quinta-feira, 16 de julho de 2009

Até agora, as boas notícias da economia não chegaram à família trabalhadora através de mais renda e emprego

Crédito no País volta a condições pré-crise, aponta Anefac

(Postado por Chiquinho Pereira) — Hoje vamos fazer uma leitura das várias notícias com o objetivo de responder apenas a uma questão: como é que as notícias boas da economia se refletem no emprego e na renda dos trabalhadores? Essa indagação se faz necessária porque desde quando a crise foi anunciada, em Setembro do ano passado, a gente só vê trabalhador perdendo emprego e rendimento. É um massacre permanente contra a família trabalhadora, atacada por todos os lados, enfrentando dificuldades imensas para manter os filhos na escola, buscar atendimento médico, ter dinheiro para pagar os remédios e até mesmo conseguir pagar o aluguel. Ou seja, desde que piorou a situação económica da classe trabalhadora, em função da crise, ainda não conseguimos traduzir para o dia-a-dia das nossas famílias as boas notícias. O que está por traz destas notícias boas? Como elas se vinculam à realidade da base da pirâmide social. No conjunto dos textos que você vai ler comigo hoje, publicadas abaixo, temos a destacar a redução pela metade da mortalidade infantil em São Paulo. Um fato para festejar e avançar. Mas não podemos esquecer que estamos falando de São Paulo, que mesmo assim, ainda precisa fazer muito mais para se igualar a parâmetros mundiais. E o resto do Brasil, e a Paraíba? Vamos refletir e agir. O Brasil precisa muito que as suas lideranças mantenham o pé no chão.

Leia mais: Juro cai pelo 5º mês consecutivo, refletindo queda da Selic e melhora do cenário econômico; prazos crescem.
As taxas de juros do crédito no Brasil caíram pelo quinto mês consecutivo em junho, aponta pesquisa da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) divulgada nesta quarta-feira, 15. De acordo com o coordenador do trabalho e vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, a pesquisa mostra o retorno do crédito às condições anteriores a setembro de 2008, marco do início da crise global. Isso é observado, segundo ele, tanto no alongamento dos prazos dos financiamento como na redução dos juros das operações de crédito.
De acordo com a pesquisa, a taxa média geral cobrada para pessoa física apresentou uma redução de 7,28% ao mês (132,39% ao ano) em maio para 7,26% ao mês (131,87% ao ano) no mês passado. Conforme a Anefac, trata-se da menor taxa desde abril de 2008. Das seis linhas de crédito pesquisadas, duas ficaram com taxas estáveis (cartão de crédito e financiamento de veículos) e quatro foram reduzidas (juros do comércio, cheque especial, empréstimo pessoal de bancos e financeiras).
Nas linhas para pessoa jurídica, os juros médios cobrados pelos bancos são os menores desde janeiro do ano passado. A taxa recuou de 4,15% ao mês (62,90% ao ano) para 4,12% ao mês (62,33% ao ano) em junho. Entre as modalidades de empréstimo pesquisadas, duas registraram estabilidade nos juros (capital de giro e conta garantida) e duas foram reduzidas (desconto de duplicatas e desconto de cheques).
A queda nas taxas, segundo Oliveira, deve-se à redução do juro básico (Selic) e à melhora do cenário econômico. Para o segundo semestre, Oliveira espera melhora nas taxas de juros das operações, bem como das condições de crédito - ampliação dos prazos, aumento do volume emprestado e maior flexibilidade.
O pior da crise já passou e o risco de inadimplência diminuiu, apontou. Oliveira vai além: diz que, daqui para frente, o consumidor vai conviver com uma situação nova: reduções dos juros das operações de crédito em patamares superiores às quedas da taxa básica de juros. "Deveremos inclusive ter períodos em que a Selic vai ficar inalterada e as taxas de juros das operações de crédito vão ser reduzidas", disse. (Leia mais no Estadão)

