sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Greves voltam para mesa de negociação diante da indiferença dos patrões
A única resposta que as lideranças dos trabalhadores deve dar aos patrões, diante da redução dos ganhos, causada pela inflação: é ampliar mais ainda a mobilização. A análise do Dieese, publicada nos jornais e que você lerá em seguida, mostra que ainda temos um excelente nível de ganhos, com os 73,5% de categorias que conseguiram ganho real. Mas estamos com indicadores que mostram que os patrões estão endurecendo nas negociações num momento de grandes avanços na economia.
Leia a notícia:
Segundo o Dieese, a parcela das negociações salariais com ganho real no primeiro semestre é a menor em dois anos. Levantamento mostra que 73,5% das categorias conseguiram aumento superior à inflação; um ano antes, haviam sido 87,1%
O aumento da inflação reduziu o número de categorias trabalhistas que obtiveram reajustes reais ou a reposição da alta de preços no primeiro semestre do ano. Das 309 negociações acompanhadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos) no período, 12,3% obtiveram a reposição do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), enquanto 73,5% lograram aumentos maiores e 14,2% tiveram que se contentar com reajustes menores. Em 2007, 87,1% haviam obtido aumento superior ao INPC, 9,5%, igual, e 3,4%, abaixo do índice.
"A explicação para essa queda está justamente na inflação, que passou do patamar médio de 4% no ano passado para o de 6%", diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador técnico do Dieese. "Fica mais difícil alcançar aumentos reais."
Entre os trabalhadores que tiveram reajustes reais, a maior parte recebeu até dois pontos percentuais acima do INPC. Dos que não chegaram a obter a reposição da inflação, a maioria conseguiu aumentos no máximo um ponto percentual abaixo do índice medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). "É uma diferença pequena, portanto", salienta Silvestre.
Os percentuais dependem também do poder de barganha da categoria, o que está relacionado ao grau de organização do seu sindicato e à produtividade do setor. Por esse motivo, maior sucesso tiveram os operários da indústria, onde 81,3% das negociações resultaram em reajustes superiores à inflação. No caso dos comerciários, o índice foi semelhante, de 80%. Os profissionais do segmento de serviços, no entanto, apenas em 64% das suas negociações tiveram aumentos reais.
No Sul e no Centro-Oeste, foram registrados os melhores resultados: 85,7% das campanhas na primeira região e 84,6% na segunda tiveram aumento real. Os piores foram vistos no Norte, com 62,5% de acordos acima do INPC.
Perspectivas — "O cenário no país é positivo, mas o crescimento das vendas e dos lucros das empresas não necessariamente está se traduzindo em melhoria de salários", destaca Silvestre. "Isso significa que ainda há bastante espaço para avanços."
Na avaliação do técnico do Dieese, como a economia promete seguir em passo rápido, as categorias cujas datas-base se encontram no segundo semestre podem negociar aumentos maiores.
Inflação para baixa renda é a menor desde junho de 2006
Primeiro você acelera até 150 km por hora. Ao temer por sua segurança, abaixa a velocidade para 120 km por hora. A velocidade diminuiu, mas o veículo continua, ainda, em alta velocidade.
É o mesmo raciocínio para a inflação. Subiu a patamares que transfere renda do bolso da família trabalhadora para os empresários. Depois dá uma desacelerada e se noticia que a inflação diminuiu, que caiu, que é menor etc. Mas os patamares continuam altos. E a gente tem que recuperar os valores perdidos nos salários nas negociações salariais. Mesmo quando os patrões, covardemente, teimam em manter para eles os estrondosos ganhos nesta época de quase euforia da economia brasileira.
Veja o texto: Para economista da FGV, custo de vida ainda está alto para os mais pobres. A inflação para famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos é a mais baixa desde junho de 2006. A queda no preço dos alimentos derrubou o IPC-C1 (Índice de Preços ao Consumidor -Classe 1) para -0,32% em agosto, menor taxa em mais de dois anos. Pela primeira vez no ano, os preços para essas famílias ficaram abaixo do que foi verificado pelo IPC-BR, que mede a inflação para famílias com renda até 33 salários.
O resultado deve-se principalmente à deflação de 1,35% nos preços dos alimentos, que respondem por quase 40% dos gastos das famílias mais pobres. Em escala menor, também foi beneficiado pela variação de -0,33% no grupo vestuário e pela desaceleração de 0,97% para 0,22% no grupo saúde e cuidados pessoais.
