segunda-feira, 22 de junho de 2009

O etanol brasileiro só fará parte da pauta de exportações quando se mudar as atuais práticas desumanas na produção comandada pelos usineiros

A dura rotina do canavieiro

Em torno do etanol, sua produção e exportação, trava-se uma grande batalha comercial mundial que coloca em cena os principais atores deste processo: os usineiros, há séculos mantidos na miséria e os usineiros, cada vez mais ricos. Há também a pressão dos subsídios à agricultura, principalmente na França. Como também a pressão dos produtores de etanol norte-americano, que não querem a concorrência do nosso álcool. E a pressão se concentra na verdadeira escravidão com que são mantidos os trabalhadores rurais que são ocupados na plantação ecorte da cana. E é em torno destes homens e mulheres que a UGT se alinha para buscar junto ao poder público ações diretas para a proteção da vida destes trabalhadores, com a garantia de mais transferência de renda dos usineiros para eles e conseguir, a médio prazo, posicionar o álcool brasileiro nos mercados externos, o que geraria renda para o Brasil. Mas tudo passa pelo gargalo da imensa opressão exercida pelos usineiros contra a qualidade de vida dos trabalhadores e enquanto não se resolver esse aspecto, os concorrentes do álcool brasileiro na Europa e nos Estados Unidos continuarão a ter bons e sólidos argumentos contra a importação do nosso produto. É algo, então, que interessa até mesmo aos usineiros que até hoje só pensam nos próprios interesses.

Leia mais: com Trabalhadores ainda vivem em condições difíceis e são mal remunerados

O cortador de cana José Marques de Souza, de 39 anos, chega ao alojamento da usina tão extenuado, no fim da tarde, que recusa o convite dos companheiros para fazer o que mais gosta: jogar uma ?pelada? no campo de terra. "A gente fica tão pregado que não consegue tirar o pé do chão."

Das 6 da manhã até as 16 horas, quando retorna para o alojamento que divide com 400 colegas, o maranhense de Timbiras calcula que derrubou umas dez toneladas de cana. Ele não reclama de pegar pesado dia após dia nos canaviais de Matão, na região de Ribeirão Preto. "O problema é chegar no fim do mês com pouco dinheiro."

Souza trabalha para um grande grupo usineiro, mas não tem o controle da sua produção. "Tem dia que eles pagam R$ 0,30 o metro, já no outro dia, sem dar explicação, baixam para R$ 0,18." No mês passado, ele recebeu R$ 720. Seu plano era levar R$ 10 mil no final da safra para a família que ficou no Maranhão, mas ele já se contenta com R$ 5 mil. "Ano que vem não volto."

O governo tem um longo caminho a percorrer para pôr em prática a proposta de melhorar as condições dos trabalhadores nos canaviais e apagar a má imagem do etanol brasileiro no exterior. Na cadeia produtiva da cana, a mais importante do agronegócio, o trabalhador braçal é, de longe, o elo mais frágil. Esta semana, a reportagem flagrou cortadores sem equipamentos básicos de proteção em canaviais da região de Ribeirão Preto, uma das mais ricas do País e justamente a que mais avançou no respeito aos direitos desses trabalhadores.

O cortador Vagner Celso Mogini, de 46 anos, fazia o corte da cana bruta, em Ibaté, sem luvas, perneiras e proteção para os olhos, obrigatórios por lei. Sob sol forte, tinha a cabeça e os braços descobertos. "O perigo são as cobras, pois a cana não foi queimada", diz. Ele foi contratado com carteira assinada e salário-base de R$ 500 por um produtor independente. A reportagem ainda encontrou outros cortadores com equipamentos incompletos em Matão, Araraquara e Guariba.

Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Guariba, Wilson Rodrigues da Silva, a situação de trabalho melhorou, mas os salários continuam "vergonhosos". Um trabalhador bom chega a tirar em média R$ 950 mensais, mas só tem trabalho oito meses no ano e a média mensal acaba caindo. Por causa da crise, algumas usinas atrasam os pagamentos. Duas delas ainda não pagaram integralmente o FGTS de 2008.

