quarta-feira, 10 de junho de 2009

Os trabalhadores, através do consumo, ajudaram a segurar o PIB. Agora é a hora dos setores econômicos também agirem para superar a crise
















Projeto Motociclistas do Brasil auxiliará na criação de políticas públicas

A UGT, desde o Seminário dos Motoboys, no ano passado, está integrada à campanha por meloria de condições de sobrevivência desta categoria de profissionais tão essencial para a agilização dos grandes centros urbamos, que são os motoboys. O resultado do Seminário chega, agora, através da aprovação pelo Codefat de um financiamento de R$ 100 milhões para a renovação da frota de motocicletas, especificamente para profissionais motoboys, que terão veículos com mais segurança e financiamento de longo prazo. A UGT conseguiu sensibilizar o governo federal, através do ministro Carlos Lupi, do Trabalho e está em andamento treinamento para motoboys e a adoção de políticas públicas para criar vias especiais, educar os demais motoristas e fazer campanhas a favor da vida e da segurança no trânsito, especialmente, vinculadas à proteção da vida do motoboy. Agora, a UGT está mobilizando suas bases nos Estados para acionar as respectivas prefeituras e governos estaduais para iniciar a adoção de políticas públicas a favor do equacionamento da atividade dos motoboys. Pois, independente do tamanho da cidade, mais cedo ou mais tarde, terá que conviver com a atividade de entrega rápida de documentos e a atividade de motoboy, por isso, tenderá a crescer. Daí a necessidade de se antecipar e adotar políticas que criem vias especiais para os motoboys com educação permanente dos motoristas e qualificação para esses bravos companheiros e companheiras que arriscam a própria vida para manter as cidades em pleno funcionamento.

Leia mais: Acidentes de trânsito envolvendo motoboys serão estudados em levantamento social. O ministro do Trabalho e emprego, Carlos Lupi, apresentou nesta terça-feira, em São Paulo, o Projeto Motociclistas do Brasil, desenvolvido pela Fundação Jorge Duprat de Saúde e Segurança do Trabalho (Fundacentro), do Ministério do Trabalho e Emprego, para coletar dados sobre a atividade de motofretistas e mototaxistas. Pesquisadores acompanharão registros de acidentes de trânsito com intervenção médica em hospitais públicos de grandes cidades. A partir deste trabalho será feito um levantamento social dos motociclistas envolvidos em acidentes.

"A intenção é utilizar os dados deste estudo para desenvolver políticas públicas direcionadas a profissionais que utilizam motocicletas como instrumento de trabalho. É preciso conscientizar os pilotos da importância de trafegar com segurança, pois o maior valor que temos é nossa vida, e aquele motociclista estendido no chão que vemos pelas ruas não é apenas mais um, ele tem família, tem filhos, e precisa pilotar moto para levar sustento para casa", disse Lupi.

Atualmente, há 11 milhões de motocicletas no país, 3 milhões delas utilizadas como instrumento de trabalho. Estima-se a ocorrência anual de um milhão de acidentes de trânsito envolvendo motos, dos quais 214 mil resultam em atendimento médico-hospitalar.

Linha de crédito - O ministro entregou um cheque simbólico de R$ 100 milhões ao presidente do Sindimotosp, Gilberto Almeida, em referência à liberação da linha de crédito para renovação da frota de motocicletas para profissionais do setor. "Teremos taxas de juros totais de 1% ao mês. Esta é uma vitória da categoria, que lutou junto ao Ministério do trabalho para conseguir este crédito", comentou Lupi.

Planseq - Carlos Lupi anunciou ainda a abertura de um Plano Setorial de Qualificação (Planseq) para motofretistas em São Paulo. "Em Goiás, segunda maior frota de motos do país, já formamos a primeira turma, com 300 alunos; e a meta é formar mais de quatro mil. Os motoboys de São Paulo também terão a oportunidade, em breve, de fazer cursos de qualificação, que incluem pilotagem defensiva e legislação de trânsito", disse o ministro. (Agência Brasil)