O alívio, porém, não foi suficiente para compensar a alta acumulada nos últimos meses. O economista André Braz, da FGV (Fundação Getulio Vargas), destaca que o IPC-C1 acumulado no ano está em 6,27%, contra 4,54% do IPC-BR. Nos últimos 12 meses, a diferença é ainda maior: 8,45% contra 5,93%. "A sensação para o consumidor de baixa renda ainda é a de que o custo de vida está mais alto", disse.
Ele afirma que algumas das principais influências no mês vieram de produtos como o arroz branco (que caiu de 0,72% em julho para -2,59% em agosto), o feijão carioquinha (de 6,01% para -7,26%), a farinha de trigo (de 0,16% para -4,03%) e o óleo de soja (de -0,54% para -4,40%).
No acumulado dos últimos 12 meses, porém, os preços desses itens continuam apresentando crescimento de pelo menos dois dígitos: 39,76% para o arroz, 117,5% para o feijão, 31,78% para a farinha de trigo e 48,74% para o óleo de soja. De todos os principais subgrupos alimentícios, apenas três registram deflação no acumulado desde setembro do ano passado: adoçantes e doces, chocolates e laticínios.
Sem acordo, metalúrgico ameaça greve geral na 2ª
Como disse, os patrões e empresários brasileiros estão abusando da boa onda da economia. É hora de negociar e aceitar as reivindicações dos trabalhadores. Os números são sólidos e mostram ganhos estrondosos. Falta apenas bom senso. Para os trabalhadores em comércio se desenha a mesma situação enfrentada pelos metalúrgicos. Em 65 anos de negociações salariais, pela primeira vez nossa categoria começa a organizar uma greve como alternativa à indiferença e prepotência patronais. Não é essa a nossa preferência. Tradicionalmente, apostamos sempre na negociação. Mas diante da indiferença patronal, com o próprio negócio, com a manutenção dos ganhos neste momento de pico da economia e, principalmente, um descaso absoluto com seus principais parceiros, que são os seus trabalhadores, só nos restará a greve (dentro da lei, conforme prevê a Constituição) a serem mantidas as atuais ofertas patronais para os comerciários.Veja as notícias dos metalúrgicos e mobilize sua categoria:
Sem chegar a um acordo salarial com as montadoras, os metalúrgicos de Volkswagen, Ford, Scania e Mercedes-Benz decidiram suspender a realização de horas extras e a produção no final de semana para pressionar os fabricantes de veículos a negociarem um aumento real "razoável". Se não houver acordo até amanhã, a categoria pode fazer greve geral a partir de segunda-feira.
A medida vale para os trabalhadores do ABC de outras empresas que também estão em campanha salarial, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ao menos 10 mil empregados da Volkswagen, Ford, Scania e autopeças de Diadema paralisaram em até duas horas as atividades ontem.
As paralisações, concentradas na entrada dos turnos da manhã, não afetaram a produção, segundo as montadoras.
No Paraná, cerca de 8.000 metalúrgicos da Renault/Nissan e Volkswagen/Audi decidiram ontem manter a greve em São José dos Pinhais. A paralisação completa hoje cinco dias.
Até a noite de ontem, representantes das montadoras do ABC e dos trabalhadores estavam reunidos na sede do Sinfavea (sindicato dos fabricantes de veículos) para tentar chegar a um acordo.
"As montadoras têm até sábado [amanhã] para apresentar um proposta decente, caso contrário a greve será por tempo indeterminado a partir de segunda-feira. O que foi oferecido está longe do razoável", afirma Sérgio Nobre, presidente do sindicato da categoria no ABC.
"Na negociação, pensamos a longo prazo e não apenas no atual momento da indústria, assim como as decisões sobre investimento. Temos de pesar também as condições competitivas da indústria no cenário internacional e nos impactos de qualquer aumento de custo", diz Jackson Schneider, presidente da Anfavea (fabricantes). "Estamos abertos à negociação e acredito na maturidade dos atores nesse diálogo."
Os sindicalistas não divulgam o índice de reajuste pretendido no ABC, mas já descartaram a proposta feita anteriormente de 1,25 ponto percentual de aumento acima da inflação.