As usinas alegam que, se derem aumento, terão de fazer cortes, diz o sindicalista. "Apesar da crise, foi o setor que mais enriqueceu nos últimos anos." (Leia mais no Estadão)

Recessão do crédito persiste para as pequenas empresas

A UGT lança, depois de insistir junto ao Governo Federal e ao BNDES, um desafio para se localizar apenas uma pequena ou média empresa que tenha se valido dos créditos do BNDES para sobreviver ou expandir seus negócios. O crédito nunca chega às pequenas e médias, as grandes geradoras de emprego no Brasil. Depois de tentar fazer campanhas para convencer da necessidade deste crédito, sem sucesso, a UGT começa então a desafiar o poder público a apresentar uma política que resulte em créditos de fato, com geração de empregos, para os pequenos e médios empresários.

Leia mais: Pesquisa aponta que 63% das micro e pequenas ainda são afetadas pela crise

Queda na demanda e dificuldade para conseguir empréstimo são principais problemas; impacto é maior na indústria e no agronegócio. Quatro em cada dez micro e pequenas empresas do país reclamam que ainda não há melhora na oferta de crédito oferecido pelos bancos, apesar das várias medidas anunciadas pelos governos federal e estaduais para incrementar os financiamentos e aliviar o caixa dos empreendimentos, atingidos pela crise financeira mundial.

É o que mostra levantamento feito, a pedido da Folha, pelo Sebrae-SP com 4.200 micro e pequenas empresas (MPEs) de todos os Estados e distribuídas pela indústria, pelo comércio e pelo setor de serviços. A pesquisa, feita entre 16 de março e 15 de maio, é a primeira de âmbito nacional com o objetivo de avaliar os reflexos da crise nesse segmento empresarial.

A crise não apenas afetou, mas ainda afeta os negócios de 63% dessas empresas. Queda na demanda e dificuldade para obter crédito -que, além de mais disputado, passou a ser mais caro- são os principais impactos sentidos pelas MPEs.

Os efeitos são piores para empresas do setor industrial e do agronegócio, cujas atividades são mais voltadas para exportação. Ou naquelas que fabricam produtos para o mercado interno com alto valor unitário e que dependem da concessão de crédito para vender ao consumidor -caso de eletroeletrônicos e móveis.

Entre os empresários do comércio e dos serviços, setores mais dependentes da renda do consumidor, os impactos são menores. Nesse caso, a queda da demanda ocorre porque o consumidor teme a incerteza da economia e, por isso, adia as compras de longo prazo.

Enquanto 42% das empresas reclamam que persiste a dificuldade para conseguir empréstimos, 28% nem sequer sabem responder a questão. Só 30% notaram melhora.

Em setembro do ano passado, antes de as turbulências internacionais afetarem o Brasil, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, um dos poucos canais das empresas para conseguirem empréstimos com juros menores e prazos maiores) havia emprestado R$ 1,159 bilhão às micro e pequenas que buscaram financiamento nas linhas de crédito disponíveis para esse segmento. Esse valor representava 14,3% do total emprestado para empresas de todos os portes, ou R$ 8,128 bilhões.

Em abril deste ano, o segmento das MPEs conseguiu financiamentos que, somados, chegaram a R$ 818 milhões -10,6% do total emprestado pelo BNDES a todas as empresas (R$ 7,721 bilhões). O valor emprestado é 30% menor do que o de setembro de 2008.

"O problema do crédito continua presente. Burocracia, exigências exageradas para que a empresa dê garantias reais de que vai cumprir as regras do empréstimo e desinformação ainda são problemas constantes no dia a dia desse perfil de empreendedor. Com a crise, as exigências se acentuam", diz Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae-SP.

