidação das transações de débito e crédito. A principal barreira tem sido os acordos de preferência fechados pelas duas empresas com diversos bancos fora de seus grupos de controle acionário. Ou seja, Redecard e Cielo têm prioridade para credenciar os estabelecimentos que são clientes desses bancos.

A Cielo, que tem como acionistas Banco do Brasil (BB) e Bradesco, possui acordo de preferência também com o HSBC. Redecard, empresa do Itaú Unibanco, tem parcerias com Safra e Tribanco . Já a Caixa Econômica Federal preferiu fechar um acordo simultâneo com Redecard e Cielo.

A americana Elavon fisgou uma das últimas alternativas do mercado - a Credicard, subsidiária do Citigroup - e criou com ela, em dezembro, uma "joint-venture". Além de precisar adaptar seus sistemas tecnológicos para poder operar no mercado brasileiro (o país é o único do mundo que tem o crédito parcelado sem juro, por exemplo), questão que vem contribuindo para postegar sua estreia no país, a Elavon ainda terá pela frente o desafio da baixa capilaridade do Citi no país. Procurada, a empresa não atendeu à reportagem.

Outra americana, a Global Payments, anunciou seu ingresso no mercado brasileiro há um ano, mas está à procura de um parceiro. "Os incentivos que as credenciadoras locais estão dando aos bancos para eles não entrarem no mercado de adquirência têm sido o principal obstáculo para a atuação das estrangeiras", afirma Edson Luiz dos Santos, presidente da Global Payments no Brasil.

Sobraram como opção para as novatas instituições financeiras com operações regionais ou de pequeno porte - que têm pouca capacidade de emissão de cartões, desinteressante portanto para bandeiras como Visa e Mastercard, além de pouca condição de arcar com risco de crédito elevado. Uma alternativa seria também atrair bancos que já fecharam parcerias com Cielo e Redecard com uma proposta melhor. E é por aí que as gigantes buscam se defender.

"A Global Payments fechou um acordo global com o HSBC. Por que não fez isso aqui?", questiona Rômulo de Mello Dias, presidente da Cielo. "Ter um banco é chave nesse processo, mas não adianta ter parceria sem proposta, e se tem alguém que sabe avaliar proposta é banco." Claudio Yamaguti, presidente da Redecard, lembra que tudo pode ser negociado. "É uma questão de preço", observa.

A Redecard apurou uma despesa líquida de R$ 28,9 milhões no terceiro trimestre de 2010 relativa a perdas com aluguel de equipamentos, ações culturais e, principalmente, incentivos para credenciamento (comissões pagas a bancos parceiros) - gasto 30,9% superior ao do terceiro trimestre de 2010. A Cielo não revela essa cifra. "A competição tornou o jogo mais duro e é natural que as empresas defendam mercado", explica Carlos Zanvettor, diretor de varejo, marketing e produtos da Redecard, em referência ao fim da exclusividade entre a Cielo e a bandeira Visa e, por tabela, da Redecard com Mastercard.

A parceria com uma instituição financeira é fundamental para uma adquirente porque, em primeiro lugar, a licença para operar com Visa e Mastercard é fornecida pelas bandeiras internacionais exclusivamente a bancos. Trata-se de uma medida prudencial, uma vez que está em jogo, em última instância, a segurança do sistema financeiro.

Ter um banco como parceiro também ajuda (e muito) na distribuição. As credenciadoras têm suas próprias equipes de vendas para colocar suas maquininhas nas lojas, mas boa parte do serviço é feita por meio da estrutura bancária. "É essencial ter distribuição bancária para ser bem sucedido nesse mercado no Brasil, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, onde o setor é mais pulverizado", afirma Victor Schabbel, analista do Credit Suisse.

Entretanto, até mesmo o voo solo feito pelo Santander em parceria com a processadora GetNet tem mexido pouco com o setor, até o momento. A participação de mercado do banco espanhol no setor de adquirência era de 2,1% em setembro de 2010. Na prática, portanto, Cielo e Redecard permanecem praticamente sozinhas no mercado brasileiro de pagamentos eletrônicos, após um ano e meio da abertura do mercado de cartões.