No ano passado, o aumento real nos salários chegou a 2,5 pontos acima da inflação. A indústria automobilística encerrou o ano com 2,34 milhões de automóveis e comerciais leves emplacados -melhor resultado dos últimos dez anos. Nos oito primeiros meses deste ano, os licenciamentos já alcançaram 1,94 milhão de unidades -26,4% de aumento sobre mesmo período de 2007.
"Uma parcela do crescimento do setor tem de ir para o bolso do trabalhador. Não estamos pedindo 20% de aumento real.
Sem acordo, vamos cortar as horas extras", diz Moisés Selerges, diretor do sindicato.
Na Mercedes-Benz, os metalúrgicos estimam que 400 caminhões e ônibus deixarão de ser produzidos no final de semana. Anteontem, outros cem já deixaram de ser fabricados com uma paralisação.
Os metalúrgicos ligados à Força Sindical fizeram passeata e manifestação ontem pela manhã em frente ao prédio da Fiesp (federação das indústrias), na avenida Paulista. Para a central, a adesão foi de 5.000 trabalhadores representados por 54 sindicatos paulistas. Para a PM, foram cerca de 1.500.
"Os 20% de reajuste que pedimos foi calculado com base na produtividade que o setor teve e na inflação que tem de ser reposta", diz Eleno Bezerra, presidente do sindicato da categoria em São Paulo e da confederação nacional da Força.
No Paraná, os trabalhadores rejeitaram contraproposta das empresas de reajustar os salários em 10% -sendo 2,5 pontos percentuais de aumento real.
Os grevistas pedem o dobro.
Já os 2.700 funcionários da Volvo (Curitiba) aceitaram a proposta patronal e receberão 10% mais abono de R$ 1.500. O sindicato da região informa que cerca de 6.600 veículos deixaram de ser fabricados desde o início da paralisação.
Produção industrial sobe em 10 de 14 regiões
A produção industrial subiu em dez das 14 regiões pesquisadas em julho na comparação com o mês anterior, segundo o IBGE.
Na média nacional, a indústria apresentou alta de 1% na mesma base de comparação. Os principais incrementos foram verificados em Goiás (3,1%), Pará e Amazonas (2,3% cada um), Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo (2,1% cada), Minas Gerais (1,8%) e Bahia (1,5%). Essas regiões ficaram acima da média nacional.
Ao mesmo tempo, tiveram queda na passagem de junho para julho Pernambuco (-3,2%), Ceará (-1,4%), Rio Grande do Sul (-1,1%) e região Nordeste (-1,0%).
Cresceram abaixo da média Rio de Janeiro (0,6%) e São Paulo (0,3%).
Na comparação com julho do ano passado, a atividade industrial cresceu em 13 das 14 regiões analisadas.
Na média nacional, a indústria cresceu 8,5%, quando se utiliza a mesma base de comparação.
As principais altas foram notadas em Goiás (17,6%), Paraná (15,1%), Espírito Santo (14,3%), São Paulo (10,9%), Pará e Minas Gerais (ambos com 8,6%) e Amazonas (8,5%). Abaixo do nível de crescimento nacional, apareceram Ceará (6,3%), Rio Grande do Sul (6,2%), Rio de Janeiro (5,4%), Santa Catarina (3,6%), Pernambuco (1,7%) e Bahia (0,5%).
No acumulado de janeiro a julho, todas as regiões apresentam crescimento na produção industrial, com destaque para os Estados do Espírito Santo (12,8%), do Paraná (11,8%) e de São Paulo (10%).
No acumulado de 12 meses até julho, a produção industrial também foi ampliada em todas as regiões, principalmente, mais uma vez, no Espírito Santo (13,9%), em São Paulo e no Paraná (ambos com 9,3%). Na média nacional, esse avanço foi de 6,8%.
Mais de 12 milhões de idosos são chefes de família
Trabalho ao longo de uma vida toda faz com que os idosos surpreendam com um perfil de vida que a todos honra e estimula. Mas o Brasil ainda é devedor para com os idosos. Mesmo com as recentes políticas de recuperação do salário mínimo, com reflexos nas aposentadorias e pensões, precisamos fazer muito mais em respeito a quem já deu toda a sua vida para o País.
Veja a notícia: A imagem de um idoso entediado de pijamas está longe do cotidiano da terceira idade no Brasil. Hoje, eles representam 10,1% da população, alcançando 18,5 milhões de pessoas. E não devem nada para as gerações seguintes. Segundo dados reunidos pelo cientista social e ex-coordenador da ONU, José Carlos Libânio, os idosos chefiam 12,2 milhões de lares brasileiros, ou 22% do total (são considerados chefes, pelo critério do IBGE, aqueles apontados como tal pela família no momento da pesquisa).
