sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Em plenas campanhas salariais somos informados que a inflação ameaça nossos ganhos futuros

Banco Central admite inflação maior

Instituição aumenta projeção deste ano para 6,4%, mas prevê que a crise global ajudará a conter os preços em 2012. Relatório indica que Copom voltará a reduzir a taxa de juros nas próximas reuniões, mas em ritmo 'moderado'.
O Banco Central indicou ontem que voltará a reduzir a taxa básica de juros para evitar que a economia brasileira esfrie demais, apesar dos riscos que isso pode criar para o controle da inflação.
Em relatório apresentado ontem, o BC prevê que o agravamento da crise na Europa e nos Estados Unidos fará a economia mundial perder fôlego e isso ajudará a conter as pressões sobre os preços no Brasil mesmo se os juros forem reduzidos.
O Banco Central aumentou sua projeção para a inflação deste ano de 5,8% para 6,4%. Analistas do mercado financeiro prevêem que ela ultrapassará o teto da meta fixada pelo governo para este ano, 6,5%.
O relatório também reviu a previsão do BC para o crescimento da economia brasileira neste ano, de 4% para 3,5%, como o presidente da instituição, Alexandre Tombini, já havia indicado que seria feito.
De acordo com o documento, o BC acredita ter margem de manobra para promover cortes "moderados" nos juros nas próximas reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).
O Copom baixou a taxa básica de juros para 12% em agosto e voltará a se reunir em outubro. Analistas do mercado financeiro especularam nos últimos dias sobre a possibilidade de uma redução da taxa para 11% na próxima reunião.
O relatório do BC prevê que a inflação será reduzida para 4,7% no ano que vem, ficando próxima do centro da meta estabelecida pelo governo, 4,5%.
"A expectativa é que haja queda da inflação no mundo em 2012, não só no Brasil. Certamente, isso não vai vir da política monetária [aumento dos juros]", disse o diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton.
Hamilton afirmou que a crise nos países desenvolvidos "piorou demais", o que contribuirá para reduzir a inflação mundial, mesmo que não haja calote de países ou quebra de grandes bancos.
Sobre o crescimento menor previsto para o Brasil, o diretor afirmou que principalmente a indústria, mas também o setor de serviços, vão crescer menos. O BC detectou ainda reajustes salariais menores. O consumo das famílias e do governo será maior que o esperado anteriormente, ao contrário do investimento, que vai crescer menos.
Por isso, segundo Hamilton, não há espaço para o país crescer mais sem gerar pressões inflacionárias. "Estamos crescendo de acordo com a nossa capacidade de investir", afirmou o diretor.
Em outro evento, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que o Brasil estava crescendo "acima de seu potencial" no primeiro semestre.
De acordo com Tombini, que fez palestra para executivos em Curitiba, foi determinada uma "moderação do crescimento" a partir do segundo semestre, em função dos elevados índices de inflação.
"Tivemos de fazer com que crescesse mais em linha com a capacidade de crescimento e conter a propagação de alguns preços", afirmou.
Por isso, avalia o presidente do BC, deve haver queda da inflação nos próximos meses. "Agora a inflação está chegando a seu pico. Depois, entra numa trajetória de queda em direção ao centro da meta." (Folha)


Paulo Bernardo acha que greve dos Correios termina hoje

Ministro disse que a proposta do governo sobre salários foi aceita por funcionários paralisados; o desconto dos dias não trabalhados, no entanto, ainda está sendo negociado.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo disse nesta quinta-feira, 29, estar confiante de que a greve dos Correios - que já dura duas semanas - acabe ainda hoje. Neste momento, lideranças do movimento grevista estão reunidas na sede da estatal para tentar chegar a um acordo. O ministro afirmou que a proposta do governo de aumento real dos salários em R$ 80 a partir de janeiro e o pagamento imediato de um abono de R$ 500 já foi aceita pelos funcionários paralisados, mas o desconto dos dias não trabalhados ainda está sob negociação.

