quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Governo Lula enfrenta indiferença dos banqueiros privados com oferta de crédito mais em conta para produção e consumo

Banco do Brasil anunciou ontem corte na taxa de juros em linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas

(Postado por Marco Afonso de Oliveira) Trata-se de uma medida mais do que necessária e indispensável. Com a medida, os bancos oficiais, respeitando a orientação do governo federal, fazem uma concorrência direta aos bancos privados que ao sentirem a ameaça de perder clientes e a fonte de imensos lucros talvez ajam a favor da manutenção do crédito para o consumo e para a produção, que deveria ser o papel deles.

Leia mais: Após cobrança do presidente Lula na semana passada, o Banco do Brasil anunciou ontem corte na taxa de juros em linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas. A mudança já começa a valer a partir de hoje.

As taxas mínimas cobradas do crédito rotativo dos cartões Ourocard serão reduzidas de 4,23% para 3,79% ao mês. Já nas compras parceladas, a redução é de 4,99% para 2,92% ao mês.

Para pessoas jurídicas, as reduções ocorrem especialmente na linha de antecipação de recebíveis -de 1,95% para 1,69% ao mês- e de capital de giro. (Leia mais na Folha)

FGTS quer ser minoritário em estatais de saneamento

Essas movimentações e decisões do Conselho Curador do FGTS acenam com uma mudança que tem que ser feita para garantir e ampliar a remuneração do dinheiro do FGTS. Atualmente, o FGTS recebe como remuneração irrisórios 3% anuais mais a TR. É o dinheiro mais barato do mercado. Por isso, a UGT apoia as iniciativas que tendam a ampliar e garantir a remuneração do dinheiro do FGTS.

Leia mais: As companhias estaduais de saneamento básico terão R$ 10 bilhões adicionais disponíveis para financiamento de seus projetos a partir do final do primeiro trimestre de 2009. Membros do Conselho Curador do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) apresentaram hoje um plano que prevê a elevação do suporte financeiro ao setor, porém agora com a possibilidade de o fundo se tornar sócio minoritário dessas empresas.

O plano não terá a função de substituir os modelos de financiamento existentes. Será mais uma alternativa para capitalizar e modernizar as empresas do setor, explicou André de Souza, um dos membros do grupo de apoio do conselho curador do FGTS. O principal objetivo, de acordo com ele, não é apenas disponibilizar crédito, mas sim ajudar na gestão dessas companhias, a grande maioria com sérias dificuldades em manter equilibradas as contas ao mesmo tempo em que buscam aumentar a cobertura dos serviços e o suprimento à carência brasileira por saneamento básico.

Hoje com cerca de R$ 210 bilhões em ativos, dos quais R$ 95 bilhões alocados em títulos públicos, o FGTS reúne condições para ajudar de forma mais efetiva na universalização do saneamento o que, segundo André, não está acontecendo. "A conclusão é que o FGTS não está encontrando condições de cumprir satisfatoriamente sua missão", afirmou ele. Mais tarde, o executivo afirmou que o montante destinado ao plano poderá ser aumentado, a depender da demanda das empresas. (Leia mais no G1)

Governo edita MP para liberar R$ 2 bi para vítimas de enchentes em SC

(Na foto ao lado, o presidente Lula sobrevoa áreas inundadas em Santa Catarina) Medida mais do que necessária. Mas além do apoio à tragédia, falta ao governo federal e do estado de Santa Catarina investir em obras e na regulamentação da ocupação das encostas para proteger vidas. A atual tragédia é recorrente. Por isso, nos envergonha profundamente. Muitas vidas são perdidas, todos os anos. Além dos patrimónios que são arrastados pela lama. Ano que vem teremos mais notícias tristes, mais vidas se perderão e mais dinheiro será usado no socorro às vítimas. Temos que exigir solução urgente. E acompanhar de perto os repasses do dinheiro público para evitar distorções e mau uso da verba pública.

Leia mais: O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou uma Medida Provisória com o objetivo de liberar quase R$ 2 bilhões para "enfrentar a situação de calamidade pública que se abateu sobre a população do estado de Santa Catarina e também de outras regiões que eventualmente passem por problemas semelhantes neste verão".

Deste total, R$ 720 milhões serão destinados para ações de Defesa Civil; R$ 350 milhões para recuperação de portos; R$ 280 milhões para recuperação de estradas; R$ 150 milhões para ações das Forças Armadas; e R$ 100 milhões para ações de Saúde, inclusive reconstrução de postos de atendimento e substituição de equipamentos hospitalares.

A União vai liberar também R$ 370 milhões especificamente para o governo do estado de Santa Catarina, por meio de títulos públicos. (Leia mais no G1)

Para OIT, trabalhadores brasileiros ganharam pouco com o crescimento da economia

Os trabalhadores brasileiros perdem sempre. São as vítimas de um sistema social  absolutamente desigual que aposta descaradamente na concentração de riqueza, conforme constata a OIT. Enquanto isso, os bancos, a indústria e o comércio apresentam indicadores eufóricos de crescimento. Restando para os trabalhadores a demissão imotivada, que acelera a rotatividade, a busca desesperada pela sobrevivência, a humilhação social de participar da criação das riquezas e ficar excluído no momento de participar através de salários e benefícios da riqueza nacional que ajudamos a criar, sendo obrigados a viver com as migalhas.

Leia mais: Apenas uma pequena parte dos ganhos com o crescimento da economia do Brasil, registrados no Produto Interno Bruto (PIB, soma de toda a riqueza produzida no país em um ano) entre 1995 e 2007 foi repassada para o salário dos trabalhadores brasileiros. É o que indica o Relatório Mundial sobre Salários 2008/2009, divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Ao passo em que o PIB per capita cresceu 16% nesse período, o rendimento médio real dos trabalhadores registou uma queda de 6%. “Significa que os ganhos de produtividade medidos pelo PIB per capita não se traduziram em ganhos salariais”, afirma Laís Abramo, diretora do escritório da OIT no Brasil.

No período entre 2001 e 2007 também caiu o percentual do PIB composto pelos salários, registrando uma média de 37%.

Laís Abramo disse que a principal perda se deu durante os anos de 1990, quando foi registrada uma piora em praticamente todos os indicadores sociais. Já de 2004 a 2008 se verificou um ganho de 15,6% no rendimento médio dos trabalhadores, que colaborou para diminuir a desigualdade salarial entre os empregados. “Esse aumento é muito importante, mas ele não chega a compensar o nível salarial existente em 1995”, informou.

De acordo com a OIT, um fator que colaborou para esse crescimento no nível salarial no Brasil foi um processo de valorização do salário mínimo desde o início dos anos 2000, especialmente a partir de 2004. Daquele ano até 2008, o crescimento médio foi de 10%, num total de aumento em 43%. De 2000 a 2008, esse percentual foi de 50%, em termos reais.