quarta-feira, 22 de junho de 2011

Insistir para que o BNDES se transforme, de fato, em banco de desenvolvimento econômico e social

Emprestar para micro e pequenas empresas mas com contrapartida social

Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT

A UGT vem insistindo junto ao BNDES para que assuma, de fato, sua missão de banco social. Afinal, parte do dinheiro que é transferido para o banco vem do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e nada mais justo que a destinação final seja para ampliar a inclusão social. Infelizmente, até muito recentemente, o BNDES fazia opção pelos ricos. Ou seja, emprestava preferencialmente para grandes grupos econômicos e deixava do lado de fora as micro e pequenas empresas. Agora, parece que se ajusta a um novo patamar e faz jus à sua missão social. Precisa, contudo, vincular aos empréstimos que faz para este setor o compromisso de se gerar contrapartidas sociais, ou seja, exigir que as empresas respeitem os direitos trabalhista, garantam salários decentes, recolham o FGTS e o INSS, para que além da inclusão social através do emprego avancemos para melhorar a qualidade social dos empregados e empregadas que passariam também a se beneficiar destes empréstimos sociais do BNDES.

Desembolso total do BNDES recua, mas cresce participação das microempresas

O BNDES teve leve desaceleração no desempenho operacional nos primeiros quatro meses do ano. Os desembolsos de janeiro a abril somaram R$ 33,9 bilhões, registrando uma queda de 5% ante o primeiro quadrimestre de 2010. Em abril, isoladamente, os recursos liberados totalizaram R$ 9 bilhões, recuo de 14% na comparação com o mesmo mês do ano passado. As consultas, que sinalizam intenção de investimento futuro, atingiram R$ 52 bilhões, 10% a menos que de janeiro a abril de 2010.

Os números divulgados ontem não assustaram Gabriel Visconti, chefe do Departamento de Orçamento da área de Planejamento e Cláudio Leal, superintendente da área de Planejamento do banco que respondem pelas contas de desempenho operacional da instituição. Eles desenham um cenário de maior contenção para o banco em 2011. "Trabalhamos para manter um orçamento semelhante ao desembolsado no ano passado, na faixa de R$ 145 bilhões. Qualquer coisa em torno disso, para mais ou para menos, será entendida como zero a zero. A queda de 5% nos desembolsos do quadrimestre, por exemplo, é mais ou menos isso, um zero a zero", diz Leal.

A economia vai crescer menos em 2011, mas a missão do BNDES continuará sendo a de empurrar o investimento. Para fazer esta mágica, o BNDES espera contar com a ajuda do mercado financeiro privado para tirar dos ombros a missão de ser o financiador exclusivo do investimento de longo prazo, alertam os técnicos. Eles esperam que as medidas tomadas em 2010, como a desoneração tributária incentivando a emissão de papéis de longo prazo (debêntures, entre outros) vinculados a projetos de infraestrutura cumpram o objetivo de atrair as instituições financeiras privadas para financiar projetos de longo prazo.

Claudio Leal reconhece que essas ideias de estímulo ao setor financeiro ainda estão amadurecendo. A expectativa do BNDES é que elas surtam efeito este ano combinadas com três mudanças introduzidas internamente pela direção do banco para operar com o mesmo orçamento de 2010.

Para garantir um desembolso "zero a zero", o BNDES renovou o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) a custos mais elevados a partir de abril, e reduziu o nível médio de participação de recursos da instituição nas linhas de financiamento. "Agora não temos mais participação de 100% em nenhuma linha de crédito, nem mesmo em inovação", diz Leal.

Uma terceira alteração, já em curso, é contar com ajuda menor do Tesouro em 2011. "Algo na faixa de R$ 55 bilhões em títulos, conforme determina a Medida Provisória 156, aprovada na Câmara", informou Visconti.