Emprego industrial cai pelo 9º mês em SP
Retomada da produção em alguns segmentos não é acompanhada por contratações; analistas veem recuperação lenta.
De 22 segmentos do setor pesquisados pela federação paulista, 14 mais demitiram que contrataram; 8 fizeram o processo inverso em Junho.
Apesar da recuperação da produção em alguns segmentos da indústria, especialmente o automotivo, os empresários resistem a retomar as contratações. O saldo de criação de vagas na indústria paulista caiu 0,42% em junho, segundo a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Junho registrou a nona queda seguida no saldo de contratações quando considerados os dados em que são descontadas as influências sazonais. Entre demissões e admissões, foram fechadas 8.000 vagas no mês e 54,5 mil no semestre. De janeiro a junho de 2008, a indústria de São Paulo criou 207 mil vagas. O setor gera cerca de 2 milhões de empregos no Estado.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, diz que o primeiro semestre foi o pior em décadas e que o nível de emprego deve se recuperar devagar. "Não estamos bem, mas caminhamos para a estabilidade."
Ele destaca que há empresas que relatam aumento das contratações, mas existem empresários que ainda reduzem o número de funcionários. No mês passado, dos 22 segmentos da indústria pesquisados, 14 mais demitiram que contrataram e 8 registraram o processo inverso.
De acordo com o diretor da Fiesp, embora o saldo de contratações na indústria paulista tenha sido negativo em junho, não há indícios de que a perda de empregos influenciará de modo excessivamente negativo outros segmentos da economia. "O IBGE já mostrou crescimento das vendas no varejo e, se as vendas não caíram até agora, dificilmente cairão."
Francini explica que há uma defasagem entre a retomada da produção industrial e a reação do nível de empregos.
"O empresário reluta em demitir e reluta em contratar. As admissões só serão retomadas quando os empresários tiverem certeza sobre o nível de atividade", afirma Francini.
Ariadne Vitoriano, analista da consultoria Tendências, acrescenta que, antes da recuperação do emprego, outros indicadores econômicos precisam melhorar, especialmente o uso da capacidade instalada da indústria. Segundo ela, a produção, embora tenha melhorado, é baixa, e a capacidade ociosa está muito alta. (Leia mais na Folha)
Cheque especial tem menor juro desde 1995
Os juros cobrados nas operações de crédito tiveram redução pelo quinto mês seguido em junho, segundo a Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).
No mês passado, a taxa do cheque especial para pessoa física era de 7,54%, a menor da história.
A pesquisa da Anefac começa em janeiro de 1995, mas, de acordo com a entidade, antes dessa época os juros de tal modalidade eram maiores. (Folha)
Mortalidade infantil cai pela metade em SP em 13 anos
Apesar da queda, a taxa de mortes (12,5) ainda é alta se comparada à de países desenvolvidos. Para Ruth Guinsburg, professora da Unifesp, avanços são positivos, "mas ainda há mortes evitáveis, por diarreia e desnutrição".
A mortalidade infantil caiu pela metade no Estado de São Paulo nos últimos 13 anos (1995-2008), segundo informações da Secretaria Estadual de Saúde divulgadas ontem.
Os dados mostram que, em 1995, a cada mil bebês nascidos vivos no Estado, 24,5 morriam até o primeiro ano de vida. No ano passado foram 12,5.
A queda é expressiva e segue tendência nacional, mas o índice ainda é alto se comparado com o de países desenvolvidos.
Exemplos: Japão (3), Itália (3), França (4), Canadá (5).
Mesmo na América Latina há dados melhores: Cuba (5), Chile (8) e Costa Rica (10) -índices divulgados pela ONU como estimativas referentes a 2007.
Segundo o secretário da Saúde, Luiz Barradas Barata, com a redução, houve 5.208 óbitos a menos em dez anos no Estado.
O governador José Serra, que participou do evento de divulgação dos dados, disse que o avanço é "extraordinário" e consequência de políticas de ampliação do acesso ao pré-natal e da rede de saneamento básico. "Quando o esgoto não é tratado e aflora, contamina crianças, causa infecções."

Ruth Guinsburg, professora da Unifesp e membro do departamento científico de neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, diz que os avanços são positivos, "mas que ainda há uma série de mortes evitáveis, por diarreia, desnutrição".

A professora destaca que em comparação com o Brasil São Paulo vai bem. No país, segundo o Ministério da Saúde, foram 19,3 mortes em 2007. São Paulo ganha de longe de Alagoas (41,3) e Maranhão (30,07).

Mas perde do Distrito Federal (11,09) e Santa Catarina (12,46). (Leia mais na Folha)

Cepal prevê retração menor no Brasil e maior na América Latina

A Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) divulgou nesta quarta-feira uma revisão de sua projeção para o desempenho da economia da região este ano, prevendo um cenário pior para a área como um todo, mas melhor para o Brasil.

Segundo o relatório Estudo Econômico da América Latina e Caribe 2008-2009, a América Latina e o Caribe devem ter uma queda de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) e aumento do desemprego para 9%.

Em uma previsão anterior, de junho, a previsão do órgão era de retração de 1,7% em 2009. Em outra, de abril, a estimativa era de encolhimento de 0,9% no PIB.

Por outro lado, no novo Estudo, a Cepal prevê que a economia brasileira terminará este ano com retração de 0,8%. Em abril, o organismo tinha divulgado uma previsão de contração da economia brasileira de 1% em 2009.

Reação

No Estudo divulgado nesta quarta-feira, o organismo das Nações Unidas ressalta, porém, que a economia da América Latina e do Caribe deverá começar a reagir no fim do ano, registrando crescimento positivo de 3,1% em 2010.

De acordo com a Cepal, o desempenho da economia regional em 2009 está sendo afetado pela queda na exportação de bens no primeiro trimestre deste ano frente ao mesmo período do ano passado, devido a redução na demanda externa.

As remessas (do exterior) também caíram e se espera que o fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) sofra uma contração de 40% este ano.

Estes resultados, afirma a Cepal, tiveram impacto sobre o mercado de trabalho e entre o início de 2008 e o primeiro trimestre de 2009 mais de um milhão de pessoas ficaram sem emprego nas zonas urbanas desta região.

"Estima-se que a taxa de desocupação aumentará de 7,4%, em 2008, para cerca de 9% este ano, deixando mais de três milhões de pessoas a mais sem emprego. Será incrementado o emprego informal, afetando os níveis de pobreza", informa o estudo.

Quanto à economia do Brasil, a Cepal estima que, em 2010, seja registrado um crescimento de 3,5%. (Leia mais em O Globo)