Após intermediação por parte do Ministério Público do Trabalho, o governo ofereceu o parcelamento dos dias a serem descontados, mas os grevistas não aceitam ainda o corte do ponto. "A proposta diz respeito ao desconto dos dias que já temos lançados, que são os seis primeiros. Os demais dias poderiam ser compensados neste e no próximo fim de semana, por meio de mutirões para colocar o trabalho em dia", disse Bernardo.

Segundo o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, a estatal contabiliza 3,4 dias de atraso na entrega de encomendas, cujo fluxo poderia ser restabelecido com as horas extras desses dois fins de semana. "Estamos negociando agora e a expectativa é de que a greve se encerre o quanto antes", completou. Tanto o ministro quanto Pinheiro afirmaram que ainda não há decisão sobre o formato da empresa de logística dos Correios. Segundo eles, as alternativas em estudo ainda serão apresentadas à presidente Dilma Rousseff. (Estado)

IPI deve cair para quem instalar montadora
Dilma não vai revogar aumento de imposto, mas deve autorizar benefício para quem instalar fábrica no Brasil. Por imposto menor, cronograma escalonado visa atingir 65% de componentes nacionais a médio prazo.
A presidente Dilma Rousseff não vai revogar o aumento de IPI sobre carros importados, mas já mandou sua equipe negociar um regime diferenciado para as montadoras estrangeiras que instalarem fábricas no país.
Segundo a Folha apurou, Dilma deu sinal verde para aliviar montadoras do imposto mais alto desde que instalem unidades no Brasil e se comprometam com um cronograma escalonado para atingir no médio prazo 65% de componentes locais.
Assessores presidenciais disseram à Folha que já há negociações com a coreana Hyundai e a alemã BMW. Elas vão apresentar proposta fixando o prazo em que atingiriam o percentual de conteúdo local para escaparem do aumento de 30 pontos no IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).
Representantes da chinesa JAC Motors também estão interessados em participar das negociações e discutem uma proposta com a matriz. Segundo um assessor, a ideia é que existam dois regimes: um para montadora sem fábrica no país, com IPI mais alto; outro para empresas já presentes no Brasil ou em processo de instalação.
Nesse segundo caso, quem já cumprir a exigência de produzir carros com 65% de componentes nacionais ficará isento do aumento de IPI. Quem estiver instalando fábrica deve ter um modelo escalonado ainda em discussão na Receita Federal.
A presidente encarregou o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) de comandar as negociações com as montadoras estrangeiras.
PIRATARIA -- Ontem, durante entrevista ao programa "Hoje em Dia", da TV Record, Dilma voltou a defender o aumento do IPI como medida para proteger o emprego no país, afirmando ainda que seu governo não irá permitir "pirataria" de outros países.
"Nós estamos protegendo emprego brasileiro. Eu não tenho nenhum compromisso de gerar emprego lá fora", afirmou, ao comentar que não irá recuar da medida.
Ao rebater as críticas, Dilma disse que "estavam simplesmente montando e usando mecanismos para importar e usar o nosso mercado interno", acrescentando que, "enquanto depender deste governo, [o mercado brasileiro] não será objeto de pirataria por país nenhum". "As empresas que querem seriamente se estabelecer no Brasil para produzir carros com conteúdo nacional, com inovação tecnológica e que fizerem propostas, vamos examinar", disse Pimentel.
A elevação do tributo foi anunciada no dia 15.
A alta foi de 30 pontos percentuais nas alíquotas de carros e caminhões que tenham menos de 65% de componentes nacionais. Antes, o IPI sobre os importados variava de 7% a 25% e, com a medida, passou para 37% a 55%. (Folha)


