sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Acompanhamos, de perto, os indicadores de superação da atual crise sem perder de vista o reflexo na quantidade e na qualidade dos novos empregos

Valdir Vicente analisa Primeira Plenária Nacional de Entidades Filiadas da UGT

(Postado por Valdir Vicente) — Considero que houve na plenária a manifestação cristalina da classe trabalhadora brasileira, através da União Geral dos Trabalhadores (UGT), de confiança em si mesma e a vontade de resolver os problemas que afligem os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros nos locais de trabalho, de moradia e de convivência social. Considero também um amadurecimento politico histórico o fato de o coletivo, por unanimidade, ter decidido manter o debate a respeito das eleições do próximo, sem chegar a uma conclusão agora. Pude verificar que na mesma Praia Grande, realizamos a I Conclat em 1981. Na época, o movimento sindical brasileiro se dividiu. E agora, na Primeira Plenária Nacional de Entidades Filiadas da UGT vimos, com uma grande alegria cívica, se confirmar a tendência que deu origem à UGT, ou seja, todas as lideranças presentes debateram sem perder o foco na unidade. Uma unidade não apenas formal, mas sustentada por anseios políticos e estratégicos que têm o Brasil como pano de fundo. O que para mim confirma as movimentações que deram origem à UGT e que tem como parâmetro único no mundo a união entre a CIOSL (Confederação Internacional das Organizações Sindicais Livres) e a CMT (Confederação Mundial do Trabalho) em torno da poderosíssima CSI (Confederação Sindical Internacional). Estes dois exemplos de unidade são os únicos no mundo e provam que a classe trabalhadora brasileira e mundial amadureceram e se uniram para ganhar maior alavancagem política e ampliar sua capacidade de interferir nas políticas públicas de seus respectivos países.

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IBGE: produção industrial sobe em 10 regiões em julho

Paraná, Espírito Santo, Goiás e Amazonas registraram os melhores resultados no último mês.

A produção industrial cresceu em 10 das 14 regiões pesquisadas em julho ante o mês anterior, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Estado do Paraná (15,3%) apontou o maior acréscimo nessa comparação, seguido do Espírito Santo (8,9%), Goiás (6%) e Amazonas (3,6%), que também cresceram acima da média nacional (2,2%, segundo divulgou o instituto esta semana).

Ainda com resultados positivos em julho ante junho estão Rio de Janeiro e Minas Gerais (ambos com 1,8%), São Paulo (1,4%), Rio Grande do Sul (1,1%), Ceará (0,9%) e Santa Catarina (0,8%). As quedas apuradas nessa base de comparação ocorreram na Bahia (-6,0%), Região Nordeste (-3,5%), Pernambuco (-1,5%) e Pará (-1,0%).

Já ante julho do ano passado, os resultados regionais da indústria em julho deste ano foram "predominantemente negativos", segundo divulgou o IBGE. Das 14 regiões investigadas, 13 apontaram queda na produção em julho de 2009 comparativamente a julho de 2008, com resultado positivo apenas em Goiás (4,4%).

As principais taxas negativas foram registradas no Espírito Santo (-20,0%), Minas Gerais (-16,1%) e São Paulo (-11,9%). As demais regiões apontaram recuos inferiores à média nacional (-9,9% nessa comparação, segundo divulgou o IBGE esta semana): Rio de Janeiro (-4,1%), Paraná (-5,3%), Pernambuco (-6,2%), Ceará (-6,4%), Pará (-6,6%), Santa Catarina (-7,3%), Rio Grande do Sul (-7,6%), Região Nordeste (-8,2%), Amazonas (-8,6%) e Bahia (-9,6%).

PIB de 2009 pode ser positivo, afirma Marcio Pochmann

Segundo o presidente do Ipea, o PIB do País este ano deverá ficar entre 0,2% e 1,2% e, em 2010, em 4% ou mais.

A recuperação do Brasil é consistente e são maiores hoje as chances de o PIB ficar positivo este ano, acredita o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann. "O Brasil não deve registrar recessão, algum crescimento positivo", disse. Segundo ele, o PIB do País este ano deverá ficar entre 0,2% e 1,2% e, em 2010, em 4% ou mais, e não vê "problemas inflacionários fortes" no ano que vem. Pochmann é professor licenciado da Unicamp, filiado ao PT, e entre 2001 e 2004 foi secretário municipal do desenvolvimento, trabalho e solidariedade em São Paulo na gestão de Marta Suplicy.

