quinta-feira, 31 de março de 2011

Acordo do reajuste da Tabela do IR foi feito em torno da promessa de uma inflação de 4,5% ao ano, infelizmente já comprometida como já reconhece o BC

Perda do controle da inflação compromete nova tabela do Imposto de Renda

Mais uma vez os trabalhadores foram atropelados pelo discurso governamental e pelas açoes do Banco Central. Nos entendimentos que as centrais sindicais tiveram com a presidente Dilma Rousseff, ficou acordado que a tabela do Imposto de Renda seria corrigida pela inflação futura, estimada em 4,5%. E não pela inflação passada de 6,46%. Para dar sustentação ao acordo o governo prometeu a certeza de que a inflação não ultrapassaria a meta de 4,5%. Pois bem, fechado o acordo, reajustada a tabela de Imposto de Renda em 4,5%, eis que o BC vem com a conversa de que a inflação deve superar a meta anterior. Perdem os trabalhadores nos seus salários necessários para a sobrevivência, para pagar gastos com saúde, moradia, alimentação. Perdem os cidadãos brasileiros que perde a referencia e a confiança nas promessas de nossos governantes, que em menos de um mês deixa escapar ao controle o que era tido como certo. Numa coisa tão séria como a inflação que já consumiu em Janeiro 1,7% da renda dos trabalhadores e trabalhadoras.

Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

BC vê crescimento menor com mais inflação em 2011
Relatório revê previsões e defende estratégia adotada para conter preços. Objetivo é reaproximar inflação da meta fixada pelo governo somente em 2012, evitando que a economia esfrie demais.
O Banco Central reduziu de 4,5% para 4% sua previsão para o crescimento da economia do país neste ano, como resultado das medidas adotadas desde o fim do ano passado para conter a expansão do crédito e a inflação.
A instituição afirmou ainda que poderá alcançar em 2012 a meta de inflação fixada pelo governo para este e o próximo ano, de 4,5%, sem que seja necessário aumentar novamente os juros.
O BC desistiu de trazer a inflação para perto desse objetivo neste ano. Dessa forma, será possível incorporar os efeitos da alta recente no preço das commodities, sem provocar forte desaceleração da atividade econômica.
A estimativa do BC para o IPCA, principal índice de preços do país, neste ano subiu de 5% para 5,6% -ainda dentro do intervalo de variação da meta, entre 2,5% e 6,5%. Para o ano seguinte, caiu de 4,8% para 4,6%, no cenário que considera manutenção de juros e do dólar.
O BC divulgou ontem seu Relatório Trimestral de Inflação, documento em que a instituição analisa o cenário econômico, revê projeções e discute sua estratégia para combater a alta dos preços.
"MAIS SUAVE" — O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton, afirmou que, com a inflação hoje em 6%, a ação para conter a alta dos preços precisa ser "mais suave".
"O trabalho é para que a diferença seja a menor possível em 2011, para que a inflação convirja para a meta em 2012, que é para onde estamos olhando", disse.
Alguns analistas avaliam que os juros podem parar de subir em breve. O economista Eduardo Velho, da corretora Prosper, espera um último aumento da taxa básica em abril, de 11,75% para 12%.
O economista destaca que as previsões do mercado e do BC para o crescimento estão no mesmo nível, mas ainda há divergências sobre o comportamento da inflação.
"O mercado não acredita que essa desaceleração reduza a inflação para a meta desejada, mas a autoridade monetária trabalha com esse fator para cumprir a meta."
O diretor do BC atribuiu a divergência ao fato de parte do mercado duvidar que o governo será capaz de reduzir despesas e cumprir sua meta fiscal. Ele também acha que alguns analistas subestimam as medidas adotadas pelo BC nos últimos meses.
Além dessas medidas e dos cortes no Orçamento, o cenário externo também influirá no desempenho da economia e no comportamento da inflação.
RESTRIÇÕES — Para o BC, dados preliminares sobre o crédito no Brasil reforçam essa avaliação, mas o mercado avalia que é preciso mais restrições.
O crescimento menor da economia deve afetar mais a agropecuária e a indústria. O BC projeta impacto menor sobre o setor de serviços.
Também caiu a previsão para o consumo das famílias, principal alvo das medidas de restrição ao crédito. A queda dos investimentos, no entanto, será maior.
Os números do BC mostram que a alta dos juros no Brasil foi a maior num grupo de 27 países analisados. Em outra lista, com 14 países, o Brasil aparece com a segunda maior taxa de inflação acumulada até fevereiro, atrás apenas da Índia.
Questionado sobre o impacto do reajuste do salário mínimo e da tabela do Imposto de Renda no próximo ano, Hamilton afirmou que qualquer mecanismo de indexação da economia dificulta o combate à inflação e torna sua queda mais lenta. "Faz parte da nossa cultura." (Folha)

