quinta-feira, 2 de julho de 2009

Monitorar recuperação da crise e nos manter mobilizados a favor das 40 horas semanais e pela assinatura da Convenção 158 da OIT

Produção industrial sobe 1,3% em maio, a quinta alta seguida

Nós da UGT acompanhamos com muita atenção e cautela os indicadores positivos, todos ainda muito tímidos, relacionados com a superação da atual crise financeira mundial, que tem proporções gigantescas. Ainda há muita inadimplência, muito desemprego, muito achatamento salarial com um turn-over acima dos padrões. A grande reação da classe trabalhadora, através das suas centrais sindicais, entre elas a UGT foi rer conseguido na Comissão de Trabalho a aprovação por unanimidade da redução da jornada para 40 hoas semanais, sem redução de salários. É a maneira de a classe trabalhadora fazer frente à indiferença dos empresários e banqueiros que querem usar a crise para reformular, unlateralmente, o contrato social que rege a relação entre capital e trabalho no Brasil. Com 40 horas semanais, vamos abrir vagas para mais de dois milhões de companheiros e companheiras que estão fora do mercado de trabalho.

Leia mais: Resultados reforçam os sinais de recuperação no ritmo da atividade industrial, puxada pela demanda interna.
A produção industrial subiu 1,3% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou nesta quinta-feira, 2, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Os dados mostram a quinta alta consecutiva nessa base de comparação. Ante maio do ano passado, porém, a atividade caiu 11,3%.

Os dados da produção industrial de maio "confirmam sinais de recuperação gradual da indústria" segundo observou a economista da coordenação de indústria do IBGE, Isabella Nunes. De acordo com ela, a indústria chegou em maio a um patamar de produção similar a junho de 2006. Em abril, estava ainda no patamar de produção de abril de 2005, sendo que no auge dos efeitos da crise sobre o setor, em dezembro do ano passado, a indústria havia recuado ao patamar de 2004. "O mais importante agora é manter a continuidade no crescimento", disse Isabella.

O fator de peso na recuperação de 2009 está associado a setores relacionados à demanda interna, enquanto os segmentos produtores de bens de capital e para exportação continuam pressionando negativamente.

A maior alta entre as categorias de uso pesquisadas, em maio ante o mês anterior, foi registrada em bens de consumo duráveis (3,8%). Ainda nessa base de comparação, houve alta também em bens intermediários (1,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (1,3%). A produção de bens de capital, que sinaliza os investimentos, subiu 0,7% no período.

Porém, na comparação com maio de 2008, todas as categorias registraram queda na produção: bens de capital (-22,8%); bens intermediários (-13,8%); bens de consumo duráveis (-13,7%) e bens de consumo semi e não duráveis (-1,8%).

A produção de veículos automotores (automóveis, autopeças, caminhões) subiu 2,0% em maio, ante abril. Na comparação com maio do ano passado, houve queda de 17,6%. Isabella disse que a desoneração de impostos e as promoções continuam impulsionando esse segmento nos dados comparativos a mês anterior e a produção de veículos automotores já acumula uma expansão de 64,9% em maio, comparativamente ao fundo do poço de dezembro do ano passado, puxada sobretudo pela produção de automóveis.

No ano, a produção industrial acumula queda de 13,9% e em 12 meses, recuo de 5,1%, a maior da série histórica do IBGE, iniciada em 1991. (Leia mais no Estadão)

Classe média parou de crescer no ano passado, aponta pesquisa

Essa é a principal consequência da irresponsabilidade patronal que aposta na rotatividade da mão-de-obra para reduzir ganhos. É um tiro no próprio pé pois afeta diretamente a formação e sustentação da classe média, que se tornou antes e durante a crise, num dos pontos de sustentação do mercado interno. Mas para essa indiferença de vastos setores empresariais os trabalhadores estão se mobilizando para convencer o Congresso Nacional e o Governo do presidente Lula a assinar e fazer valer a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que vai regulamentar as demissões arbitrárias, criando critérios que evitem o desmando unilateral do mercado de trabalho, hoje apenas nas mãos dos empresários que fazem o que bem querem, sem pensar nas famílias dos trabalhadores e trabalhadoras e muito menos no Brasil e no seu mercado interno.

