sexta-feira, 17 de julho de 2009

A crise financeira continua e afeta empregos e salários com impacto direto no mercado consumidor brasileiro

País cria vagas pelo 5º mês, mas geração cai 78% no semestre

A crise continua ativa e afetando a vida de milhões de trabalhadores brasileiros. A UGT tem se mantido alerta e chamado a atenção dos diversos setores económicos pois o pior da crise ainda não passou. Basta olhar de perto as estatísticas e comparar os bastidores das notícias. Tem mais contratação, mas ainda são insuficientes para fazer frente à necessidade de geração de 2,2 milhões de novas vagas anuais para dar a primeira oportunidade aos jovens. As contratações ainda que tímidas são feitas dentro dos mais cruéis turnovers da  nossa economia, em que se demite para contratar com salários 12% inferiores, se aproveitando da crise para transferir mais prejuízo ainda para os trabalhadores. Por isso, a necessidade urgente de o Brasil assinar a Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para a gente gerenciar esse massacre contra a classe trabalhadora. E a crise se manifesta também pela indiferença de vários setores que se beneficiaram da renúncia fiscal do governo (ou seja, uma renúncia fiscal feita por todos nós, brasileiros) e que não apresentaram a contrapartida social esperada com a geração de novas vagas ou até mesmo com a manutenção plena das vagas que tinham. Agora, estamos diante da exaustão do consumo. Porque nenhum mercado consumidor se sustenta por muito tempo sem a geração de empregos de qualidade, com salários dignos. E atravessaremos, portanto, uma fase delicada. Até que Dezembro chegue e nos gere um certo alívio no mercado de trabalho e no consumo. Mas, volto a insistir, a crise é ainda muito grave.

Leia mais: Caged registra 299.506 novas vagas com carteira assinada no ano, contra 1.361.388 no mesmo período de 2008. A geração de emprego com carteira assinada no Brasil caiu 78% no primeiro semestre de 2009, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 16, pelo Ministério do Trabalho. De acordo com os números do O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a junho foram criadas 299.506 vagas formais, contra 1.361.388 novos postos no mesmo período de 2008.
Em junho, o Caged registrou a geração líquida positiva de 119.495 empregos formais, volume 61,38% inferior registrado em junho de 2008, quando o saldo entre contratações e demissões foi positivo em 309.442 postos de trabalho. O desempenho elevou em 0,37% o estoque de empregos da economia brasileira, que atingiu 32.292.808 vagas. O saldo positivo em junho é resultado de um total de 1.356.349 admissões e 1.236.854 demissões.
 O número veio abaixo da expectativa do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, que era de geração de mais vagas do que em maio (131,557 mil). O número, inclusive, ficou abaixo do antecipado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, de 136 mil vagas formais.
 "Esperávamos uma recuperação melhor da indústria de transformação em São Paulo e, particularmente, um resultado melhor da indústria alimentícia", disse Lupi, destacando, entretanto, que espera um melhor desempenho do setor industrial a partir do segundo semestre deste ano.
 A indústria teve o terceiro mês seguido de saldo líquido positivo de empregos, ao registrar 2.001 novas vagas no mês passado. Mas, no primeiro semestre, a indústria ainda registra saldo negativo de 144.477 vagas.
 Lupi afirmou que o seu otimismo se sustenta no fato de que vários segmentos da indústria já não têm mais estoques tão altos quanto tinha no início do ano. "E quando os estoques baixam, eles voltam a produzir", disse.
O destaque em junho, no entanto, foi o setor de agropecuária, com a criação de 57.169 vagas. À exceção da extrativa mineral, que registrou saldo líquido negativo de 26 vagas, todos os demais setores mostraram contratações líquidas em junho. Serviços foi o segundo destaque do mês, com 22.877 vagas, seguido da construção civil (18.321 vagas).
 O ministro manteve a sua projeção de que, este ano, o Caged vai registrar pelo menos um milhão de novos empregos formais. Ele ainda confirmou sua estimativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer este ano 2%. Segundo ele, suas previsões otimistas hoje foram sustentadas um pouco mais pelo anúncio do PIB da China. A economia chinesa cresceu 7,9% no segundo trimestre do ano ante o mesmo período do ano passado.
Estados — Puxados pelos ciclos agrícolas e as atividades agropecuárias, os Estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que registraram o melhor desempenho na abertura de novos empregos formais no período de janeiro a junho deste ano. Segundo os dados, no primeiro semestre deste ano houve uma abertura líquida de vagas de trabalho em São Paulo de 139.605 postos. Minas Gerais, nesse mesmo período, teve um saldo líquido positivo de empregos com carteira assinada de 80.446 ocupações.
Somente no mês de junho, as estatísticas do Ministério do Trabalho também revelam os Estados de São Paulo e Minas Gerais na liderança da abertura de vagas formais, sob o ponto de vista geográfico. Minas Gerais registrou saldo líquido positivo de 45.596 vagas enquanto São Paulo registrou 27.602 postos de trabalho. As atividades na área agrícola também incrementaram as novas contratações no estado de Pernambuco no mês passado, com a criação no mês de 9.790 novos empregos no estado.
O conjunto das áreas metropolitanas, segundo o Caged de junho, apresentou um crescimento de 0,19% no estoque de empregos em relação ao mês anterior com a criação de 25.535 postos de trabalho. As cidades do interior do País continuaram liderando a expansão de ocupações formais com a abertura líquida de 80.406 colocações com carteira assinada. A explicação também são as plantações agrícolas e as atividades agropecuárias que são mais intensas no interior do País. (Leia mais no Estadão)
Setores desonerados não ampliam empregos
Os setores da indústria que receberam incentivos fiscais da União não ampliaram as contratações em junho. Dados da Fiesp (Federação da Indústria do Estado de São Paulo) e do Ministério do Trabalho mostram que a indústria automotiva mais demitiu que contratou e que o emprego no segmento que reúne fabricantes de material de construção ficou estável.
Segundo o Caged, indústrias de materiais de transporte -categoria que inclui fabricantes de autopeças e montadoras- tiveram saldo negativo de 0,55% em junho, resultado pior que os de maio e de abril.
Os dados da Anfavea (associação das montadoras) indicam que o emprego no setor voltou ao nível de novembro de 2007. Em junho, a produção cresceu 8,4% em relação ao mês anterior, mas as exportações no primeiro semestre caíram 48% em número de unidades ante igual período de 2008.
Luiz Aubert Neto, presidente da associação que representa os fabricantes de máquinas, um dos últimos segmentos desonerados pelo governo, diz que pode haver mais demissões. Ele revela que o nível de faturamento das indústrias retrocedeu ao patamar de março de 2007, quando o setor empregava 210 mil pessoas. Atualmente, são cerca de 230 mil.
"Se as empresas se ajustarem a esse faturamento de 2007, ainda são quase 22 mil empregos que a gente está com risco de perder", diz Aubert Neto. O presidente da associação ressalva que, se as medidas anunciadas pelo governo encorajarem os empresários a investirem e comprarem máquinas, as indústrias podem reconsiderar o ajuste do quadro de pessoal.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, destaca que há um descompasso estimado entre três e quatro meses entre a melhora da atividade econômica, conseguida após as ações do governo, e a retomada das contratações. "Gato escaldado tem medo de água fria."
Francini ressalta que, sem incentivos tributários, a queda no emprego nas indústrias poderia ter sido maior. Francisco Pessoa, economista da consultoria LCA, afirma que os benefícios anunciados pelo governo não atingem só os setores eleitos nas desonerações. "O cálculo da geração de emprego não deve ser feito só olhando montadoras, e sim na cadeia toda. Há pessoas trabalhando nas concessionárias, por exemplo, que se beneficiaram com o aumento da venda de veículos."(Leia mais na Folha)
Recém-admitidos recebem salários 12% menores
Levantamento feito pelo Ministério do Trabalho mostra que, apesar da expansão do emprego que tem sido observada nos últimos anos, as novas vagas oferecem salários inferiores àqueles recebidos pelos demitidos. E neste ano, marcado pelo agravamento da crise, a diferença entre essas duas cifras subiu.

