segunda-feira, 20 de julho de 2009

Enquanto não melhorar os indicadores de emprego significa que ainda não superamos a crise financeira mundial

Comércio já oferece prazo mais longo que antes da crise

Trata-se de uma iniciativa necessária do comércio neste período de entresafra entre o Dia das Mães e o Natal, quando as vendas recuam. É uma tentativa do pessoal do comércio reduzir no setor o impacto da crise. Esperamos que incluam na recuperação a ampliação das parcerias com os comerciários, renegociando melhores comissões, motivando o seu pessoal, pois na frente da loja e dos balcões estão homens e mulheres que são verdadeiros guerreiros nestes tempos de crise.

Leia mais: Parcelamento das compras em 495 dias, em média, é o maior desde o início da série do Banco Central, em 1994

O sinal mais forte da confiança na economia brasileira surgiu recentemente nos boletos de crediário do comércio. Em maio, o prazo médio dos financiamentos concedidos aos consumidores chegou a 495 dias - ou um ano e quatro meses para quitar a compra. Trata-se do maior resultado já registrado pela série histórica do Banco Central, iniciada em julho de 1994, na época de lançamento do Plano Real.

Desde a estabilização da economia, há 15 anos, os comerciantes têm estendido o prazo das compras e elevado as vendas graças à crescente concessão de crédito. Em maio do ano passado, o prazo médio das vendas havia chegado a 456 dias - ou um ano e três meses. Mas em setembro esse processo foi bruscamente interrompido pela crise deflagrada pela quebra do banco americano Lehman Brothers.

A partir daí, os bancos se retraíram, as fontes de financiamento secaram e os comerciantes reduziram os prazos do crediário, temendo um aumento do desemprego e da inadimplência. Mas, ao contrário de outras crises, dessa vez os prazos longos dos financiamentos ao consumidor estão voltando rapidamente. "Isso se deve à ação mais intensa dos bancos públicos de expandir o crédito para as famílias. Os bancos privados vêm a reboque", diz o sócio da RC Consultores, Fabio Silveira.

Existem também razões mais gerais que explicam a rápida recuperação do crediário, como o fim do pânico entre os bancos, a retomada da confiança na economia, a queda da taxa básica de juros e o início de uma reação no mercado de trabalho. Agora quase todos os prazos da economia estão sendo esticados, o que ajuda os consumidores, as empresas e o governo a se financiar.

Silveira ressalta ainda que a melhora dos financiamentos no comércio é puxada pelas linhas de crédito consignado e de veículos, que têm os parcelamentos mais longos, e são as menos arriscadas. No crédito consignado, o desconto é feito na folha de salários. E os veículos podem ser recuperados em caso de inadimplência.

"A política do governo é de fortalecer o crédito na ponta", diz Silveira. Com isso, continua, há um efeito indutor em outros setores. Ou seja, quando fica mais fácil comprar um carro, toda a cadeia de produção, das autopeças à indústria metalúrgica, além de serviços, como o licenciamento e seguro, acompanham o crescimento.

O vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, atribui a rapidez da melhora do crédito a duas razões. "A estabilidade da economia e o maior amadurecimento fazem com que as condições de crédito sejam restabelecidas rapidamente."

Além disso, Oliveira diz que o fato de a taxa básica de juros, a Selic, estar em um dígito (9,25% ao ano), algo inédito na economia brasileira, força os bancos a reduzir as aplicações em títulos de governo e ampliar o crédito ao consumidor, que ficou mais atraente.

Ele lembra também que ,apesar do alongamento dos prazos, o parcelamento do crédito no Brasil é curto, se comparado com os prazos de outros países. Antes da crise, era possível financiar a compra de um carro nos EUA em dez anos e a de uma casa em até 40 anos. (Leia mais no Estadão)

Emprego é o último a melhorar

Eis aí uma análise conservadora para conservadores. Se se constata que o emprego é o ultimo a melhorar é porque todas as melhorias anteriores na economia ainda não indicam que superamos a crise. Só a retomada do emprego prova que estamos em novo patamar, com a segurança restabelecida no Mercado consumidor, com os impulsos necessários nos investimentos. Todos os demais indicadores são apenas maquiagem, usadas pelos conservadores de plantão, para tentar pintar de cores otimistas uma crise que ainda é brava. Enquanto não recuperarmos plenamente o emprego ainda estaremos no centro da crise financeira mundial.

Leia mais: Em vez de surpreenderem, os indicadores sofríveis do emprego com carteira assinada, registrados em junho no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho, devem ser vistos com certa naturalidade.

A recuperação do nível de contratações vem depois, nunca antes da recuperação da economia - e isso vale tanto para o Brasil como para outros países. Nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama admitiu que o desemprego continuará em alta, mesmo que a economia já esteja saindo do fundo do poço.

