quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Unidade na ação em torno dos interesses da classe trabalhadora brasileira dará o tom da campanha salarial 2010

UGT em campanha salarial unificada

(Postado por Moacyr Pereira) — Abaixo você lerá a reportagem em torno da campanha salarial unificada que a UGT e a Força iniciaram hoje, a partir de São Paulo. Juntamos, pela primeira vez, os sindicatos dos comerciários, amplamente representados pela UGT, com os sindicatos dos metalúrgicos, que tem representação na Força, e nos organizamos na ação para avançar para as negociações coletivas para colhermos uma campanha salarial digna do atual momento econômico que o Brasil vive. A unidade na ação, principalmente, quando está claro a defesa dos interesses das nossas categorias não é novidade para a UGT. Aliás, surgimos como central ao unir três grandes centrais sindicais: a SDS, a CGT e a CAT, mais os independentes. E avançamos nas Jornadas de Trabalho, no Primeiro de Maio e na Campanha pelas 40 horas, sem redução de salários. E apesar da unidade na ação, a UGT mantém sua autonomia, principalmente, no que diz respeito às eleições presidenciais. Cada sindicato está liberado por decisão da diretoria nacional da UGT a se ajustar aos partidos politicos e candidatos que estão mais próximos de sua realidade social e tradição. Ao combinar a unidade na ação, em pontos específicos e de interesse da classe trabalhadora, com a liberdade de manifestação e independência politica, continuaremos a fazer a UGT avançar, porque provamos, na prática, que respeitamos os sindicatos e suas respectivas categorias.

Leia os textos do dia:

UGT e Força Sindical unificam campanha salarial em manifestação

Nesta quarta-feira (25) a UGT e a Força Sindical realizaram manifestação conjunta para dar início à campanha salarial dos setores do comércio e da indústria, com data-base nos próximos meses. Estiveram presentes diversos sindicatos filiados às centrais. Além de exigir aumento real de salário, os manifestantes também colocaram em pauta a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e a ampliação dos direitos já conquistados.

Os manifestantes se reuniram primeiramente em frente ao prédio da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo), onde os metalúrgicos entregaram para os diretores da entidade a pauta de reivindicações. Ricardo Patah, presidente da UGT, exaltou a força de uma campanha salarial unificada.

Em seguida, os manifestantes fizeram passeata até a praça 14 Bis, onde os comerciários do Estado de São Paulo entregaram aos diretores da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) a pauta de reivindicações. Luiz Carlos Motta, presidente da Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo, disse que o documento é uma prova de que os trabalhadores lutam por causas justas e afirmou que os patrões terão que compensar todos os prejuízos de anos anteriores. Canindé Pegado, secretário geral da UGT, afirmou que a economia do país está forte e por isso o salário dos trabalhadores também tem que ser forte.

Patah disse que os trabalhadores devem ter aumento real de, no mínimo, 6% e aproveitou a proximidade das eleições para defender o voto consciente. "Temos que eleger candidatos que vieram da nossa categoria e que vão defender nossos interesses. Nosso compromisso é acabar com pessoas que colocam as leis contra os trabalhadores". (Mauricio Gomide, Redação da UGT)

'Tirem-nos logo deste inferno', pedem mineiros presos a presidente chileno

Viva-voz. Operários soterrados há 19 dias conseguem fazer contato, por meio de um interfone, com autoridades e integrantes da equipe de resgate; trabalhos para retirá-los dos túneis a 688 metros de profundidade devem se estender por 4 meses.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, conversou ontem por um interfone com alguns dos 33 mineiros soterrados a 688 metros de profundidade numa mina do Chile há 19 dias, que lhe pediram para ser resgatados "deste inferno" o mais rápido possível e não ser abandonados.
Luis Urzúa, um chefe de turno que está liderando o grupo, contou a Piñera o que aconteceu no dia 5, quando ocorreu o acidente. Em seguida, ele fez um emotivo apelo: "Estamos esperando que todo o Chile faça força para que nos tirem daqui no dia 18", festa nacional que este ano coincide com o bicentenário.

"Vocês não estarão sozinhos nem um só momento. O governo e todo o país estará com vocês. Quero que saibam que suas famílias serão acompanhadas e apoiadas", disse Piñera. Mais reconfortados, os mineiros chegaram a brincar com o presidente e pedir uma garrafa de vinho.

A perfuratriz Strada 950, que deve cavar o duto para resgatar os mineiros chegou ontem ao local do desmoronamento. Com isso, tem início uma nova fase no drama dos mineiros, que, segundo as autoridades, não se encerrará em menos de quatro meses. Esse é o tempo estimado para que a máquina abra um duto de aproximadamente 70 centímetros de diâmetro, pelo qual serão içados os mineiros.

