quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cada vez mais movimento sindical deve participar das discussões nacionais

Unger quer alterar a relação capital-trabalho

A UGT acompanha de perto as movimentações do ministro Mangabeira Unger. Apoimos as iniciativas relacionadas à desoneração da folha de pagamento para facilitar a formalização e a abertura de novas vagas. Mas nos preocupa a intenção de transferir a organização sindical para dentro das fábricas, por ser uma proposta que reforça o neoliberalismo, divide e enfraquece o movimento sindical, por repassar para os patrões e chefias a possibilidade de interferir, de maneira que defenda apenas os seus interesses patronais na condução da mobilização dos trabalhadores.

Acompanhe: A discussão com toda a sociedade sobre a necessidade de criação de uma nova relação entre capital e trabalho no Brasil foi objeto de longa exposição feita ontem pelo ministro-chefe da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger. Ele falou no plenário do Tribunal Superior do Trabalho (TST), acentuando que desde a Era Getúlio Vargas não tem havido no País "uma grande iniciativa institucional sobre a relação entre capital e trabalho".

"A maioria da classe trabalhadora não está representada pelas entidades sindicais, que concentram o interesse de uma minoria. Metade dos trabalhadores está na economia informal e os demais se encontram oprimidos entre economias de trabalho barato e de produtividade alta, enquanto as empresas pedem desoneração", destacou o ministro Mangabeira Unger em sua exposição.

Ele afirma que só será possível estabelecer um modelo justo para a classe trabalhadora com o oferecimento de contrapartidas para todos os atores na questão capital e trabalho. Lembra que há um ano o presidente Lula da Silva lhe pediu que começasse a organizar um debate amplo sobre o assunto, em que os resultados devem vir de uma convergência de posições capaz de priorizar o interesse da maioria dos trabalhadores.

"O governo da República tem de propor à Nação o novo modelo e esta é que deve abraçar a proposta", assinalou o ministro. Uma das formas de reduzir a informalidade no trabalho, segundo o ministro, é o estímulo à contratação formal dos trabalhadores por meio da desoneração "radical" da folha de salários. Em parte, segundo ele, isso já foi feito pela reforma tributária.

As contribuições empresariais para o Sistema S e para o Salário Educação, diz o ministro, dificultam a situação das empresas. Mas lembrou que está em debate a contribuição dessas para a Previdência Social baseada no lucro e não através de alíquotas, como ocorre atualmente. A mudança da relação capital e trabalho deve passar, segundo Mangabeira Unger, pela institucionalização de políticas industriais e agrícolas que instrumentalizem as pequenas empresas, já que elas empregam a maioria dos trabalhadores, além de uma série de medidas institucionais para reverter a queda da participação dos salários na renda nacional.

Outra idéia mencionada pelo ministro é colocar no meio da pirâmide salarial um novo estatuto legal para proteger os trabalhadores temporários e terceirizados, e novo mecanismo para organizá-los e representá-los.

Acordos coletivos — Os sindicatos devem ter acesso à contabilidade das empresas e os acordos trabalhistas devem ser negociados para o estabelecimento de aumento real de salário e repasse da produtividade. Segundo o ministro, com esses parâmetros seria feita no País "uma grande revolução na organização das relações entre capital e trabalho". Para isso, o debate nacional sobre o assunto deve acontecer dentro do Congresso Nacional, nas organizações sociais e universidades de todo o País, "para que o governo possa se posicionar quanto ao mérito e a viabilidade da implementação", disse ele.

O presidente do TST, ministro Rider de Brito, disse que os sindicatos precisam "representar os trabalhadores de fato e não de maneira apenas formal como acontece hoje". O procurador-geral do Trabalho, Otávio Brito, criticou que as discussões sobre representação sindical colocam na frente o interesse pelos benefícios de ordem institucional. " Por isso, eles resistem a mudanças. Isso tanto acontece com os sindicatos patronais quanto com os de trabalhadores", disse Brito.

