sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Saudamos o ingresso do Sintrajóias à UGT!

Sintrajóias se filia à UGT

Saúdo honrado o ingresso do SINTRAJÓIAS - Sindicato dos Trabalhadores Joalheiros do Estado de São Paulo aos quadros da UGT. Flávio de Souza, presidente do Sintrajóias (http://www.sintrajoias.com.br) traz para a UGT a determinação de uma categoria acostumada a gerar riqueza ao cuidar, com arte, dos detalhes, mas sem perder de vista o conjunto da obra. O ingresso do Sintrajóias à UGT confirma nosso acerto em apostar no Brasil, na seriedade e comprometimento das nossas lideranças sindicais, na seriedade de um projeto que mobiliza líderes como Flávio de Souza e sua diretoria, para acelerar a participação dos trabalhadores nos destinos de um Brasil que cresce e que precisa de nossa atuação direta para manter na pauta a distribuição de renda e de oportunidades. A geração de empregos dignos e a recuperação do valor dos salários. Bem-vindo Sintrajóias.

BNDEs divulga estudo que mostra crescimento do investimento

O crescimento de nossa economia deve ir além das manchetes se quisermos sonhar com uma melhor qualidade de vida para nossos filhos e netos. E o estudo que o BNDES divulga, conforme texto a seguir, mostra que o nível de investimentos crescerá já a partir do próximo ano. O futuro macro que se desenha é promissor. Mas temos que estar mais atentos ainda para puxar para o lado da classe trabalhadora, dos desempregados, dos trabalhadores informais, dos negros e das mulheres que ainda recebem salários aviltantes a parte que lhes cabe nesta riqueza anunciada.

Veja o texto e reflita: Vamos esquecer por hora os transtornos que atingem a economia mundial. O BNDES acaba de divulgar um estudo relevante sobre o futuro do Brasil. Segundo a instituição, o volume dos investimentos público e privado na economia pode crescer 69% no período 2008-2011, na comparação com o quadriênio anterior. Isto significaria uma injeção de R$ 1,5 trilhão, praticamente metade do PIB atual, em novas fábricas, empresas, modernização dos sistemas de produção, inovação tecnológica e obras de infra-estrutura. Chegaríamos, por volta de 2010, com uma taxa de investimento da ordem de 21% do PIB. Bem superior aos 18,5% atuais.

De acordo com o trabalho do BNDES, a indústria e o setor de serviços seriam os mais beneficiados, recebendo o dobro dos investimentos em relação ao período de 2004 a 2007. A projeção indica, a seguir, os volumes aplicados em infra-estrutura (64% a mais) e o de construção civil, com incremento de 50%. É provável que os números globais sejam ainda maiores, pois a pesquisa não levou em conta os recursos que vão aportar no Brasil para a exploração dos novos campos de petróleo recentemente descobertos, ou ainda nas obras em aeroportos que serão transferidos à administração privada.

Se o BNDES estiver correto, e a competência do seu quadro técnico, um dos melhores do País, indica que ele está, então o Brasil está prestes a dar mais um salto de qualidade em matéria de firmeza econômica. Para crescer de forma consistente, com sustentabilidade, é preciso aumentar a taxa de investimentos. Só assim seremos capazes de ampliar a escala de produção com qualidade e eficiência, gerando emprego e renda, com a inflação controlada. Baixos níveis de investimento produzem o inverso: ameaça de inflação, sucateamento da indústria, dependência de produtos importados e exclusão social.

A propósito, é isto o que temos visto em alguns países da América Latina, que caíram na armadilha das soluções imediatas do populismo e desperdiçaram seus recursos em gastos improdutivos. Este nunca foi o caso do Brasil. Apesar das incríveis dificuldades das duas décadas passadas, preservamos nosso parque industrial e ampliamos a capacidade competitiva do setor do agronegócio, fatos que foram fundamentais para o desafio do aumento da demanda gerado pela queda da inflação.

Até bem pouco tempo, o investimento foi suficiente para a manutenção das máquinas e pouca coisa mais. Já progredimos bastante. O investimento atual, calculado em 18,5% do PIB, tem permitido que a indústria atenda ao crescente consumo das famílias. Mas o problema permanece, pois o volume atual não é suficiente para garantir um crescimento contínuo e sustentável ao longo dos próximos anos. Não condiz com o nosso potencial, com a escala da economia ou com a justa ambição que temos de ingressar no grupo de países plenamente desenvolvidos.