Ontem, especialistas analisaram a topografia do terreno e começaram a preparar a plataforma de concreto que sustentará a máquina de 30 toneladas, que pode escavar de 8 a 15 metros por dia. O engenheiro Andrés Sougarret, que comanda os trabalhos, disse que a perfuração deve começar em dois dias. Até o momento, duas sondas atingiram a galeria onde os mineiros estão. Uma terceira deve chegar em breve ao local.

"A primeira sonda será para a entrega de alimentos. A segunda, para nos comunicarmos. A terceira, permitirá uma melhora na ventilação", disse o engenheiro, que confirmou que o problema de ventilação é a razão pela qual os mineiros não estão usando o refúgio de emergência, como se supunha.

Riscos. Os 33 mineiros ficaram presos após um desabamento, no dia 5. No domingo, após 17 dias sem contato e com poucas esperanças de encontrar alguém com vida, uma sonda retornou à superfície com um bilhete exibido pelo presidente Sebastián Piñera: "Estamos bem, no refúgio, os 33." No primeiro contato - uma câmera captou imagens de nove deles -, os médicos se surpreenderam com as boas condições de saúde. Eles contaram que comiam duas colheres de atum, meia xícara de leite, um biscoito e dois pêssegos em calda a cada 48 horas, mas que a comida acabaria ontem.

Imediatamente, os médicos enviaram uma solução com glicose, comprimidos de omeprazol, para evitar úlceras, álcool em gel para impedir infecções causadas por fungos, escovas de dentes, colírio e curativos oculares, já que muitos se queixaram de irritação em razão da poeira.

Para coordenar as ações, o próprio ministro da Saúde, Jaime Mañalich, foi ao local. Ele disse que a dieta dos mineiros deve ser rigorosamente controlada para que ninguém engorde tanto a ponto de não passar pelo buraco que será aberto e produza o mínimo possível de excrementos. Todos deverão fazer exercícios abdominais para suportar a subida.

Outra preocupação é o estado psicológico dos mineiros, que ainda não sabem que terão de esperar até o Natal para ser resgatados. O governo confirmou que pediu ajuda à Nasa, agência espacial dos EUA, pois, segundo Mañalich, "a situação dos mineiros é semelhante à dos astronautas que ficam meses enclausurados em estações espaciais". A Nasa não descarta a possibilidade de enviar um especialista ao Chile. (Estadao)

Marina Silva recebe apoio de lideranças sindicais em SP

Em SP, candidata defendeu diálogo entre sindicatos e Estado. Segundo ela, discurso de rivais é 'do final do século 19'.

A candidata do PV à Presidência Marina Silva recebeu nesta terca-feira (24) em São Paulo o apoio de cerca de 40 dirigentes sindicais. Eles assinaram um documento intitulado "Manifesto de Apoio de Liderancas Sindicais à Candidatura de Marina Silva" e vários se filiaram ao PV.

No evento, a candidata do PV defendeu que o Estado negocie com os movimentos sindicais mas de forma a preservar a autonomia dos sindicatos.

"Acho que o Estado tem que se relacionar sim com o movimento sindical, com as centrais sindicais. Existem os processos de negociação que dizem respeito aos interesses das categorias e tem que criar mesas de negociação. O que tem que se salvaguardar é a autonomia dos movimentos sociais, que não podem estar atrelados ao Estado", afirmou.
Em seu discurso, a candidata do PV ressaltou diferenças entre ela e os demais candidatos. “Quando eu olho para a Dilma, o Plínio e o Serra, agradeço a Deus por tê-los na concorrência. São pessoas qualificadas, são pessoas sérias, só que têm uma visão diferente da minha, e eu acho que a visão deles não é uma visão dos desafios desse inicio de século. Durante muitos anos eles representavam sim, o novo, a transformação, mas agora estão no discurso do final do século 19", disse.

Ela destacou semelhanças entre os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) e disse que pensa diferente dos dois. “Eu sempre digo com todo o respeito que a ministra Dilma, o governador Serra são pessoas que eu prezo, respeito, e até tenho relação de amizade, mas são muito parecidos. São desenvolvimentistas, são crescimentistas, têm um perfil gerencial. É o perfil deles. Eu tenho uma forma diferente de pensar”, declarou.

A candidata disse ainda ter esperança de ir ao segundo turno, criticando, sem citar nomes, outros candidatos que estariam "cantando vitoria" ou "jogando a toalha" antes do tempo.

