segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cada vez mais a crise financeira se transforma numa crise de emprego que deve nos manter mobilizados

Faturamento de micro e pequenas empresas tem recuperação

Eis aí um fato promissor. A superação da atual crise financeira mundial depende do que acontece com a micro e pequena empresa, geradora de emprego por natureza. E vítima preferencial, assim como os próprios empregos, da atual crise. Os donos das pequenas e micro empresas são empresários acostumados a sobreviver sem crédito. E se estão se recuperando é em função da garra, da determinação, da capacidade de criar na crise, de sobreviver no limite. Porque o governo federal e os bancos privados cortaram o crédito para o micro e pequeno empresário. A UGT insiste que o crédito chegue até estas empresas porcausa do grande potencial gerador de empregos. Apesar da recuperação, temos que ter cautela e nos manter atentos. Ainda falta muita água para rolar debaixo desta ponte. E o otimismo realista e cuidadoso não deve deixar lugar para a euforia. Printipalmente porque ainda faltam a recuperação dos empregos, que tem que ser plena para dar espaço para os jovens que chegam todos os meses no mercado de trabalho e por ser o nível de emprego essencial para a manutenção do mercado interno.

Leia mais: Pesquisa da Sebrae-SP aponta que queda no faturamento registrada em março foi a menor desde Outubro.

As micro e pequenas empresas paulistas tiveram em março a menor queda de faturamento real desde outubro, mês em que a crise financeira mundial se agravou a partir da quebra do banco Lehman Brothers, no dia 15 de setembro. De acordo com a pesquisa Indicadores Sebrae-SP, realizada em colaboração com a Fundação Seade, o recuo no setor foi de 9% em relação ao mesmo mês do ano passado, resultado pouco menor do que a queda de 9,8% verificada em outubro do ano passado ante o mesmo período de 2007. Na comparação com fevereiro, houve expansão de 10,4%.

Na opinião dos economistas do Sebrae-SP, os dados mostram recuperação dos pequenos negócios. Em fevereiro, o recuo na receita havia sido de 14,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em janeiro, o resultado tinha sido ainda pior: queda de 16,5%.

Entre os setores incluídos na pesquisa, a indústria foi o que apresentou maior queda em março deste ano sobre o mesmo mês do ano passado: 11,2%. Comércio e serviços tiveram redução de 10,2% e 3,8%, respectivamente.

A pesquisa monitora o desempenho de 2,7 mil empresas no Estado e também verificou a expectativa dos proprietários de micro e pequenos negócios para o futuro do setor, mostrando que 50% dos entrevistados esperam manutenção no faturamento real e 52% acreditam em estabilidade para o nível de atividade na economia.

De acordo com o diretor superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella, o bom resultado em relação a fevereiro não indica que o pior da crise já passou, mas é um bom exemplo de que medidas adotadas para os pequenos negócios começam a surtir efeito. "É muito bom para as expectativas de retomada do emprego e da renda do País", avaliou.(Estadão)

Acordos mantêm ganho real dos salários

Porcentual cai, mas sindicatos têm conseguido negociar reajustes.

Categorias profissionais com data-base para renovação da convenção coletiva de trabalho no primeiro semestre têm conseguido negociar acordos que garantem reposição da inflação e aumento real de salário, apesar da crise. O que mudou foi o porcentual dos ganhos: em vez de se concentrarem na faixa entre 2% e 3% acima da inflação, têm ficado entre 0,5% e 1%.

Sob os efeitos da crise, as negociações ficaram mais difíceis. Muitas empresas começam a negociar oferecendo reajuste abaixo da inflação, enquanto sindicalistas reivindicam aumentos de dois dígitos. Um exemplo é o dos 25 mil sapateiros de Franca, no interior paulista, que pediam 16,75%.

