segunda-feira, 16 de março de 2009

Cabem às lideranças sindicais captar as tendências sem se deixar influenciar, apenas, pelas notícias ruins

Vamos sair desta porque o Brasil é muito maior que a crise

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) Vivemos tempos esquizofrênicos quando o tema se relaciona com interpretações ou notícias sobre a crise financeira mundial. No mesmo jornal a gente acha notícia sobre redução da tendência de desemprego, com textos que falam do aumento dos gastos do governo com seguro desemprego e relatos sobre a recuperação do consumo. Todas as informações são verdadeiras, acredito, mas são fotos do dia que os jornais e redes de tevês nos apresentam. Cabe a nós, lideranças sindicais, ter o olho clínico para captar as tendências. E, principalmente, levar sempre em consideração que os otimistas de plantão podem estar corretos. Todos sabemos que teremos um ano difícil. O primeiro e o segundo trimestre não prometem muita coisa. Mas temos chances reais de nos recuperar a partir do segundo semestre exatamente porque a crise é global e o capitalismo do mundo inteiro não vai esperar, passivo, para que a crise se arranje sozinha. Os governos estão agindo, em especial, o governo brasileiro. Os bancos estão sendo colocados dentro de um controle mais rígidos e os especuladores, que continuarão a existir, estão na moita, tentando lamber as feridas que causaram a eles mesmos. Mas a crise passará.  Principalmente, no Brasil, que não conseguirá fazer frente ao nosso irrefreável otimismo, fé em nosso potencial e a certeza de que somos muito maiores que a crise.

Leia as notícias do dia:

Emprego formal registrou alta em fevereiro, diz Lupi  

O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, disse hoje, em Curitiba, que as manchetes apresentando aumento de desemprego, principalmente na indústria paulista, estão "atrasadas". "O dado com que trabalho não é pesquisa, são dados mensurados pelo Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados (Caged)", afirmou. Segundo ele, em janeiro foram contratadas 1,2 milhão de pessoas com carteira assinada, ante 800 mil em dezembro. No entanto, ainda houve 1,3 milhão de demissões. "Mas em fevereiro já equilibrou e tem um avanço (no emprego formal)", disse. "Vai ter um saldo positivo." Os dados do Caged de fevereiro devem ser divulgados na semana que vem.

Presente à mesma solenidade de inauguração do prédio do Tribunal Regional do Trabalho, o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, manifestou uma visão diferente. "Acreditamos que ainda vamos ter um resultado fraco neste primeiro trimestre", afirmou. "Mas a economia já dá sinais de recuperação." De acordo com ele, o crédito já está praticamente em ordem, faltando apenas algumas questões pontuais de pequenas e microempresas. "A expectativa é que a partir de abril comece a dar uma recuperada na economia como um todo e nos empregos", disse.

Lupi repetiu sua visão otimista. "A economia brasileira está com mercado interno muito forte, ganho real do salário mínimo, e tudo isso faz com que o Brasil se diferencie", afirmou. "Tenho absoluta segurança de afirmar que, a partir de março, o Brasil será o primeiro país a crescer fortemente tanto na economia quanto na geração de empregos." Ele fez um apelo para que todos sejam "patriotas" e acreditem no Brasil. "Precisamos acreditar que já estamos saindo dessa crise e vamos surpreender o mundo", acentuou.

O ministro do Planejamento disse que o governo está estudando se haverá necessidade de postergar o reajuste nos vencimentos dos servidores públicos federais, previsto para julho, em razão da menor arrecadação. "A lei que aprovou os reajustes prevê que, se houver queda muito grande na receita, nós podemos postergar esses reajustes", disse Bernardo. "Não tomamos a decisão, mas de fato existe essa possibilidade." Segundo ele, a resposta deve ser dada até maio. Ele também destacou que o governo federal manterá apenas os concursos que forem considerados "absolutamente prioritários", entre eles os previstos para a Educação. "A grande maioria será adiado", adiantou. (Estadão)

Brasil bate recorde em gasto com seguro-desemprego

População tem dificuldade de honrar seus compromissos

O gasto do governo com seguro-desemprego, que teve recorde de pedidos em janeiro e de pagamentos em fevereiro, subiu 25% no primeiro bimestre em relação ao mesmo período de 2008, informam os repórteres Gustavo Patu e Julianna Sofia, em matéria publicada na Folha.