Pesquisa mostra que renda do trabalhador caiu 1,7% em janeiro
A inflação voltou a mostrar forte efeito sobre o poder de compra do trabalhador. Em janeiro, o valor médio da renda da população ocupada caiu 1,7%, para R$ 1.382. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Os números, calculados com base em sete regiões metropolitanas, mostram que entre os assalariados a perda foi menor, de 0,1%, com média em R$ 1.440.
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) a maior redução do poder de compra foi dos autônomos, de 3,7%, com os ganhos ficando em R$ 1.176. A remuneração dos assalariados caiu 0,7%, para R$ 1.535. No total, a população ocupada teve uma perda de 2,8% na renda, para R$ 1.505.
O índice de desemprego médio nas regiões ficou praticamente estável em 10,5%, ante 10,4% registrados em janeiro.
Alexandre Loloian, do Seade, indica que -além da inflação- a queda dos salários no setor de serviços, que responde por mais 50% da atividade na região, pesou na redução.
Na RMSP, o comércio perdeu 23 mil vagas no mês, e o setor de serviços, 16 mil. (Folha)

Ministério Público pede embargo das obras de Jirau

MP impõe como condição o restabelecimento das condições de trabalho no canteiro.

O Ministério Público do Trabalho de Rondônia entrou hoje com pedido de embargo das obras da Usina Hidrelétrica de Jirau até que sejam restabelecidas as condições de trabalho no canteiro. Ou seja, a reconstrução da chamada área de vivência, que engloba alojamentos, áreas de lazer, lavanderia e outros serviços.

A petição foi feita pela Procuradoria Regional do Trabalho da 14.ª Região na 3.ª Vara da Justiça de Trabalho de Rondônia.

A petição foi anexada à ação principal interposta pelo Ministério Público do Trabalho anteriormente, que visa garantir os direitos dos trabalhadores durante o período de paralisação das obras. (Estado)

Dívidas consomem 24% do orçamento familiar. BC vê medida para conter ímpeto

O Banco Central está tomando uma série de medidas para conter o ímpeto do brasileiro por empréstimos e compras a prazo, mas ainda não obteve sucesso. Quase R$ 4 bilhões estão sendo emprestados diariamente no país, ritmo que levou o nível de endividamento das famílias daqui a superar o dos norte-americanos. Enquanto nos Estados Unidos, em média, 18% da renda são gastos para quitar parcelas dos financiamentos (prestações e juros), no Brasil essa relação alcançou 24,2% — cenário que é motivo de preocupação no governo, principalmente quando se lembra da crise mundial, com auge em 2008, gerada pelo superendividamento nos EUA.
A demanda por crédito está tão forte que o total das dívidas das famílias já encosta no R$ 800 bilhões, mesmo com o valor das prestações tendo aumentado 20% desde o início do ano, refletindo a elevação da taxa básica de juros (Selic) e as medidas macroprudenciais baixadas pelo BC. Ciente de que tal movimento é inflacionário e incompatível com a atual correção dos salários, a autoridade monetária quer que o crédito avance 13% ao ano e não 21% como se vê. Mesmo que essa desaceleração se concretize, o BC já vislumbra um salto no calote. Mais famílias não terão condições de honrar seus compromissos em dia.
A situação está tão preocupante que o sempre comedido diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, fez questão de enfatizar os riscos que as famílias estão correndo. “Quanto maior for o comprometimento da renda, maior será a chance de se deixar uma conta de fora das que serão quitadas”, alertou. Na avaliação dele e de outros técnicos do BC, depois da adoção de medidas macroprudenciais, em dezembro do ano passado, é natural, e aguardado, um movimento de alta na inadimplência. “Tivemos um encurtamento dos prazos e aumento das taxas. Por isso, esperamos uma inadimplência pouco maior.”
Questão social — Os dados compilados pelo BC mostram que, quando se olha para o conjunto dos débitos dos brasileiros, o quadro é ainda mais perturbador. Do total da renda disponível na economia proveniente do trabalho e dos benefícios previdenciários, 40,50% estão comprometidos com dívidas. Ou seja, de cada R$ 100 recebidos por trabalhadores, aposentados e pensionistas, R$ 40,50 vão todos os meses para o pagamento de alguma conta.
“Isso é preocupante, ainda mais em um cenário de elevação dos juros e, ainda que moderado, da inadimplência”, observou Fábio Gallo Garcia, professor de finanças da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e da Fundação Getulio Vargas (FGV).
O desafio do BC, segundo o professor, é conseguir conter o consumo depois de dar tanta acessibilidade ao crédito a um país onde o desejo de compras estava muito reprimido. “Vivemos, hoje, outra configuração de classes sociais.
As pessoas que antes tinham o básico para sobreviver, agora podem comprar eletrodomésticos, viajar de avião ou navio, tudo parcelado. Ninguém quer abandonar essa vida. Estamos falando de mais de 101 milhões de pessoas que formam a classe C”, argumentou. “Como impedir o consumo desse gigantesco grupo?”, indagou.
A dúvida do professor se reflete nos levantamentos do BC. Apesar de os juros médios cobrados das pessoas físicas terem saltado 4,7 pontos percentuais entre novembro do ano passado e fevereiro de 2011 chegando a 43,8% ao ano — e devem subir ainda mais em março —, o ritmo do crédito não parou. O total das operações livres e direcionadas cresceu 4,9% alcançando R$ 798,8 bilhões. A média diária das concessões de empréstimos e financiamentos às famílias avançou 8,9%.
PIB a 4% — No Relatório de Inflação divulgado ontem, o Banco Central reduziu a projeção para a expansão da economia em 0,5 ponto percentual, de 4,5% para 4% em 2011. Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, lembrou que estratégia semelhante foi usada pelo ex-presidente do BC Henrique Meirelles. “Em 2005, foi adotada uma meta ajustada. Mas, na época, o motivo era a inércia inflacionária e não os choques de preços”, recordou.
Projeções detalhadas — Depois de debates inflamados acerca do boletim semanal Focus, por meio do qual o Banco Central ouve mais de 100 analistas e instituições financeiras para apurar as expectativas de inflação do mercado, a autoridade monetária decidiu alterar o levantamento. Vai abrir os dados e mostrar separadamente, dentro das expectativas de inflação medida para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), qual é a projeção de bancos, gestores de recursos e demais segmentos. A ideia, segundo o diretor de Política Econômica da instituição, Carlos Hamilton Araújo, é agregar informações à pesquisa. As mudanças serão implementadas primeiramente nas atas do Comitê de Política Monetária (Copom) e nos relatórios de inflação, divulgados a partir do segundo semestre. Posteriormente, no terceiro trimestre, as alterações serão aplicadas também na divulgação semanal.(Correio Braziliense)