Por isso, as expectativas mudam para melhor com a divulgação desse dado calculado pelo BNDES. O que tem favorecido a economia brasileira - e a tem protegido da crise internacional que se desenrola -, a gestão responsável da moeda, preços livres, credibilidade dos índices econômicos, câmbio flutuante e estabilidade política, entre outros fatores. Há várias razões que impedem investimentos maiores. Podemos apontar a fragilidade dos marcos regulatórios, a tênue rede de proteção aos contratos, uma carga tributária muito elevada, leis trabalhistas obsoletas e um cipoal burocrático que gera atrasos, custos e trabalho inútil.

Se, por um lado, o Brasil tornou-se atrativo no momento em que passou a cuidar de sua moeda, por outro ele ainda é uma pista de obstáculos para quem quer investir, ainda que a taxa de investimentos possa chegar a 21% em 2010. O dado do PIB divulgado anteontem, de crescimento de 6% no segundo trimestre, entre outras razões, pelo aumento dos investimentos, é indicativo de que o estudo do BNDES acerta no prognóstico. Mas, ainda assim, ficaríamos abaixo da média dos países emergentes, cujos investimentos chegam à ordem de 25% do PIB

Taxa média de juros aumenta, diz Procon-SP

Com o reajuste de 0,75% na Taxa Selic aumenta, ainda mais, a euforia da agiotagem no País. O que é lamentável pois freia o desenvolvimento, gera prejuízos enormes para os assalariados e para as empresas, enriquecendo poucos agiotas que se valem dessa política que já desagrada, inclusive, quem já a apoiou no passado.

Veja o texto: As taxas médias de juros registraram alta em setembro para empréstimo pessoal e cheque especial para pessoa física, aponta levantamento realizado pelo Procon-SP com dez instituições financeiras.

Segundo o Procon-SP, a taxa média cobrada pelos bancos no empréstimo pessoal foi de 5,76% ao mês, superior à de agosto, de 5,69%. No cheque especial, a taxa média foi de 9,02% ao mês, contra 8,97% no mês passado.

Sai hoje decisão sobre greve em autopeças

Os metalúrgicos do setor de autopeças e de outras empresas da região do ABC que ainda não fecharam acordo salarial decidem hoje, em assembléia, se entram em greve por tempo indeterminado a partir da próxima segunda-feira para reivindicar aumento salarial.

Eles pedem o mesmo reajuste concedido pelas montadoras -11,01% (7,15% de inflação e 3,6% de aumento real), além de abono proporcional ao número de funcionários de cada empresa.

Anteontem não houve acordo na negociação com os empresários do setor de autopeças.

Para pressionar a negociação por um reajuste melhor, os trabalhadores fazem paralisações nas fábricas, além de suspender a realização de horas extras. Ontem pararam os metalúrgicos da Karmann Ghia e da Mahle Metal Leve, em São Bernardo do Campo, e da Federal Mogul, em Diadema.

Cerca de 50 mil metalúrgicos -ou metade da categoria na base do ABC- ainda não fecharam acordo salarial.

Ainda hoje, está prevista nova rodada de negociação entre empresários e trabalhadores.

Repasse de gorjeta pode se tornar obrigatório

Aos prestadores de serviços (garçons, atendentes, camareiras etc) as gorjetas. É algo legítimo e que faz parte da cultura dos consumidores brasileiros ter a convicção de que a gorjeta chegue ao favorecido, sem que os patrões metam a mão na grana. O ministro Carlos Lupi acerta mais uma.

Veja o texto e comente a novidade com o garçon que te atender na próxima vez que der a gorjeta: O ministro Carlos Lupi (Trabalho) levou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um projeto de lei que obriga bares, restaurantes e hotéis a repassar integralmente a gorjeta e os 10% de taxa de serviço aos funcionários. A cobrança não será obrigatória, mas o estabelecimento que decidir cobrá-la não poderá ficar com o dinheiro.

"A proposta considera gorjeta não somente a importância espontaneamente dada pelo cliente ao empregado como também aquela que for cobrada pela empresa ao cliente [10% de serviço], como adicional nas contas", diz nota divulgada pelo Ministério do Trabalho.

