sexta-feira, 8 de maio de 2009

Acelerar no Congresso Nacional o reconhecimento dos comerciários como categoria econômica

Sindicalistas denunciam, no Senado, abuso contra comerciários

     Estivemos no Senado Federal em audiência pública promovida pelo Senador Paulo Paim e com o apoio da UGT conseguimos mobilizar lideranças dos comerciários do Brasil todo. Tivemos a oportunidade de ressaltar a importância dos comerciários, uma categoria milenar, que ainda trabalha duro no Brasil, a favor de nossa economia, sem ainda ter o reconhecimento profissional que merece. Os comerciários ainda não são uma categoria económica reconhecida e foi esse o motivo da audiência para criar as bases para acelerar a negociação e votação no Congresso Nacional de um piso nacional, de maior fiscalização para impedir a informalidade e exigir mais respeito aos companheiros e companheiras comerciários. Por exemplo, tivemos oportunidade de denunciar supermercados que obrigam os seus trabalhadores do caixa a usar fraldas para não terem que ir ao banheiro, que não permitem intervalos para as refeições. E todo esse constrangimento num momento em que os comerciários brasileiros se destacam como a linha de frente do combate à crise, trabalhando exaustivamente para manter o mercado interno funcionando.

Leia as demais notícias, por favor: Comerciários de várias entidades sindicais denunciaram hoje (5), no Senado, uma série de abusos praticados contra a categoria pelos empresários. Entre elas, o cumprimento de até 53 horas de jornada semanal de trabalho sem o pagamento de horas extras. As entidades sindicais participaram de audiência pública na Subcomissão de Defesa do Emprego e Previdência Social, da Comissão de Assuntos Sociais.      

     No Congresso tramitam dois projetos de lei que regulamentam a profissão, criando, por exemplo, um piso salarial nacional. Um dos projetos é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da subcomissão.O representante da União Central Sindical, José Alves Paixão, afirmou que a maioria dos comerciários trabalha todos os feriados e não é ressarcida pelos empresários. Segundo ele, os maiores abusos são praticados pelos supermercados e lojas de shoppings.      

     “Há supermercado onde não há pausa para descanso. Soube até de casos em que são distribuídas fraudas descartáveis aos funcionários para não irem ao banheiro”, afirmou o sindicalista, sem citar o nome do estabelecimento.      

     Outra reclamação dos sindicalistas diz respeito à falta de cumprimento do que é acertado entre os sindicatos e os empresários nos acordos coletivos de trabalho. Como não há uma regulamentação da categoria, os sindicalistas reclamam que os registros na Carteira de Trabalho e Previdência Social são variados.      

     O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC), Vicente Silva, disse que não são raros registros como auxiliar de serviços gerais e outros que nada têm a ver com a função dos comerciários. Ele defendeu o estabelecimento de um piso nacional de salário da categoria para evitar as distorções que hoje existem.      

     Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que há discriminação racial entre os empresários do setor. Para ele, os lojistas dão prioridade, na hora da contratação, a pessoas brancas.      

     Único representante dos empresários, o senador Adelmir Santana (DEM-DF), presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Brasília (Fecomércio), pediu a Paulo Paim que promova outra audiência pública com representantes da classe patronal. O objetivo, segundo ele, é ouvir as dificuldades enfrentadas também pelos empresários do setor.

     O parlamentar reconheceu, no entanto, que há abusos inaceitáveis praticados contra os trabalhadores do comércio pelos empregadores e seus prepostos. Entre eles, citou os maus-tratos a funcionários e a discriminação racial na hora da contratação.

Adelmir Santana defendeu também a abertura do comércio nos finais de semana e feriados. Segundo ele, estudos realizados pelo setor mostram que o funcionamento das lojas aos domingos é rentável e abre espaço para a geração de mais empregos. (Agência Brasil)

Setor varejista e commodities sustentam economia

Enquanto a indústria brasileira vem acumulando perdas de produção e mão de obra desde que estourou a crise financeira internacional, em setembro de 2008, o setor varejista tem sido responsável, em boa parte, pela sustentação da economia.

