terça-feira, 23 de setembro de 2008

Aprovação de Lula é lição democrática para políticos

LULA APROVADO POR 77,7%
A aprovação estrondosa e sem precedentes do presidente Lula é o agradecimento das grandes massas que foram incluídas como cidadãs e consumidoras. O presidente Lula cumpriu o seu destino e não abandonou suas raízes. Organizou seu governo para a distribuição de renda, pela inclusão social, pela dignidade do ser humano. Hoje, sua popularidade é uma lição de democracia para os políticos acostumados a prometer em campanha e mentir com o mandato. Mesmo assim, ainda falta muito a ser feito pelo Brasil que vive num processo sempre crescente de concentração de renda há 500 anos.

Veja o texto: Saiu mais uma pesquisa CNT/Sensus com avaliação do governo e do presidente Lula: em setembro, a aprovação pessoal de Lula passou para 77,7% (na pesquisa anterior, de abril, estava em 69,3%). A aprovação ao governo Lula também subiu de 57,5% para 68,8%, abaixo apenas dos 83,6% de janeiro de 2003, início do mandato.
Realizada entre 15 e 19 de setembro, a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e do instituto Sensus ouviu 2 mil pessoas em 136 cidades de 24 Estados. A primeira pesquisa foi feita em 1998, início da Era FHC.
Para 23,2% dos entrevistados, o governo Lula é regular (antes, para 29,6%) e para 6,8% é ruim (antes, para 11,3%). O resultado quanto ao desempenho pessoal do presidente voltou para níveis registrados em, seu primeiro mandato: desaprovação de 16,6% - bem abaixo dos 26,1% de abril deste ano. O bom desempenho da economia e os programas sociais são os fundamentos dessa alta popularidade, segundo analistas da pesquisa CNT/Sensus.
A pesquisa indica a posição atual e as expectativas (próximos seis meses) da opinião pública quanto a emprego, renda, saúde, educação e segurança pública: nos últimos quatro anos, para 61,5% dos entrevistados a qualidade de vida melhorou no período. Ficou igual para 25,8% e piorou para 11,6%.