Foram R$ 2,6 bilhões pagos a trabalhadores com carteira assinada demitidos sem justa causa. Só em fevereiro, o governo gastou R$ 1,4 bilhão, 19% a mais que no mesmo mês de 2008.

Embora o impacto no caixa do Tesouro Nacional tenha se tornado mais palpável agora, o aumento do número de desempregados em busca do seguro começou no último trimestre do ano passado, quando a economia brasileira deixou bruscamente uma trajetória de crescimento e sofreu a maior retração medida na série histórica do IBGE, iniciada em 1996.

Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), desde novembro, o mercado de trabalho formal perdeu 797,5 mil vagas. (Leia mais Folhaonline)

Crise abala caixa dos estados e arrecadação já recua 13,9%

A crise chegou ao caixa dos estados e provocou queda na arrecadação do seu principal tributo, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços). No comparativo de dezembro do ano passado para janeiro de 2009, os estados, juntos, amargaram uma queda de 13,9%. No Sudeste do País, apenas o Rio de Janeiro teve um incremento de receita. No Sul, o Paraná foi o único a obter aumento em sua arrecadação. Por região, todos tiveram perdas, exceto o Centro-Oeste. Em relação a janeiro de 2008 com o mesmo período este ano, houve recuo de 11,8% na receita.

Além do arrefecimento da economia local, os governos terão menos dinheiro, porque a fonte transferências federal vai diminuir. Mesmo se a previsão orçamentária for mantida, os repasses da União a estados e municípios terão crescimento de apenas 7,59%, passando dos R$ 133 bilhões em 2008, para R$ 143 bilhões neste ano. De 2007 para 2008, entretanto, as transferências tiveram expansão de 26,7%.

"A trajetória de queda na receita - transferências, ICMS, IPVA - principal deve começar a aparecer nos dados de 2009", diz Felipe Salto, economista da Tendências Consultoria. "São dois movimentos de perda que vão aparecer. Um deles é no repasse para todos os estados, porque a queda na receita da União será transferida para os níveis estaduais e municipais e o outro é o desaquecimento da economia nos estados", completa Salto.

Para o especialista em finanças públicas, Amir Khair, a diminuição na receita da União é um primeiro sinal de que os estados vão acompanhar a tendência de perda de recursos. "O que pode compensar um pouco esses prejuízos nos caixas estaduais é a substituição tributária, que começou a ser implantada parcialmente no ano passado. Embora não esteja valendo para todos os setores e estados, é uma ação que pode minimizar as perdas", afirma. "Além disso, a redução que vai acontecer no ICMS vai afetar os municípios", diz.

Segundo Khair, o fato é que os governos vão trabalhar com menos dinheiro, seja por queda na arrecadação de impostos ou por repasses da União. "Uma parte do Norte e Nordeste, por exemplo, depende muito do Fundo de Participação do Estados (FPM), onde tem a cota de 21,5% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e 21,5% do Imposto de Renda (IR)", explica.

Além de perder com o desaquecimento da economia, que reduzirá o IR (Imposto de Renda), uma das fontes dos repasses constitucionais, os governadores também terão que arcar com parte das desonerações tributárias que a União fez. As reduções de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), uma das medidas mais importantes para beneficiar o setor automotivo, reduzem o valor do Fundo de Participação dos Estados, que é composto também por esse tributo.

"Os impactos da crise batem forte na arrecadação e não há dúvida de que esse será o principal entrave para avanços nos três níveis de governo. Será necessário um ajuste fiscal para manter austeridade e fazer boa provisão da receita", conta Salto. Segundo ele, a projeção de queda de receita total para este ano - somadas contribuição, impostos e receitas previdenciárias - é de 7,2% em relação a 2008 (aplicados para esse calculo, o crescimento real de 0,3% e inclusas as desonerações já concedidas pelo governo federal). "Para se ter uma ideia a arrecadação do ano passado teve um incremento de real de 7% em relação a 2007", destaca. Salto diz que Receita Federal deve divulgar o resultado arrecadação de fevereiro até o final da semana. "A nossa previsão é que fevereiro acumule uma queda de 6,1%", afirma. (Leia mais no DCI)