Com data-base em 1º de fevereiro, os trabalhadores só fecharam acordo em 30 de abril. Eles aceitaram 7% (ganho real de 0,5%), a ser aplicado em duas etapas: 6,5% retroativos a fevereiro, e 0,5% a partir de julho. "Reivindicamos o que era necessário e fechamos o acordo com aquilo que foi possível", diz Paulo Afonso Ribeiro, presidente do sindicato dos calçadistas.

Em setores menos afetados pela crise, as negociações têm favorecido ganhos salariais. Na indústria de alimentação do setor de doces e conservas, os salários foram corrigidos em 7,5% - aumento de 1,18% além da inflação acumulada desde o reajuste do ano passado. O acordo beneficiou 25 mil trabalhadores no Estado de São Paulo, com data-base em 1º de março.

"Esse resultado serve para nortear outras negociações salariais em outros segmentos que teremos este ano", diz Neusa Barbosa, diretora da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Alimentação do Estado de São Paulo.

No segmento de bebidas, o aumento real foi de 0,7%, o que, somado à inflação de 6,2%, medida pela variação do INPC de 12 meses, corresponde a um reajuste de 7%. Também com data-base em 1º de março, a categoria reúne 12 mil trabalhadores no Estado.

"Os resultados das negociações estão muito parecidos com os do ano passado, quando quase 90% das categorias conseguiram reajustes iguais ou superiores à inflação", diz Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Ganz Lúcio avalia que isso se deve em grande medida à inflação em níveis considerados baixos para o padrão brasileiro. "Com inflação de 4,5% a 5% ao ano, dar mais 1% ou 2% nos salários não faz tanta diferença." Além disso, segundo ele, a maioria das empresas fez o ajuste de custos por meio de demissões.

O professor de Relações do Trabalho e consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José Pastore, vê nesses acordos mais um indicador de que a crise não é generalizada. Segundo ele, os resultados das negociações este ano serão diferenciados não apenas por setores, mas também pelas regiões. "A crise passou longe do Norte, Nordeste e Centro-Oeste", diz Pastore. "São regiões preservadas, com um ou outro ponto de crise, onde as obras públicas têm papel importante."

Na capital paulista, foi preciso uma greve de advertência de 24 horas para que as construtoras fizessem uma proposta que rompeu o impasse nas negociações. Os trabalhadores queriam 5,5% além da inflação, mas aceitaram 1,2% de aumento real para salários de até R$ 2,5 mil, o que beneficia 90% da categoria.

"As construtoras exploraram uma frase infeliz do presidente Lula, de que não era hora de pedir aumento, e sim de ajudar as empresas a manter o emprego", diz Antonio Ramalho, presidente do sindicato, que representa 300 mil operários. (Leia mais no Estadão)

Pacote deve estimular feirão de imóveis

Temporada de feirões da Caixa Econômica para compra da casa própria começa na quinta-feira e vai até 21 de Junho. Feira ocorre em dez cidades e, em São Paulo, será entre os dias 21 e 24; nos cinco eventos iniciais, serão ofertados 109 mil imóveis.

O programa "Minha Casa, Minha Vida", a partir do qual o governo federal pretende viabilizar a construção de 1 milhão de moradias, deve atrair mais interessados neste ano aos feirões da Caixa Econômica Federal, que acontecem a partir de quinta-feira e vão até 21 de junho em dez cidades. Nos cinco primeiros estarão disponíveis 109 mil imóveis, incluindo usados, novos e em construção.

Em 2008, o evento movimentou R$ 4 bilhões, considerando os 39 mil contratos fechados e encaminhados durante os eventos.

Segundo Bernadete Coury, superintendente nacional de Habitação do banco, a expectativa é superar esses números, mas ela não informou meta de crescimento. A previsão de empréstimos de R$ 27 bilhões para todo o ano foi mantida, mesmo com o financiamento recorde de R$ 10 bilhões até abril, dobrando o valor referente ao mesmo período de 2008. Em unidades (96,6 mil), a alta foi de 114%. Se for necessário, acrescentou, o banco vai buscar alocação de mais recursos.