Os esforços do Santander no setor de adquirência estavam concentrados, até meados do ano passado, no pequeno varejo. A solução tecnológica do banco espanhol para atender a grandes varejistas, que trabalham com seus próprios terminais financeiros (TEF, no jargão do setor) em vez das maquininhas de captura de transações com cartões (o POS), ficou pronta apenas no segundo semestre de 2010.

Espera-se, portanto, que o Santander comece a atuar de forma mais agressiva em 2012 no credenciamento de estabelecimentos comerciais, passado o período de festas de fim de ano - época em que poucos comércios se atrevem a mudar de prestador de serviço, especialmente na área de tecnologia. Schabbel, analista do Credit Suisse, projeta uma participação de mercado de 10% do Santander até o fim de 2013. "Seria um crescimento agressivo, mas estou dando ao banco o benefício da dúvida", afirma.

Como a rede de atendimento do Santander está concentrada nas regiões Sul e Sudeste, o maior desafio do banco para ganhar mercado será ampliar sua exposição ao Nordeste, onde está o maior potencial de crescimento. Em junho, os pagamentos feitos com cartões representavam 14% do consumo privado das famílias no Nordeste, ante 22% da média brasileira. "Se o Santander não se provar capaz de ganhar mercado de forma rápida, quem vai continuar se beneficiando é Cielo e Redecard", diz Schabbel. Procurado, o Santander não atendeu à reportagem.

Até 2015, o cenário traçado por Schabbel prevê Santander com os mesmos 10% de participação de mercado e outras três adquirentes estrangeiras com uma fatia total de 8%, atuando em nichos.Elavon, na visão de Schabbel, deverá focar em entretenimento, ramo no qual a Credicard é forte e já tem parcerias. Os 82% restantes do mercado de credenciamento ficariam divididos entre Cielo e Redecard, com Cielo mantendo a dianteira.

Tanto Redecard como Cielo defendem que os preços cobrados dos lojistas no aluguel das maquininhas (POS) e na tarifa de transação com cartões de débito e crédito (taxa de desconto) têm pouco espaço para cair, apesar da previsão de aumento de concorrência. Houve um forte recuo dessas duas receitas logo após a abertura do mercado, em julho do ano passado - numa guerra de preços liderada pela Redecard -, mas uma parte já foi recuperada, tanto em função de reajustes como dos volumes crescentes de transações com cartões. A evolução do preço das ações das duas empresas é emblemática da recuperação. As cotações apresentaram forte queda nos dois primeiros trimestres após a abertura de mercado, mas, depois que os investidores perceberam que ambas continuam nadando de braçada, o desempenho no mercado acionário também foi recuperado. (Valor)


Lei não eleva hora extra, dizem empresas

Companhias com trabalho remoto afirmam que carga horária fora do escritório é contabilizada por funcionários. Processos judiciais sobre jornada extra seguirão avaliados caso a caso, diz especialista em direito do trabalho.

Empresas que adotam trabalho remoto no Brasil acreditam que a alteração da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em relação ao uso de e-mail e celular fora do escritório terá pouco efeito no pagamento de horas extras.

Lei sancionada pela presidente Dilma Rousseff acrescenta à CLT que "meios telemáticos e informatizados"

-como internet e celular- equiparam-se aos meios pessoais e diretos de comando e supervisão do trabalho.

Em muitas das companhias com políticas de trabalho à distância, são os próprios funcionários que declaram a carga horária cumprida e se existiu a jornada extra -paga pelas empresas.

A prática é comum nas corporações de tecnologia, setor em que o trabalho à distância é mais difundido no país.

A HP tem 10 mil funcionários no Brasil, sendo cerca de 7.000 com possibilidade de trabalhar fora do escritório.

Para Antônio Salvador, vice-presidente de recursos humanos da empresa, a lei não deve ter efeito direto sobre a remuneração justamente porque são os funcionários que informam a carga horária. Mas o executivo se preocupa com a indefinição sobre aspectos como o sobreaviso.

"Uma coisa é o empregado ficar à disposição esperando uma ligação ou atendendo um cliente, mas, se todos os que têm celular corporativo forem considerados de sobreaviso, haverá problemas."

Guilherme Portugal, gerente da área de talentos da Accenture -que possui 9.000 funcionários no Brasil, sendo 50% com possibilidade de trabalhar à distância-, afirma que há tecnologias que permitem programar e-mails para horários variados.