A seguir, outros pontos em destaque: Salário, emprego e renda: O salário mínimo na administração Lula é maior que em governos anteriores, segundo 58,1% dos entrevistados. As chances de emprego aumentaram para 52,9% dos entrevistados, ficaram iguais para 26,6% e pioraram para 16,9%. Já a renda mensal aumentou 36,2% das pessoas, se manteve para 42,7% e cai para 19,8%.
Para 81,1% das pessoas, o custo de vida subiu este ano, principalmente com a alta dos preços de alimentos, cujos preços são a maior fonte de inflação, segundo 69,2% dos entrevistados.
Educação e saúde : O atendimento à saúde ainda deixa a desejar: melhorou só par a 30.3% dos entrevistado; se manteve para 32,4% e piorou para a maior parcela, 36,3%. Mas na educação há mais satisfeitos: a escola melhorou na percepção de 43,2% dos entrevistados e ficou igual para outros 29%. Só ficou pior para 26% - pouco mais de um quarto da população.
Segurança pública : Aqui, o sentimento é de piora generalizada, ainda que em proporções não muito grandes: só 24,4% dos entrevistados disseram ter havido avanço (em abril, eram 25%); houve piora segundo 46,5% (em abril, a parcela era menor, 43%) e não houve nenhuma alteração para 27,4% (antes, 29%).
Ação social: Do total de entrevistados, 65,6% conhecem os programas sociais do governo federal e 75,3% votariam em candidatos apoiados pelo governo para garantir sua continuidade.
Na pesquisa, a expectativa da população para os próximos seis meses quanto a todos estes indicadores é mais confiante que pessimista. De todas as perguntas, a única que indicou aumento no número de pessimistas entre abril e setembro, foi a que se refere às chances de emprego: para 11,7% dos entrevistados elas vão piorar (em abril, estes era 11,0% do total). E vão melhorar para 59,2% (antes, para 55,3%).
Esta é a evolução no número de pessoas mais confiantes em relação aos demais pontos da pesquisa, de abril a setembro: de 51,73% para 55,53% quanto a aumento da renda, de 52,23% para 57,93% na melhora do atendimento de saúde, de 55,33% para 60,53% na oferta de educação e até de 43,23% para 50,3% na questão de segurança pública.
Eleições -- Para 47,8% dos entrevistados, tem sido ótima ou boa a administração no Estado; regular para 33,8% e ruim ou péssima para 15,9%. E as administrações municipais são aprovadas por 48,2% dos entrevistados, consideradas apenas regulares por 25,8% e ruins ou péssimas por 23,3%.
Por isso, se 35,9% dos entrevistados dizem ter muito interesse nas eleições municipais deste ano, 40,6% têm interesse médio e 21,5% não têm qualquer interesse.
Para 48,9% dos entrevistados, a escolha do candidato depende de sinais de que será um bom administrador. Para 18,8%, valem mais as propostas. A pessoa do candidato é importante para 18,2%, que preferem um bom político, e para 11,0%, preocupados com as qualidades pessoais do candidato.
A execução de serviços públicos (40,4%) é o que mais esperam os eleitores dos prefeitos a serem eleitos; 33,1% esperam a geração de emprego; 17,0% combate à violência e 4,3% que o novo prefeito participe dos grande temas nacionais.
Os debates na TV (29,5%) ganham dos programas do TER (25,6%) e do contato pessoal (23,3%) na definição do candidato a prefeito. O voto já está definido por 59,8% dos entrevistados; no; 17,0% dizem já ter preferência, mas ainda podem mudar de candidato e 18,9% não se definiram ainda.
Candidato a prefeito apoiado por Lula teria, hoje, 44,1% dos votos, e outros 30,9% só votariam nele se também o conhecessem. Quanto a candidatos a prefeito apoiados pelo governador de cada Estado, votos só teriam de 37,4% dos entrevistados.
A pesquisa aponta, também, a tendência do eleitorado brasileiro para a eleição presidencial de 2010, em primeiro turno: em votação espontânea Lula foi apontado por 23,4% dos entrevistados. Depois de Lula, os nomes mais indicados foram os de José Serra (6,7%), Aécio Neves (3,3%), Dilma Rousseff (1,9%), Heloísa Helena (1,5%%), Ciro Gomes (1,4%) e Geraldo Alckmin (1,4%).
A maioria (56,7%) ainda não se definiu, conclui a CNT/Sensus

Pobreza cai mais rápido em SP do que no país, diz estudo

Deveria cair mais rápido ainda. Afinal, São Paulo é tida e havida como a locomotiva do Brasil. Precisou ter uma nova política social e econômica, que devemos os méritos ao presidente Lula, para que a pobreza também diminuísse em São Paulo.
Leia o texto: De 2006 para 2007, proporção de pobres no Estado diminuiu de 22,8% para 20,4%. No Brasil, total de pobres caiu de 26,9% da população para 25,1%; queda da pobreza, porém, perdeu velocidade nos último anos
A pobreza caiu em ritmo mais acelerado no Estado de São Paulo do que na média do país em 2007, diz estudo da economista Sonia Rocha, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade) com dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios).
No ano passado, a proporção de pobres no Estado passou de 22,8% para 20,4%, o menor percentual desde o início da série, em 1995. A população em São Paulo em 2007, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), era de 39,8 mil.
Segundo a economista, a melhora da pobreza na região metropolitana motivou a redução do índice. "A pobreza metropolitana é o núcleo duro da pobreza paulista. Dos 8,1 milhões de pobres paulistas, 5,5 milhões são metropolitanos", disse. No Brasil, o número de pobres declinou de 49,04 milhões de pessoas em 2006 para 46,25 milhões em 2007, uma redução de 2,8 milhões de indivíduos pobres. Em termos percentuais, o total de pobres diminuiu de 26,9% para 25,1%.
Apesar da redução, os dados mostram que a queda da pobreza perdeu velocidade. Em 2005, ela havia caído 2,7 pontos percentuais; em 2006, 3,6 pontos; e, em 2007, 1,8 ponto.