"Fizemos estas reduções e estamos esperando a parceria do mercado. Em síntese, este é o recado do BNDES em 2011", afirmou Leal. Ele considera exitoso o resultado do primeiro quadrimestre do ano, pois houve um aumento surpreendente de participação das micro, pequenas e médias empresas no desembolso do banco, por conta em grande parte da venda de máquinas e equipamentos através do PSI e do Cartão BNDES. "Dos R$ 33 bilhões, 45% foram para este segmento. Historicamente este percentual ficava entre 22% e 23% e no ano passado ficou em 28%". (Valor)

Baixa renda terá telefone fixo a R$ 9,50
Alvos de programa a ser anunciado na próxima semana são cadastrados no Bolsa Família, aposentados rurais e deficientes. Valor prevê isenção de ICMS e 90 minutos mensais de ligação; concessionárias arcam com redução de preço.
O governo anuncia na próxima semana um programa de telefones fixos para famílias e pessoas de baixa renda a R$ 9,50 por 90 minutos mensais. O início é imediato.
Segundo o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o objetivo é atender as cerca de 12,6 milhões de casas beneficiadas pelo Bolsa Família, mais os aposentados rurais e os cadastrados como deficientes.
O valor de R$ 9,50 prevê a isenção do ICMS (imposto estadual), sob o argumento de que os Estados não terão nenhuma perda de arrecadação, pois o público-alvo não é usuário atualmente e, portanto, não paga nenhum imposto ou taxa em relação ao serviço.
Na hipótese de Estados que, mesmo assim, não queiram abrir mão do imposto, o preço final passará de R$ 9,50 para R$ 13,30. O valor da assinatura básica é hoje de R$ 46, segundo Bernardo.
Quem arca com a redução dos preços são as concessionárias, mas o presidente da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), embaixador Ronaldo Sardenberg, evitou dizer que elas estão "obrigadas" e usou de um eufemismo diplomático:
"Digamos que houve uma adesão negociada".
A proposta está em estudo desde o governo passado, foi aprovada pela Anatel, passou por consulta pública, foi avalizada pelo Ministério das Comunicações e será formalizada por meio de decreto da presidente Dilma Rousseff, como parte do plano de universalização.
BANDA LARGA -- O programa faz parte de conjunto de medidas que inclui a internet por banda larga a R$ 35 mensais e a definição de metas para a telefonia e a internet da área rural.
Segundo levantamento de abril, 49% dos domicílios da zona rural não tinham acesso sequer a telefone fixo.
Dados da Anatel levantados a pedido da Folha revelaram que 65 mil das 89 mil escolas públicas e 8.500 dos 14 mil postos de saúde e até postos da Polícia Rodoviária Federal não contavam nem com um orelhão.
Sardenberg disse ontem que em 2009 e 2010 foram instalados orelhões em cerca de 1.600 localidades (metade em cada ano) e que a meta é garantir o atendimento a 80% das casas rurais e de regiões remotas até 2015, incluindo aldeias indígenas e assentamentos.
Como área remota, ele entende localidades que estejam a até 30 km da sede do município, caso em que as empresas concessionárias serão obrigadas a oferecer o serviço.
"Não podemos ter, a esta altura, um país dividido entre quem tem e quem não tem telefone. Isso não faz o menor sentido", disse Sardenberg ontem. (Folha)

Pedidos de demissão crescem em SP

O trabalhador paulistano tem cada vez mais “pedido a conta” para o patrão. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que nos primeiros cinco meses deste ano, 297,1 mil profissionais pediram demissão na capital paulista — o maior número nos últimos cinco anos. A quantidade é 27,7% maior que o registrado no mesmo período de 2010 (232,6 mil) e representa 34,3% do total de pessoas que saíram do emprego na cidade entre janeiro e maio.

“Hoje, as pessoas não têm tanto medo de deixar o trabalho como antigamente e sentem confiança em conseguir outro emprego”, diz a advogada trabalhista Gislaine dos Santos, do escritório GoniniPaço, Maximo Patricio e Panzardi Advogados.

Na opinião do economista Sérgio Mendonça, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese), os dados refletem a alta mobilidade da mão de obra em São Paulo.

“Com a melhora na economia, as oportunidades aumentaram para todos. Por isso, muitos empregados são atraídos por ofertas de outras empresas com melhores salários e condições logísticas como horários, proximidade de casa, etc”, explica o economista do Dieese.