Descoberta no pré-sal pode igualar Tupi com 8 bi de barris de óleo

O poço Azulão-1 pode elevar em mais oito bilhões de barris de petróleo as reservas encontradas no pré-sal. Essa é a estimativa de volume que pode ser recuperado nessa unidade de produção que foi descoberta em janeiro deste ano pela americana ExxonMobil, que detém 40% de participação na sociedade responsável pela exploração. A Hess Corporation tem outros 40% e a Petrobras os 20% restantes. O poço está localizado no Bloco BM-S-22 na Bacia de Santos, próximo a Tupi, que possui volume de oito bilhões de barris e de Júpiter, que possui cerca de um bilhão.

Se confirmado esse volume, a região vai precisar de US$ 500 bilhões em investimentos nas próximas décadas para a construção de oleodutos, plataformas de produção, usinas de processamento de gás e outras obras de infraestrutura, estima Rex Tillerson, da ExxonMobil.

Segundo disse Luiz Lemos, um dos sócios do escritório de advocacia brasileiro TozziniFreire Advogados, que representa empresas de combustíveis estrangeiras com projetos no país, a magnitude da descoberta vai intensificar o interesse de produtoras norte-americanas, europeias e chinesas pela região ao largo da costa do Brasil, em meio à oferta decrescente de bacias inexploradas de petróleo fora do Golfo Pérsico e da Rússia. Dentre os clientes de seu escritório estão as norte-americanas ExxonMobil, Devon Energy e a norueguesa Statoil.

A Petrobras manteve sua política de não comentar os volumes de petróleo que ainda não estão confirmados e preferiu não se manifestar sobre o assunto. A posição da ExxonMobil é semelhante. Segundo Patrick McGinn, porta-voz da empresa em Houston (EUA), ainda não há idéia do tamanho da reserva encontrada, para ele, qualquer especulação é prematura enquanto não estiver feito todo o trabalho de avaliação.

Descoberta — Na sexta-feira, a Petrobras comunicou uma nova descoberta de gás na Bacia de Santos à Agência Nacional do Petróleo (ANP). De acordo com a empresa, as acumulações de gás estão localizadas no bloco BM-S-53, localizado próximo ao campo de Mexilhão, que começa a operar no ano que vem. Porém, a estatal não informou se a descoberta foi abaixo da camada de sal, mas os dados informados à ANP indicam profundidade de 4.574 metros. O poço onde encontrou o gás foi perfurado pela sonda Pride México, da Pride. O bloco está sob concessão total da Petrobras, sem a participação de nenhum sócio. Ele foi adquirido em 2002. (DCI)

Sistema de socorro às empresas preocupa BNDES

A possibilidade de dar o socorro adequado às empresas de pequeno e médio portes - as mais atingidas pela maior seletividade do mercado de crédito, agravada nos últimos seis meses -, preocupa o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), reconhece o presidente da instituição, Luciano Coutinho. "Dependemos da rede bancária para ajudar principalmente as empresas menores. Mas, às vezes, por dificuldade de coordenação, não conseguimos fazer isso, o que nos causa muita angústia", afirmou, na sexta-feira, após participar de evento organizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC).

Segundo Coutinho, porém, o BNDES está suficientemente capitalizado para garantir empréstimos a empresas até o próximo ano. No fim do ano passado, o banco recebeu um aporte de R$ 100 bilhões do Tesouro Nacional. "Em 2008, direcionamos cerca de R$ 22 bilhões às pequenas e médias empresas. Neste ano, esse volume deve ser superado", afirmou. "Temos fôlego para suprir as necessidades até 2010. Se a crise se estender, teremos de dar um jeito", disse, ressaltando que aguarda a normalização dos mercados de crédito e de capitais do País a partir do segundo semestre.

Para Coutinho, a melhora devolverá ao banco de fomento a possibilidade de executar suas principais atividades. "No momento, temos atuado também para corrigir falhas momentâneas do mercado. Por isso, não seria positivo registrar um aumento dos recursos emprestados. Seria um sintoma ruim", explicou.