Classe social -- Um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) com base nos dados coletados pela Pnad de 2007 mostra que 13,8 milhões de brasileiros ascenderam socialmente de 2001 a 2007.
O estudo, divulgado ontem, estabelece três faixas: renda familiar de até R$ 545,66 (baixa); entre R$ 545,66 e R$ 1.350,82 (média); e acima de R$ 1.350,82 (alta). Segundo o pesquisador do Ipea Ricardo Amorim, 10,2 milhões de pessoas passaram da faixa de renda baixa para a de renda média entre 2001 e 2007; e 3,6 milhões migraram da média para a alta. "O país está vivendo uma redução histórica da desigualdade. Mas há muito a fazer", disse Ricardo Paes de Barros, do Ipea.
Apesar de as estatísticas registrarem esse avanço, muitos especialistas afirmam que a Pnad tem dificuldades para aferir a renda do capital -o rendimento de fundos de investimentos ou ações, por exemplo.
Com isso, fica mais difícil "medir" a renda dos mais ricos- o que pode distorcer os resultados sobre desigualdade.
No questionário da Pnad, os pesquisadores do IBGE perguntam sobre os rendimentos obtidos com o trabalho e com outras fontes. Para especialistas, o rendimento com aplicações pode não ser informado, por diversas razões. "Isso, porém, não impede que capte tendências significativas em relação à renda", diz Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas.

MENOS DESIGUAL
Brasil levaria 18 anos para ter um nível de desigualdade social 'aceitável'

Basta ler o nosso comentário de ontem em que afirmamos que ainda faltava muito a ser feito no Brasil. Hoje chegam os números que, infelizmente, comprovam nossa análise. Mas é possível acelerar a distribuição de renda no Brasil, desde que controlemos nossas riquezas, aprendamos a gastar bem e desenvolvamos políticas sociais a favor dos excluídos, dos trabalhadores informais e dos que nem sequer conseguem ter acesso a renda.
Veja o texto: O Brasil está menos desigual, mas ainda seria preciso quase duas décadas para atingir níveis mundiais aceitáveis. É o que indica o estudo do economista Ricardo Paes de Barros, do Ipea, com base nos dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2007) . Segundo a pesquisa, seriam necessários mais 18 anos, com o mesmo ritmo atual de redução da desigualdade social, para que o indicador brasileiro seja comparável à do resto da humanidade.
O economista aponta que o Brasil está entre os países que mais reduzem a desigualdade no mundo. A renda dos 10% mais pobres cresce sete vezes mais do que a dos 10% mais ricos entre 2001 e 2007. Essa taxa de crescimento da renda dos 10% mais pobres é muito próxima da que se vê na China. Para os mais ricos, a comparação é com o Senegal .
O Índice de Gini (quanto mais próximo de 1, maior a desigualdade) caiu 7% de 2001 a 2006, de 0,593 para 0,552, considerando renda familiar per capita. Trata-se de uma redução média de 1,2% ao ano, ritmo acentuado e sustentável. Para o Ipea, a desigualdade ideal seria um Gini de 0,40.
Um outro estudo, do economista Ricardo Amorim, também do Ipea, mostra que quase 14 milhões de brasileiros ascenderam socialmente no país entre 2001 e 2007. Segundo a pesquisa Pobreza e Mudança Social, 10,2 milhões de brasileiros passaram da classe de renda mais baixa (até R$ 545,66) para a faixa de renda média (de R$ 545,66 a R$ 1.350,82), e 3,6 milhões saltaram da renda média para a classe mais alta (acima de R$ 1.350,82 reais)