Os números se referem aos trabalhadores com carteira assinada. No primeiro semestre deste ano, o salário médio das pessoas contratadas foi de R$ 754,79, enquanto as pessoas demitidas no período recebiam R$ 858,58.

Ou seja, os novos empregados recebiam, quando admitidos, 12% menos do que aqueles que perderam o emprego na mesma época. No primeiro semestre do ano passado, essa diferença estava em 6%.

O ministro Carlos Lupi (Trabalho) diz que, normalmente, as empresas demitem pessoas com mais tempo de casa -e, consequentemente, com maiores vencimentos- e as substituem por trabalhadores que ganham menos, e isso explica a diferença nos números.

Ao divulgar o levantamento, Lupi ressaltou que, independentemente do fenômeno, os salários pagos às pessoas admitidas no primeiro semestre deste ano são maiores do que a média observada entre janeiro e junho do ano passado. A alta ocorrida no período ficou 0,57% acima da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

A pesquisa do ministério mostra ainda que os salários pagos para os homens contratados com carteira assinada são maiores do que os das mulheres -média nacional de R$ 776,78 e de R$ 687,58, respectivamente. (Leia mais na Folha)

MOTOTÁXI:

ATIVIDADE DEVE SER REGULAMENTADA EM SÃO PAULO

O secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, disse ontem que a atividade de mototáxi deve ser regulamentada em São Paulo. Na semana passada, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) também admitiu liberar a atividade. O Senado aprovou neste mês a regulamentação da profissão de mototaxista no país. Cabe aos municípios regulamentar a atividade. Questionado se o município não teria o poder de aprovar uma lei proibindo a atividade, Moraes disse que não. (Folha)

Arrecadação cai pelo oitavo mês e acumula R$ 321 bilhões no semestre

A arrecadação de impostos e contribuições federais ficou em R$ 54,034 bilhões em junho, segundo divulgou a Receita Federal. Foi a oitava queda consecutiva na arrecadação em comparação a um mês anterior e um recuo real de 7,51% em relação a junho de 2008. No ano, a arrecadação acumula R$ 321,375 bilhões, 7,02% a menos em relação ao primeiro semestre de 2008. (Agencia Brasil)