Além disso, 71% da terceira idade do país conseguem ser independentes financeiramente. Apenas 5% dos homens e 23% das mulheres se dizem em dificuldade financeira. A grande maioria dessa faixa da população, 83%, possui casa própria já quitada.
- Esses fatos quebram um mito, mostrando que os idosos continuam a acumular patrimônio. Os mais jovens estão, na verdade, em desvantagem atualmente - analisa Libânio.
Em crescimento — As cifras também jogam a favor dos mais velhos. "A parcela de idosos da população tem crescido cada vez mais e isso deve continuar assim. Em 2050, calcula-se que um em cada três brasileiros serão da terceira idade – afirma.
O movimento é intenso. Entre 1940 e 2006, o número de idosos no país cresceu 11 vezes, passando de 1,7 milhão para 18,5 milhões. A mudança também levou a uma reviravolta nos mercados, cada vez mais interessados nesse segmento. Afinal, eles já são responsáveis por nada menos do que R$ 243 bilhões.
Grande parte da renda da terceira idade, 49%, vem da Previdência, majoritariamente do INSS. Na seqüência, com 39%, estão os rendimentos vindos do trabalho. Os aluguéis também representam uma porcentagem significativa da renda dos idosos, 7%.
As mulheres, por terem uma expectativa de vida maior do que os homens, representam 55% dos idosos. E têm uma velhice mais solitária. A viuvez das idosas é 3,4 vezes maior do que a dos idosos.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Patrões apostam na concentração de renda e no arrocho salarial
"Metalúrgicos param montadoras no interior de SP por reajuste" e
"Faturamento da indústria cresce 13,2%, apura CNI"
Fiz questão de juntar as duas notícias para que percebamos o absurdo que vivemos em nossa relação capital trabalho. Num dos melhores anos de nossa economia, provavelmente, em séculos, os patrões mostram toda a sua mesquinhez nas negociações salariais. É essa falta de patriotismo, de reconhecimento da contribuição dos trabalhadores para a acumulação do lucro que está na base da concentração de renda no Brasil. A UGt apoia os metalúrgicos. Temos que endurecer nas negociações, mobilizar a opinião pública e quando for necessário, parar a produção. Patrão que só quer aproveitar do crescimento do Brasil em causa própria tem que ser enfrentado com firmeza.
GM, Honda, Toyota e Mercedes-Benz enfrentam paralisação. Funcionários protestam contra reajuste oferecido pelas empresas.
Milhares de metalúrgicos no interior de São Paulo pararam a produção de pelo menos quatro montadoras de veículos nesta quarta-feira (3) em protesto contra reajuste salarial proposto pelas empresas, segundo informou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.
A greve de 24 horas iniciada nesta quarta-feira afetou as fábricas de General Motors, em São José dos Campos, e de Honda, em Sumaré; Toyota, em Indaiatuba; e Mercedes-Benz, em Campinas.
Segundo o secretário geral do sindicato, Luís Carlos Pratez, cerca de 5 mil trabalhadores da GM decidiram pela greve em assembléia na manhã desta quarta-feira. A paralisação afeta 9 mil funcionários e a produção de cerca de 950 a 1.000 veículos, além da produção de motores, segundo informou a entidade.
A assessoria de imprensa da GM confirmou a paralização da fábrica mas evitou comentar o impacto na produção.
Reivindicações -- De acordo com Pratez, metalúrgicos do interior de São Paulo pedem reajuste de 18,83% (índice que inclui inflação mais o aumento real) além de garantia de gatilho salarial toda a vez que a inflação atingir 3%.
As montadoras, que negociam representadas pelo Sinfavea, ofereceram na última negociação reajuste de 1,25% real mais inflação, segundo os metalúrgicos. A assessoria de imprensa da entidade informou que não comenta detalhes das discussões com os trabalhadores.
"A proposta das montadoras é rídicula diante do crescimento que vêm tendo desde 2003, tanto em relação a vendas internas e externas e ganho de produtividade", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, Jair dos Santos.
"Queremos uma proteção dos salários porque a inflação tende a continuar em alta. Corremos o risco de fechar a campanha salatial em setembro e quando chegar janeiro esse aumento real terá sido corroído pela inflação", disse o sindicalista sobre o gatilho.