A geração de 119,4 mil vagas com carteira assinada no Brasil, no mês passado, ante 131,5 mil, em maio, foi o pior resultado em 10 anos. Às vésperas da divulgação desse dado, um presidente da República mal informado previu que 136 mil vagas haviam sido criadas, "para o desespero da oposição", afirmou Lula na terça-feira, em Maceió.

No primeiro semestre foram registrados 299,5 mil trabalhadores, com saldo positivo em serviços (235,4 mil), agropecuária (128,8 mil), construção civil (78,4 mil) e administração pública (31,1 mil). Mas a indústria de transformação cortou 144,4 mil vagas e o comércio e a extração mineral também demitiram.

No auge da crise, entre novembro de 2008 e janeiro de 2009, quase 800 mil vagas formais foram eliminadas e apenas a metade foi reposta entre fevereiro e junho. O saldo negativo, desde novembro, é de 396 mil vagas, sem contar o pessoal que procurou o mercado em 2009 e não encontrou trabalho.

Nos últimos 12 meses, até junho, o saldo líquido de trabalhadores registrados foi de apenas 390 mil, destacando-se as atividades mais mal remuneradas (serviços, comércio e construção civil).

A agropecuária contribuiu com 40% da geração de emprego no primeiro semestre de 2009, mas, em 12 meses, cortou quase 80 mil vagas. Ou seja, o saldo positivo deste ano pode ter sido apenas sazonal.

Mesmo analistas otimistas com a recuperação do mercado neste semestre julgam improvável um saldo positivo de 1 milhão de vagas em 2009, como previu o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. Sazonalmente, novembro e dezembro são desfavoráveis para contratações.

Entre 2004 e 2008, o saldo líquido de vagas formais aumentou entre 1,2 milhão e 1,6 milhão por ano, mais que o dobro dos 645 mil postos de 2003, primeiro ano da era Lula. Mas é provável que o saldo de 2009 seja mais próximo do de 2003, o menos favorável dos últimos anos. (Estadão)

Para Lupi, país terminará 2009 com 1 milhão de empregos criados

O ministro Lupi tem se mostrado um excelente cantor. Para apresentar dados otimistas ele também é bom. Falta é ter um pé na realidade e perceber que um milhão de novas vagas, mesmo se considerarmos que chegam com salários baixos e defasados, são insuficientes para absorver toda a mão-de-obra que chega ao Mercado, pressionada, principalmente, pelos jovens. Temos que ter um ministro com mais seriedade, com o pé no chão, que estimule de verdade a geração de empregos, que use o ministério para vigiar as contrapartidas sociais dos empréstimos públicos repassados para o setor privado. Não é hora de politicagens com a crise de emprego.

Leia mais: A crise financeira internacional não assusta o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, para quem o ano terminará com saldo líquido de 1 milhão de empregos formais criados no Brasil. Segundo ele, só no segundo semestre esse saldo deverá ser de cerca de 700 mil postos de trabalho, enquanto os primeiros seis meses do ano terminaram com um saldo positivo de 300 mil vagas.

"O Brasil é uma ilha de geração de emprego. Não há país no G-20 que tenha esse crescimento no número de postos de trabalho", ressaltou Lupi, lembrando que nos Estados Unidos o mercado de trabalho cortou 3 milhões de postos desde o agravamento da crise internacional. "Acredito muito que vamos gerar 1 milhão de postos de trabalho este ano, mesmo no auge da crise", acrescentou.

O ministro admitiu que as novas vagas criadas têm sido registradas com salários menores, mas ponderou que este movimento é normal em épocas de crise, em que empresas cortam empregos para reduzir custos e, quando voltam a contratar, buscam profissionais com salários menores.

Segundo ele, o aquecimento do mercado interno garantiu o saldo positivo na geração de empregos este ano e a economia do país poderá fechar o ano com crescimento, apesar de a maior parte dos analistas acreditar em uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009.

"Toda onda acaba na areia. É só verificar", disse o ministro, ao ser questionado sobre se o efeito da crise no Brasil não passou de uma marola. (Leia mais em O Globo)

Por que os juros do cartão de crédito não caem? Alta demanda e falta de regulação ajudam a explicar

Esta é a pergunta que os trabalhadores e suas lideranças já vem fazendo ao governo federal há meses. Estamos sendo vítimas da agiotagem dos cartões de crédito monopolitistas. Que sugam a renda dos trabalhadores e correntistas além de impor situações absurdas para os lojistas. Vamos batalhar para que o Congresso Nacional imponha regras rígidas para estes cartões que até agora só apostaram no monopólio e na agiotagem.

Leia mais: A cobrança pelo uso do rotativo do cartão de crédito não cede há quatro meses, mantendo-se no patamar de 10% ao mês (mais de 230% ao ano), apesar de a taxa básica de juros, a Selic, ter caído de 12,75% para 9,25% ao ano neste período, segundo pesquisa recente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O que está por trás dessa resistência a reduzir os juros ao consumidor por parte de um dos segmentos mais lucrativos do sistema financeiro no Brasil, cujo faturamento cresceu 24%, para R$ 375 bilhões, em 2008?