No Rio, será possível escolher entre mais de 66 mil imóveis. Em São Paulo, serão oferecidos 93,5 mil na Grande São Paulo. De acordo com a superintendente nacional, o público é diversificado e há opções com valor superior a R$ 500 mil.

Vale lembrar que, em março, o Conselho Monetário Nacional aumentou o valor máximo, de R$ 350 mil para R$ 500 mil, dos imóveis que podem ser financiados com recursos da conta individual de cada trabalhador no FGTS.

Os imóveis dos feirões têm financiamento de até 100% pela Caixa, com pagamento em, no máximo, 30 anos com recursos da poupança ou do FGTS. Nesse último caso, a moradia deve estar avaliada em até R$ 130 mil nas regiões metropolitanas e a renda do trabalhador não pode ultrapassar R$ 4.900.

Para se enquadrar no "Minha Casa, Minha Vida", o teto é de R$ 4.650. Entre as facilidades do programa iniciado em 13 de abril, o mutuário pode ficar até 36 meses sem pagar a prestação se ficar desempregado e não há cobrança de seguro, além de redução nos custos cartoriais.

A construção civil foi um dos setores escolhidos pelo governo federal para reaquecer a economia em meio à crise mundial. Com o "Minha Casa, Minha Vida", a meta é construir um milhão de unidades para famílias com renda mensal de até dez salários mínimos, dos quais 600 mil por meio de financiamento com a Caixa, com recursos do FGTS, para quem recebe acima de três salários mínimos.

Os últimos dados da Abecip, associação que reúne as entidades que operam com recursos da poupança, apontam crescimento de 8,1% em valores financiados (R$ 5,9 bilhões) e de 1,8% em unidades (55.797) no primeiro trimestre ante igual período do ano passado. (Leia mais na Folha)

Salário de funcionário público sobe mais que privado

Funcionalismo público federal teve aumento de 74,2% desde 2002, e no Judiciário o ganho real chegou a 79,3%.

Os trabalhadores do setor privado estão perdendo a corrida para os funcionários públicos em termos de rendimentos. De dezembro de 2002 a fevereiro de 2009, o crescimento dos salários do setor privado, com e sem carteira, foi de apenas 8,7% em termos reais, isto é, descontada a inflação de 43,3% no período.

O aumento real da remuneração média dos servidores na ativa do Executivo Federal, no mesmo período, foi 8,5 vezes maior do que a do setor privado, atingindo 74,2%. O aumento real da remuneração na ativa do Legislativo chegou a 28,5%, e o do Judiciário foi de 79,3%.

Com isso, a diferença entre o rendimento médio do setor privado e do público, que já era grande, cresceu ainda mais. Em dezembro de 2002, a remuneração média do servidor federal na ativa do Executivo, de R$ 2.680 (valor da época), era 3,6 vezes maior do que o rendimento médio de R$ 740,90 do setor privado. Em fevereiro de 2009, a ganho mensal médio no Executivo federal pulou para R$ 6.691, ou 5,8 vezes maior do que o rendimento médio do setor privado, de R$ 1.154.

No mesmo período, no caso do Legislativo, que teve remuneração mensal média de R$ 12,5 mil em fevereiro de 2009, o rendimento saltou de 9,2 para 10,9 vezes o do setor privado. Já no Judiciário, com remuneração média mensal de R$ 16,8 mil em fevereiro, o salto foi de 8,8 para 14,6 vezes. (Leia mais no Estadão)

Emprego em montadora cai ao nível de 2007

Apesar do alívio interno possibilitado pela redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), as montadoras brasileiras atingiram em abril o sexto mês seguido de cortes no emprego. Segundo a Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), a indústria empregava 120,8 mil trabalhadores ao final de abril deste ano, 6 mil a menos do que em dezembro de 2008, quando o governo reduziu o IPI. Com os cortes, o emprego no setor voltou ao mesmo nível do final de 2007, ou seja, foram eliminadas todas as contratações feitas no ano passado.