Em sua avaliação, o início da normalização do mercado de capitais ocorrerá naturalmente. "Oscilações de preços de ativos é normal. Mas algo positivo é que não há problemas nas estruturas reais das companhias. Os problemas com empresas listadas foram bastante pontuais", ponderou.

Referindo-se à Embraer, o presidente do BNDES disse que é parte do papel do banco financiar os clientes da companhia. (Leia mais na Gazeta Mercantil)

sexta-feira, 13 de março de 2009

Nos manter atentos aos desdobramentos da crise, mas sem perder a esperança, jamais

Economia brasileira deve crescer até 2% em 2009, indica IBGE

Ufa! Que alívio. De repente, no meio de tanta notícia que busca propositalmente os aspectos mais aterrorizantes, o Ipea, com a autoridade do Márcio Pochmann, nos mostra que teremos um crescimento modesto de 2%, mas um crescimento. Vai depender, claro das atitudes e ações dos atores sociais. Teremos que neutralizar os pessimistas de plantão, os especuladores e trabalhar muito para a partir, talvez, de Maio, iniciarmos um rápido processo de recuperação de nossa economia. Temos um mercado interno sólido, sustentado por iniciativas sociais do atual governo, com reajuste real de 45% do salário mínimo, com incentivos ao crédito, com redução do IPI dos carros, com apoio continuado à exportação. Ou seja, o governo brasileiro tem feito o dever de casa e tem atuado com patriotismo. É hora de os atores sociais, empresários, líderes políticos (inclusive da oposição) começarem a ajudar na reconstrução da nossa economia. Os trabalhadores estão fazendo sua parte. Entregando o próprio emprego, sacrificando suas famílias, mas mesmo assim, sem perder a fé no País. Afinal, o Brasil e os brasileiros somos maiores que a crise.

Leia mais e não se deixe contagiar pelas notícias que insistem em apostar apenas nos aspectos negativos: Recuo do PIB no primeiro trimestre de 2009 deve ser menor do que no último trimestre de 2008, avalia economista Alcides Leite.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) de 2008 foi de R$ 2,9 trilhões, um crescimento real de 5,1% em relação à 2007. Ano passado, a produção industrial cresceu 4,3%; os serviços, 4,8%; e a agropecuária, 5,8%.

Dentre os setores da indústria, merecem destaque a construção civil, o fornecimento de eletricidade, gás, esgoto e limpeza urbana, e o setor de extração mineral. No setor de serviços, as atividades financeiras, de informação e de comércio foram as que mais expandiram.

O crescimento do PIB de 2008 só não foi maior devido ao forte recuo ocorrido no último trimestre do ano, que sofreu uma redução de 3,6% em relação ao terceiro trimestre.

Na comparação (4º trimestre de 2008 em relação ao 3º trimestre de 2008), os investimentos caíram 9,8%, o consumo das famílias encolheu 2%, o consumo do governo subiu 0,5%, as exportações decresceram 2,9%, e as importações encolheram 8,2%. Pelo lado da produção, a indústria sofreu recuo de 7,4%, os serviços caíram 0,4%, e a agropecuária diminuiu 0,5%.

Os dados do IBGE indicam que a economia brasileira, que vinha em um ritmo acelerado de crescimento em 2008, sofreu forte freada no último trimestre do ano. Espera-se também um outro recuo do PIB no primeiro trimestre de 2009, porém de intensidade menor. A situação deve começar a se normalizar a partir do segundo trimestre. Em 2009 devemos ter um crescimento da economia brasileira entre 1% a 2%.

. Por: Alcides Leite é professor de economia e de mercado financeiro da Trevisan Escola de Negócios e autor do livro “Brasil, a trajetória de um país forte”, da Trevisan Editora Universitária. (Revista Fator)

 

Emprego industrial de SP cai ao nível de 2007

 

Saldo negativo de vagas registra 3º recorde seguido em fevereiro, com 43 mil cortes; desde outubro, são 236,5 mil postos fechados. Em cinco meses, indústria paulista perde mais vagas do que criou em todo o ano de 2004, o melhor período para o segmento no Estado.

 

Com a perda recorde no saldo de geração de postos de trabalho da indústria paulista desde o final do ano passado, o nível de emprego do setor voltou ao patamar de fevereiro de 2007, segundo a Fiesp/Ciesp (Federação e Centro da Indústria do Estado de São Paulo).