Ano passado, as negociações foram encerradas sem greve com aumento de real de cerca 2,5%, informou o dirigente.
As montadoras acumulam nos primeiros sete meses deste ano vendas recordes de 1,7 milhão de veículos, volume cerca de 30% acima do comercializado no mesmo período de 2007.
Santos afirmou que na tarde de quinta-feira haverá nova reunião de metalúrgicos com o Sinfavea. Se não houver acordo, no domingo a categoria poderá decidir por greve por tempo indeterminado.
Faturamento da indústria cresce 13,2%, apura CNI — Confederação registra avanço no emprego. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) reconheceu ontem que subestimou os números sobre o crescimento da economia neste ano, que levaram o setor a registrar novos números recordes em julho.
Apesar da desaceleração esperada para o mês passado, o faturamento do setor registrou expansão de 13,2% em 12 meses e um resultado recorde de 9% no acumulado do ano.
O gerente da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirmou que a entidade irá rever neste mês a previsão de crescimento da economia brasileira neste ano. A projeção atual é de 5%, em linha com a feita pelo governo federal.
Ele afirmou também que ainda não há sinais de que haverá uma desaceleração no resultado da indústria neste ano, mas disse que os números do setor não confirmam a avaliação do Banco Central de que há descompasso entre o crescimento da oferta e da demanda no mercado interno.
"O setor industrial não é a fonte maior das pressões inflacionárias", afirmou Castelo Branco. Ele afirmou que o valor recorde do uso da capacidade instalada alcançado em julho (83,5%) não significa que haja um gargalo na oferta de produtos, o que poderia pressionar os preços. Segundo a CNI, esse indicador aponta apenas a maturação dos investimentos feitos desde 2006.
Entre as indústrias que mais investiram na ampliação da produção nos últimos 12 meses, estão as montadoras de veículos. A capacidade instalada delas passou de 87,2% para 90,3%, de acordo com a CNI.
Em relação à reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) da próxima semana, o economista disse que os números da inflação apontam para uma acomodação de preços.
"Há sinais de que talvez a política monetária não precise ser apertada por um período tão longo como foi apontado pelo BC", afirmou Castelo Branco.
Emprego -- Os resultados se refletiram no emprego. O número de trabalhadores na produção industrial cresceu 4,4% no ano, as horas trabalhadas tiveram alta de 6,1% e a massa salarial avançou 5,6%.
Famílias gastam mais com saúde do que o poder público
Um absurdo. A saúde da população foi abandonada pelo poder público, em todos os níveis. Apostam no descaso, na indiferença. A UGT vai mobilizar seus sindicatos e a opinião pública para pressionar o Governo Federal, através do Congresso Nacional, para buscar uma solução urgente para este absurdo. É por isso, que nos casos de epidemias, como tivemos recentemente, com a dengue, os pobres morrem e os ricos vão para verdadeiros Spas.
Veja a notícia:
De R$ 10 investidos no setor, as pessoas pagam R$ 6 e o Estado, R$ 3,8, diz IBGE
Ao contrário do que acontece na maioria dos países desenvolvidos, onde a administração pública financia grande parte das despesas em saúde, no Brasil, de cada R$ 10 gastos no setor, as famílias pagaram R$ 6,02 e o governo R$ 3,88, de acordo com dados de 2005. O restante vem de instituições sem fins lucrativos. O padrão nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico é de, no mínimo, 70% de financiamento público, com exceção dos Estados Unidos e México, onde é de 45%.
A pesquisa Economia da Saúde, Perspectiva Macroeconômica do Setor entre 2000-2005, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o gasto médio das famílias brasileiras com saúde correspondeu a 8,2% de tudo o que elas consumiram em 2005. Essas despesas foram principalmente com remédios (35%) e outros serviços relacionados, como consultas e exames feitos fora do ambiente hospitalar (34%). O crescimento dos serviços ambulatoriais, em detrimento das internações hospitalares (só 1,9% do consumo das famílias) é uma tendência mundial.