Preços de imóveis na mira do Banco Central

Depois de avisar que acompanhará com lupa a evolução da inflação para calibrar a intensidade da política de juros daqui por diante, o Banco Central (BC) anunciou nesta quarta-feira novos indicadores para monitorar os preços. A partir de agora, os relatórios de inflação vão levar em consideração dados sobre o pujante mercado imobiliário brasileiro.

O BC vai acompanhar o índice FipeZap , que mede os preços dos imóveis residenciais em seis capitais e no Distrito Federal. E o IGMI-C, da Fundação Getulio Vargas, com as variações no mercado imobiliário comercial. Perguntado sobre a possibilidade de haver uma bolha nesse setor, o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, foi reticente:

- Bolha a gente só sabe que existe quando estoura.

O acompanhamento dos indicadores visa a aumentar o número de informações disponíveis e expurgar variáveis que possam distorcer as expectativas do mercado e da sociedade. Os dois índices foram criados com o apoio do BC e poderão ajudá-lo a avaliar melhor o peso dos imóveis na inflação em um momento em que a valorização parece generalizada nas regiões metropolitanas do país, sobretudo em função de Copa e Olimpíadas.

O BC também decidiu detalhar as expectativas do mercado para os índices de inflação. Em vez de divulgar apenas a média das projeções dos cerca de cem analistas ouvidos mensalmente, também o fará por segmentos: bancos, gestores de recursos e demais (consultorias, corretoras, distribuidoras, empresas do setor produtivo). (O Globo)

Emprego tem melhor fevereiro desde 1999

Apesar do leve avanço na taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo no mês passado, o resultado foi o melhor para o mês de fevereiro em 21 anos, de acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e da Fundação Seade. O indicador ficou em 10,6% em fevereiro, após ter registrado 10,5% no mês anterior.

A última vez que São Paulo registrou percentual inferior a esse num mês de fevereiro foi em 1990, quando a taxa de desemprego na região ficou em 8,9%. Para o coordenador de análise da Pesquisa de Emprego e Desemprego, Alexandre Loloian, o resultado deve-se principalmente ao menor número de dispensas no mês passado.

A indústria gerou empregos entre janeiro e fevereiro, contrariando o movimento verificado nos demais setores. Ao todo, foram criados 14 mil postos de trabalho no setor industrial em São Paulo. (Valor)