Na avaliação de Gustavo Loyola, sócio diretor da Tendências Consultoria Integrada e ex-presidente do Banco Central, as vendas no varejo sentiram menos os reflexos da turbulência. "O consumo e a demanda externa por commodities continuarão puxando a economia brasileira", afirmou o economista durante seminário sobre os rumos da crise realizado na Associação Comercial de São Paulo.

Para Loyola, o varejo se sairá bem da crise principalmente no ramo dedicado aos bens de consumo. "O fato de (as empresas varejistas) não dependerem tanto de crédito pode trazer boas notícias neste ano; podem até crescer mais", salientou. "Eu sou otimista inclusive pela retomada da oferta de crédito pelos bancos privados".

De acordo com o economista, o Projeto de Lei que sugere a criação de um banco de dados chamado cadastro positivo, em trâmite no Congresso Nacional pode facilitar a concessão de crédito, a fim de reduzir a inadimplência e diminuir o spread (diferença entre o valor pago pelos bancos na captação de recursos e o repassado na hora do empréstimo).

Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor executivo da Quest Investimentos, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ex-diretor do Banco Central, também presente no evento, acredita que a economia brasileira continuará tendo elevação do consumo por conta do aumento da renda e do crédito.

Já o emprego não deve crescer ou crescer muito pouco. "O aumento no final de 2009 será gerado não pela agregação de novos empregos, mas por uma massa que vem se mantendo constante. Por exemplo, alguém saiu do trabalho em uma região mas entrou em outra". A taxa de desemprego, até o fim do ano, deve se manter em 10%.

COMÉRCIO EXTERIOR - Segundo Mendonça de Barros, embora as exportações brasileiras estejam caindo, as vendas ao exterior de commodities está crescendo e tem dado ao Brasil um saldo positivo. "Eu diria que estamos em um processo de solução da crise. Não tenho medo de o País vá quebrar".

A complementaridade com a China é muito positiva, defendeu, afirmando que a capacidade de exportação de commodities é o que está ajudando o Brasil.

Para Loyola, a China deve crescer entre 6,5% e 7% neste ano, o que mantém um nível de consumo.

PERSPECTIVA - Loyola ressaltou, porém, que não se deve subestimar a gravidade da crise externa. Por outro lado, não há motivo para pânico no Brasil porque nosso sistema bancário se mantém íntegro. "Nosso carro aqui parou por falta de gasolina. Lá (no exterior), foi porque bateu".

De acordo com o economista, medidas como o estímulo à casa própria ("Minha Casa, Minha Vida") e o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) podem aumentar a demanda em alguns setores. "Onde teremos uma mudança é nos investimentos, que estão retraídos e devem permanecer assim neste ano". (DGABC)

Financiamento imobiliário da CEF sobe 104% e bate recorde

Número de unidades chega a 207 mil, com expansão de 114% na comparação com mesmo período do ano passado.

O financiamento imobiliário pela Caixa Econômica Federal (CEF) somou R$ 10 bilhões de janeiro a abril. O valor é recorde e supera em 104% o total registrado no mesmo período de 2008. O número de unidades chegou a 207 mil, com expansão de 114% na comparação com o intervalo equivalente do ano passado. Em nota, o vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda, informou que o financiamento habitacional até abril ultrapassou os R$ 8,9 bilhões de 2008 e representa o dobro do total financiado em 2003.

De 14 de maio a 21 de junho, a Caixa realizará a quinta edição do Feirão Caixa da Casa Própria, em dez cidades. Nos cinco primeiros feirões, estarão disponíveis 109 mil imóveis, incluindo novos, usados e na planta. O evento será realizado, inicialmente, no Rio de Janeiro e em seguida em Salvador, Curitiba, Uberlândia, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Recife, Porto Alegre e Fortaleza. Em 2008, o evento movimentou R$ 4 bilhões entre valores contratados e negócios encaminhados. A Caixa tem a expectativa que o Feirão deste ano supere os anteriores.

No Rio de Janeiro, a projeção é que o feirão movimentará R$ 750 milhões, 16,28% a mais do que em 2008. Para o evento de Belo Horizonte, a meta são R$ 400 milhões e, de Salvador, R$ 300 milhões.