De acordo com pesquisa das entidades divulgada ontem, fevereiro foi o terceiro mês seguido de recorde negativo para o setor. Dezembro e janeiro haviam sido os piores meses para a geração de empregos desde 1995, quando a série histórica teve início. No mês passado, a indústria paulista perdeu mais 43 mil vagas ante janeiro.

Desde outubro, quando os efeitos da crise começaram a ser sentidos de forma mais intensa no Brasil e no mundo, a indústria paulista eliminou 236,5 mil vagas -aproximadamente 10% dos empregos do setor. O número é maior do que o referente ao ano em que a indústria do Estado mais gerou empregos recentemente, em 2004, quando foram criadas 145 mil vagas.

"Em 13 anos, nunca tínhamos visto uma queda com essa expressão em fevereiro. Foi o terceiro mês com recorde negativo, e sabe Deus a quantos vamos assistir em razão da crise", disse Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.

De outubro a fevereiro, tradicionalmente há queda no saldo de emprego no Estado em razão do fim da safra de cana-de-açúcar -os empregos no campo são adicionados às admissões da indústria porque os contratos são feitos pelas usinas-, mas esta retração foi muito superior à que ocorria.

Em 2007 e 2008, houve perda de 35,5 mil e de 38 mil postos, respectivamente, no período de outubro a fevereiro, contra os 236,5 mil agora.

O total dos empregos na indústria paulista é de 2,35 milhões, ante 2,58 milhões em setembro de 2008, mês em que a quebra do banco Lehman Brothers acelerou a crise global.

Francini prevê que a partir deste mês o saldo de criação de empregos possa chegar, pelo menos, à estabilidade. A percepção dos empresários nesta quinzena, monitorada pelo indicador Sensor da Fiesp, mostra que melhorou a expectativa das empresas para emprego, vendas, investimentos e mercado em relação à última quinzena de fevereiro.

Setores mais afetados — No mês passado, o setor que mais extinguiu vagas foi o de outros equipamentos de transporte -por exemplo, ferroviário e aeronáutico. O segmento foi responsável por 22% das vagas cortadas em fevereiro, com eliminação de 9.565 postos de trabalho. As mais de 4.200 demissões na Embraer foram as principais responsáveis pelo dado ruim do setor e pelo fato de São José dos Campos ter registrado o pior desempenho entre as diretorias regionais.

O levantamento também mostra que a eliminação de postos de trabalho ocorre tanto na capital quanto no interior do Estado. Das 36 diretorias da associação, 30 tiveram saldo negativo de geração de empregos, 1 registrou estabilidade e 5 tiveram resultados moderadamente positivos no mês (Jaú, Araraquara, Jacareí, Limeira, Santa Bárbara do Oeste e Araçatuba). (Leia mais na Folha)

Inflação afeta negociações e reduz ganho real em acordos salariais de 2008

Os trabalhadores conseguiram aumento real em 77,6% dos acordos salariais realizados no ano passado, segundo levantamento do Dieese a partir de 706 negociações feitas no país.

Apesar de o resultado ser considerado positivo, esse percentual é menor do que o obtido em 2007, quando 87,7% dos acordos analisados tiveram reajustes superiores à inflação medida pelo INPC do IBGE -o indicador mais usado nas negociações salariais.

A aceleração da inflação no ano passado, especialmente a partir do segundo trimestre, é a principal explicação para a diminuição no percentual de acordos com ganhos reais.

"A crise financeira internacional não teve influência nos resultados do ano passado. O que explica a queda nos acordos com ganhos reais é o avanço da inflação. Mas vale ressaltar que esse é o terceiro melhor resultado das negociações salariais desde o início da série histórica, em 1996", diz José Silvestre de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese.

Os aumentos reais concedidos no ano passado se concentraram, em sua maior parte, no intervalo até 1% acima da inflação medida pelo INPC. Em 2007, houve mais acordos com ganhos reais no intervalo entre 1,01% e 2% acima da inflação. "A inflação média [acumulada nos 12 meses anteriores às datas-bases das categorias] foi de 3,89% em 2007 e, no ano passado, chegou a 6,46%. Quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho real", diz Oliveira.

