sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

O Brasil merece mais



Em seu artigo publicado em 22/12/11, na pág. 3 da Folha de S. Paulo, com o título “O Brasil merece mais”, Ricardo Patah, presidente nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), destaca a importância de o movimento sindical ganhar espaço no Ministério do Trabalho.
E convoca a as centrais sindicais a incluir esta questão na agenda unificada dos trabalhadores.

A seguir, segue matéria: 

São Paulo, quinta-feira, 22 de dezembro de 2011


RICARDO PATAH
TENDÊNCIAS/DEBATES
O Brasil merece mais
Quem parece ser inoperante é a equipe de inteligência do governo; falta quem informe e previna a presidente sobre a atuação dos seus ministérios
A queda do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, sexto integrante do primeiro escalão do governo abatido pela pesada artilharia da mídia, abastecida pela farta munição dos arsenais "amigos", deixa patente que, mesmo sem oposição relevante no cenário político e partidário, o bloco situacionista se mostra incapaz de sustentar nos cargos os nomes que emergiram da grande costura feita por Lula para eleger e dar governabilidade a Dilma. E suscita uma inquietante pergunta: até onde isso vai?
Nem bem caiu Lupi, após 28 dias de desgastante exposição na mídia, os canhões apontam na direção do ministro petista Fernando Pimentel, do círculo íntimo da Presidência. Mas também há metralhadoras atirando contra o ministro Mário Negromonte, do PP, indicado pelo governador da Bahia, Jaques Wagner.
E não faltam listas circulando na praça com os nomes que estariam na "fila" para ocupar as manchetes e fotos de capa clamando por degola. A imprensa cumpre o seu papel. Quem parece desatenta, ou mesmo inoperante, é a equipe de inteligência do governo. Falta quem informe e previna a presidente sobre a atuação do ministério em geral.
Onde houver indícios ou provas de malfeitos, que providências saneadoras sejam tomadas. Não é aceitável que Dilma e a nação sejam surpreendidas sistematicamente por denúncias que lançam "suspeitas de corrupção" que sempre acabam com a queda do ministro alvo.
Ministro ou funcionário graduado, de qualquer esfera de governo, tem o mesmo direito garantido a todos os brasileiros pela Constituição, onde está escrito que todos são inocentes até prova em contrário.
Sem tal garantia para o cidadão comum ou para o ministro, como evitar injustiças e linchamentos morais de qualquer acusado?
O Brasil merece mais que isso.
Como presidente da central sindical UGT - União Geral dos Trabalhadores, critico o fato de que nós, do movimento sindical, não fomos mais atuantes no suporte político às ações do Ministério do Trabalho e Emprego, contribuindo para o fortalecimento dos vínculos entre a pasta e o movimento. Esse ministério não pode perder a função de elo entre um governo de caráter popular e a classe trabalhadora.
O pior a fazer agora seria entrar em disputas sobre nomes para a sucessão de Lupi. Fundamental é que tal nome venha do movimento sindical. O Ministério do Trabalho e Emprego deve priorizar e assumir o comando de uma política nacional de qualificação de mão de obra, voltada para a formação de quadros técnicos e apontando para o aumento da competitividade nacional.
Mais importante que o príncipe é o princípio, já ensinava o poeta Torquato Neto. Um novo modelo de Ministério do Trabalho depende de nós. Faço esse desafio a todos os meus companheiros do movimento sindical, entendendo que tal tarefa também deve fazer parte da nossa agenda unitária.
RICARDO PATAH é presidente da central sindical UGT - União Geral dos Trabalhadores.
Desemprego cai à menor taxa desde 2002 com as contratações do Natal
Dados do IBGE, que levam em conta vagas informais, contrastam com o fraco resultado do Caged. O resultado foi melhor do que o esperado pelo mercado, que previa uma taxa de 5,7% para o mês de novembro.
As festas de fim de ano e a construção geraram em novembro mais 141 mil postos de trabalho nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE, reduzindo o desemprego a 5,2% -o menor nível desde o início da série histórica iniciada em 2002.
O resultado muda uma tendência de estabilidade apresentada na taxa até outubro, quando estava mais próxima de 6%, disse o gerente de pesquisa de emprego do IBGE, Cimar Azeredo. A população ocupada subiu 0,7%, para 22,8 milhões de pessoas.
Os dados do IBGE contrastam com a divulgação feita há dois dias pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), que apontou o mês de novembro como pior resultado da história, com a geração de 138.247 postos de trabalho, número 69% menor do que há um ano.
Azeredo explicou que o Caged considera apenas os cargos formais de trabalho, enquanto o IBGE leva em conta também as vagas dos trabalhadores informais.
As cidades que ofereceram maior número de vagas nas áreas de construção civil e prestação de serviços, atividades que mais empregaram, foram São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, com destaque para o Rio de Janeiro, que abriu 70 mil novos empregos no comércio. A pesquisa abrange também Salvador, Recife e Porto Alegre.
VAGAS TEMPORÁRIAS -- A continuidade das contratações no país só poderá ser confirmada em janeiro, observou o economista, já que em novembro e dezembro a maioria dos empregos são temporários.
"Esse poder de efetivação do mercado é que responde se o mercado está desaquecido ou não", explicou.
No acumulado do ano até novembro, a taxa média de desocupação está em 6,1%. No mesmo período de 2010 o índice era de 6,9%.
O resultado foi melhor do que o esperado pelo mercado, na avaliação da consultoria Rosemberg & Associados, que previa uma taxa de 5,7% para o mês de novembro.
A consultoria observou porém que isso não significa que a boa notícia terá continuidade em 2012, já que o crescimento do rendimento médio do trabalhador está praticamente estabilizado.
Ela observa ainda que não estão claros os efeitos que a crise externa terá nos empregos brasileiros no primeiro trimestre do ano que vem.
O rendimento médio do trabalhador (R$ 1.623,40) subiu 0,1% em novembro ante outubro e 0,7% em relação a novembro de 2010. O maior salário médio foi pago em São Paulo (R$ 1.723,60) e o menor em Recife (R$ 1.199,70).(Folha)