As linhas de financiamento da Caixa atendem a todas os segmentos de renda, com prazo de até 30 anos e prestações decrescentes. Os juros variam de TR mais 4,5% a 11,4% ao ano.

Em nota, a Caixa ressalta que o feirão será uma "excelente oportunidade" para que as pessoas conheçam empreendimentos que se encaixam no programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida". O banco já recebeu 268 propostas de empreendimentos habitacionais, 156 delas para a faixa de renda de até três salários mínimos. Até o momento, 11 estados, 12 capitais e 218 outros municípios aderiram ao programa. (Estadão)

Poupança com saldo maior pagará IR

Para evitar custo político, Lula quer excluir mais de 95% dos poupadores da mudança da regra causada pela queda nos juros. Para estimular investidor a permanecer nos fundos de investimento, governo prepara medidas para desonerar o setor

Com receio do desgaste político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu anteontem em reunião com a equipe econômica que a maioria dos aplicadores não será atingida pelas mudanças de regras de remuneração que irão fazer a caderneta de poupança render menos.

Segundo a Folha apurou, o governo vai cobrar IR (Imposto de Renda) sobre os rendimentos a partir de um patamar alto de aplicação -o que deixaria, nas palavras de um ministro, "mais de 95%" dos aplicadores com as atuais regras de ganho. Lula pediu que a equipe econômica elaborasse uma proposta para desonerar os atuais fundos de investimento, medida que deverá ser finalizada até a semana que vem.

Dessa forma, Lula estimularia grandes aplicadores a optarem pelos fundos, que recuperariam atrativos apesar da queda da taxa básica de juros, a Selic, que reduz os ganhos dessas aplicações.

Um auxiliar direto de Lula disse à Folha que o temor de dar uma bandeira à oposição na reta final do governo e nas eleições de 2010 levou o presidente a optar por não alterar as regras da poupança para os pequenos e médios aplicadores, a imensa maioria na poupança.

PSDB, DEM e PPS, partidos de oposição, têm criticado a possibilidade de mudança na poupança desde que o governo anunciou que cogitava tal medida após a queda dos juros. Com a redução de 3,5 pontos da Selic desde setembro, os fundos de investimento, que aplicam recursos nos títulos do Tesouro e financiam a dívida pública, perderiam atratividade na comparação com a poupança, que não paga IR e tem remuneração garantida de 6% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial).

Números do Banco Central mostram que, em dezembro, 80,580 milhões de clientes (89,55% do total) tinham contas com saldo até R$ 5.000,00. Outros 6,578 milhões de contas (7,3% do total) eram de clientes com saldo de R$ 5.000,01 a R$ 20 mil. Menos de 4% dos poupadores possuíam contas acima de R$ 20.000.

Lula fez reuniões com a equipe econômica sob forte contrariedade. Alegava que Fazenda e BC foram imprevidentes ao não alterar com antecedência regras da caderneta e que tomar uma medida impopular na véspera de ano eleitoral seria suicídio político. A decisão de Lula de não mudar as regras para a grande maioria busca minimizar o desgaste político.

As alternativas, avaliou, dariam munição à oposição para falar que o governo "tungou" os pequenos poupadores. O PPS chegou a fazer propaganda na TV comparando a mudança de regras na poupança com o traumático bloqueio de contas do governo Collor, em 1990.

A não alteração das regras para a grande maioria dos aplicadores deverá ser anunciada em breve. Também pesou na decisão de Lula a avaliação de que o espaço para a queda dos juros não será tão grande e permitiria a manutenção do atual formato até o início do próximo governo. A Selic está em 10,25% ao ano, e o mercado prevê 9,25% até dezembro.

Além de tributar parte dos poupadores, Lula recebeu outras propostas da área econômica, que preferia simplesmente acabar com os juros fixos de 6% ao ano. Uma das ideias era vincular o ganho da poupança a um percentual da Selic. Também se cogitaram rendimentos diferenciados de acordo com o saldo ou mudança no cálculo da TR. (Leia mais na Folha)

Máquinas sofrem queda de 20,1% no trimestre

Os sinais de melhora do setor de máquinas e equipamentos durante o mês de março ainda não estão sendo encarados com otimismo, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Após verificar, em março, alta no faturamento de 30,1% - chegando a R$ 5,47 bilhões - na comparação com fevereiro, os fabricantes ainda aguardam os números de abril e maio para comprovar o início da retomada do setor.