O total das despesas com saúde em 2005, incluindo famílias, governos e instituições, foi de R$ 171,6 bilhões - 8% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados sobre despesa média mensal familiar com saúde revela que os 10% mais ricos da população gastam R$ 376, quase 13 vezes mais do que os 40% mais pobres, que consomem R$ 28. A pesquisa indica também uma diferença na forma de gastar esse recurso. A maior despesa no grupo dos mais ricos foi com planos e seguros de saúde (R$ 144,41), remédios (R$ 97,78) e consultas e tratamentos dentários (R$ 43,98). Já os mais pobres gastaram com remédios (R$ 19,19). Planos de saúde e consulta vêm em seguida, com valor mínimo.
As despesas com saúde somaram 15,6% (R$ 66,6 bilhões) de tudo o que o governo gastou em 2005. Mas esses dados ainda serão detalhados. A maior parte (R$ 56,6 bilhões) foi consumida pela saúde pública, que inclui desde atendimentos individuais pelo Sistema Único de Saúde (SUS) até distribuição e produção de medicamentos. O estudo também não calculou os indicadores gerados pelos hospitais universitários, militares e penitenciários.
MERCADO DE SAÚDE — Uma análise do mercado nos cinco anos do estudo mostra que em 2002 e 2003 o setor cresceu menos do que a média da economia. Entre 2004 e 2005, há uma tendência de recuperação, com uma taxa de crescimento real de 3% e 5,9%, respectivamente. Neste período foram criados 660 mil novos postos de trabalho, cuja média salarial foi de R$ 15,9 mil, superior à média nacional. No total, são 3,9 milhões de postos de trabalho ocupados por profissionais de saúde, que correspondem à 4,3 % do total de vagas do País.
A pesquisa também mediu o valor econômico do setor, que gerou R$ 97,3 bilhões em 2005. A atividades de maior valor foi a saúde pública, que participou com 33,4%. "A saúde não é só uma gastadora de recursos, mas uma mola propulsora do desenvolvimento", disse Elias Jorge, diretor de Economia da Saúde e Desenvolvimento do Ministério da Saúde.
Para a pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz Angélica Borges dos Santos, que trabalhou na publicação, as famílias estão gastando mais porque houve aumento de renda e vêem o setor como um bem de consumo. "Acredito que haja um componente razoável de medicina estética (no gasto da família)." Para ela, o SUS tem insuficiências em algumas áreas, mas em outras, como na distribuição de remédios para aids e hepatite, consegue atender a todos.
A pesquisadora Ligia Bahia, do Laboratório de Economia Política da Saúde da Universidade Federal do Rio discorda que o consumo das famílias com saúde tenha a ver com o crescimento de clínicas de estética. "A maior causa de morte são as doenças crônicas e os maiores gastos, com remédios", disse. Inédito, o estudo compilou pesquisas de indústria e comércio, assistência médico-sanitária, sistema de conta nacional e dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Inocentes deixam CDP sob aplausos
Uma situação calamitosa destas, só ganha publicidade porque o verdadeiro criminoso decidiu confessar o crime e inocentar os jovens que estavam presos. Ou seja, dependemos da boa vontade de um criminoso para se fazer Justiça. Porque o aparato policial e a Justiça estão despreparados para investigar, apurar e identificar os verdadeiros criminosos, nos casos mais simples de investigação. Temos, no Brasil, o caminho mais curto da tortura, que é uma praga no País. Por isso, somos contra a pena de morte. Imagina se estes três jovens tivessem sido condenados à morte. O que adiantaria agora a inocência deles?
Acompanhe o absurdo:
Sob aplausos e choro de parentes, três rapazes deixaram às 15h35 de ontem o Centro de Detenção Provisória (CDP-1) de Guarulhos, na Grande São Paulo, após 2 anos e 15 dias de prisão. Wagner Conceição da Silva, de 25 anos, Renato Correia de Brito, de 24, e Willian César de Brito Silva, de 28, foram acusados injustamente de matar e violentar Vanessa Batista de Freitas, de 22 anos, em 19 de agosto de 2006. Só foram libertados porque Leandro Basílio Rodrigues, de 19 anos, apontado pela polícia como o Maníaco de Guarulhos, confessou o crime.
Ao revelar que era o verdadeiro autor do assassinato de Vanessa, Rodrigues disse aos policiais: "Se tem pessoas presas, são inocentes. Quem matou essa moça fui eu." Responsáveis pelas investigações dos crimes cometidos pelo Maníaco de Guarulhos consideram que ele pode ter cometido mais crimes e seria um criminoso pior que o motoboy Francisco de Assis Pereira, o Maníaco do Parque, que teria cometido pelo menos dez assassinatos.