Os cortes nas montadoras, entretanto, vêm ocorrendo desde o final de outubro, quando as associadas da Anfavea informavam empregar 131,7 mil pessoas. De lá para cá, o emprego encolheu 8,3%, enquanto que as vendas internas, apesar da volatilidade, apresentaram variação mensal média negativa de 0,33%. Os últimos cortes acabaram levando o emprego ao mesmo nível do final de 2007, ou seja, foram eliminadas todas as contratações feitas no ano passado.

O problema, segundo a Anfavea, está nas exportações. Com a retração dos principais mercados compradores de veículos brasileiros, especialmente Argentina e México, as montadoras têm apresentado quedas importantes nas vendas externas. No entanto, em abril as exportações cresceram 5,8% contra março, para 36,4 mil unidades. Todavia, na comparação com o mesmo mês de 2008 houve recuo de 45,9%. No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, a queda é ainda maior: de 50,3%, para 123,1 mil veículos.

Segundo o presidente da Anfavea, Jackson Schneider, a queda do mercado externo é a responsável pelas demissões nas montadoras, que acabam produzindo menos. No mesmo intervalo das demissões, a produção nacional vem caindo a 2,54% por mês, em média.

O dirigente enfatizou, contudo, que os cortes de empregos estão sendo feitos por meio de programas de demissão voluntária e pela não renovação de contratos temporários, como acordado com o governo no âmbito da redução do IPI, que teve como contrapartida a manutenção do emprego.

Schneider afirmou que a indústria não tem condições de traçar, hoje, alguma perspectiva para a recuperação da demanda externa, o que também o impede de prever qualquer movimento em relação ao emprego. A entidade já revelou, entretanto, suas projeções para o desempenho do setor em 2009 e a expectativa para as exportações é de queda de 32% em relação a 2008, com o embarque de 500 mil unidades. A receita com estas vendas deve cair 39%, para US$ 8,5 bilhões. (Leia mais no Valor)

 

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Acelerar no Congresso Nacional o reconhecimento dos comerciários como categoria econômica

Sindicalistas denunciam, no Senado, abuso contra comerciários

     Estivemos no Senado Federal em audiência pública promovida pelo Senador Paulo Paim e com o apoio da UGT conseguimos mobilizar lideranças dos comerciários do Brasil todo. Tivemos a oportunidade de ressaltar a importância dos comerciários, uma categoria milenar, que ainda trabalha duro no Brasil, a favor de nossa economia, sem ainda ter o reconhecimento profissional que merece. Os comerciários ainda não são uma categoria económica reconhecida e foi esse o motivo da audiência para criar as bases para acelerar a negociação e votação no Congresso Nacional de um piso nacional, de maior fiscalização para impedir a informalidade e exigir mais respeito aos companheiros e companheiras comerciários. Por exemplo, tivemos oportunidade de denunciar supermercados que obrigam os seus trabalhadores do caixa a usar fraldas para não terem que ir ao banheiro, que não permitem intervalos para as refeições. E todo esse constrangimento num momento em que os comerciários brasileiros se destacam como a linha de frente do combate à crise, trabalhando exaustivamente para manter o mercado interno funcionando.

Leia as demais notícias, por favor: Comerciários de várias entidades sindicais denunciaram hoje (5), no Senado, uma série de abusos praticados contra a categoria pelos empresários. Entre elas, o cumprimento de até 53 horas de jornada semanal de trabalho sem o pagamento de horas extras. As entidades sindicais participaram de audiência pública na Subcomissão de Defesa do Emprego e Previdência Social, da Comissão de Assuntos Sociais.      

     No Congresso tramitam dois projetos de lei que regulamentam a profissão, criando, por exemplo, um piso salarial nacional. Um dos projetos é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da subcomissão.O representante da União Central Sindical, José Alves Paixão, afirmou que a maioria dos comerciários trabalha todos os feriados e não é ressarcida pelos empresários. Segundo ele, os maiores abusos são praticados pelos supermercados e lojas de shoppings.      