O projeto de lei estabelece também que o restaurante, bar ou hotel que tiver taxa de serviço não poderá cobrar mais do que 10%. A fórmula de distribuição entre garçons, atendentes, camareiros e a periodicidade do pagamento será decidida em assembléia pelos sindicatos ou em acordo coletivo.

Assessores do Ministério do Trabalho afirmaram ontem que a proposta, se enviada pelo presidente ao Congresso e aprovada, não vai trazer prejuízos ao bolso do funcionário porque não terá incidência de Imposto de Renda nem de contribuição previdenciária.

Como a gorjeta e a taxa de serviço não são obrigatórios, não podem fazer parte do salário. Os empregadores também não terão que pagar 13º salário ou FGTS referente ao valor de gorjetas. Apesar de estarem livres dos impostos, os donos de bares, hotéis e restaurantes não receberam bem o projeto. Representantes da Associação Brasileira de Gastronomia, Hospedagem e Turismo disseram que vão pedir para a área jurídica analisar a legalidade.

Brasil, campeão de grampos

A aranpongagem anda solta e ataca nossa democracia de maneira leviana e inconsequente, para prejuízo da nossa dignidade e da nossa privacidade. É hora do basta, de se controlar com rigor os grampos legais e ilegais. Com punição severa, com cadeia para quem for pego praticando tais crimes.

Veja o texto: Levantamento alerta para a banalização das interceptações telefônicas com autorização da Justiça. “Falta controle”, adverte o tucano Gustavo Fruet

Estudo inédito da consultoria legislativa da Câmara dos Deputados concluiu que há uma banalização no uso de grampos no país. O trabalho, encomendado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) a pedido do Correio, indicou que há sinais de “relaxamento” de autoridades nos procedimentos utilizados para solicitar, autorizar e acompanhar as interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.

“Os vazamentos confirmam esse afrouxamento de controles. Entendemos que há banalização”, destaca trecho do documento. A consultoria compara o volume de escutas legais feitas no Brasil ao de outros países, como Estados Unidos, Itália, França e Alemanha. Apesar de as fontes utilizadas como base para o estudo e as datas de coleta serem diferentes, de acordo com a realidade de cada país, os dados revelam que, seja qual for a comparação, no Brasil se grampeia muito mais.

Considerado o total de escutas informadas pelas operadores de telefonia à CPI dos Grampos — 409 mil em 2007 — conclui-se que o número é 180 vezes maior que nos Estados Unidos, onde foram feitas 2.208 interceptações no período. Rigoroso, o país publica relatórios anuais sobre o tema.

O mesmo não ocorre em outras nações — inclusive no Brasil, em que só agora o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) resolveu criar uma central para monitorar as escutas. Na Itália, que usou o instrumento para pôr integrantes da máfia na cadeia, os grampos aumentaram nos últimos anos, mas o patamar ainda está bem abaixo da realidade brasileira.

Natal deve abrir 113 mil vagas temporárias no país

A notícia é boa. Mas os trabalhadores, especialmente, os que entram no mercado de trabalho através do comércio ou serviços, devem tomar alguns cuidados. Evite as empresas que oferecem muitas promessas e pouco comprometimento. Exija a carteira assinada, o contrato de trabalho, o recolhimento dos impostos e das contribuições ao INSS. Evite os tapinhas nas costas e as promessas vagas para daqui a três meses. Se for o primeiro emprego, aproveite para conhecer a sua entidade sindical. Se associe e participe, através do seu sindicato, das decisões econômicas e políticas em andamento no Brasil.

Veja a notícia: A Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário (Asserttem) prevê a abertura de 113 mil vagas temporárias no Natal no país. O número é 8% maior em relação a 2007, quando 105 mil oportunidades foram abertas. Além disso, a projeção da entidade é de que 42 mil pessoas – 37% do total – sejam efetivadas após as festas de final de ano – no ano passado o índice foi de 34%. Os números foram divulgados pela associação nesta quarta-feira (10).

O Natal é a data que mais emprega temporários. Em segundo lugar vem o Dia das Mães, que abriu neste ano 80 mil vagas e efetivou 24 mil. A terceira melhor data é a Páscoa, que neste ano abriu 54 mil vagas e efetivou cerca de 20 mil pessoas.