Profissionais liberais vão pagar Cofins, decide STF

Avaliamos negativamente essa notícia. Os profissionalis liberais são pequenos advogados, clínicas, jovens começando uma nova carreira, todos batalhando para sobreviver. Uma carga a mais de impostos, quando deveria ter um apoio extra do governo federal é lamentável.

Veja o texto: Supremo determina também que cobrança vai ser retroativa aos últimos cinco anos. Mesmo quem tinha decisão favorável terá de pagar; com a decisão, União poderá receber até R$ 5 bilhões, segundo cálculos do IBPT

O STF decidiu ontem, por 8 votos a 2, que a Cofins também deve ser cobrada de profissionais liberais que prestam serviços por meio de empresas próprias. O valor será cobrado retroativamente, respeitando o prazo de prescrição de cinco anos, inclusive daqueles que haviam obtido decisões judiciais para não pagar a contribuição.

Serão atingidos pela medida, por exemplo, escritórios de advocacia, clínicas médicas e pequenas empresas jornalísticas. Cálculos do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário indicam que a União poderá receber cerca de R$ 5 bilhões com a cobrança atrasada. Ainda não se sabe, no entanto, qual será o crescimento de arrecadação que o governo poderá obter com a decisão.

Entre os atingidos, está a OAB-DF, que representa 28,1 mil advogados brasileiros. Desde 2004, a instituição havia conseguido na Justiça o direito de não pagar a contribuição. Tal decisão já havia até sido transitada em julgado. Mesmo assim, os advogados da OAB do Distrito Federal terão de pagar o que não pagaram nos últimos anos, com juros e multa.

A discussão sobre o tema começou em 1991, quando a lei complementar nº 70, que instituiu a cobrança da Cofins, definiu que tais profissionais ficariam isentos de pagar a contribuição. Em 1996, porém, uma lei ordinária (nº 9.430) definiu que as chamadas sociedades civis de prestação de serviços regulamentados também teriam de pagar o tributo.

Já naquele ano, começaram a chegar à Justiça os primeiros recursos, sob o argumento de que uma legislação ordinária não poderia contrariar uma lei complementar. Desde então, muitos contribuintes haviam conseguido manter-se isentos da cobrança da Cofins.

Em 2003, o Superior Tribunal de Justiça reafirmou tal entendimento e resolveu editar a súmula 276, tratando a questão como "pacificada". "As sociedades civis de prestação de serviços profissionais são isentas da Cofins, irrelevante o regime tributário adotado", dizia o texto da súmula do STJ.

Mas ontem o STF, ao analisar um recurso extraordinário sobre o tema, decidiu que o assunto inicialmente tratado em legislação complementar poderia ter sido modificado por lei ordinária, ficando, portanto, sujeito à atualização sem a necessidade de uma nova lei complementar.

Os ministros ainda resolveram reconhecer a chamada repercussão geral do recurso. Ou seja, a partir de agora, os demais recursos que existem em todas as instâncias do Judiciário brasileiro deverão seguir a orientação firmada ontem.

Médicos de PE encerram greve após 2 meses

Fim da greve é hora de avaliar também as consequências do movimento, seja do ponto de vista dos ganhos salariais e do ponto de vista social. Quantas pessoas foram afetadas, morreu gente em decorrência da greve, os mais pobres sofreram mais? Porque os profissionais de saúde vivem e trabalham num setor essencial para a vida das pessoas. E todas essas avaliações tem que ser feitas antes e depois dos movimentos de greve. Principalmente pelos governos que não devem deixar a situação piorar a ponto de a greve ter que ser usada como último recurso.

Acompanhe os textos: Os médicos da rede estadual de Pernambuco decidiram encerrar o movimento demissionário por melhores salários, iniciado há dois meses, e voltaram ontem ao trabalho. Servidores do setor, contudo, mantêm indicativo de greve para a próxima segunda-feira.

Em assembléia na noite de anteontem, os médicos aceitaram a nova proposta de reajuste apresentada pelo governo, que prevê três aumentos salariais até 2010 -o primeiro a partir deste mês.