Empreendedor: Paulo Henrique pediu as contas na indústria onde trabalhava e comprou um minimercado (Foto: Andre Lessa/AE)

De acordo com Sillas de Souza Cezar, professor de economia da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), o fenômeno tende a ser mais forte para os setores onde a mão de obra é mais qualificada. “Neles, o fator demissão — seguro desemprego, medo de recolocação — é menos importante”, diz.

Os setores da economia que mais tiveram trabalhadores pedindo demissão foram Serviços (193.298 solicitações), Comércio (58.037), Indústria de Transformação (23.533) e Construção Civil (20.772). Já os setores que mais criaram vagas foram Serviços (112.178), Construção Civil (24.421), Indústria de Transformação (22.798) e Comércio (15.979).

Segundo Adriana Gomes, coordenadora acadêmica do centro de carreiras da pós-graduação da ESPM e diretora do site www.vidaecarreira.com.br, além de atender a propostas de outras empresas, alguns trabalhadores optam por abrir um negócio próprio.

“Cada vez mais os profissionais empreendem. Antigamente, as pessoas abriam negócio próprio por falta de opção. Esse pode ser um sinal de que hoje os profissionais estão em busca de novos desafios e novas oportunidades”, diz Gomes.

Em maio deste ano, o empresário Paulo Henrique Salim Elkhalil, de 36 anos, pediu demissão do emprego de vendedor em uma indústria na região central de São Paulo.

“Eu não estava satisfeito com o trabalho e pensava em abrir um negócio próprio. Pedi as contas e no dia 30 de abril comprei um mini-mercado”, diz o empresário. “Está dando certo e me sinto bem melhor. Estou trabalhando muito mais, mas estou mais feliz”, afirma Elkhalil.(Estado)

Funcionários da BR Distribuidora podem retornar ao trabalho nesta terça-feira

O movimento de paralisação de 72 horas iniciado nesta segunda-feira pelos empregados da Petrobras Distribuidora (BR) deverá ser suspenso nesta terça a partir das 6h, quando começará um novo turno nas unidades da companhia. A suspensão do movimento foi acordado no final da tarde durante reunião de conciliação entre representantes do sindicato da categoria (Sitramico) e da empresa, no Tribunal Regional do Trabalho (TRJ- RJ). Segundo o acordo, a principal reivindicação dos trabalhadores - o pagamento de anuênio - será discutida em setembro, data-base da categoria.

A proposta de suspensão da greve será apresentada aos demais empregados duranteassembléia marcada para as 5h30 desta terça-feira em frente à fábrica de lubrificantes da BR, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.

Segundo a empresa e o Sitramico, a paralisação das atividades não afetou a distribuição de combustíveis nos terminais e bases da BR, nem nos aeroportos. O presidente do Sitramico, Sérgio vieira, afirmou que o abastecimento a serviços essenciais foram mantidos.

A maior adesão ao movimento, segundo o sindicalista, foi verificada na fábrica de Duque de Caxias, onde todos os empregados teriam cruzado os braços. (O Globo)

Queda nas vendas leva montadoras ao governo

Presidente da Anfavea diz ao ministro Mantega que medidas de contenção do consumo deram resultado e pede que novas medidas não sejam adotadas.

As montadoras querem que o governo evite a adoção de novas medidas de contenção do consumo. O apelo foi feito ontem pelo presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, ao ministro da Fazenda, Guido Mantega. Segundo o executivo, a menor oferta de crédito e a desaceleração da economia este ano já reduziram o ritmo de vendas do setor.

"Viemos mostrar a ele (Mantega) que as medidas adotadas em dezembro passado estão dando efeito no mercado. O ritmo de crescimento do nosso setor está diminuindo", afirmou Belini. "Queremos que, pelo menos, não coloquem mais medidas."

No fim do ano passado, o Banco Central adotou um pacote de medidas - chamadas demacroprudenciais - para segurar a inflação e reduzir o ritmo de expansão da economia. Houve a elevação do volume de dinheiro que os bancos precisam manter no BC, o que reduziu o dinheiro em circulação, e aumentou a exigência de capital das instituições financeiras para empréstimos.

