terça-feira, 28 de abril de 2009

Aos poucos, o Brasil e seus trabalhadores constroem a saída para a atual crise financeira. Falta, ainda, a retomada plena dos empregos.

Operários fazem protesto em SP por aumento real de 5,5%

(Postado por Moacyr Pereira, secretário de finanças da UGT) O diferencial desta manifestação de trabalhadores da construção civil foi terem tido a visão da importância estratégica que a categoria tem na retomada do crescimento da economia, que passará pela construção de um milhão de moradias e pelo respeito aos direitos dos trabalhadores da construção civil através do pagamento de suas justas reivindicações. E prova também que a classe trabalhadora não tem medo de crise, que sabe analisar o contexto e partir para a mobilização de sua base.

Leia mais: Trabalhadores da construção civil fizeram ontem paralisações de advertência em obras da capital paulista para pedir aumento real de 5,5%, além de perdas da inflação dos últimos 12 meses. A categoria ameaça greve por tempo indeterminado em maio, caso o setor não ofereça aumento até o dia 11.

As paralisações ocorreram ontem entre as 5h e as 12h e tiveram a adesão de 80% dos operários de 9.000 canteiros da cidade, segundo o Sintracon-SP (sindicato dos trabalhadores). Cerca de 20 mil fizeram manifestação na zona sul de São Paulo, segundo Antonio de Sousa Ramalho, presidente do sindicato.

Para os representantes da indústria, os números dos sindicalistas estão "superestimados". O SindusCon-SP (sindicato da indústria) informou que o trabalho foi "normal" em "praticamente todas" as obras da cidade.

"A manifestação foi totalmente fora de hora porque não interrompemos as negociações. Apesar de o setor ter contratado neste ano, as admissões foram em patamares inferiores às de 2008, cuja média era de 35 mil contratações por mês", diz Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho do SindusCon-SP. (CR) (Leia mais na Folha)

Governo amplia ações para estimular consumo

De novo uma medida acertada do governo. É do consumo que surgem os estíulos para a produção e o emprego. E foi a retração brusca do consumo, muitas vezes fruto de manipulação de alguns setores vinculados à área da especulação, que fez se instalar a percepção da crise. Que agora, com as atuais iniciativas de estímulo ao consumo, com a redução de IPI para automóveis e da linha branca. Falta, ainda, irrigar o crédito para fazê-lo chegar, com juros baixos, aos consumidores populares e aos trabalhadores, principalmente.

Leia mais: O governo está convencido de que é preciso continuar apoiando o consumo para enfrentar a crise global e, para isso, trabalha com duas linhas de ação: desonerações e estímulo ao crédito. Entre os produtos sob análise, destacam-se aqueles do segmento da linha branca, tidos como portáteis, como ventiladores, liquidificadores, batedeiras e torradeiras.

Como mostra reportagem do Globo, a avaliação da equipe econômica é que o estímulo concedido depende do produto. Há casos em que o remédio mais eficiente é melhorar as condições de compra da população e não necessariamente reduzir tributos para baixar preços. Além disso, o espaço para abrir mão de receitas é pequeno, considerando que a arrecadação vem caindo nos últimos meses.

Embora já tenha feito simulações sobre a renúncia fiscal causada pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de outros produtos da linha branca representaria, o governo ainda não decidiu. Estudos do governo apontam que o problema da linha branca pode não estar nos preços e sim na falta de crédito, devido à crise.

Na semana passada, o governo reduziu a alíquota do IPI para máquinas de lavar, fogões e geladeiras, o que representou uma renúncia de R$ 173 milhões. Os benefícios concedidos a pessoas físicas e jurídicas já ultrapassam R$ 12 bilhões desde o início da crise mundial no fim de 2008.

Venda de outros produtos crescem — De carona nas vendas até 30% maiores de geladeiras, fogões e máquinas de lavar, beneficiados com o corte do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), itens como televisão e som também foram mais procurados na última semana.

Lourival Kiçula, presidente da Eletros, que representa as indústrias do setor, disse que, apesar de não ter em mãos os números, fala-se que outros produtos , além dos da linha branca, também venderam mais. Este seria o caso dos aparelhos de Tv. Na rede Tele-Rio, as vendas do produto cresceram 15%, a metada da alta na linha branca. (Leia mais em O Globo)

Mercado melhora levemente estimativa para economia neste ano

O mercado financeiro elevou sua previsão para a performance da economia este ano pela primeira vez em sete semanas. Houve alta da estimativa da inflação neste ano, mas o mercado continuou reduzindo a perspectiva para os preços no ano que vem, segundo relatório Focus divulgado nesta segunda-feira.