Não é à toa que o governo está querendo mexer nesse setor, criar limitações. Há uma concentração grande das bandeiras

Segundo especialistas, tecnicamente não há explicações para que outras modalidades de crédito diminuam as taxas e os cartões de crédito não o façam. A autorregulação deste mercado é apontada como o principal motivo para os juros não caírem.

- Não é à toa que o governo está querendo mexer nesse setor, criar limitações. Há uma concentração grande das bandeiras, o chamado duopólio de Visa e Mastercard. O fato de não haver concorrência faz com que as empresas não baixem os custos do serviço - avalia o vice-presidente da Anefac, Miguel Oliveira.

Para a advogada Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), falta regulação ao setor para pressionar pela redução dos juros do rotativo, que estão entre 10,20% (Caixa) e 15,99% (Unibanco), de acordo com o último levantamento da entidade. A facilidade de uso do serviço não justificaria tal patamar.

- Quem cai no rotativo paga juros sobre juros e sua dívida sobe rapidamente. Por isso é uma das linhas de crédito que apresentam maior nível de inadimplência, uma vez que as pessoas perdem a capacidade de pagamento - explica Amorim.

- Nosso conselho para o consumidor que teve um problema e não conseguiu pagar sua fatura toda é que procure uma linha de crédito pessoal na faixa de 6% a 7% (tomando dinheiro para pagar o cartão) - acrescenta.

Negociar com a operadora do cartão também pode ser uma boa saída. Muitas vezes se consegue desconto na anuidade. (Leia mais em O Globo)

Mulheres da classe C impulsionam vendas de produtos práticos, diz estudo

A crescente participação das mulheres da classe C no mercado de trabalho vem provocando um aumento nas vendas dos chamados "produtos práticos" nos supermercados brasileiros, indica um estudo da consultoria Data Popular. A participação no mercado de trabalho das mulheres da classe C subiu de 55% em 1995 para 67% em 2008.

Segundo a Data Popular, empresa especializada nesse segmento da população, de 2002 a 2009 os gastos da classe C com alimentos semiprontos cresceram 15%. Nessa categoria se enquadram sucos em pó, enlatados e uma série de produtos que ajudam a mulher a economizar tempo nas tarefas domésticas. Em sua pesquisa, a Data Popular considera classe C famílias com renda mensal entre 4 e 10 salários mínimos, com rendimento médio de R$ 2.500 por mês, dos quais cerca de 30% são gastos em alimentação. Tempo x dinheiro De acordo com o diretor da Data Popular, Renato Meirelles, a maioria das mulheres da classe C não abre mão de cozinhar para suas famílias, mas prefere ingredientes que facilitem o preparo das refeições. "Hoje, essas mulheres têm menos tempo e mais dinheiro", diz Meirelles. "Há também o fato de o preço desses produtos ser mais baixo do que há alguns anos." "Costumo comprar suco em pó e massa para bolo, porque são mais práticos", diz a diarista Maria Saturnino Pinto, de 55 anos, que vive com o marido, Manuel, 45, e o filho, Maurício, 11, em São Paulo. "Enlatados não compro, porque meu marido não gosta", diz Maria. A renda mensal da família, com a soma do que Maria recebe como diarista e Manuel como pedreiro, fica em torno de R$ 1.300. A família de Maria faz parte de um contingente de milhões de brasileiros que tiveram seu poder de compra elevado nos últimos 15 anos. Autonomia De acordo com o estudo, apesar de sempre terem desempenhado papel de decisão nas compras da casa, como gestoras do orçamento familiar, nos últimos anos as mulheres da classe C conquistaram mais espaço no mercado de trabalho e passaram a ter autonomia maior na decisão sobre marcas e produtos. Atualmente, 30% das mulheres da classe C são chefes de família, segundo a Data Popular. Outro fator apontado pelo estudo é o aumento da escolaridade média das mulheres de baixa renda, o que faz com que sejam mais exigentes quanto à qualidade dos produtos. Segundo a consultoria, hoje a mulher brasileira tem escolaridade média maior do que a dos homens. Na classe C, essa média é de 7,7 anos. Os dados da consultoria indicam que enquanto 53% das mulheres desse segmento afirmam estar satisfeitas com o trabalho, quando questionadas sobre a satisfação com a vida familiar esse percentual sobe para 86%. Com maior participação no mercado de trabalho, elas têm menos tempo para as tarefas domésticas, e buscam produtos que as auxiliem a conciliar a vida profissional com a vida familiar, indica a pesquisa. "Embora os alimentos tradicionais sejam valorizados, há uma abertura para novas categorias de produtos, como comidas semiprontas, mas sem perder o valor associado a uma 'comida fresquinha'", diz o estudo. (Leia mais em O Globo, com BBC)