Assim que os três passaram pelo último portão de ferro do CDP-1, a dona de casa Iraildes Alves Conceição, de 49 anos, beijou e abraçou o filho Wagner, olhou para o céu e disse em voz alta emocionada: "Obrigada, Pai." O filho não conseguiu conter as lágrimas. Willian também deu um forte abraço na mulher, Natália Priscila Brandão, de 20 anos, e chorou. "É maravilhoso estar livre. Vocês não imaginam o sofrimento que passei. Só Deus. Agora quero curtir minha família e dar um beijo no meu filho." Segundo Natália, Cauã, de 3 anos, sentiu muito a ausência do pai e até hoje passa por sessões periódicas com um psicólogo.
O motorista Avelino Cardoso da Silva, de 48 anos, também se emocionou ao reencontrar o filho Willian. Ele disse que gastou R$ 20 mil para tentar provar a inocência dele e até hoje está com o nome sujo na praça. Silva destacou que o filho e os outros dois rapazes foram torturados por PMs, levados para um matagal e só não morreram porque um carro passou pelo local e os policiais resolveram levar os três para a delegacia. Acrescentou ainda que, no 1º Distrito Policial de Guarulhos, eles também apanharam.
Sindicalistas mobilizam voluntários contra McCain
Apoiamos as mobilizações dos trabcalhadores norte-americanos. Pois temos consciência de que o Partido Republicano, do atual presidente Bush e do candidato McCain, aposta na Guerra, na suposta perseguição a terroristas para poder invadir países na busca de petróleo e outras riquezas.
Veja a notícia: Mais de dez mil voluntários percorrerão os Estados Unidos na quinta-feira, quando o senador republicano John McCain aceitar a candidatura do partido em St. Paul (Minnesota), para denunciar a política econômica do político, informou hoje a federação sindical AFL-CIO.
"A classe trabalhadora não está contente com a trajetória" do senador McCain em assuntos de sobrevivência econômica, declarou hoje o presidente da AFL-CIO, John Sweeney.
"Enquanto o Partido Republicano pede a McCain em St. Paul para que continue o legado (do presidente George W.) Bush, as famílias trabalhadoras da AFL-CIO visitarão vizinhanças em todos os EUA" para educar os eleitores sobre o que significaria para os trabalhadores uma Presidência de McCain, especificou.
A mobilização dos sindicalistas é parte da campanha lançada pela central sindical, que pretende chegar a mais de 13 milhões de eleitores que pertencem a sindicatos em 24 estados em disputa neste ciclo eleitoral.
No total, os voluntários percorrerão mais de 150 localidades em estados como Ohio, Pensilvânia, Michigan, Minnesota e Wisconsin, para denunciar os planos econômicos de McCain, acusado pelos grupos de esquerda de continuar as políticas do presidente Bush.
Segundo a AFL-CIO, o apoio de McCain a tratados de livre-comércio, à indústria petrolífera e à privatização parcial da Seguridade Social, entre outros assuntos, ameaça o bem-estar dos trabalhadores americanos.
A federação sindical, historicamente aliada com a oposição democrata, pensa também em mobilizar, de setembro até o dia das eleições, em 4 de novembro, outros 250 mil voluntários.
O trabalho incluirá visitas a dez milhões de famílias, 70 milhões de ligações telefônicas e a distribuição de 20 milhões de folhetos publicitários em locais de trabalho.
A mobilização da AFL-CIO é afim com a estratégia da campanha do candidato democrata, Barack Obama, de tachar McCain como alguém que seguirá com as políticas de Bush.
Em conferência telefônica, o principal estrategista de Obama, Robert Gibbs, e o assessor do Comitê Nacional Democrata, Jamal Simmons, reconheceram hoje que os oradores de terça-feira à noite, durante a Convenção Nacional Republicana, elogiaram a obra e figura de McCain. No entanto, em suas opiniões, demonstraram estar alheios à realidade dos trabalhadores.
A campanha de McCain nega taxativamente as acusações da oposição democrata e grupos afins, e afirma que o plano de Governo do senador inclui estímulos econômicos a curto prazo e medidas fiscais para incentivar a criação de empregos no país.
McCain é, além disso, firme partidário do Tratado de Livre-Comércio (TLC) com a Colômbia, pendente de ratificação no Congresso dos Estados Unidos e que, de acordo com os republicanos, fomentará a criação de trabalhos em ambos os países. EFE