Vagas e cadastro — As funções que mais abrirão vagas são fiscais de loja, empacotadores, atendentes, estoquistas, etiquetadores, operadores de telemarketing, auxiliares e analistas de crédito, vendedores, demonstradores, repositores, caixas, seguranças, motoristas e Papai Noel.

Os interessados nas vagas, segundo a Asserttem, devem começar a se cadastrar desde já, pois as contratações começam na primeira quinzena de outubro e vão até o final da primeira quinzena de dezembro. O cadastramento pode ser feito através do site http://www.asserttem.com.br, no link Empresas Associadas. Além disso, a entidade informa que muitas lojas fazem o cadastro diretamente no local.

De acordo com a Asserttem, do total de vagas, 29% representam o primeiro emprego, e a faixa etária predominante é de 18 a 24 anos. Além disso, 55% dos temporários são do sexo feminino e 45% do sexo masculino. Metade das vagas são para quem tem nível fundamental completo e a outra metade para nível médio.

O comércio de rua deverá ser o setor que mais irá contratar. A projeção é de 42% do total. Em segundo lugar vem o setor de supermercados, com 38%, seguido das lojas de departamentos, com 36%, e dos shoppings, com 32%. A projeção de média salarial é de R$ 665, sem contar comissões e bonificações. 

Regiões — A região Sudeste deve liderar as contratações temporárias, com projeção de 55,35% do total das vagas. Só o Estado de São Paulo concentra 36.706 trabalhadores, seguido de Minas Gerais, com 14.033. No Rio de Janeiro são 9.157. A região Sul está em segundo lugar, com 20,34% do total - o estado do Paraná registra 8.465 temporários, seguido do Rio Grande do Sul, com 7.954. O Nordeste vem em terceiro, com 12,21%, em quarto está o Centro-Oeste, com 8,08%, e em quinto a região Norte, com 4,02%.

De acordo com a Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), 43% dos comerciantes contrataram temporários em 2007, contra 37% em 2006. A entidade atribui o aumento nas contratações ao aquecimento das vendas, estabilidade econômica, ampliação da oferta de crédito e elevação da massa salarial.

Direitos — Os temporários têm contrato de três meses, que pode ser prorrogado pelo mesmo período. Esses funcionários têm os mesmos benefícios dos contratados pelo regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como salário equivalente, jornada de oito horas, repouso semanal remunerado, férias proporcionais, 13º salário, proteção previdenciária e vale-transporte. A diferença é que não têm direito a aviso prévio nem à multa do FGTS, por se tratar de contrato com prazo determinado.

O diretor de comunicação da Asserttem, Vander Morales, recomenda que os temporários exijam cópia do contrato de trabalho e registro na carteira de trabalho. Caso haja alguma irregularidade, se tudo estiver documentado, os funcionários podem acionar a Justiça.

 

 

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

É vergonhoso e desnecessário o aumento da taxa de juros pelo Copom

Dividido, BC sobe juro em mais 0,75 ponto

O aumento da taxa de juros em 0,75% era bola cantada. Infelizmente, se cumpriram as previsões. Contra os interesses maiores do Brasil, especialmente da classe trabalhadora que precisa de investimentos a juros baixos, de incentivos para a produção, de crédito barato para manter o comércio aquecido, condições essenciais para a geração de empregos de qualidade. Com esses juros altíssimos, os maiores do mundo, criamos no País a ciranda financeira, o incentivo à especulação, uma pressão exagerada para que o Brasil perca as grandes oportunidades de crescimento. Mas somos brasileiros e não desistimos nunca. Vamos vencer os Meirelles, vamos melhorar a distribuição de renda, vamos reorganizar os investimentos em saúde e educação.

Veja o que foi publicado hoje:

Três dos oito diretores da autoridade monetária votam por aumento de meio ponto na taxa Selic, que vai a 13,75%. Analistas acham que divisão pode levar a uma redução do ritmo de alta dos juros já na próxima reunião do Copom, no final de Outubro.

Cinco meses depois de iniciar o processo de alta dos juros, o Banco Central dá sinais de que o ciclo de apertos pode estar arrefecendo. Ao anunciar nova alta de 0,75 ponto percentual na taxa Selic, o BC disse que 3 dos seus 8 diretores votaram por um aumento menor, de apenas meio ponto.