Com 26 cláusulas, o acordo prevê, para plantonistas, aumento imediato de R$ 2.900 para R$ 3.800. Eles receberão R$ 4.100 em 2009 e R$ 5.000 no ano seguinte, valores reivindicados pela classe.

Além de conceder aumento, o governo se comprometeu a desconsiderar os 400 pedidos de exoneração de médicos, a melhorar condições de trabalho e atendimento nos hospitais e a realizar concurso para contratação de novos médicos.

"Consideramos que houve avanços", disse o presidente do Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Antonio Jordão Neto. Com o retorno dos médicos, as principais emergências públicas voltaram a funcionar ontem. No Hospital da Restauração, em Recife, houve superlotação e os pacientes foram atendidos nos corredores.

No hospital de campanha da Aeronáutica, montado na divisa de Recife e Jaboatão dos Guararapes, o atendimento foi mantido. Não há previsão de encerramento dos serviços. Em 18 dias, cerca de 4.200 pessoas receberam tratamento no local.

O movimento deve aumentar a partir de segunda, com o início da greve dos servidores. A categoria, formada por 23,5 mil enfermeiros, técnicos, laboratoristas e auxiliares, se opõe à criação, pelo Estado, de uma fundação de direito privado para gerir os hospitais públicos estaduais. O governo diz que manterá o projeto.

Após Efavirenz, País fabricará mais 1 remédio antiaids

O lado bom da notícia é a retomada da iniciativa governamental a favor da fabricação de novos medicamentos para Aids. O lado preocupante é ter interrompido por oito anos a fabricação dos medicamentos. E outra questão que se coloca é que a prevenção ainda é o melhor remédio. A orientação dos jovens, dos idosos, dos grupos específicos.

Veja o que foi publicado: O próximo será o genérico do Tenofovir, que teve patente negada; Brasil estuda produzir um terceiro medicamento

Embalado pelo sucesso na produção da versão genérica do anti-retroviral Efavirenz, conforme informou o Estado ontem, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já iniciou os estudos para o preparo de outro remédio usado no programa antiaids: o Tenofovir. O diretor do instituto, Eduardo Costa, afirmou ontem ao Estado que está em fase de busca e negociação de fornecedores da matéria-prima para a produção do remédio, considerado estratégico pelo Programa Nacional de DST-Aids.

Além do Tenofovir, o governo avalia a possibilidade do desenvolvimento de uma nova versão de um terceiro medicamento também usado no programa, o Ritonavir. Nenhum desses dois candidatos à produção está protegido por patentes.

A produção do Efavirenz quebra um período de oito anos em que Farmanguinhos não incorporava drogas novas ao programa antiaids. "Não vamos nos contentar com Efavirenz. Outras drogas virão por aí", afirmou Costa. A versão genérica do Efavirenz também deverá ser produzida no Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe). O Lafepe ainda não obteve o resultado dos exames de bioequivalência, mas a coordenadora do Programa Nacional de DST-Aids, Mariangela Simão, garante que em breve a permissão para produção será dada. "Quando isso for feito, a expectativa é de que cada laboratório fique encarregado de 50% da produção." O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse ontem esperar que, com a produção nacional do Efavirenz, a indústria farmacêutica internacional passe a considerar o Brasil não apenas como um consumidor: "Mostramos nossa capacidade. Esperamos que empresas passem também a produzir no Brasil." Ele afirmou que não há, no momento, o estudo do pedido de licença compulsória de nenhum outro remédio. "A licença compulsória não é uma política. É um recurso que merece ser usado, mas apenas quando há necessidade para isso."

O Efavirenz foi o primeiro medicamento que teve a licença compulsória decretada no País. A produção genérica do remédio em laboratórios oficiais brasileiros era esperada por boa parte da comunidade internacional. Embora tenha ocorrido com meses de atraso, foi comemorada por entidades e especialistas em saúde pública.

"É uma vitória importante, um marco. Mas é preciso lembrar que há ainda muito o que fazer para atualizar a produção", afirmou o pesquisador da Faculdade de Medicina da USP Alexandre Grangeiro.