Número de atendimentos para seguro-desemprego cai em SP
Com nova regra, espera chega a 8 horas; antes, eram apenas 2.
A nova regra do seguro-desemprego reduziu o número de atendimentos feitos por dia para pedidos do benefício. Além disso, os trabalhadores estão tendo de esperar mais tempo para serem atendidos.
Agora, o Ministério do Trabalho pode suspender o seguro-desemprego caso o trabalhador recuse, sem justificativa, um emprego oferecido pelo governo.
No Poupatempo da Sé (região central da capital paulista), os trabalhadores aguardam mais de oito horas para serem atendidos desde segunda-feira, quando a nova regra foi implantada no posto. Anteontem, a reportagem pegou uma senha de atendimento às 10h, que foi marcado somente para as 18h do mesmo dia (antes, a espera era de duas horas).
Segundo atendentes, o número de atendimentos por dia foi reduzido de 600 para 230 devido à mudança na regra do benefício. Os trabalhadores também reclamaram do novo sistema. O motorista de carreto Claudemir Inácio, 41, mora em Pirituba (zona oeste) e foi encaminhado para uma vaga na Água Rasa (zona leste).
Tentou recusar o emprego por ser distante de sua casa. Ele levaria pelo menos uma hora para chegar ao trabalho, de ônibus. O ministério, porém, não aceitou sua justificativa. "Isso é um absurdo, me obrigam a ir para uma entrevista incompatível com meu endereço."
OUTRO LADO -- Procurado pela reportagem para comentar sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores, Rodolfo Peres Torelly, diretor do Departamento de Emprego e Salário, órgão que pertence ao Ministério do Trabalho e Emprego, justifica a redução dos atendimentos pelo fato de ser um sistema novo que unifica as vagas em todo o país.
Por problemas técnicos, o sistema às vezes sai do ar, afirma Torelly. Segundo o ministério, a nova regra deverá afetar quem recebe, por mês, até R$ 1.500, porque são esses os trabalhadores que mais usam o seguro-desemprego. (Folha/Agora)


Carro no Brasil seria mais caro mesmo sem imposto

Ainda que IPI, ICMS e PIS/Cofins não existissem, alguns veículos nacionais custariam mais do que os estrangeiros.

O preço de alguns carros no Brasil seria mais alto do que na matriz das montadoras mesmo se os impostos que afetam diretamente o valor final fossem zerados, como indicam dados das empresas e da Anfavea, a associação dos fabricantes instalados no País.

O Chevrolet Malibu, por exemplo, custa a partir de R$ 89.900 no Brasil. Tirando IPI, ICMS e PIS/Cofins, o valor poderia cair para R$ 57.176. Mesmo assim, estaria mais caro do que nos Estados Unidos, onde carro sai por R$ 42.300 com impostos para o consumidor de Nova York.

O Ford Focus Sedan está em situação semelhante. Sem impostos, o preço poderia cair de R$ 56.830 para R$ 39.554 no Brasil. Porém, em nova York esse veículo custa R$ 30.743 com tributação.

Entre as montadoras com sede na Europa, o carro sem impostos aqui seria mais barato do que o com impostos lá. Mas, ao retirar a tributação no Brasil e na matriz, o preço por aqui ainda é mais alto.

O Fiat Punto 1.4 2012 sai por R$ 40.308 no Brasil. Sem IPI, ICMS e PIS/Cofins, poderia custar bem menos: R$ 28.104. Na Europa, o preço é de R$ 30 mil com impostos e R$ 25 mil sem.

No caso do Volkswagen Golf, sem esses três tributos o preço seria de R$ 37.806 no Brasil. Na Alemanha, o Golf Trendline mais barato custaria a partir de R$ 33.600 sem impostos.

Além de IPI, ICMS e PIS/Cofins, as empresas pagam também Imposto de Renda e Contribuição Social, mas não é possível calcular quanto o carro custaria sem essa tributação porque as companhias não abrem seus números.

Margem de lucro -- Os impostos no Brasil são mais altos do que nos países onde estão instaladas as matrizes das montadoras, como mostra um levantamento da Anfavea (veja gráfico). No entanto, a diferença de preços é maior do que a da tributação.

Especialistas dividem-se sobre qual seria o outro fator, além dos impostos, que explica o alto preço do carro no Brasil. Uns culpam o chamado "custo Brasil"; outros, o "lucro Brasil". Essa dúvida existe porque as montadoras não divulgam detalhes sobre lucros e custos.