"No mês houve uma recuperação, mas ainda longe do que a gente precisava", afirmou o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. No primeiro trimestre do ano, a queda de faturamento do setor, em relação ao mesmo período de 2008, foi de 20,1%.

O presidente da Abimaq salientou, ainda, que a alta das importações do período em 3,6% ocorreu ao mesmo tempo que as exportações recuaram 24,5%. "O Brasil facilita a importação. Hoje há mais estoque no mundo e o produto brasileiro é mais caro devido à taxação", afirmou.

Com o faturamento trimestral de R$ 13,6 bilhões, o setor de máquinas e equipamentos anotou o pior resultado dos últimos cinco anos. Em 2004, o setor registrou no primeiro trimestre faturamento de R$ 12,6 bilhões.

O maior aumento no acumulado dos três primeiros meses, na comparação com 2008, foi o segmento de bens de encomenda, que avançou 11,2%. O presidente da Abimaq lembrou que o fato ocorreu porque muito faturamento de pedidos em carteira caiu apenas em março. (Leia mais no DCI)

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Diante dos sinais de recuperação da economia é o momento de os trabalhadores se mobilizarem, mais ainda, pela recuperação do emprego

Brasil já começou a sair da crise econômica

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) O Brasil está sendo mostrado no Exterior como uma terra de oportunidades e com musculatura suficiente para sair rápido da crise. Isso tem atraído muitos investidores (e especuladores). Além disso, a interferência direta do governo federal através do estímulo aos bancos públicos para oferrecer crédito com menos spread e a renúncia fiscal nos setores automotivos e da linha branca também já tem mostrado resultados. Aos trabalhadores cabe acompanhar. Pois historicamente, somos os primeiros a se transformar em vítimas quando se anunciam as crises, com corte covarde dos empregos por parte das organizações e os últimos a serem reinseridos na economia com a retomada. Para nós trabalhadores, ainda vivemos a crise mundial de empregos. E temos que concentrar nossas energias para continuar a exigir dos governos federal, estaduais e municipais empenho continuada em políticas públicas geradoras de emprego, que passa pela retomada pra valer do Plano de Aceleração do Crescimento, pelos investimentos em construção civil e pelas obras de infra-estrutura.

Leia mais: Segundo Gustavo Loyola e Mendonça de Barros, pior já passou. Para 2010, ambos projetam crescimento do PIB.

Luiz Carlos Mendonça de Barros e Gustavo Loyola participam de debate na Associação Comercial de São Paulo

Caso a economia mundial não sofra um novo e forte declínio, o Brasil deve ter um ano de recuperação em 2009 e retomar a trajetória de crescimento já em 2010. A previsão é dos economistas Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações do governo FHC, e de Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central.

Ambos acreditam que a partir do segundo semestre a economia brasileira passará a registrar crescimento do PIB. Embora o primeiro trimestre do ano deva ficar marcado ainda por forte queda, a exemplo do quarto trimestre do ano passado, a partir do segundo devemos observar sinais de recuperação para, no terceiro e no quarto, o país voltar a crescer.

A previsão da consultoria Tendências, da qual Loyola é sócio-diretor, é de que o PIB feche o ano estável, com alta de 0,3%. Já para Mendonça de Barros o PIB terminará 2009 com queda de 1,5%.

O otimismo em relação à economia foi mostrado pelos economistas em seminário realizado nesta quarta-feira (06/05), na sede da Associação Comercial de São Paulo. “Há uma percepção de que o fim do poço já passou. Não há mais risco endêmico”, diz Loyola. “Estamos otimistas com a situação brasileira. O país está em uma posição favorável. Até agora não sofreu como os outros e é uma boa opção de investimento. Vamos sair dessa crise muito bem, obrigado. Em 2010, deveremos ter crescimento de 3,5%. O nosso carro parou por falta de gasolina. Já o deles [EUA] parou porque bateu e se espatifou”, completa.