Desinformação — Tatiana Tichauer, proprietária da Doctor Clean, indústria de produtos antissépticos, diz que a expansão da empresa e a contratação de mais empregados esbarram no jogo de empurra-empurra e desinformação dos próprios bancos.

"Com a questão da gripe suína, as nossas vendas aumentaram. Preciso de empréstimo para promover ações em pontos de venda e não tenho conseguido crédito para capital de giro. Não quero comprar máquinas, como oferecem algumas poucas linhas existentes."

A empresária passou os últimos 60 dias esperando uma resposta de um banco que a havia informado, equivocadamente, de que conseguiria o financiamento no BNDES. "Agora, a informação é outra. A linha que buscava não existe."

A justificativa do setor financeiro para aumentar as exigências e selecionar ainda mais os clientes é o risco de inadimplência -que, segundo dados do Banco Central, cresceu tanto para pessoas físicas como para empresas. Em abril, os calotes representavam 5,2% dos empréstimos comerciais (crédito pessoal, cheque especial e empréstimos de capital de giro às empresas). O nível foi o mais alto desde outubro de 2000.

Erros e acertos — Para Fábio Pina, economista da Fecomercio SP, o governo acerta ao forçar os bancos públicos a baixar os juros para empréstimos a empresas e a fomentar a criação de fundos para estimular a ampliação dos financiamentos, mas o maior problema é a demora na implementação das medidas. "Até os recursos, que estão mais escassos, caros e disputados, chegarem à praça demora muito."

Há duas semanas, o governo editou medida provisória que libera R$ 4 bilhões da União para criar dois fundos que visam garantir operações de crédito para micro, pequenas e médias empresas e para trabalhadores autônomos. A expectativa é dar cobertura para que R$ 48 bilhões sejam concedidos em empréstimos a partir de julho.

O governo pretende, com a medida, estimular o mercado financeiro a voltar a emprestar para as pequenas e a reduzir o "spread" (diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar recursos no mercado e a taxa cobrada dos clientes) nos financiamentos às empresas.

"O "spread" foi reduzido para crédito consignado, financiamento de automóveis e grandes empresas, mas não para as médias e pequenas", afirma Milton Bógus, diretor titular do Departamento da Micro, Pequena e Média Indústria da Fiesp (federação das indústrias paulistas). "Quando a taxa Selic cai um ponto percentual, os juros para linhas de capital de giro baixam de 32,7% para 32,5% ao ano. Ou seja, nada." (Leia mais na Folha)

CPI da pedofilia recebeu 25 mil denúncias no Pará

A UGT através da UGT Pará e a Vale do Rio Doce já trabalha contra a prostituição infantil no Pará. Os números da CPI da Pedofilia assustam e mostram que temos que ampliar ainda mais as ações, especialmente, junto às famílias que precisam de apoio direto, educação, informação e, dependendo da situação, punição rigorosa para serem educadas a proteger a vida de nossas crianças. Devemos agir através da educação e punição com os adultos, geralmente do sexo masculino, que atacam nossas crianças. Essas meninas, a grande maioria das vítimas, são o nosso futuro. Temos que protegê-las ou comprometemos, irreversivelmente, nosso futuro.

Leia mais: A pedofilia e a exploração sexual de jovens são problemas nacionais, mas seguidas denúncias de violência tornaram o Pará um foco desses crimes.

No fim de 2008, a Assembleia do Estado criou uma CPI que recebeu 25 mil denúncias.

Diversas delas são contra empresários e políticos, como o ex-deputado estadual Luiz Sefer (sem partido), que renunciou ao cargo em abril passado.

Sefer é suspeito de ter levado uma menina para morar em sua casa em Belém quando ela tinha nove anos e de ter mantido relações sexuais com ela nos quatro anos seguintes.

No mês passado, ele chegou a ser preso, mas já foi libertado. Ele nega o crime.

Também é investigado o irmão da governadora Ana Júlia Carepa (PT), João Carlos Carepa. Ele não ocupa cargo público e nega ter praticado pedofilia.