     “Há supermercado onde não há pausa para descanso. Soube até de casos em que são distribuídas fraudas descartáveis aos funcionários para não irem ao banheiro”, afirmou o sindicalista, sem citar o nome do estabelecimento.      

     Outra reclamação dos sindicalistas diz respeito à falta de cumprimento do que é acertado entre os sindicatos e os empresários nos acordos coletivos de trabalho. Como não há uma regulamentação da categoria, os sindicalistas reclamam que os registros na Carteira de Trabalho e Previdência Social são variados.      

     O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio (CNTC), Vicente Silva, disse que não são raros registros como auxiliar de serviços gerais e outros que nada têm a ver com a função dos comerciários. Ele defendeu o estabelecimento de um piso nacional de salário da categoria para evitar as distorções que hoje existem.      

     Já o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que há discriminação racial entre os empresários do setor. Para ele, os lojistas dão prioridade, na hora da contratação, a pessoas brancas.      

     Único representante dos empresários, o senador Adelmir Santana (DEM-DF), presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Brasília (Fecomércio), pediu a Paulo Paim que promova outra audiência pública com representantes da classe patronal. O objetivo, segundo ele, é ouvir as dificuldades enfrentadas também pelos empresários do setor.

     O parlamentar reconheceu, no entanto, que há abusos inaceitáveis praticados contra os trabalhadores do comércio pelos empregadores e seus prepostos. Entre eles, citou os maus-tratos a funcionários e a discriminação racial na hora da contratação.

Adelmir Santana defendeu também a abertura do comércio nos finais de semana e feriados. Segundo ele, estudos realizados pelo setor mostram que o funcionamento das lojas aos domingos é rentável e abre espaço para a geração de mais empregos. (Agência Brasil)

Setor varejista e commodities sustentam economia

Enquanto a indústria brasileira vem acumulando perdas de produção e mão de obra desde que estourou a crise financeira internacional, em setembro de 2008, o setor varejista tem sido responsável, em boa parte, pela sustentação da economia.

Na avaliação de Gustavo Loyola, sócio diretor da Tendências Consultoria Integrada e ex-presidente do Banco Central, as vendas no varejo sentiram menos os reflexos da turbulência. "O consumo e a demanda externa por commodities continuarão puxando a economia brasileira", afirmou o economista durante seminário sobre os rumos da crise realizado na Associação Comercial de São Paulo.

Para Loyola, o varejo se sairá bem da crise principalmente no ramo dedicado aos bens de consumo. "O fato de (as empresas varejistas) não dependerem tanto de crédito pode trazer boas notícias neste ano; podem até crescer mais", salientou. "Eu sou otimista inclusive pela retomada da oferta de crédito pelos bancos privados".

De acordo com o economista, o Projeto de Lei que sugere a criação de um banco de dados chamado cadastro positivo, em trâmite no Congresso Nacional pode facilitar a concessão de crédito, a fim de reduzir a inadimplência e diminuir o spread (diferença entre o valor pago pelos bancos na captação de recursos e o repassado na hora do empréstimo).

Luiz Carlos Mendonça de Barros, diretor executivo da Quest Investimentos, ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ex-diretor do Banco Central, também presente no evento, acredita que a economia brasileira continuará tendo elevação do consumo por conta do aumento da renda e do crédito.

Já o emprego não deve crescer ou crescer muito pouco. "O aumento no final de 2009 será gerado não pela agregação de novos empregos, mas por uma massa que vem se mantendo constante. Por exemplo, alguém saiu do trabalho em uma região mas entrou em outra". A taxa de desemprego, até o fim do ano, deve se manter em 10%.

COMÉRCIO EXTERIOR - Segundo Mendonça de Barros, embora as exportações brasileiras estejam caindo, as vendas ao exterior de commodities está crescendo e tem dado ao Brasil um saldo positivo. "Eu diria que estamos em um processo de solução da crise. Não tenho medo de o País vá quebrar".