Segundo Belini, que integrava uma caravana de dez carros com diretores e assessores da Anfavea, o crescimento do setor deixará de ser de dois dígitos em 2011. A previsão é que as vendas de automóveis cresçam 5% em relação a 2010. "Na produção, talvez não seja isso. Não se sabe ainda porque tem muito aumento dos importados."

O ritmo das vendas continua em queda. Segundo dados apurados pela Agência Estado, até esta terça-feira, 21, foram emplacados em todo o País 195.264 veículos, nacionais e importados - média diária de 13.947 unidades, considerando os 14 dias úteis do período. Os números indicam um recuo de 3,7% em relação à média de vendas diárias em maio, que foi de 14.482 veículos. Em abril, esse número era ainda maior: 15.220 unidades vendidas por dia.

Apesar da desaceleração, o aumento ainda é expressivo porque a base de comparação é forte. No primeiro trimestre de 2010, as vendas foram elevadas porque o consumidor antecipou as compras para aproveitar os últimos meses de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que voltou ao nível normal em abril do ano passado.

"O mês não fechou ainda. Não dá pra fazer qualquer julgamento porque no fim do mês ocorrem muitas promoções que podem melhorar as vendas. Esperamos que melhore", disse Belini. Ele lembrou que o setor contribui com 23% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial e com 5% do índice de crescimento da economia nacional. "São cerca de 200 mil empresas ligadas ao nosso setor e mais de 1,5 milhão de pessoas em toda a cadeia produtiva." (Estado)

Santander e Natura se unem para microcrédito

O Banco Santander e a Natura criaram juntos linha de empréstimo exclusiva para o exército de revendedoras da empresa de cosméticos. Para o banco, a parceria representa uma forma de levar seu negócio de microcrédito para um segmento de mercado informal com relativa segurança.

O plano inicial, que está sendo testado, é que os empréstimos sirvam para que novas vendedoras comprem seus primeiros produtos Natura. Mas já há conversas para expandir esses empréstimos para que consultoras antigas possam ampliar seus estoques e alavancar as vendas.

Desde fevereiro, as empresas tocam um projeto piloto nas comunidades cariocas do Complexo do Alemão e da Cidade de Deus. O teste deve ir até outubro e o plano é levá-lo para outras comunidades de mesmo perfil.

Com a parceria, além de indicações de clientes, o Santander ganha uma espécie de "cadastro positivo" das empreendedoras de baixa renda, valendo-se das informações que a Natura levanta sobre cada uma de suas vendedoras. Uma das dificuldades das operações de microcrédito dos bancos é justamente levantar o histórico dos clientes, que costumam estar inseridos na economia informal.

Nessa primeira fase, o crédito do Santander serve apenas para pessoas que querem se tornar vendedoras da Natura, mas estão com o nome sujo - com dívidas acima de R$ 500. O empréstimo precisa ser aplicado na compra dos primeiros produtos da nova vendedora. O superintendente de microcrédito do Santander, Jerônimo Ramos, diz que consegue reduzir o risco de calote obrigando que o empréstimo seja tomado em grupo. A vendedora potencial precisa encontrar outras pessoas interessadas em tomar um empréstimo para que um sirva como garantia do outro. Esse segundo tomador não precisa ser uma consultora da marca de cosméticos. Obviamente, o banco também expande suas operações com essa estratégia.

Para o Santander a vantagem do negócio está no acesso a um expressivo mercado potencial de empreendedoras para microcrédito. A Natura tinha 1,028 milhão de vendedoras em dezembro de 2010, número 17,5% maior que o do ano anterior. Ainda assim, a empresa está atrás da Avon, com cerca 1,1 milhão de vendedoras.

Jerônimo Ramos diz que a parceria é uma das ações do banco para ganhar espaço nas concessões de microcrédito no Sudeste. Segundo ele, no futuro, os empréstimos devem permitir a ampliação dos estoques das vendedoras Natura, fator importante para aumentar as vendas imediatas. Nesse caso, ele diz que os empréstimos poderiam ser feitos individualmente.