Para Mendonça de Barros, o Brasil deve ter alta de 2,5% no ano que vem. “A economia brasileira deve continuar a se recuperar e registrar crescimento saudável em 2010. O mercado de trabalho vai se estabilizar”.

Entretanto, o Brasil não está livre de ameaças. “Essa foi uma crise anunciada, fruto da concessão de crédito sem qualidade. O consumo das famílias nos Estados Unidos chegou a corresponder por 73% do PIB. Esse nível é impossível de ser mantido. Ele deve cair para cerca de 60%, o que significa que a poupança subirá dez pontos. Os americanos consumirão US$ 1,5 trilhão a menos por ano. Isso é muito”.

Momento inédito — As políticas econômicas promovidas ao longo dos últimos anos foram apontadas como a principal razão pela rapidez da recuperação. “Os oito anos do governo FHC, seguidos pelos oitos anos do governo Lula, foi a melhor coisa que poderia ter nos acontecido. E, para mim, não é fácil admitir isso, mas depois de 40 anos de mercado financeiro, aprende-se a ser pragmático”, fala Mendonça de Barros. (Leia mais na Época)

Economistas preveem recuperação da economia no segundo semestre

PIB deve voltar a crescer nos próximos trimestres e registrar expansão 'saudável' em 2010, dizem analistas.

A economia brasileira deverá começar a se recuperar a partir do segundo semestre e, em 2010, apresentar crescimento "saudável", disseram nesta quarta-feira os economistas Gustavo Loyola e Luiz Carlos Mendonça de Barros, em palestra na Associação Comercial de São Paulo.

"Acho que no terceiro trimestre já teremos um PIB (Produto Interno Bruto) positivo no Brasil", disse Mendonça de Barros, sócio-diretor da Quest Investimentos e ex-ministro das Comunicações.

Apesar de prever retração de 1,5% no PIB de 2009, provocada principalmente pela redução nos investimentos e queda nas exportações de manufaturados desde o agravamento da crise mundial, Mendonça de Barros se diz otimista com a economia brasileira e aposta em uma recuperação gradual ao longo dos próximos trimestres. Para 2010, o economista prevê crescimento entre 2% e 2,5%.

O consumo interno, a massa salarial ainda em crescimento e a retomada gradual do crédito são elementos importantes na recuperação, disse Mendonça de Barros.

"O nosso crescimento neste ano vem todo do consumo. Mas o ajuste da produção industrial para exportação e para investimento é maior do que o crescimento do PIB via consumo. Na hora em que esse ajuste na indústria se estabilizar, o PIB volta a ser positivo", disse.

Loyola, ex-presidente do Banco Central e sócio-diretor da Tendências Consultoria Integrada, é mais otimista. Ele prevê estabilização já neste segundo trimestre, e uma recuperação maior no PIB do terceiro e do quarto trimestres deste ano. Sua previsão é de que o Brasil feche 2009 com crescimento próximo de zero e, em 2010, registre expansão entre 3% e 3,5%. (Leia mais na BBC Brasil)

Receita do setor de máquinas sobe, mas nível segue baixo

O faturamento das indústrias de máquinas e equipamentos cresceu 30% em março ante fevereiro. Apesar do crescimento, empresários reclamam que os bancos não normalizaram o crédito para investimentos e que falta uma política de desoneração que incentive a produção de máquinas. No trimestre, a queda da receita foi de 20%.

Para a Abimaq (associação de máquinas e equipamentos), é precipitado dizer que as indústrias retomaram os investimentos e ampliaram as compras de máquinas.

Os dados do IBGE confirmam que os fabricantes de bens de capital são um dos mais afetados pela retração industrial, com queda de 20,8% na produção nos primeiros três meses do ano.

"Só saberemos se o fundo do poço já passou depois que tivermos os resultados de abril e maio. É cedo para dizer isso porque o crescimento de 30% em março ante fevereiro ocorre sobre base de faturamento muito pequena", disse o presidente da associação, Luiz Aubert Neto.

Segundo ele, o faturamento da categoria está no mesmo patamar do primeiro trimestre de 2006, quando as empresas reuniam 210 mil funcionários. Hoje há 240 mil empregados no setor.

"Se continuarmos reduzindo o faturamento, vamos ter que demitir mais 30 mil pessoas. Com 15 mil já despedidas, os cortes podem chegar a 50 mil", afirma ele.