No mercado financeiro, já se esperava que o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) fosse elevar a taxa Selic de 13% ao ano para 13,75%, nível mais alto desde outubro de 2006. O que não estava previsto era a falta de consenso na diretoria.

Normalmente, a falta de unanimidade no Copom serve para indicar qual será a decisão nos próximos encontros do comitê.

A última vez em que houve divisão foi em julho do ano passado, quando alguns diretores votaram por um corte de 0,25 ponto, mas foram vencidos por quem defendia uma redução de 0,50. Na reunião seguinte, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto.

"O Copom está dividido quanto à intensidade do remédio. Seguramente, essa dosagem foi repensada", diz Fernando Blanco, presidente da seguradora de crédito Coface.

Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, as decisões do BC continuam sendo pautadas pelo comportamento da economia brasileira, com pouca influência da instabilidade externa. "O principal fator continua sendo a questão doméstica", diz Teles.

As turbulências dos mercados, segundo o economista, não devem ter muita influência na trajetória da taxa Selic. Nesse caso, a maior ameaça à inflação seria uma contínua desvalorização do real, que encareceria matérias-primas e produtos importados. "Mas, se por um lado o dólar subiu, por outro o preço das commodities tem caído bastante, então uma coisa pode compensar a outra."

Já Carlos Thadeu de Freitas Filho, economista-chefe da SLW Asset Management, diz que, apesar do forte crescimento do PIB no segundo trimestre, nas últimas semanas já podem ser identificados sinais de desaquecimento, que, se confirmados, podem fazer o BC diminuir o ritmo de alta da Selic.

"O crédito já mostra desaceleração, e alguns setores também passam por desaquecimento nas vendas. O estoque de automóveis, por exemplo, está no maior nível desde 2006."

Desde que deu início ao movimento de alta dos juros, em abril, o BC tem deixado claro que sua principal preocupação é com a velocidade de expansão da economia, que, na sua visão, pode levar a desequilíbrio entre o nível de consumo e de produção, o que geraria mais inflação.

Por isso, nem a desaceleração em índices de preços nas últimas semanas foi suficiente para fazer o BC interromper o aperto monetário. Em agosto, por exemplo, o IPCA subiu 0,28%, ante 0,53% em julho.

Mas a principal preocupação do BC é com 2009, pois já é dado como certo que a alta dos preços deste ano ficará acima do centro da meta do governo, de 4,5% (com intervalo de dois pontos) -até agosto, o acumulado do ano está em 4,48%.

Como uma alta dos juros pode levar até um ano para fazer efeito por completo na economia, a decisão de ontem busca conter a inflação de 2009. Até agora, porém, a atuação do BC não tem sido suficiente para convencer o mercado financeiro de que será possível trazer o IPCA de volta a 4,5% em 2009.

Pesquisa semanal do BC com analistas mostra que o mercado espera inflação de 5% no ano que vem. Essa projeção tem sido mantida há oito semanas, apesar dos aumentos nos juros.

1º semestre deve garantir PIB de 5% no ano

Avanço de 6,1% no 2º trimestre fica acima das expectativas, puxado por investimentos, que crescem há 18 trimestres.  Gasto do governo aumenta e reforça expansão da economia.

Puxado por investimentos recordes, pela agropecuária e por forte aceleração dos gastos públicos, o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre do ano surpreendeu positivamente e cresceu 6,1% sobre igual período de 2007. A aceleração em relação ao primeiro trimestre do ano foi de 1,6%.

O resultado levou a uma revisão geral de expectativas, apesar da tendência de alta nos juros nos próximos meses, e praticamente garante um crescimento superior a 5% em 2008.

Para crescer abaixo disso, a economia teria de se desacelerar em mais de 30% no segundo semestre, tradicionalmente o período mais "quente" do ano.

Se 2008 tivesse acabado em junho, o Brasil teria crescido 6%. Agora, basta um crescimento de 4% ao longo do segundo semestre para que o PIB atinja o patamar de 5% no ano.

Como já ocorre há vários trimestres, a composição do crescimento da economia brasileira se mostrou bastante equilibrada e promissora.