"Há um casamento natural entre as vendas cara-a-cara da Natura e o nosso modelo de microcrédito", diz. O raciocínio do Santander é que, quando a Natura faz prospecção de novas vendedoras, acaba fazendo uma análise semelhante à do agente de microcrédito do banco na hora da concessão de empréstimo, o que possibilita a combinação das operações. A Natura faz um filtro inicial e o agente de crédito do Santander é responsável por aprovar a operação.

O tíquete médio desse empréstimo é de R$ 500,00, num prazo de quatro meses. Junto com os empréstimos as duas empresas promovem cursos de educação financeira.

Luis Bueno, diretor regional da Natura que supervisiona o Rio de Janeiro, diz que a vantagem está na maior presença da empresa num mercado que vem crescendo. "O projeto nos ajuda a expandir nossa base de consultoras", diz. A empresa diz já observar crescimento no número de vendedoras da região, mas não revela quanto.

Bueno diz que parceria com o Santander é fruto de uma pesquisa que a Natura fez no ano passado para entender melhor as necessidades das comunidades de baixa renda. A empresa queria encontrar uma maneira de adaptar seu modelo de negócio à situações de alta informalidade. (Valor)

Dissídios têm validade de 4 anos

As negociações coletivas frustradas entre sindicatos de trabalhadores e empresas, normalmente levadas anualmente ao Judiciário, podem tornar-se esparsas e até comprometer o reajuste salarial de algumas categorias. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) publicou um precedente normativo pelo qual reconhece o prazo de validade de até quatro anos da sentença normativa, resultado do dissídio coletivo. Apesar de a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) já prever esse período, na prática muitos juízes aplicavam o prazo de validade de apenas um ano.

O TST reafirmou agora no precedente normativo nº 120, que deve ser utilizada a validade máxima prevista na lei e que as partes, após um ano, podem pedir revisão do que foi decidido, se assim quiserem. Para isso teriam que entrar com um novo pedido de reconsideração na Justiça, que será avaliado pelo juiz responsável. O precedente, apesar de não possuir efeito vinculante, serve de norte para outros tribunais, segundo o advogado Marcel Cordeiro, sócio do Salusse Marangoni Advogados.

A validade de quatro anos para as sentenças é considerada muito longa para o advogado Túlio de Oliveira Massoni, do Amauri Mascaro Nascimento Advocacia Consultiva. Segundo ele, isso pode trazer dificuldades tanto para empresas quanto para trabalhadores. "Como a tendência é respeitar acordos coletivos anteriores, todos terão que ficar muito atentos a isso, já que a validade agora poderá ser maior".

Massoni afirma assessorar, por exemplo, uma empresa em crise financeira que não teria condições de renovar as cláusulas que tratam do plano de saúde e de cesta básica. "Se isso for para dissídio coletivo, a tendência é que o tribunal mantenha por mais quatro anos", afirma. Para ele, a alteração também não seria benéfica aos trabalhadores porque perderiam o direito de greve enquanto vigorar a sentença normativa, salvo se houver descumprimento de cláusulas. "A medida de certa forma engessa a negociação coletiva, que deveria ser mais estimulada", afirma.

Já o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região, em São Paulo, Davi Furtado Meirelles, afirma defender esse prazo de quatro anos há muito tempo na Seção de Dissídios Coletivos da Corte. "As cláusulas sociais propostas são sempre as mesmas. Por isso, sempre defendi a duração de quatro anos, com exceção das cláusulas econômicas, que poderiam ser renovadas ano a ano". Agora, com o precedente normativo do TST, sua argumentação ganhará mais força. "Isso racionaliza tempo, serviço e papel", avalia.

Ainda que o prazo máximo possa ser aplicado com mais frequência, nada impede, segundo o desembargador, que uma das partes entre com pedido de revisão após um ano. "Acredito que não será do interesse nem do empregado, nem do empregador, que não haja reajuste por quatro anos. A empresa também quer ter uma previsão dos custos e deve optar pelo reajuste anual", diz.