"Determinados movimentos me causam certo estranhamento. Alguns cantando vitória antes do tempo. E outros aparentemente jogando a toalha antes do tempo. Estou chamando a sociedade brasileira para que anime nosso time cada vez mais. E estou cada vez mais animada para jogarmos esse jogo democrático para o segundo tempo", disse. (G1)

Habitação e vias urbanas têm reforço de R$ 6 bi do FGTS

Para garantir o ritmo de crescimento da concessão de empréstimos para a compra da casa própria pela baixa renda e direcionar recursos para a pavimentação de vias urbanas, o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) decidiu hoje reforçar em mais R$ 6 bilhões os repasses para os programas habitacionais e infraestrutura urbana. Com isso, o orçamento para habitação popular subiu de R$ 20 bilhões para R$ 23 bilhões. Já o recurso destinado para infraestrutura urbana aumentou de R$ 8 bilhões para R$ 11 bilhões.

Apesar de liberação adicional ter sido aprovada às vésperas das eleições presidenciais, o vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Joaquim Lima, explicou à reportagem que, normalmente em agosto, é feita uma revisão de como está a liberação dos financiamentos com recursos do FGTS para verificar se há ou não necessidade de complementação de recursos. "Já fazíamos essas revisões em agosto. Não mudou nada", ressaltou, frisando que uma nova reunião do Conselho Curador do FGTS só acontecerá no final de outubro.

No caso da habitação, explicou Lima, a principal linha de crédito tinha um orçamento de R$ 10,1 bilhões para o ano. "Já foi contratado R$ 8 bilhões dessa linha. No ritmo em que está a liberação, o recurso restante acabaria em 30 dias. Por isso, decidimos fazer uma suplementação de R$ 3 bilhões, que deverá suficiente para atender a demanda até o final do ano", contou o vice-presidente da Caixa. Com esse recurso extra, Lima ressaltou que será suficiente para financiar 75 mil unidades habitacionais.

Infraestrutura — Os outros R$ 3 bilhões adicionais do FGTS serão destinados ao Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana - Pró-Transporte, que permitirá a inclusão de projetos de Pavimentação e Qualificação de Vias Urbanas. Pela primeira vez, são liberados recursos desse programa para pavimentação de vias urbanas com foco nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo Lima, o recurso será repassado para a Caixa, mas a contratação deve acontecer apenas após as eleições de 3 de outubro. Isso porque, o banco começará a partir de agora a selecionar os projetos que serão atendidos.

De acordo com dados da Caixa, com o aporte de R$ 6 bilhões, o novo orçamento para operações de empréstimo em Habitação Popular, Saneamento Ambiental e Infraestrutura Urbana passa para R$ 41,5 bilhões. Somados aos orçamentos já definidos para aplicações no FI-FGTS, descontos concedidos e investimento nas Carteiras Administradas de Habitação, Saneamento Ambiental e Infraestrutura Urbana, o orçamento total alcança o recorde histórico de R$ 71,6 bilhões. (Estado)

Confiança do consumidor sobe pelo sexto mês seguido, diz FGV

O ICC (Índice de Confiança do Consumidor) subiu 0,7% entre julho e agosto, ao passar de 120 para 120,8 pontos, considerando dados com ajuste sazonal. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Getulio Vargas.
Embora seja o sexto mês consecutivo de alta do índice, houve uma desaceleração em relação aos dois últimos levantamentos. No mês anterior (junho/julho), a alta foi de 1,1%, ante crescimento do índice de 1,9% em maio/junho.
Segundo a pesquisa, os consumidores mantêm-se satisfeitos com o momento atual e têm expectativas otimistas.
O ISA (Índice da Situação Atual) subiu 0,6%, para 135,7 pontos, em agosto, atingindo novo recorde histórico. O IE (Índice de Expectativas) avançou 0,7% e atingiu 112,9 pontos, o melhor resultado desde março de 2008 (117,6 pontos).
A proporção dos que avaliam a situação financeira da família como boa aumentou de 24,1% para 25,8% do total; a dos que a consideram ruim foi de 11,1% para 11,3%. (Folha)

Especulação imobiliária no Brasil não dá sinais de queda

Comentários

Dependendo do ângulo por onde você olha, o mercado imobiliário do Brasil tem um futuro longo de crescimento estável, ou é uma bolha prestes a estourar. Veja o exemplo de Luiz Eduardo Pereira, tesoureiro de uma empresa multinacional em São Paulo. Como muitos brasileiros de classe média, Pereira (nome fictício) começou a investir na especulação imobiliária por acidente. Três anos atrás, ele adquiriu um apartamento de 200 metros quadrados para morar, num bairro sofisticado de São Paulo, por R$ 700 mil. Ele comprou-o "na planta" e a previsão de entrega das chaves do imóvel é para este mês. Mas, um detalhe: o imóvel, agora, vale R$ 1,4 milhão. É o que mostra matéria publicada nesta terça-feira, no Financial Times.