Os investimentos do setor produtivo, que garantem a oferta futura de bens e serviços e reduzem pressões inflacionárias, foram novamente o carro-chefe do crescimento: subiram 16,2% no trimestre e atingiram o maior patamar da série histórica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciada em 1996.

18º tri de expansão — Foi o 18º trimestre consecutivo de alta nos investimentos, sendo que há cinco trimestres a taxa supera 14%. Os investimentos em máquinas e equipamento voltaram a puxar também as importações, que cresceram 25,8% no trimestre (as exportações subiram 5,1%).

Já o aumento do consumo das famílias (o 19º seguido) se manteve praticamente no mesmo patamar do primeiro trimestre. Subiu 6,7% apoiado em um aumento de 8,1% da massa salarial real e de 32,9% nas operações de crédito.

O que destoou no trimestre foram os gastos públicos, que têm peso específico de 15% na composição do PIB (como comparação, a agricultura pesa 5,5%). Seguindo a tendência de alta do primeiro trimestre, o consumo da administração pública aumentou 5,3% no segundo trimestre (sobre igual período de 2007).

Para Rebeca Palis, gerente de Contas Trimestrais do IBGE, a alta reflete o período eleitoral atual e a contratação antecipada de funcionários públicos, já que há uma proibição para novas admissões três meses antes da eleição. "As despesas dos governos ajudaram a elevar o PIB", disse.

Rebeca Palis ponderou ainda que o resultado do segundo trimestre não foi afetado pelo início, em abril, do ciclo de alta dos juros do Banco Central. "Isso leva um tempo para começar a afetar a economia."

Outro destaque do PIB foi a agricultura, com alta de 7,1% (a produção de café subiu 27,7% e a de milho, 12,8%). Já a indústria cresceu 5,7%, puxada principalmente por uma alta de 9,9% na construção civil.

"O crescimento veio forte e com uma boa tendência de aumento da capacidade produtiva, o que traz um bom cenário futuro para o comportamento da inflação", afirma Marcela Prada, da Tendências.

Na análise de Ana Maria Castelo, economista da FGV Projetos, o resultado do PIB reforça a aposta de que o Banco Central continuará em seu ciclo de alta dos juros. "Há muitos setores expandindo a capacidade de produção, mas há uma questão de "timing" aí, de um certo descompasso entre esse aumento da oferta de produtos e do consumo", afirma.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, o resultado do trimestre praticamente assegura um crescimento acima de 5% em 2008. "Mas 2009 será mais complicado, com juros mais altos, despesas públicas maiores e crescimento menor", diz.

Rebeca Palis, do IBGE, afirma que já no segundo semestre pode haver uma tendência de desaceleração do crescimento. "A segunda metade do ano terá juros maiores e, provavelmente, gastos públicos menores."

 

DIREITOS HUMANOS — Ministro quer militância para acabar com trabalho escravo

Apoiamos o ministro Paulo Vannuchi na luta sem tréguas contra o trabalho escravo no Brasil. É uma vergonha nacional que será combatida pela UGT sem tréguas.

Veja o texto:

O ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) se prepara para fazer corpo-a-corpo no Congresso em defesa da aprovação de proposta que destina à reforma agrária terras onde é flagrado trabalho escravo. Parado há quatro anos na Câmara, o projeto, aprovado pelo Senado em 2001, depende apenas da votação em segundo turno dos deputados.

"O corpo-a-corpo tem que ser feito não só por mim. É preciso fazer visita a todos os deputados para criar um ambiente de convencimento", defendeu ontem Vannuchi, durante o lançamento do 2º Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo.

O ministro quer também "o comprometimento pessoal do presidente da República", Luiz Inácio Lula da Silva, para aprovar a PEC e "garantir o acesso" das pessoas resgatadas do trabalho escravo ao Bolsa Família.

Brasil é o 125º entre 181 países em ranking de negócios do Bird

Talvez sejamos um dos países mais burocráticos do mundo. Imagina esperar 152 dias para abrir uma empresa que vai gerar renda para o Estado, através dos impostos, e renda para as pessoas que estarão ocupadas naquela empresa. Perde todo mundo com o excesso de exigências, além de ser um verdadeiro inferno tentar fechar uma empresa no Brasil. O que faz com que as pessoas simplesmente abandonem as empresas, em vez de formalizar o fechamento. Este excesso burocrático é responsável também por termos o menor número de patentes registradas no mundo. Apesar de sermos considerado um povo criativo e inventivo.