A complementaridade com a China é muito positiva, defendeu, afirmando que a capacidade de exportação de commodities é o que está ajudando o Brasil.

Para Loyola, a China deve crescer entre 6,5% e 7% neste ano, o que mantém um nível de consumo.

PERSPECTIVA - Loyola ressaltou, porém, que não se deve subestimar a gravidade da crise externa. Por outro lado, não há motivo para pânico no Brasil porque nosso sistema bancário se mantém íntegro. "Nosso carro aqui parou por falta de gasolina. Lá (no exterior), foi porque bateu".

De acordo com o economista, medidas como o estímulo à casa própria ("Minha Casa, Minha Vida") e o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) podem aumentar a demanda em alguns setores. "Onde teremos uma mudança é nos investimentos, que estão retraídos e devem permanecer assim neste ano". (DGABC)

Financiamento imobiliário da CEF sobe 104% e bate recorde

Número de unidades chega a 207 mil, com expansão de 114% na comparação com mesmo período do ano passado.

O financiamento imobiliário pela Caixa Econômica Federal (CEF) somou R$ 10 bilhões de janeiro a abril. O valor é recorde e supera em 104% o total registrado no mesmo período de 2008. O número de unidades chegou a 207 mil, com expansão de 114% na comparação com o intervalo equivalente do ano passado. Em nota, o vice-presidente de Governo da Caixa, Jorge Hereda, informou que o financiamento habitacional até abril ultrapassou os R$ 8,9 bilhões de 2008 e representa o dobro do total financiado em 2003.

De 14 de maio a 21 de junho, a Caixa realizará a quinta edição do Feirão Caixa da Casa Própria, em dez cidades. Nos cinco primeiros feirões, estarão disponíveis 109 mil imóveis, incluindo novos, usados e na planta. O evento será realizado, inicialmente, no Rio de Janeiro e em seguida em Salvador, Curitiba, Uberlândia, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Recife, Porto Alegre e Fortaleza. Em 2008, o evento movimentou R$ 4 bilhões entre valores contratados e negócios encaminhados. A Caixa tem a expectativa que o Feirão deste ano supere os anteriores.

No Rio de Janeiro, a projeção é que o feirão movimentará R$ 750 milhões, 16,28% a mais do que em 2008. Para o evento de Belo Horizonte, a meta são R$ 400 milhões e, de Salvador, R$ 300 milhões.

As linhas de financiamento da Caixa atendem a todas os segmentos de renda, com prazo de até 30 anos e prestações decrescentes. Os juros variam de TR mais 4,5% a 11,4% ao ano.

Em nota, a Caixa ressalta que o feirão será uma "excelente oportunidade" para que as pessoas conheçam empreendimentos que se encaixam no programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida". O banco já recebeu 268 propostas de empreendimentos habitacionais, 156 delas para a faixa de renda de até três salários mínimos. Até o momento, 11 estados, 12 capitais e 218 outros municípios aderiram ao programa. (Estadão)

Poupança com saldo maior pagará IR

Para evitar custo político, Lula quer excluir mais de 95% dos poupadores da mudança da regra causada pela queda nos juros. Para estimular investidor a permanecer nos fundos de investimento, governo prepara medidas para desonerar o setor

Com receio do desgaste político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu anteontem em reunião com a equipe econômica que a maioria dos aplicadores não será atingida pelas mudanças de regras de remuneração que irão fazer a caderneta de poupança render menos.

Segundo a Folha apurou, o governo vai cobrar IR (Imposto de Renda) sobre os rendimentos a partir de um patamar alto de aplicação -o que deixaria, nas palavras de um ministro, "mais de 95%" dos aplicadores com as atuais regras de ganho. Lula pediu que a equipe econômica elaborasse uma proposta para desonerar os atuais fundos de investimento, medida que deverá ser finalizada até a semana que vem.

Dessa forma, Lula estimularia grandes aplicadores a optarem pelos fundos, que recuperariam atrativos apesar da queda da taxa básica de juros, a Selic, que reduz os ganhos dessas aplicações.