- Dá até uma coceira. Você quer vendê-lo e ir alugar um lugar para morar - diz Pereira.

Em vez disso, no entanto, ele fez um segundo investimento.

- Sempre que as pessoas se reúnem num bar, é isso que eles falam. É como uma febre - diz ele.

Ele e alguns amigos investiram num prédio de escritórios ainda na fase de "pré-lançamento", isto é, antes de os desenvolvedores do projeto apresentarem-no ao mercado. Pereira investiu R$ 600 mil em maio de 2009, pagando R$ 6,3 mil pelo metro quadrado.

- Minha expectativa era que o valor chegasse a R$ 11 mil o metro quadrado após três anos - diz ele, contando que essa expectativa fora superada depois de 14 meses.

- Minha opinião é que o mercado imobiliário brasileiro, obviamente, vive uma bolha - diz ele.

Luiz Paulo Pompéia, da Embraesp, consultoria de mercado imobiliário de São Paulo, concorda.

- É um mercado muito aquecido - diz ele. - Os compradores estão eufóricos e os empresários do setor estão tirando proveito disso.

Ele diz que muitos investidores, inclusive estrangeiros, estão comprando imóveis hoje apostando que os preços continuarão em alta.

- Mas nós simplesmente não sabemos se este será o caso - diz ele.

Mas, enquanto muitas pessoas esperam que os preços dos imóveis mais luxuosos do Brasil atinjam o pico em breve, muito poucos preveem o tipo de colapso visto na crise do subprime nos Estados Unidos.

Isso ocorre porque os brasileiros dão uma parcela muito maior de entrada em suas propriedades do que é comum em mercados mais desenvolvidos, informa Wilson Amaral, CEO da Gafisa, uma das maiores construtoras do Brasil.

- Quando as pessoas compram um imóvel na planta, pagam 6% de seu valor ao longo de três meses como entrada. Então, elas fazem pagamentos mensais à empresa durante a construção. Assim, quando receberem seu imóvel pronto, cerca de dois anos e meio depois, os compradores terão pago 25% a 30% do custo final. Neste momento, contratam financiamentos bancários, normalmente com juros de cerca de 12% ao ano. Como a propriedade oferece garantia para um empréstimo de 70% a 75%, os preços teriam de passar por um longo período de queda antes que os compradores perdessem suas propriedades.

Isto aplica-se ainda mais nas faixas de renda mais baixas do mercado, onde as construtoras do Brasil, inicialmente focadas no público de classes superiores, passam a concentrar a sua atenção. Neste caso, há uma grande demanda por moradias que as construtoras e os bancos provavelmente terão dificuldade de resolver.

Amaral, cuja empresa recentemente assumiu a Tenda, uma construtora que tem como público-alvo compradores com renda entre mil reais a R$ 4 mil por mês, diz que o Brasil deve criar 1,6 milhões de moradias a cada ano para acabar com o déficit estimado em cerca de 5 milhões de residências.

- Se o Brasil continuar crescendo de 5% a 6% ao ano, com aumento dos salários acima da inflação, com o aumento do mercado de trabalho formal em vez do informal, a procura vai continuar a aumentar nos próximos 20 anos - diz ele.

Os bancos são tradicionalmente relutantes em emprestar dinheiro para a casa própria - os financiamentos imobiliários representam apenas cerca de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, o que é muito baixo para os padrões internacionais, embora aproximadamente o dobro do que era há três anos.

No entanto, os agentes financeiros têm sido atraídos para o mercado, já que a recente legislação tornou mais fácil a retomada de imóveis de inadimplentes. Os bancos também são obrigados a dedicar 65% dos depósitos em cadernetas de poupança para empréstimos imobiliários, embora muitos se mantenham abaixo desse nível.

Amaral prevê que os bancos vão começar a se capitalizar por meio de securitização, algo ainda incipiente no Brasil - e que também poderia aumentar o risco sistêmico.

Enquanto isso, o foco está no atendimento da demanda. Um programa do governo (o Minha Casa, Minha Vida) vai injetar R$ 60 bilhões no mercado de habitação no Brasil através de empréstimos subsidiados. Lançado em 2009, o programa pretende construir, até 2011, 400 mil casas para famílias que ganham até R$ 1.395 por mês. (O Globo)