O Tenofovir está há tempos na mira de Farmanguinhos. A patente do remédio, produzido pela Gilead, foi depositada no Instituto Nacional de Propriedade Industrial em 1998, mas somente em abril o processo foi apressado. Em setembro, o INPI recusou a patente do remédio, hoje usado por 31,3 mil pessoas, ao custo de US$ 43 milhões.

Se faltar crédito, governo suprirá demanda, garante Mantega

O mundo vive uma crise muito grave. Felizmente, o Brasil, por sorte ou por ter se mantido à margem desta economia globalizada por muitos anos, e só recentemente ter começado a participar, ainda não sofre muito as consequências. É legítima a preocupação do ministro Mantega. Mas também é legítima a preocupação do movimento sindical que está acostumado a ver empresários ávidos por desculpas para mamar nas tetas do governo.  Qualquer movimentação nesta área de oferta de crédito para empresários serão monitoradas pela UGT.

Eis o texto: Ministro reconhece que há escassez de crédito internacional a empresas, mas diz que problema é 'passageiro'

 O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assegurou nesta quarta-feira, 16, que se for necessário, diante da crise internacional, o governo vai oferecer crédito para investimento, exportação e agricultura às empresas brasileiras. Segundo ele, já está havendo uma escassez de crédito internacional para as empresas, mas não o crédito local, destinado ao consumo. "Se sentirmos essa escassez se prolongar, podemos tomar algumas medidas no sentido de estimular o crédito para investimento. Não para consumo, porque não está faltando", afirmou o ministro, ao chegar ao Ministério da Fazenda.

Mantega reconheceu que neste momento as empresas brasileiras que tomam empréstimo no exterior não estão conseguindo, ou estão pagando muito alto por isso. Mas avaliou que trata-se de um "problema passageiro". "É um problema que deve ser passageiro e será resolvido. Se faltar crédito para investimentos à agricultura e exportação, o governo tomará medidas para supri-lo", garantiu. O ministro avaliou ainda que o risco de contaminação da economia brasileira com os efeitos da crise internacional é pequeno. "Não vejo contaminação". Ele reafirmou que o sistema financeiro brasileiro está sólido.

O ministro avaliou ainda que está satisfeito com a performance da inflação que vem apresentando queda e desaceleração. Segundo Mantega, essa desaceleração está sendo observada em todos os índices. Para o ministro, a inflação de 2008 ficará "tranqüilamente" abaixo do teto da meta. Mas ao ser questionado se seria possível, já em 2009, levar a inflação para o centro da meta, respondeu: "pergunte ao Banco Central".

 O ministro também elogiou a decisão do governo americano de socorrer a seguradora American International Group (AIG). Ele disse que, depois da experiência com o Lehman Brothers não ter sido bem sucedida, foi acertada a decisão dos Estados Unidos. "É uma grande empresa de seguro, que tem impacto na economia internacional. Acho que foi adequado e, com isso, há uma acalmada na crise financeira", disse o ministro ao chegar no prédio do Ministério da Fazenda, em Brasília.

 Mantega disse que a crise não vai terminar agora, mas, pelo menos, com a decisão, diminuiu o seu impacto na economia mundial. Segundo o ministro, o governo americano não deve salvar todas as empresas, mas o Federal Reserve (FED) não pode permitir que ocorram problemas que afetem a todo o sistema. "Senão você vai permitir que haja uma quebradeira geral e aí é ruim para todos", disse.

O ministro avaliou que as empresas que ficaram com grandes exposições no crédito têm que pagar o preço e estão pagando. "Basta ver as ações de um dos bancos que se envolveram nisso. O Lehman Brothers virou pó", disse ele. Mantega alertou, no entanto, que, quando há uma quebradeira generalizada que atinge vários países, é preciso intervir senão pode gerar um problema maior para a economia mundial.