Consumo faz PIB cair menos que o esperado, mas investimento desaba

A UGT desde Setembro do ano passado tem feito todos os tipos de alerta e mobilizado seus filiados para nos preparar para uma crise que afetaria nosso PIB, nossos empregos e nossa capacidade de consumo. Até agora, conseguimos, graças ao vigor do mercado interno e à decisão dos trabalhadores de consumir a favor do Brasil, manter a economia relativamente aquecida. Mas já começamos a sentir os efeitos do desemprego, pois trabalhador desempregado reduz o consumo e vamos passar por um período crítico até o próximo mês de Setembro, quando acreditamos que haverá uma nova recuperação em função das expectativas criadas com o Natal e as festas de fim de ano. Mesmo assim, é importante que os setores econômicos atuem através de seus líderes a favor do Brasil e do seu mercado interno. E que apostem em negociações que voltem a gerar empregos, que reduzam a rotatividade, que reforcem o mercado interno que é, em última instância, a grande alternativa para o Brasil conseguir superar a atual crise.

Leia mais: PIB cai 0,8% no primeiro trimestre, menos do que o previsto pelo mercado, mas confirma que País entrou em recessão. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 0,8% no primeiro trimestre de 2009, na comparação com o último trimestre de 2008, na série que expurga variações sazonais. O resultado, melhor que as projeções do mercado, mas ainda configurando uma "recessão técnica", foi marcado por fortes contrastes: o crescimento dos serviços contrabalançou a violenta queda na indústria e a expansão do consumo das famílias e do governo neutralizou parcialmente a intensa contração dos investimentos. "O consumo segurou e atenuou a desaceleração industrial", disse Roberto Padovani, estrategista do Banco WestLB no Brasil.   

Na comparação com igual período do ano anterior, o PIB no primeiro trimestre recuou 1,8%, o pior resultado desde o último trimestre de 1998. Em consequência, a produção de bens e serviços recuou para o nível do segundo trimestre de 2007. Na série encadeada de quatro trimestres, o PIB cresceu 3,1% até o fim de março, depois da expansão de 5,1% em 2008. A divulgação do PIB trimestral foi feita ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar de negativo, o PIB no primeiro trimestre ficou bem acima da média das projeções do mercado. No caso da comparação com o último trimestre de 2008, a projeção média era de recuo de 2% e a mais otimista, de queda de 0,9%.

PROJEÇÕES ­— O resultado surpreendente deu alento às perspectivas da economia em 2009 e está levando a uma correção para cima nas projeções do PIB deste ano. Agora, para que o crescimento seja zero em 2009, o PIB deve crescer 0,6% nos três últimos trimestres, ante igual período do ano anterior. Já uma expansão de 1,9% de abril a dezembro levaria o PIB a crescer 1% no ano, e a expansão de 3,2% levaria ao crescimento de 2%.

O PIB negativo de janeiro a março configura a chamada "recessão técnica", ou seja, dois trimestres seguidos de recuo na comparação com o trimestre anterior - no último trimestre de 2008, a queda foi de 3,6% -, numa contração total de 4,5%. Foi a maior queda em dois trimestres consecutivos da série iniciada em 1996. Incluindo a série anterior, a queda é a maior desde 1990, no Plano Collor, quando houve um recuo de 6,7% do PIB nos dois primeiros trimestres.

A indústria recuou 3,1% ante o trimestre anterior, depois de ter caído 8,2% no último trimestre de 2008. Ante os três primeiros meses de 2008, a indústria encolheu 9,3%, o pior desempenho da série iniciada em 1996. Todos os subsetores industriais caíram ante o primeiro trimestre de 2008, mas a pior contração, de 12,6%, foi na indústria da transformação (também o pior resultado da série), responsável por 57% da indústria como um todo.

Foram particularmente afetados os segmentos de máquinas e equipamentos, metalurgia, veículos, mobiliários e vestuários e calçados. "O desempenho da indústria foi bastante afetado pelas máquinas e equipamentos, o que bate diretamente no investimento", disse Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE.

A construção civil caiu 9,8% em relação ao primeiro trimestre de 2008, o pior resultado da série. O subsetor de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana caiu 4,2% e a indústria extrativa mineral, 1,1%, combinando o aumento de 6,5% na extração de petróleo e gás com a drástica queda de 38,1% na extração de minério.

Os serviços cresceram 1,7% no primeiro trimestre, com destaque para a intermediação financeira, com expansão de 5,8%; serviços de informação, de 5,4%; e outros serviços, de 7%. (Leia mais no Estadão)

CEF reduz juros e conta com queda da Selic

A Caixa Econômica Federal anunciou ontem que a partir do dia 15 deste mês 18 linhas de crédito comercial terão redução nos juros. É a sexta redução neste ano, mas desta vez o banco antecipou a possível baixa da Selic pelo BC, que divulga a decisão hoje.