A balança comercial das indústrias também piorou. As exportações do segmento caíram 24,5% no primeiro trimestre e as importações avançaram 3,6%. A associação criticou a ausência de proteção da indústria nacional em meio à crise. (Leia mais na Folha)

Investidor terá tempo para decidir se fica na poupança após mudanças nas regras

O governo dará tempo para que as pessoas que têm recursos depositados na caderneta de poupança possam, sem perdas, decidir se querem ou não permanecer na aplicação sob as novas regras de remuneração. Como mostra reportagem de Geralda Doca e Martha Beck, publicada no Globo, nesta quinta-feira, mesmo após a mudança de regra para remuneração das cadernetas, que está sendo preparada para junho, o investidor poderá permanecer com o dinheiro corrigido pela Taxa Referencial (TR) mais 0,5% de juros - como é hoje - pelo menos até o primeiro aniversário seguinte. Por exemplo: se a nova regra sair dia 15 e o aniversário da poupança for dia 20, o aplicador terá correção integral pela norma antiga até dia 20.

O objetivo do governo é dar tempo para que o investidor avalie se vale a pena continuar ou migrar para outro investimento.

    " Se eventualmente as mudanças fizerem com que, para alguns, a caderneta passe a ser menos atraente, eles poderão livremente transferir seus recursos para outra aplicação ou sacar o dinheiro "

- Portanto, se eventualmente as mudanças fizerem com que, para alguns, a caderneta passe a ser menos atraente, eles poderão livremente transferir seus recursos para outra aplicação ou sacar o dinheiro.

A MP deverá explicitar que a fórmula nova começará a valer após determinado prazo. Na quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, e o assessor especial Bernard Appy, que está à frente do assunto pelo Ministério da Fazenda. Segundo interlocutores, ainda nesta semana o governo apresentará ao setor privado a proposta fechada.

A equipe econômica trabalha para fechar a nova fórmula de correção antes da próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), nos dias 9 e 10 de junho, que vai definir a Taxa Selic (juros básicos). (Leia mais em O Globo)

Índices já mostram recuperação das vendas no varejo

A atividade no varejo de São Paulo registrou alta de 2,5% em março. Quando se compara o primeiro trimestre com o mesmo período de 2008, o avanço chega a 1,2%. De acordo com a Fecomércio, um setor que se destacou foi o de automóveis, cujo crescimento no terceiro mês do ano chegou a 13,4%, principalmente em razão da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). "Este fator fez com que o ritmo de vendas voltasse aos níveis de 2008, e já existem listas de espera para alguns modelos", afirmou Antônio Carlos Borges, diretor executivo da Fecomércio.

Outro setor com bom desempenho em março foi o de farmácias e perfumarias, que subiu 14,6%, mesmo valor da alta no acumulado do trimestre. Por outro lado, a Fecomércio destacou a queda de 5,2% da construção civil em março, o que resultou em perdas de 8,6% no primeiro trimestre.

Serasa — Outro termômetro importante a ser analisado é o da atividade do comércio varejista brasileiro, que cresceu 0,6% em abril deste ano, em comparação a março, livre das influências sazonais. Para a fundação Serasa, este foi o terceiro mês consecutivo de elevação da atividade do varejo, consolidando a tendência de recuperação do setor no País, embora o ritmo seja mais lento do que o de anos anteriores.

Os dados do Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio mostram também que o aumento do índice em abril foi liderado pelo setor de supermercados, hipermercados, alimentos e bebidas, com crescimento de 1,7%. Logo em seguida vem o setor de móveis, eletroeletrônicos e informática, com elevação de 1%. As promoções dos super- e hipermercados incluíram as vendas da Páscoa e a redução do IPI dos eletrodomésticos, anunciada pelo governo federal em 17 de abril.

Os demais segmentos apresentaram recuo nas vendas em abril. A Serasa destaca, porém, que a redução do IPI de material de construção, anunciada em 30 de março, começa a amenizar as quedas do segmento. Em abril, a atividade varejista do setor de material de construção recuou 0,4%, menos que a dos meses anteriores. (Leia mais no DCI)