 

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

BNDES deve priorizar o financiamento de empregos, não de empresários em crise

BNDES deverá ser a principal fonte de financiamento
Eis aí uma situação que os trabalhadores devem acompanhar com uma lupa de aumento. O BNDES existe para uma função social. Deve, portanto, investir em empregos. E priorizar os repasses para empresários comprometidos com a geração de empregos, com a melhoria das condições de vida da população. Agora, diante da crise mundial e da falta de dinheiro barato no Exterior, voltam suas atenções e garras para os cofres do BNDES. Muita calma nesta hora! Os trabalhadores estão atentos.
Acompanhe: Com crédito mais escasso e caro, governo deve reforçar papel do banco, segundo representantes do setor industrial. Já se negocia o aumento dos repasses do FAT e do Tesouro Nacional para financiar planos das indústrias brasileiras
O BNDES deverá ser a principal fonte de financiamento das indústrias brasileiras -com a escassez e o encarecimento de crédito externo- em decorrência da crise do setor bancário nos EUA, na avaliação de representantes do setor industrial.
E o BNDES já negocia com o governo o aumento dos repasses do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e do Tesouro Nacional para dar conta de financiar planos de investimentos das indústrias brasileiras.
Fernando Puga, chefe do departamento de Análises Econômicas do BNDES, diz que o banco será o "colchão" que garantirá o investimento de longo prazo das empresas, especialmente agora com a crise mais intensa nos EUA. Neste ano, o banco quer aprovar financiamentos de R$ 84 bilhões.
O sistema bancário doméstico está intacto "e o governo brasileiro deve reforçar neste momento o papel do BNDES, já que muitas empresas não terão alternativas de crédito lá fora", afirma Júlio Gomes de Almeida, assessor econômico do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
Na sua avaliação, se a crise nos Estados Unidos se agravar, o que ele acredita que deve acontecer, investimentos de empresas brasileiras no exterior poderão até ser revistos.
Armando Monteiro, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), diz que a crise preocupa. "Já havia um movimento de turbulência e essa percepção ficou agora mais evidente. Vamos passar por um momento de contração de crédito no mundo e isso vai afetar os investimentos. Não sentimos esse efeito, mas virá."
Para Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação das montadoras de veículos, é cedo para fazer avaliação sobre o impacto da crise no Brasil.
"O Brasil não está fora de sentir os efeitos da crise e é fundamental que o país acompanhe de perto quais as conseqüências que poderá ter na economia brasileira. Neste ano, nada muda. Agora, no ano que vem, dependendo da extensão da crise, poderemos crescer menos do que o previsto."
Na sua avaliação, se cair o custo dos ativos no exterior, é possível até que as empresas brasileiras aproveitem essa oportunidade para crescer no mercado internacional.
Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, afirma que a conjuntura econômica favorece o crescimento do Brasil, que está com as contas em dia em um contexto de crise mundial.
"Tanto as empresas brasileiras quanto o sistema financeiro e o país como um todo estão em posição diferenciada." No 5º Fórum de Economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Steinbruch defendeu o aumento da oferta de crédito pelo governo como forma de sustentar o consumo interno e garantir o crescimento econômico.
O presidente do conselho do grupo Ultra, Paulo Cunha, acredita que a crise internacional vá provocar redução no ritmo de crescimento do grupo.
"Nós temos andado depressa. Faturamos R$ 5 bilhões em 2005 e devemos faturar R$ 25 bilhões neste ano." Para ele, o momento não é favorável à realização de investimentos.
Para Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon SP, a eventual escassez de crédito que possa ocorrer no mercado internacional pode ser um problema para o setor. "Essa crise de liquidez vai afetar o mercado da construção civil não neste ano, mas, sim, no ano que vem."