Um auxiliar direto de Lula disse à Folha que o temor de dar uma bandeira à oposição na reta final do governo e nas eleições de 2010 levou o presidente a optar por não alterar as regras da poupança para os pequenos e médios aplicadores, a imensa maioria na poupança.

PSDB, DEM e PPS, partidos de oposição, têm criticado a possibilidade de mudança na poupança desde que o governo anunciou que cogitava tal medida após a queda dos juros. Com a redução de 3,5 pontos da Selic desde setembro, os fundos de investimento, que aplicam recursos nos títulos do Tesouro e financiam a dívida pública, perderiam atratividade na comparação com a poupança, que não paga IR e tem remuneração garantida de 6% ao ano mais a variação da TR (Taxa Referencial).

Números do Banco Central mostram que, em dezembro, 80,580 milhões de clientes (89,55% do total) tinham contas com saldo até R$ 5.000,00. Outros 6,578 milhões de contas (7,3% do total) eram de clientes com saldo de R$ 5.000,01 a R$ 20 mil. Menos de 4% dos poupadores possuíam contas acima de R$ 20.000.

Lula fez reuniões com a equipe econômica sob forte contrariedade. Alegava que Fazenda e BC foram imprevidentes ao não alterar com antecedência regras da caderneta e que tomar uma medida impopular na véspera de ano eleitoral seria suicídio político. A decisão de Lula de não mudar as regras para a grande maioria busca minimizar o desgaste político.

As alternativas, avaliou, dariam munição à oposição para falar que o governo "tungou" os pequenos poupadores. O PPS chegou a fazer propaganda na TV comparando a mudança de regras na poupança com o traumático bloqueio de contas do governo Collor, em 1990.

A não alteração das regras para a grande maioria dos aplicadores deverá ser anunciada em breve. Também pesou na decisão de Lula a avaliação de que o espaço para a queda dos juros não será tão grande e permitiria a manutenção do atual formato até o início do próximo governo. A Selic está em 10,25% ao ano, e o mercado prevê 9,25% até dezembro.

Além de tributar parte dos poupadores, Lula recebeu outras propostas da área econômica, que preferia simplesmente acabar com os juros fixos de 6% ao ano. Uma das ideias era vincular o ganho da poupança a um percentual da Selic. Também se cogitaram rendimentos diferenciados de acordo com o saldo ou mudança no cálculo da TR. (Leia mais na Folha)

Máquinas sofrem queda de 20,1% no trimestre

Os sinais de melhora do setor de máquinas e equipamentos durante o mês de março ainda não estão sendo encarados com otimismo, segundo informações da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Após verificar, em março, alta no faturamento de 30,1% - chegando a R$ 5,47 bilhões - na comparação com fevereiro, os fabricantes ainda aguardam os números de abril e maio para comprovar o início da retomada do setor.

"No mês houve uma recuperação, mas ainda longe do que a gente precisava", afirmou o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. No primeiro trimestre do ano, a queda de faturamento do setor, em relação ao mesmo período de 2008, foi de 20,1%.

O presidente da Abimaq salientou, ainda, que a alta das importações do período em 3,6% ocorreu ao mesmo tempo que as exportações recuaram 24,5%. "O Brasil facilita a importação. Hoje há mais estoque no mundo e o produto brasileiro é mais caro devido à taxação", afirmou.

Com o faturamento trimestral de R$ 13,6 bilhões, o setor de máquinas e equipamentos anotou o pior resultado dos últimos cinco anos. Em 2004, o setor registrou no primeiro trimestre faturamento de R$ 12,6 bilhões.

O maior aumento no acumulado dos três primeiros meses, na comparação com 2008, foi o segmento de bens de encomenda, que avançou 11,2%. O presidente da Abimaq lembrou que o fato ocorreu porque muito faturamento de pedidos em carteira caiu apenas em março. (Leia mais no DCI)