A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 passou de uma queda de 0,49% na semana anterior para uma retração de 0,39%. Esta é a primeira vez em sete semanas que a projeção para a expansão da economia brasileira este ano é ampliada. O cenário para 2010 foi mantido, apontando crescimento de 3,5%.

Na semana passada, o Boletim Focus aumentou a previsão de retração da economia brasileira de 0,30% para 0,49% em 2009.

As estimativas para a taxa Selic no fim deste ano e do próximos foram mantidas, em respectivamente 9,25% e 9,50%.

O Boletim Focus mostrou que a expectativa é que o corte de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) será de um ponto percentual, para 10,25%.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central volta a se reunir esta semana e, na avaliação de analistas, o ritmo de corte de juros deve cair, diante dos sinais de recuperação da economia brasileira.

Na última reunião, em março, o Copom reduziu de 12,75% para 11,25% ao ano a taxa básica de juros da economia.

Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, o relatório apontou aumento na estimativa, que passou de 4,23% para 4,30%, interrompendo sete semanas seguidas de queda.

Em março, o IPCA registrou inflação de 0,20%, variação menor do que a alta de 0,55% observada em fevereiro. Foi a menor variação captada pelo índice desde setembro de 2007, quando ficou em 0,18%, e o menor resultado para o mês de março desde o início da série, em 1994.

Já o prognóstico para a inflação no ano que vem caiu, de 4,40% para 4,30%. Os dois números estão abaixo do centro da meta perseguido pelo governo, de 4,50%.

Empresário brasileiro é um dos mais otimistas da América Latina, revela pesquisa

Apesar da crise, o empresário brasileiro ainda é um dos mais otimistas do continente, de acordo com a pesquisa Business Monitor Latin America, feita pela TNS Gallup Argentina com 905 micro e pequenos empresários da América Latina. De acordo com o levantamento, feito em dezembro, no auge da turbulência internacional, apenas os empresários colombianos são mais otimistas que os brasileiros, que por sua vez se igualam aos da República Dominicana. Mais da metade dos entrevistados dos dois países (54%) estima que estará em melhor posição econômica daqui a 12 meses. No caso da Colômbia, o otimismo contagia 62% dos entrevistados.

Em contrapartida, os chilenos e argentinos, principais parceiros comerciais do Brasil no continente, estão com a moral em baixa. No Chile, apenas 37% enxergam um horizonte positivo. Na Argentina, esse percentual é ainda menor: 20%. Além disso, 35% dos empresários argentinos são campeões no quesito de mau humor, porque acham que a situação vai piorar ainda mais.

Patrocinado pela multinacional americana UPS (United Parcel Service), maior empresa de entrega de pacotes do mundo, o levantamento visa a fornecer aos empresários e profissionais um melhor entendimento das motivações das decisões empresariais na América Latina. Para a presidente da UPS Brasil, Nadir Moreno, os números surpreenderam positivamente:

- Esperava uma percepção mais negativa do brasileiro. A preocupação com a crise é notória, mas o otimismo brasileiro está colado com a realidade do país. A economia local está mais bem posicionada.

O otimismo brasileiro e no continente, porém, era bem maior em 2007, no levantamento anterior. Antes da crise, 84% dos micro e pequenos empresários previam melhorias econômicas em sua empresa. No fim de 2008, esse percentual despencou para 47%. No Brasil, em 2007, o grau de otimismo chegava a 89% dos entrevistados e apenas 1% achava que iria piorar. Com a crise, o otimismo caiu para 54% e 20% acham que o cenário tende a ficar ainda mais turvo.

Para Nadir Moreno, os dados podem servir de alerta aos estrategistas do comércio exterior brasileiro:

- Esse pessimismo do Chile e da Argentina pode atrapalhar as relações com o Brasil.

O otimismo brasileiro pode resultar em aumento do emprego. O país se destaca quando se pergunta como as empresas vão lidar com o quadro de pessoal: 38% afirmam que vão aumentar seu quadro e 51% que vão mantê-lo. Em segundo lugar vêm os venezuelanos: 25% vão aumentar seu efetivo e 63% o manterão no mesmo patamar. Mais uma vez, os argentinos aparecem na rabeira: apenas 14% dos ouvidos disseram que vão contratar mais, 69% disseram que não vão nem contratar nem demitir e 14% (o maior percentual regional) afirmaram que vão demitir.

Em geral, a maioria (59%) das pequenas e micro empresas do continente declarou que planejava conservar seu nível de pessoal. Além disso, três de cada dez planejavam aumentá-lo e uma de cada dez, reduzi-lo. Em relação a 2007, esse percentual caiu significativamente com a crise. Na ocasião 58% dos empresários iriam contratar e apenas 36% manteriam os atuais níveis de emprego. (Leia mais em O Globo)