Justiça determina entrega de diesel mais limpo em 2009
Finalmente alguma ação concreta contra a poluição criada pelo diesel. É pouco. Precisamos de atitudes mais concretas.
Acompanhe, por favor:
Ação foi movida pela Procuradoria do Estado e pelo Ministério Público Federal. Liminar ordena que diesel menos poluente seja entregue em quantidade suficiente para abastecer uma bomba em cada posto
A Justiça Federal de São Paulo concedeu liminar que obriga a Petrobras e a ANP (Agência Nacional do Petróleo) a garantir o fornecimento, a partir de janeiro de 2009, do diesel menos poluente S-50 em quantidade suficiente para abastecer pelo menos uma bomba em cada posto de gasolina do país -são cerca de 35 mil.
A ANP afirma que irá recorrer da decisão, expedida anteontem pelo juiz José Carlos Motta, da 19ª Vara Cível, em resposta a ação movida pela Procuradoria do Estado e pelo Ministério Público Federal desde o final de 2007.
A Petrobras, por sua vez, disse, em nota, que "reafirma seu compromisso de fornecer a partir de 2009 o diesel 50 ppm a ser utilizado pelos veículos com tecnologia P6 [menos poluentes]". Anteriormente, a empresa já tinha condicionado o fornecimento do diesel à existência de motores novos.
O diesel S-50 tem 50 partes por milhão de enxofre. Hoje, o diesel contém entre 500 ppm e 2.000 ppm de enxofre. Dados da USP mostram que, em São Paulo, o ar poluído mata de 12 a 14 pessoas por dia.
Comemorada pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, a determinação apenas garante, em parte, o cumprimento da resolução 315/02 do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), que determina redução da emissão de poluentes para toda a frota.
A decisão prevê que o S-50 esteja disponível para todos os veículos a diesel a partir de janeiro de 2009, prazo dado também para que as montadoras fabriquem motores com tecnologia menos poluente -como já fazem na Europa e nos EUA.
Porém, a Petrobras alega que só entregará o diesel menos poluente quando as montadoras venderem os veículos adaptados. Estas, por sua vez, dizem que, por lei, têm prazo até 2010 para fabricar o novo motor.
Segundo a Procuradoria, o diesel S-50 em pelo menos uma bomba garante a acessibilidade do combustível. O órgão irá solicitar ao juiz a obrigatoriedade de que o S-50 seja fornecido com preço "suficientemente próximo" ao do diesel convencional, para que seja atrativo.
A decisão do juiz não impõe regras às montadoras -elas são alvo de outra ação, movida pelo Ministério Público Federal. A Anfavea (associação das montadoras) não comentou a decisão. Disse que não terá como fornecer motores menos poluentes em janeiro.
A ANP afirmou que a determinação do juiz "estende a discussão [desnecessariamente]" e justificou a intenção de recorrer por considerar "já ter feito a sua parte", disse a assessoria.
Para ambientalistas, a decisão "era o mínimo que se poderia fazer". "Faltou fixar um prazo, de até seis meses, para que o S-50 esteja em todas as bombas. O problema não é de mercado. O problema é que morre gente [por causa da poluição]", diz Carlos Bocuhy, do Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Vendas no varejo em julho têm primeira queda desde fevereiro
Nada de especial nesta queda de 0,2% diante de um inverno que não houve. Vem aí o Dia das Crianças e depois começa a movimentação para o Natal. Nada para justificar a choradeira patronal nestes tempos de convenções coletivas.
Fiquemos atentos: O comércio varejista brasileiro amargou em julho sua primeira queda mensal desde fevereiro, mas o desempenho das vendas ficou 11% acima do verificado no mesmo período do ano passado, informou nesta terça-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De junho para julho as vendas do setor caíram 0,2%, praticamente em linha com as estimativas de mercado, que indicavam uma queda de 0,3% para o período, de acordo com a mediana das projeções de 12 economistas consultados pela Reuters.
O avanço na comparação com julho do ano passado ficou levemente acima do projetado pelo mercado, que apostava em avanço de 10,8%, de acordo com a pesquisa.
Apesar da queda mensal, a receita nominal do setor manteve a trajetória de alta, subindo 0,5% em julho frente a junho. Na comparação com julho do ano passado, a receita registrou um ganho de 18,5%, informou o IBGE em comunicado.
As vendas de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo recuaram 0,2%, sendo uma das quatro atividades pesquisadas pelo IBGE que registraram recuo de junho para julho. O instituto avalia o desempenho de 10 segmentos.
Já na comparação anual, todas as atividades avaliadas pelo IBGE apresentaram desempenho positivo.