Na indústria, setor que concentra metade das 706 negociações estudadas pelo Dieese, 87% dos acordos tiveram reajustes acima da inflação, 6,6% foram equivalentes ao INPC e 6,4% ficaram abaixo do indicador. Em 2007, 94% dos acordos foram acima da inflação.

No comércio, ganhos reais foram conquistados em 85% dos acordos -mesmo percentual das negociações em 2007. No setor de serviços, os resultados foram mais desfavoráveis: 61% dos acordos ficaram acima do INPC em 2008, enquanto em 2007 foram 81%. (Leia mais na Folha)

CCJ veta prisão especial para preso que tem diploma

Também os religiosos ficarão em prisão comum, segundo prevê o projeto de lei aprovado em comissão do Senado. Pela proposta, só terão direito à cela especial ministros, governadores, prefeitos, delegados e juízes, por "segurança".

Os portadores de diploma de nível superior, religiosos e cidadãos condecorados com a Ordem Nacional do Mérito poderão perder o direito à prisão especial, segundo projeto de lei aprovado na última quarta pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.

A proposta, porém, mantém o benefício para autoridades como ministros, governadores, prefeitos, promotores, juízes e delegados. A justificativa é que, nesses casos, a medida é necessária por questão de segurança.

Como ocorre atualmente, a prisão especial continuará valendo até a condenação definitiva do acusado. Depois disso, ele deverá ser transferido para uma cela comum.

Pela lei em vigor, a prisão especial prevê o recolhimento do suspeito em um prédio que não seja a prisão comum, quando disponível. Se não houver um estabelecimento específico para o preso especial, ele será colocado em uma cela separada na prisão comum.

Segundo a lei federal 10.258, de 2001, a cela especial poderá ser um alojamento coletivo, com "aeração, insolação e condicionamento térmico adequados à existência humana". A mesma lei prevê que o preso especial não pode ser transportado com o preso comum.

Tramitação — O projeto de lei terá ainda que ser aprovado pelo plenário do Senado. Como o projeto original foi alterado no Senado, com a inclusão da restrição à prisão especial, deverá voltar para a Câmara dos Deputados. Para entrar em vigor, terá ainda que ser sancionado pelo presidente da República.

Além das novas regras para prisão especial, o projeto de lei estabelece outras mudanças no Código de Processo Penal, de 1941. Entre elas está a imposição de um limite de 180 dias para a prisão provisória antes de cada julgamento de primeira e segunda instância. (Leia mais na Folha)

Setor produtivo se mantém apreensivo, indica Ipea

A pesquisa Sensor Econômico, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) com 115 entidades representativas de trabalhadores e empresários em diversos setores da economia (exceto o setor financeiro), apontou que, no mês de fevereiro, o setor produtivo se mantém apreensivo quanto à expectativa socioeconômica, com o indicador em 4,36 pontos, contra 6,78 em janeiro. Quanto mais baixa a pontuação, mais próximo de uma cenário adverso se mostra o setor.

Mesmo assim, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, avalia que a expectativa pode vir a melhorar na próxima pesquisa, uma vez que a redução da taxa de juros - na quarta-feira, o Copom baixou para 11,25% ao ano a taxa básica da economia brasileira, um corte de 1,5 ponto percentual -, as ações dos governos com o aumento do salário mínimo e o fim dos ajustes dos estoques pelas empresas pode mudar o quadro em relação ao último trimestre de 2008, quando a situação foi de ajuste de estoque, remessa de recursos de empresas transnacionais para matrizes e efeito da alta dos juros no primeiro semestre de 2008 no quarto trimestre do mesmo ano.

- A pesquisa vem sendo feita desde janeiro. Acreditamos que as expectativas constituem parâmetro importante para o planejamento. Em relação a janeiro temos a manutenção de uma expectativa de apreensão, mas o setor produtivo vê as contas nacionais adequadas e taxas de juros em um patamar decrescente, inflação controlada. Mas do ponto de vista dos efeitos sociais são de piora. É um quadro que pode ser alterado para melhor ou para pior e dá uma percepção de muita incerteza - disse o presidente do Ipea, acrescentando que a última redução na taxa Selic pelo Banco Central poderá ajudar a mudar este quadro, do ponto de vista de expectativas do setor.