"Citar a influência dos impostos para falar que o preço do carro é alto não é verdadeiro. O preço de carro é alto porque, no Brasil, o volume de importados era muito baixo", afirma o consultor especializado Luiz Carlos Augusto.

Para ele, as empresas terão que "rever a margem de lucro" por causa do aumento das importações e também da concorrência interna. No início dos anos 1990, lembra Augusto, havia cerca de 150 versões de carros no Brasil; hoje, em torno de 900.

Custo Brasil -- Para o economista Julio Gomes de Almeida, do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o preço alto do carro brasileiro é explicado pelo custo Brasil e pela baixa produtividade no País. Ele diz que para comparar com outros países, seria necessário considerar também os impostos que incidem sobre as matérias-primas dos carros.

A Volkswagen afirma que matérias-primas como aço e plástico custam de 30% a 40% mais no Brasil que em "outros países". A empresa diz, também que o custo da mão de obra no País está "entre os mais elevados do mundo". Questionada, no entanto, sobre o custo da mão de obra na Alemanha, a companhia não respondeu. A montadora aponta, ainda, "questões de infraestrutura" e "regime tributário" como motivos para cobrar mais pelo carro brasileiro do que pelo alemão.

A Anfavea, que representa as montadoras nacionais, divulgou em junho alguns números de uma pesquisa mostrando que produzir aqui é mais caro que em outros países emergentes, mas não trouxe detalhes sobre o custo em países desenvolvidos. Não disse, por exemplo, se produzir no Brasil é mais caro ou mais barato do que na matriz das montadoras. Questionada pela reportagem, a entidade afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que "o estudo não está mais disponível".

Para Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, "a postura das montadoras, de evitar a divulgação do seu custo de produção, corrobora a suspeita" de que a margem de lucro no Brasil possa ser "muito superior" à de países desenvolvidos. Ele afirma, ainda, que a mão de obra no Brasil é mais barata do que na Europa e nos EUA. (Estado)

Contatada pela reportagem, a Ford disse que não comentaria. A General Motors e a Fiat não responder a solicitação de entrevista. (Estado)


Mercado de trabalho está mais qualificado, diz relatório do BC

Além de aquecido, o mercado de trabalho brasileiro teve avanços qualitativos nos últimos anos, como aumento da formalização e do nível de instrução dos trabalhadores e queda do trabalho infantil e das horas trabalhadas semanalmente. A análise está no Relatório de Inflação, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central (BC).

Mais da metade dos trabalhadores do setor privado possuíam carteira assinada em 2010, contra 44,3% do total de empregados sete anos antes. Aumentou também, de 61,2% para 68,4%, o número dos contribuintes da Previdência Social, que garante benefícios em caso de problemas de saúde e perda de emprego.

Pessoas com pelo menos 11 anos de estudos representavam 45,8% do total da população economicamente ativa em 2003. No ano passado, elas já eram maioria (59,1%). Mas diminuiu mais de 10 pontos percentuais a participação dos trabalhadores com menos de oito anos de estudo.

O maior tempo nas escolas também se refletiu na redução da quantidade de crianças e jovens no mercado de trabalho. Entre 2003 e 2010, o número de crianças de 10 a 14 anos trabalhando ou buscando emprego foi de 3,5% para 1,3%. Na faixa etária entre 15 e 17, a queda foi de sete pontos percentuais (26% contra 18,9%).

Em geral, os empregados também estão trabalhando menos por semana, pois a média de horas habitualmente trabalhadas caiu de 42,5 (2003) para 41,8 (2010). Em 2003, 35,4% das pessoas precisavam cumprir carga horária superior a 44 horas. No ano passado, esse índice caiu para 29,1%. O número dos que tinham que cumprir 49 horas ou mais caiu de 17,2% para 12.1%.

Entre 2003 e 2010, a taxa de desemprego, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), despencou de 12,4% para 6,7%. Nesse período, a ocupação cresceu, em média, 2,5% por ano e a população economicamente ativa, 1,6%. O rendimento médio real teve expansão anual média de 2,5%. (Valor)