Mangabeira quer obrigar jovens a prestar serviço social
Uma boa idéia do ministro Mangabeira Unger. Além de permitir um contato dos jovens com o Brasil real, ajudará a acelerar o amadurecimento e a ocupar os jovens num momento em que a pouca experiência e a falta de vagas no mercado mantém os jovens perambulando pelas ruas, à mercê de más influências.
Leia o texto: Pela proposta, dispensados do alistamento militar seriam enviados para o interior do país; mulheres também participariam
O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, defendeu ontem que os jovens de 18 anos que forem dispensados do serviço militar obrigatório sejam enviados ao interior do país, para serem aproveitados no serviço social obrigatório. A idéia faz parte do Plano Nacional de Defesa, elaborado por Mangabeira e pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. Se o jovem dispensado do alistamento militar estiver fazendo curso superior, ele seria encaminhado para algum trabalho em sua área de atuação.
— O jovem que está iniciando uma formação universitária vai trabalhar de acordo com seu ramo. Por exemplo, um arquiteto vai ajudar a construir casas populares. Um engenheiro vai ajudar a fazer saneamento básico. Se não tiver o terceiro grau, vai $a educação complementar para poder engajar-se — explicou Mangabeira.
Esse jovem seria capacitado militarmente para compor uma "força de reserva mobilizável", a ser utilizado em casos de necessidade. Mangabeira espera que, dessa forma, o adolescente conheça melhor a realidade de seu país, conviva com seus problemas e trabalhe com pessoas de classes sociais diferentes.

Márcio Pochmann: sindicato precisa disputar opinião pública
A UGT desde a sua fundação tem essa preocupação que Márcio Pochmann destaca. Somos a central que se preocupa com a organização da classe trabalhadora brasileira, mas que também está atenta aos problemas vividos pelos excluídos, pelos trabalhadores informais, pelos problemas gravíssimos de discriminação enfrentados por negros e mulheres.
Vale a pena avaliar, com calma, a análise e sugestões do Márcio Pochmann: Após dar uma verdadeira aula sobre as transformações políticas e sociais ocorridas no Brasil a partir da década de 30, o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Márcio Pochmann, apontou a necessidade de repensar a organização do trabalho. No auditório do Hotel Embaixador, em Porto Alegre, o economista falou para 100 pessoas, à convite da Federação dos Bancários do RS (Feeb-RS) na noite da última terça (9).
Além de fazer um relato histórico detalhado sobre as mudanças que ocorreram no Brasil, tanto na economia quanto na estruturação da sociedade, Pochmann falou sobre a conjuntura atual e a importância da convergência política para que o governo faça as escolhas certas rumo ao desenvolvimento.
Confira algumas das principais declarações do economista:
“Desde a revolução de 30 até os anos 80 houve um ciclo de expansão e de transformações gigantescas. O Brasil passa de uma economia primária para um processo de industrialização e urbanização. Estas mudanças também fizeram surgir uma classe trabalhadora de grande significado. A transição do homem do campo para cidade, de maneira geral, representou uma relativa ascensão social''.
''Depois deste período tivemos três décadas que foram uma verdadeira tragédia para o país, representando regressão econômica e social. O desemprego cresceu, a distribuição de renda piorou e houve um processo de destruição do sistema produtivo''.
''De 2005 para cá começamos a pensar a longo prazo. Voltamos a ter uma visão de futuro e de otimismo em relação ao país. Escolhas devem ser feitas considerando o que vem pela frente. Estamos vivendo um momento melhor que vai depender da maioria política''.
''Em conseqüência disto, precisamos repensar a organização do trabalho e do próprio movimento sindical. Se não fizermos as propostas, outros farão. É necessário um novo olhar, especialmente quando estamos falando de uma nova classe trabalhadora, que não tem nada a ver com a dos anos 80''.
''O sindicato tem que disputar a opinião pública. Precisamos preparar dirigentes com visões de mundo e capacidade de fazer a disputa. Hoje existem no Brasil 70 mil dirigentes sindicais liberados. Não existe isso em nenhum outro país”.