Para a assessora sindical do Sindicato da indústria do Açúcar no Estado de São Paulo e do Sindicato da Indústria da Fabricação do Álcool no Estado de São Paulo, Elimara Assad Sallum, o precedente não impacta diretamente o setor. Isso porque, segundo ela, há mais de 15 anos as indústrias e os trabalhadores firmam convenções e acordos coletivos de trabalho sem a necessidade de levar a negociação ao Judiciário para se obter uma sentença normativa. Nos casos de acordos ou convenções, valerá o prazo que as partes determinarem e assinarem no documento.

Elimara Sallum ressalta, porém, que de modo geral o precedente altera a dinâmica dos dissídios coletivos. No entanto, o objetivo da alteração, como avalia, seria evitar que as categorias fiquem sem o respaldo de uma norma, caso não tenham conseguido celebrar a tempo um novo acordo ou convenção coletiva. Ou mesmo chegar a um acordo comum para ajuizar dissídio coletivo para obter uma nova sentença normativa.

Os advogados Ricardo Trotta, sócio do escritório que leva o seu nome, e José Guilherme Mauger, do PLKC Advogados, afirmam que o precedente é importante para acabar com esse lapso temporal. "Com a grande quantidade de dissídios sub judice, as decisões dos tribunais trabalhistas não são instantâneas, gastando-se algum tempo até que elas sejam proferidas", explica Mauger. Para ele, embora o bom senso, em regra geral, prevaleça, sem que tal vácuo crie maiores problemas entre patrões e empregados, o precedente do TST "deixou esse cenário um pouco mais claro". (Valor)

Proposta obriga empresas a informar valor total de compras parceladas

Tramita na Câmara o Projeto de Lei 919/11, do deputado Reguffe (PDT-DF), que obriga as empresas a informar o valor total de compras parceladas de produtos ou serviços, incluídos os empréstimos e financiamentos bancários. A proposta altera o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90).

Segundo o autor, o valor total não fica claro, “causando incertezas e confusões na mente do consumidor”. Reguffe espera que, com a medida, o consumidor possa comparar o valor total a ser parcelado com o valor que seria pago à vista. (Fonte: Câmara dos Deputados Federais)

Antecipação de metade do 13º de aposentados sai em agosto

Informação foi divulgada nesta terça-feira pelo Ministério da Previdência.
Governo, entretanto, não informou qual será o valor da antecipação.

O Ministério da Previdência Social confirmou nesta terça-feira (21) que metade do pagamento do 13º salário dos aposentados será feita no mês de agosto, a exemplo do ocorrido nos cinco últimos anos. O valor da antecipação de 2011, entretanto, ainda não foi divulgado pelo governo federal.

O Ministério da Previdência informou ainda que o titular da pasta, Garibaldi Alves, comprometeu-se a levar para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a proposta de uma política de antecipação do pagamento da metade do 13º salário dos aposentados e pensionistas.

A ideia é que, em 2012, essa antecipação seja paga em julho e que, em 2013, o pagamento de metade do 13º salário dos aposentados e pensionistas aconteça um mês antes, em junho, informou o Ministério da Previdência Social.

Garibaldi Alves, que se reuniu na manhã desta terça-feira com dirigentes de entidades representativas de aposentados e de centrais sindicais, também informou que negociará com Mantega o pagamento da diferença de 0,06% que não foi aplicada no reajuste dos aposentados em 2011. A Previdência pagaria a diferença computada desde janeiro para os aposentados.

Outro ponto que deverá ser incluído na pauta da reunião entre os ministros Garibaldi e Mantega, segundo o Ministério da Previdência, é o pagamento das revisões do teto realizadas pelas emendas constitucionais de 1998 e 2003. O Ministério da Previdência informou que pretende quitar a dívida de forma parcelada e escalonada. Quase 140 mil aposentados têm direito a um montante que chega a R$ 1,5 bilhão, informou. (G1)