Pochmann, que está no Ipea desde 2007, salientou que essa retomada consistente é observada especialmente na indústria, que foi a mais afetada pela crise global. "Tivemos uma recessão quase que exclusivamente industrial. Os setores primário e terciário não apresentaram os mesmos sinais de queda que o setor industrial. Mas vemos uma recuperação consistente do setor, principalmente na ocupação da capacidade ociosa", avaliou Pochmann.
Pochmann ressaltou que a retomada dos investimentos deve ocorrer nos próximos meses, apesar do "problema do câmbio". De acordo com ele, houve adiamento e não rompimento de investimentos, que devem voltar com o fortalecimento da demanda doméstica. "Dado o problema da taxa de câmbio e o patamar de juros reais, é de se imaginar que a retomada dos investimentos se dê mais voltada para o mercado interno", disse.
Ele acrescentou que, se não for "resolvida a questão do câmbio", a indústria pode ter dificuldade em avançar nas exportações, fazendo com que o Brasil corra o risco de seguir como exportador principalmente de produtos primários.
O presidente do Ipea, no entanto, não deixou claro que medidas poderiam ser adotadas para reduzir "os efeitos maléficos da valorização do real". "A recuperação do real faz com que tenhamos mais dificuldade em exportar nossos produtos. E acredito que a decisão que o Copom tomou não vai ajudar a resolver o problema do cambio", afirmou. Ontem, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa Selic inalterada em 8,75%.
"Não estou cobrando do Copom a responsabilidade de cuidar do câmbio, inclusive porque isso não é função do Banco Central. Talvez pudesse vir a ser, como é em outros países, onde a função do Banco Central vai além da política monetária, como ocorre nos Estados Unidos", explicou. "Mas acredito que a decisão do Copom mais uma vez reflete a dificuldade que o governo tem do ponto de vista da coordenação de políticas, fiscal e monetária, sobretudo", acrescentou.
Desemprego — Os efeitos da crise financeira sobre o mercado de trabalho foram mais brandos do que no passado e, portanto, devem ser superados com mais facilidade, na avaliação de Pochmann. "Já estamos com uma taxa de desemprego em julho menor do que estava no mesmo mês em 2008", afirmou, referindo-se à taxa de desemprego medida pelo IBGE, que caiu para 8% em julho deste ano, ante 8,1% tanto em junho de 2009 quanto em julho de 2008. "O mercado de trabalho reage relativamente muito bem. Estamos em meio a uma recessão, com uma taxa de desemprego menor do que no ano passado, quando não tínhamos recessão", disse.
Pochmann destacou que os efeitos da recessão econômica, que começou em outubro de 2008, só chegaram ao mercado de trabalho em janeiro deste ano. E, ainda assim, a recuperação do emprego começou muito rapidamente, com base no emprego formal. "O que me parece positivo e diferente do que se viu em outros momentos, quando a recuperação acontecia a partir da informalidade", afirmou.
Outro fator positivo, segundo Pochmann, é que o desemprego, desta vez, não atingiu com tanta intensidade os trabalhadores que vivem com renda muito baixa. "O perfil da demissão atingiu segmentos de renda intermediária, principalmente, porque quem mais demitiu foi a indústria, que paga melhor. Como os setores primário e terciário não foram tão atingidos pela crise, o desemprego que nós tivemos teve natureza diferente", afirmou. Isso significa, segundo o presidente do Ipea, que foram os trabalhadores de melhor qualificação que perderam o emprego, justamente os "que têm mais facilidade de voltar ao mercado de trabalho, tão logo a economia comece a se recuperar". (Leia mais no Estadão)

Seguro por acidente de trabalho poderá ter redução

O governo publicará até o dia 30 deste mês o novo fator acidentário de prevenção, disse hoje o ministro da Previdência, José Pimentel. Com a mudança, 80% das empresas que pagam o seguro por acidente de trabalho em suas áreas passarão a ter redução de 50% a partir de 2010. A estimativa foi feita por Pimentel com base no número de empresas que deve apresentar um índice inferior à média do setor em que atuam. Por outro lado, as companhias que ultrapassarem a média do ramo em que trabalham pagarão 0,75 ponto porcentual a mais.
"Vamos premiar as empresas que estão investindo para evitar acidentes de trabalho", disse o ministro ao sair do Ministério da Fazenda, onde esteve reunido com o ministro interino, Nelson Machado, e o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para fechar a redação do documento, que deve ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Atualmente, as empresas pagam de1% a 3% de sua folha de pagamento com esse seguro, de acordo com Pimentel.
Hoje, o governo recolhe aproximadamente R$ 8 bilhões com esse seguro por ano, valor que é revertido, segundo o ministro, em pagamento de benefícios para o trabalhador que sofre com acidente de trabalho. O intuito da Previdência, de acordo com Pimentel, é o de chegar a zero de recolhimento de seguro, mas ele mesmo admite que se trata de uma "utopia".
Os ramos que enfrentam maiores problemas com acidentes são, segundo o ministro, canavieiro, transportes em geral e construção civil. A fórmula foi aprovada ao final de maio pelo Conselho Nacional de Previdência Social. O índice, que será divulgado junto com o decreto, foi confeccionado com a aprovação de seis confederações patronais, seis sindicatos e o governo.