A taxa do penhor caiu de 2,10% para 2,08% ao mês. Para o financiamento de veículos a taxa será a partir de 1,19% ao mês. A taxa mínima do cheque especial passou de 1,27% para 1,20% ao mês. (Leia mais na Folha)

Máquinas e eletrônicos terão ajuda do governo

O governo já estuda medidas para incentivar dois setores considerados importantes para impulsionar o crescimento este ano: bens de capital (máquinas e equipamentos) e eletroeletrônicos. Segundo os técnicos, a indústria de bens de capital precisa continuar ativa. Se ela sofrer um forte desaquecimento por causa da redução dos investimentos dos demais setores, a recuperação da atividade produtiva no país passará a depender de importações.

- Esse tipo de indústria (bens de capital), você não deixa morrer - disse um integrante da equipe.

Os cálculos do governo mostram que os investimentos vão crescer menos em 2009. Sem a crise, a taxa de investimentos fecharia o ano em 21% do PIB. Mas agora ficará próxima de 18%.

O governo deve publicar hoje uma medida provisória (MP) autorizando a União a fazer um aporte de R$ 4 bilhões para garantir financiamentos a micro e pequenas empresas. Esse dinheiro será dividido entre dois fundos - um do BNDES e outro do Banco do Brasil (BB) - e vai dar garantia a R$ 48 bilhões em financiamentos.

Pela MP, o Tesouro vai garantir recursos dos bancos privados emprestados a micro, pequenas e médias empresas. Isso será feito via fundo garantidor, que será criado pelo BB. Bradesco, por exemplo, poderá conceder os empréstimos e recorrer ao BB para terem acesso à cobertura do risco. O BNDES vai criar outro fundo, para cobrir os recursos da própria instituição, repassados aos agentes financeiros.

O fundo cobrirá até 80% do valor do empréstimo, limitados a 7% do total da carteira de cada banco. Além dos R$ 4 bilhões da União, as instituições deverão contribuir com 0,5% do valor da operação e o tomador, com um percentual pequeno. (Leia mais em O Globo)

Governo pode cortar imposto de salário

O governo pode retomar a discussão para a desoneração da folha de pagamentos das empresas para criar um estímulo adicional à atividade econômica e à preservação dos empregos. Essa alternativa está sendo considerada diante da queda de 14% nos investimentos no primeiro trimestre e do fraco desempenho da indústria.

Embora o governo tenha considerado que a queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,8% no primeiro trimestre foi "menos ruim" que os cenários mais dramáticos considerados por integrantes da equipe econômica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou preocupado com a situação da indústria.

Ontem, na reunião com os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, Lula recomendou um "acompanhamento permanente" do setor para identificação de problemas que possam ser equacionados pelo governo.

O objetivo do encontro era apresentar a Lula uma interpretação da queda do PIB. Os ministros foram detalhistas em questões como a drástica queda dos investimentos, as dificuldades do setor exportador, as restrições que ainda existem para a retomada da produção industrial, além de uma avaliação otimista sobre a demanda criada pelos gastos públicos e o consumo das famílias.

A estratégia, a partir de agora, é que os ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, o Banco Central, o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) façam uma avaliação sobre o que está acontecendo na oferta de crédito ao setor. O governo avalia que os empresários se intimidaram com os primeiros sinais da crise e não quiseram correr risco. Optaram pela venda de estoques e, agora, devem retomar os investimentos e, para isso, devem ter crédito.

Lula quis saber quais eram os dados sobre a capacidade instalada do setor. Bernardo explicou que os dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que a capacidade instalada alcançou 79,2% em abril ante 78,8% em março. "Existe uma margem enorme para investimentos", confirmou uma fonte.

Os problemas dos exportadores são mais complexos, no diagnóstico da equipe. A questão do câmbio é um fator importante, mas relativizado pelo fato de que o setor já conviveu com uma taxa de câmbio mais desfavorável. "A questão é externa", citou um assessor, tratando da retração em outros países. "Tudo depende do que acontecerá na economia americana, porque é muito pouco provável apostar em uma recuperação da Europa." (Leia mais no Estadão)