Fecomercio: dívidas das famílias brasileiras atingem R$ 13,5 bilhões por mês

O valor total de dívidas mensais nas capitais brasileiras atingiu R$ 13,5 bilhões, em média, de janeiro a maio deste ano, montante 23,85% maior que o do mesmo período de 2010, de acordo com estudo divulgado pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) nesta terça-feira (21). Se considerada uma taxa média de 43% de juros nos empréstimos, diz a federação, é possível observar que cerca de R$ 5,8 bilhões dessa dívida corresponde exclusivamente ao custo dos empréstimos.
Além disso, o total das dívidas corresponde, aproximadamente, ao orçamento anual do Bolsa Família, já que atualmente, o programa possui 12,9 milhões de beneficiários que recebem mensalmente de R$ 22 a R$ 200.
Conforme o apontamento, as dívidas nas capitais brasileiras por família giraram em torno de R$ 1.527 nos primeiros cinco meses de 2011, contra R$1.298 em 2010.
Já o nível de comprometimento médio da renda mensal das famílias brasileiras com dívidas ficou em 29%, de janeiro a maio de 2011, mesmo percentual observado no mesmo período do ano passado. A taxa de endividamento subiu de 61%, em 2010, para 64% neste ano.
Juros -- Em dezembro do ano passado, a taxa de juros média foi de 40,6% ao ano, para empréstimos destinados a pessoas físicas e, em abril de 2011, atingiu 46,8% ao ano, o que remete a um aumento de 6,2 pontos percentuais em apenas quatro meses.
Segundo estimativas da Fecomercio, as famílias brasileiras pagaram, até abril de 2011, R$ 55,1 bilhões de juros. Caso não houvesse esse aumento na taxa, esse valor seria de R$ 50,4 bilhões, ou seja, foram retirados do consumo das famílias R$ 4,5 bilhões para o pagamento de empréstimos em todo o País.
Causas e efeitos -- De acordo com a Fecomercio, a estabilidade das dívidas das famílias brasileiras torna pequeno o risco da ocorrência no país de uma crise de crédito bancário, pois o baixo nível de comprometimento da renda, a sofisticação do sistema de proteção adotada pelos bancos na concessão de crédito e as elevadas taxas de juros fazem com que o sistema financeiro esteja de certa forma imune a uma eventual elevação da inadimplência. (Infomoney)

Expansão da capacidade produtiva foi principal fator para investimentos na indústria este ano, diz FGV

Rio de Janeiro - O desejo de expandir a capacidade produtiva foi o principal fator que impulsionou os empresários industriais a fazer investimentos em 2011. O motivo foi apontado por 36% das empresas pesquisadas. No ano passado, essa explicação para a ampliação dos investimentos produtivos foi citada por 40% delas.

A constatação faz parte da Sondagem de Investimentos, divulgada hoje (20) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O levantamento foi feito nos meses de abril e maio e revela, ainda, que entre 1998 e 2010, a expansão de capacidade foi o objetivo mais citado em apenas quatro edições da sondagem: 2007, 2008, 2010 e 2011.

O segundo motivo para a opção por investimentos este ano é o aumento da eficiência produtiva, assinalado por 33% das empresas, contra 28% em 2010. A indicação de substituição de máquinas e/ou equipamentos como principal objetivo diminuiu de 18% para 15% de um ano para outro. Já a proporção dos empresários que dizem estar sem programa de investimento ficou em 16% do total, também acima dos 14% registrados em 2010.

A sondagem também constatou que em 2011 o número de empresas industriais que apontaram algum tipo de dificuldade para fazer investimentos em capital fixo ficou estável em relação ao ano passado, em 33% do total. Esse resultado, no entanto, é bem inferior ao registrado em 2009 (87%), período em que os investimentos foram afetados pela crise internacional.

Ainda de acordo com o documento, o principal fator inibidor desses investimentos é a carga tributária elevada, apontada por 42% das empresas. O resultado aponta um aumento de 16 pontos percentuais em relação ao ano passado.

Em seguida, aparecem a limitação de recursos próprios (34% das empresas, ante 42% em 2010), o custo de financiamento (33%) e a limitação de crédito (24%). O item incertezas acerca da demanda foi citado por 19% da empresas, ficando 1 ponto percentual abaixo do ano passado e bem inferior aos 50% alcançados em 2009.

A Sondagem de Investimentos é um levantamento estatístico trimestral que fornece sinalizações sobre o rumo dos investimentos produtivos no setor industrial. Para fazer o estudo, foram coletadas informações de 812 empresas no período entre 7 de abril e 31 de maio.(Agência Brasil)