Em Marajó, dom José Luís Azcona, bispo da região, começou em 2006 a denunciar vereadores e homens da elite local por supostamente fazerem sexo com menores. Ele diz ser ameaçado até hoje.

Em Portel, uma mulher foi recentemente flagrada por um programa de TV supostamente vendendo a filha por R$ 500.

Em 2007, uma menina com então 15 anos foi estuprada e espancada durante 24 dias, ao ser colocada em uma cela masculina, numa prisão em Abaetetuba. (Leia mais na Folha)

Brasil volta a crescer e deixa recessão para trás

Depois de dois trimestres seguidos de queda na atividade econômica, o Brasil voltou a crescer nos últimos dois meses e meio, deixando para trás a recessão.Como mostra reportagem do GLOBO, na edição deste sábado, bancos e economistas já preveem expansão de 0,5% a 2,8% do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pela economia) entre abril e junho, depois de uma queda acumulada de 4,4% entre outubro e março.

No governo, as estimativas preliminares são de que a economia vai fechar este segundo trimestre com expansão de 1,5%. As projeções estão amparadas principalmente na gradual retomada da indústria, setor que tem peso de 28% no cálculo do PIB.

Setores industriais como naval, construção civil, eletrodomésticos e automóveis dão sinais de recuperação. E a equipe econômica agora já acredita ser factível o país alcançar a projeção oficial do governo de expansão de 1% do PIB em 2009.

Outro fator de peso na recuperação da economia é a demanda interna. Com a crise internacional ainda interferindo no comércio exterior, a solução das empresas foi brigar pelo consumidor brasileiro, incentivado também por ações do governo - como reduções de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros e eletrodomésticos.

Porém, falta muito para que o país recupere o patamar de produção que vigorava até o fim do terceiro trimestre de 2008, antes portanto do auge da crise. Pelas contas da consultoria Tendências, mesmo com crescimento neste segundo trimestre, o PIB brasileiro ainda estaria 2,7% abaixo do patamar de setembro de 2008. Se a estimativa considerar $ó o PIB da indústria, a diferença ainda será de 9,5%.

- Como a base de comparação com 2008 é muito alta, o PIB só vai voltar a crescer na variação anual a partir do quatro trimestre. Mas é possível dizer que o pior já passou - disse Marcela Prada. (Leia mais em O Globo)

De país 'do futuro', Brasil se tornou 'país do presente', diz editor da ‘Economist’

Michael Reid lançou no país livro sobre a América Latina. 
Para jornalista, país ganhou reconhecimento em comércio e diplomacia.

Livro analisa a economia e a política da região (Foto: Divulgação)

Autor do recém-lançado “O continente esquecido – a batalha pela alma latino-americana” (Editora Campus/Elsevier, R$ 92), o jornalista Michael Reid, editor para as Américas da revista britânica “The Economist”, percebe uma clara mudança da imagem do país no cenário mundial.

 “O Brasil deixou finalmente de ser o país do futuro para ser o país do presente, fazendo frente às expectativas”, afirmou, em entrevista ao G1, por telefone, desde Londres.

Reid, que cobre assuntos relacionados à América Latina há mais de duas décadas e morou em São Paulo por três anos, nos anos 90, afirma que o governo Lula tem se mostrando “mais assertivo internacionalmente”.

Para ele, o Brasil tem sido reconhecido em áreas como comércio e diplomacia, ganhando contenciosos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e exigindo mais espaço em organizações como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e em agências da Organização das Nações Unidas (ONU).

O editor da “The Economist” diz também que, embora a sigla Bric (grupo de países emergentes que reúne Brasil, China, Índia e Rússia) tenha elementos de uma ferramenta de marketing, o país se tornou um mercado cada vez mais importante para diversas nações. Além disso, ao longo dos próximos 20 anos, diz ele, o Brasil terá papel importante dentro da economia mundial. (Leia mais no G1)