"Precisamos ver como será a interpretação da lei sobre isso, que não é propriamente hora extra."

CASO A CASO -- O advogado Otavio Pinto e Silva, responsável pelo setor trabalhista do escritório Siqueira Castro e coordenador da pós-graduação em direito trabalhista da USP, diz que as discussões judiciais de horas extras, mesmo relativas a trabalho por e-mail ou celular, vão continuar sendo avaliadas "caso a caso".

"A nova lei alterou o artigo 6º da CLT quanto à relação de subordinação do empregado ao patrão, equiparando os meios tecnológicos de controle aos demais", afirma.

"Mas não há nada que diga que um e-mail ou telefonema trocado entre funcionário e empregador fora do ambiente de trabalho seja necessariamente hora extra."

Assim, em caso de processo judicial, o funcionário vai continuar precisando -como já acontece hoje- comprovar que trabalhou todas as horas regulares e as extras, com a ajuda de prova testemunhal.

O advogado diz ainda que a mudança procurou atualizar a CLT, de 1943, em razão dos novos meios de comunicação utilizados no trabalho. Mas ressalta que há aspectos "muito mais relevantes" a serem modernizados.

"Seria preciso, por exemplo, discutir a reforma sindical. Hoje, a lei prevê a organização de sindicato único por categoria, o que inviabiliza a premissa de liberdade sindical da OIT (Organização Internacional do Trabalho). (Folha)


Brasil melhora em índice de liberdade

Avanço foi de 1,6 ponto em relação a 2011 no ranking Índice de Liberdade Econômica, da Heritage Foundation. País, no entanto, ainda está na categoria 'majoritariamente não livre' e fica aquém da média do planeta.

O Brasil melhorou ligeiramente sua performance em um ano no qual a performance mundial caiu. Mas continua sendo considerado um país "majoritariamente não livre" e fica aquém da média do planeta no Índice de Liberdade Econômica.

Esse índice é calculado anualmente pelo centro de estudos conservador Heritage Foundation.

No ranking, feito em colaboração com o "Wall Street Journal", o país é o 99º de 179, com 57,9 pontos -1,6 ponto melhor do que em 2011, mas 1,6 ponto a menos que a média global.

O índice, que está em sua 18ª edição, é calculado a partir de dez quesitos avaliados com notas pelos especialistas da entidade pró-liberalismo econômico, divididos em quatro categorias: Estado de Direito; limites do governo; eficiência regulatória; abertura de mercados.

Em 2012, Hong Kong encabeça o ranking como o lugar com maior liberdade econômica, com 89,9 pontos, seguido por Cingapura (87,5) e Austrália (83,1). O o pior posto coube à Coreia do Norte (1 ponto), precedida por Zimbábue (26,3) e Cuba (28,3).

Seguindo uma tendência regional, o Brasil melhorou sua pontuação em gastos do governo e liberdade fiscal (incluídos em limites do governo), além de ter avançado em liberdades trabalhistas (dentro de eficiência regulatória) e liberdade financeira (em abertura de mercados).

Manteve-se igual no que toca à liberdade de investimento e ao Estado de Direito: liberdade de propriedade e combate à corrupção -este último, o item em que o país se sai pior, com só 37 pontos.

E piorou na liberdade para negócios, liberdade monetária e liberdade comercial, embora esses dois últimos itens sejam aqueles em que o país sobressai, com, respectivamente, 75,8 e 69,7 pontos.

Números acima de 80 indicam países "livres"; de 70 a 80, "majoritariamente livres"; de 60 a 70, "moderadamente livres"; de 50 a 60, "majoritariamente não livres" e, abaixo de 50, "reprimidos". No ranking de 2012, há apenas 5 países na primeira categoria; 23 na segunda; 62 na terceira e 89 abaixo da nota de corte.

CORRUPÇÃO -- "A presença do Estado em muitas áreas ainda é considerável, inibindo o desenvolvimento de um vibrante setor privado", diz o texto do ranking sobre o Brasil.

"A eficiência e a qualidade dos serviços do governo continuam inadequadas, sobretudo por causa da má administração financeira pública. E, comparado a outras economias emergentes, o ritmo geral da reforma regulatória no Brasil se desacelerou."

O país ficou, porém, à frente dos demais que compõem os Brics -Rússia (144), Índia (123) e China (138).(Folha)