Veja o texto:

Empresas gastam 2.600 horas anuais só para pagar taxas, mostra indicador.

Abrir e fechar um negócio também não é tarefa das mais fáceis: são 18 documentos e 152 dias para o início e mais quatro anos para o encerramento.

O Brasil continua a ser um lugar difícil para os negócios, segundo o relatório "Doing Business 2009", publicado ontem pelo Banco Mundial. O país está em 125º lugar, atrás de nações como Uganda e Mongólia. O país subiu uma posição em relação ao índice passado, com destaque positivo para o quesito comércio exterior.

O ranking mede a dificuldade de um empreendedor para o "registro de propriedade", "emprego de funcionários" e a burocracia para "abrir" e "fechar um negócio" em 181 economias. São nove variáveis, como impostos e acesso ao crédito. O melhor desempenho do país foi em relação ao comércio exterior -o processo leva 14 dias e precisa de oito documentos. Há elogios à adoção dos sistemas Merchante, para importação, e Siscomex, para exportação. Mesmo assim, o país está distante do Canadá, onde transação similar leva sete dias.

Abrir e fechar um negócio também não é tarefa das mais fáceis: são 18 documentos e 152 dias para o início e mais quatro anos para o encerramento. Muito mais que na Bélgica (três documentos e quatro dias para abrir e menos de um ano para fechar). Mais assustador é o tempo gasto anualmente por uma empresa para acertar as contas com o fisco: 2.600 horas, muito à frente do segundo colocado, Camarões, 1.400 horas, e mais ainda dos Emirados Árabes Unidos, onde tudo se resolve em 12 horas.

O sistema trabalhista brasileiro também impõe dificuldades. No tópico que mede o tema, o Brasil ficou em 121º lugar.

Na vizinhança, destaque para a Colômbia, que subiu 13 posições no ranking geral, para o 53º lugar. Por lá, levam-se 36 dias para iniciar um empreendimento e gastam-se 256 horas para estar quite com o fisco.

Com Iara e Tupi, reserva de petróleo sobe 80%

Deus é brasileiro faz cada vez mais sentido. Cada dia temos ótimas notícias. Mas temos que levar em conta que temos um governo que fica entre a riqueza natural do Brasil e a sua aplicação. Por isso, vamos agradecer a Deus e, ao mesmo tempo, manter um olho em nossos governantes e exigir que a eventual riqueza advinda do petróleo, que seja usada, quando chegar, para investir na justiça social, com gastos diretos em educação e saúde e saneamento básico.

Leia o que foi publicado:

Perfuração mostra que área recém-anunciada no pré-sal da Bacia de Santos tem 3 bilhões a 4 bilhões de barris.

As reservas provadas de petróleo e gás no Brasil podem aumentar até 80% apenas com as jazidas das áreas de Tupi e Iara, no pré-sal da Bacia de Santos. Ontem, a Petrobras anunciou estimativa de que Iara tenha 3 bilhões a 4 bilhões de reservas recuperáveis de petróleo e gás natural, ou seja, que podem ser extraídas para a superfície. Tupi, como já avisara a estatal no ano passado, tem 5 bilhões a 8 bilhões. Se considerado o teto das duas projeções, as reservas totais do país pularão de 15 bilhões para 27 bilhões de barris.

O consórcio no qual a Petrobras está associada à britânica BG e à portuguesa Galp concluiu a perfuração do poço descobridor da área de Iara, situada ao norte de Tupi. O petróleo encontrado, em águas ultraprofundas, é leve: tem mais qualidade e valor maior no mercado internacional. Tupi fica no mesmo bloco de Iara.

A descoberta de petróleo em Iara foi anunciada em agosto. O poço tem 6.080 metros de profundidade, dos quais 2.230 metros são apenas a distância do nível do mar ao fundo. A camada de sal encontrada nessa região toda, abaixo do fundo, é de cerca de 2 mil metros de espessura. Geólogos concluíram que o petróleo de Iara é de 26 API (classificação internacional que mede a qualidade do produto). A extensão de Iara é estimada em 300 quilômetros quadrados.