Renda familiar subiu em todas as classes sociais em 2008, aponta pesquisa 'Observador Brasil 2009'

A renda das famílias brasileiras subiu em todas as classes sociais brasileiras em 2008, frente a 2007, segundo a pesquisa "Observador Brasil 2009", feita em parceria por Cetelem e Ipsos Public Affairs. Os dados foram apresentados na manhã desta quinta-feira pelo vice-presidente da Cetelem, Marcos Etchegoyen, no "2º Painel de Tendências", ciclo de debates realizado realizado pelo GLOBO no auditório do jornal e mediado pela colunista Flávia Oliveira.

- A renda familiar aumentou, e, mais do que isso, aumentou a renda disponível, que são os recursos usados para poupar ou consumir - disse Etchegoven.

Segundo o estudo, o maior aumento da renda familiar em 2008, frente ao ano anterior, ocorreu na classe A/B, seguido pelo da classe C (13%) e pelo da D/E (12%). Na renda disponível, no entanto, a maior alta ocorreu na classe D/E. O montante em 2008 foi de R$ 69 mensais, mais do que três vezes o valor de R$ 22 em 2007. Na classe A/B, a alta foi de 64,8%, para R$ 834 mensais, e na classe C, de 44,2%, para R$ 212.

Para Etchegoven, 2008 foi o ano de consolidação da migração de classes no Brasil, a despeito dos efeitos da crise, que se agravou a partir de outubro.

- O ano de 2008 foi o ano da consolidação do consumo e do movimento da migração social no Brasil - afirmou o vice-presidente da Cetelem, que acredita ser possível um novo movimento no próximo ano.

Ele disse que os anos de 2008 e 2009 poderiam ser divididos em três períodos distintos na relação do brasileiro com o consumo e que já houve uma melhora depois de uma fase crítica de percepção com a crise.

- De janeiro de 2008 a dezembro de 2009 teremos, na verdade, três anos distintos. Estamos iniciando agora este 'terceiro ano', pós-crise, e precisamos fazer do otimismo uma tática para conquistarmos novos consumidor - apontou Etchegoven.

Segundo Paulo Roberto Cidade, diretor de Atendimento da Ipsos Public Affairs, os dados mostram que a percepção da confiança do consumidor brasileiro foi afetada apenas nos primeiros meses deste ano, enquanto o fenômeno ocorreu antes em outros países, mas que o impacto foi menor.

- Houve há uma diferença na percepção do efeito da crise no Brasil e em outros países. Numa pesquisa que fizemos em 33 países, a confiança ainda subia no Brasil no segundo semestre do ano passado, enquanto já era afetada em outros lugares. No fim do primeiro semestre, nossa trajetória de confiança era de queda, e outros países já retomavam alta. A diferença é que a confiança aqui não caiu tanto - disse Cidade.

Para Alberto Almeida, autor do best-seller "A cabeça do brasileiro", colunista do "Valor Econômico" e diretor do Instituto Análise, o consumo do brasileiro mudou de patamar e não haverá retrocesso.

- A tendência no futuro é mudar de novo este patamar. Mas isso não significa que teremos um mar de rosas. Há o problema da carga tributária no consumo e da educação. E até o mesmo o pré-sal pode se tornar uma maldição, se for mal usado. Temos um horizonte promissor, mas temos que enfrentar esses problemas - disse Almeida. (Leia mais em O Globo)

Comércio registra em agosto maior crescimento de 2009, diz Serasa

O comércio brasileiro registrou alta de 6,3% em agosto de 2009, frente igual mês de 2008, a maior taxa de crescimento do ano, confirmando a trajetória de reativação da atividade do setor varejista, afirmou nesta quinta-feira o instituto de pesquisa Serasa Experian.

De acordo com pesquisa da entidade, o segmento de móveis, eletroeletrônicos e informática, impactados favoravelmente pela retomada do crédito ao consumidor e pelas isenções tributárias, avançou 13,7% em agosto de 2009 em relação a igual mês de 2008, sendo o principal destaque nesta base de comparação.

O setor de tecidos, vestuário, calçados e acessórios, por sua vez, foi beneficiado pelas temperaturas mais baixas do inverno deste ano e pela maior preferência dos consumidores por esses itens na aquisição dos presentes para o Dia dos Pais de 2009. Em relação à mesma data comemorativa de 2008, apontou elevação de 11,7%.

O destaque de queda, na comparação anual, continua sendo o segmento de material de construção (recuo de 15,4% em agosto deste ano, contra agosto de 2008), seguido pelo setor de combustíveis e lubrificantes (queda de 3,2%).

Já livre das influências sazonais, o movimento varejista nacional cresceu 0,7% em agosto, mantendo o mesmo ritmo de expansão verificado no mês anterior (julho/09), de acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio. No acumulado de 2009, o índice registrou crescimento de 4,3%, liderado pelo setor de móveis, eletroeletrônicos e informática, com alta de 10,1%. Em seguida, destacam-se os setores de tecidos, vestuário, calçados e acessórios (alta de 3%) e de veículos, motos e peças, com elevação de 2,6%. Os únicos segmentos que apresentaram queda de atividade no acumulado anual foram o de combustíveis e lubrificantes (-1,7%) e o de material de construção (-13,8%). (Leia mais em O Globo)