Leia mais: A crise interrompeu a tendência de mobilidade nas classes sociais brasileiras, especialmente o avanço da classe C, e também tornou os brasileiros mais cautelosos com os gastos. É o que aponta o estudo "O Observador 2009", realizado pela empresa de pesquisas Ipsos e pela financeira Cetelem, que faz parte do grupo francês BNP Paribas.

Entre 2007 e 2008, a classe C, que reúne pessoas com renda familiar média de R$ 1.201, se manteve estável, passando de 46% para 45% da população brasileira. Entre 2006 e 2007, essa população havia crescido de 36% para 46% e se tornado a maioria da população.

"O que notamos é uma estabilidade da pirâmide social brasileira. O avanço da classe C se deu em um momento de grande crescimento econômico e é uma conquista sedimentada. Não se pode crescer indefinidamente", afirma Marcos Etchegoyen, vice-presidente da Cetelem no Brasil.

O estudo, realizado há quatro anos, envolveu uma amostra de 1,5 mil pessoas em 70 cidades brasileiras. Em termos absolutos, houve redução de 2 milhões de pessoas na classe C. No ano passado, 84,62 milhões faziam parte desse estrato social, ante 86,2 milhões em 2007.

Ao mesmo tempo, houve crescimento das classes D/E (de renda familiar média de R$ 650), de 72,9 milhões para 75,8 milhões na mesma comparação. Nas classes A/B (rendimentos médios de R$ 2.586) houve ligeira alta, de 28 milhões para 29,3 milhões de pessoas.

Desde 2006 a pesquisa vinha apontando migração das classes D e E, que concentravam a maior parcela da população, para a classe C. Em 2007, a classe C passou a ser maioria. Os dados mostram ainda que, apesar do seu encolhimento, houve aumento da renda nessas classes em 2008, de 13% e 12% nas C e D/E, respectivamente.

Estudo realizado pelo economista Marcelo Neri, chefe do Centro de Política Social da Fundação Getúlio Vargas (FVG), divulgado pelo Estado na edição de domingo, indica que a classe C já representava, na última semana de abril, 53,6% da população das seis principais regiões metropolitanas do País, após ter caído de 53,81% para 52,64% em janeiro. Já as classes A e B correspondiam a 13,3% dessas seis regiões na última semana de abril.

CAUTELA — O estudo da Cetelem, que também tem a proposta de mapear tendências de consumo, mostrou que a crise deixou os brasileiros menos propensos a gastar com bens caros, como carros e computadores. Apenas 14% dos brasileiros demonstraram a intenção de adquirir um carro em 2008, ante 17% em 2007 (Leia mais no Estadão)

Bancos abrem mais espaço para linhas com créditos de carbono

Santander tem 50 mi para financiar projetos; Bradesco avança em parceria

Os principais bancos do Brasil prestam cada vez mais atenção aos créditos de carbono, certificados emitidos por projetos que reduzem a emissão de gases do efeito estufa, responsável pelo aquecimento global.

O Santander anunciou ontem o lançamento de linha de 50 milhões para a compra de CER (sigla em inglês para Redução Certificada de Emissões) no Brasil, no Chile e no México. Cada crédito equivale a uma tonelada de CO2.

A linha funciona desta forma, relata o superintendente Maurik Jehee: o Santander compra os CERs, financiando os projetos que vão resultar nos créditos de carbono. Depois os revende para empresas europeias, que podem usar os certificados para compor as metas de redução de emissões de gases poluentes. As companhias têm compromissos individuais, estabelecidos segundo a meta geral de cada país definida pelo Protocolo de Kyoto.

A atuação em créditos de carbono integra a estratégia do Santander na área de financiamentos para sustentabilidade, diz Julio Bin, superintendente de desenvolvimento da área.

O Bradesco, por sua vez, desde abril tem uma linha para financiar projetos de MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), que respeitam critérios estabelecidos pelas Nações Unidas, relata José Ramos Rocha Neto, superintendente-executivo da área de empréstimos e financiamentos.

O banco e o grupo japonês Mitsubishi UFJ anunciaram, há pouco mais de dois meses, parceria que inclui a comercialização de créditos de carbono. A Key Associados responde pela avaliação técnica dos projetos. Ao todo, o Bradesco dispõe de 34 produtos, que chegam a R$ 2,14 bilhões disponíveis para questões socioambientais.

O Itaú Unibanco e o Banco do Brasil também contam com projetos relacionados a créditos de carbono.

As duas instituições participaram dos leilões que a Prefeitura de São Paulo promoveu para a venda de CERs gerados por projetos de transformação de gás em energia nos aterros sanitários do município. (Leia mais na Folha)

Mercado de trabalho das mulheres é mais afetado pela crise, diz estudo do Ipea

A crise financeira internacional afetou de modo diferente o emprego de homens e mulheres, freando o processo de feminização do mercado de trabalho brasileiro, segundo um estudo realizado pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea), a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o IBGE.

De acordo com o documento apresentado nesta manhã, entre setembro do ano passado e abril de 2009 houve queda na população economicamente ativa (PEA) feminina em algumas das principais regiões metropolitanas do país, como Salvador (-3,0%), Belo Horizonte (-1,5%), Porto Alegre (2,3%) e São Paulo (-1,9%). No mesmo período, a PEA masculina não recuou em nenhuma metrópole brasileira. O dado - que se refere à quantidade de pessoas empregadas ou à procura de trabalho - revela que a retração no dinamismo da economia brasileira retirou, relativamente, mais mulheres do que homens do mercado.

O estudo sugere que isso acontece devido à maior probabilidade da mulher assumir as atividades de casa, seja porque o empreendimento familiar no qual trabalhava não sobreviveu à turbulência, ou porque a perda de renda impossibilitou a manutenção de uma empregada doméstica. Embora a taxa de desemprego masculina nas seis regiões pesquisadas pelo IBGE tenha aumentado 24% durante a crise - contra 11,2% para mulheres - as trabalhadoras que perderam sua ocupação no período não se tornaram necessariamente desempregadas, pois muitas voltaram à inatividade e, portanto, não contam nessa estatística.

Apesar de empregar mais homens que mulheres, a indústria demitiu proporcionalmente mais mão-de-obra feminina (-8,38%) do que masculina (-4,81%). Neste recorte, as dispensas foram maiores entre as mulheres negras (-9,96%) do que entre as brancas (-7,73%). A pesquisa ainda mostra que o fechamento de vagas no serviço doméstico tipicamente masculino - jardineiros, motoristas, caseiros - foi consideravelmente maior (-5,66%) do que no serviço doméstico desempenhado pelas mulheres, como os cuidados com a casa e crianças, com retração de 0,89%.

"Abrir mão do trabalho exercido por esta trabalhadora parece ser, portanto, algo mais 'custoso' para as famílias, mas especialmente para as mulheres, pois o trabalho dito 'reprodutivo' lhes impõe jornadas maiores e mais intensas de trabalho e impacta decisivamente suas oportunidades de entrada e permanência no mercado de trabalho", aponta o documento.

Assim como aconteceu com os homens, o impacto da crise foi maior no emprego das trabalhadoras sem carteira assinada (-13,53%). Além disso, de setembro a abril, o salário de admissão das mulheres foi menor do que o dos homens em todos os setores da economia. A desigualdade foi ainda maior entre os mais escolarizados, cujo salário inicial de um gênero foi equivalente, em média, a apenas 65,39% do outro. A

A precarização do trabalho feminino também é evidenciada pelo aumento do número de mulheres desempenhando atividades sem remuneração, com, por exemplo, nas empresas familiares em substituição a funcionários demitidos durante o abalo. (Leia mais em O Globo)

Redução da jornada de trabalho: veja pontos positivos e negativos

Aprovada pela Comissão Especial da Jornada Máxima de Trabalho, da Câmara dos Deputados, a PEC 231/95, que prevê a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais ainda precisa será apreciada em dois turnos pelo Plenário da Câmara. Serão necessários dois terços dos votos para ser aprovada. O mesmo procedimento será exigido no Senado.

Se, após todo o trâmite, ela for aprovada de fato, representará a criação de 2,2 milhões de empregos, segundo estimativa da UGT (União Geral dos Trabalhadores).

"Esta é a terceira vez, em cem anos, que a jornada de trabalho no Brasil é reduzida. A primeira foi em 1943, depois em 1988 e, agora, em 2009. Ela também é uma vitória da UGT, que há dois anos vem pregando a redução da jornada de trabalho e a inclusão social", afirmou o presidente da UGT, Ricardo Patah.

Ele enfatizou ainda os benefícios da medida no que se refere à qualidade de vida dos trabalhadores. (Leia mais no Infomoney)