quarta-feira, 15 de julho de 2009

Para a UGT a grande medida de superação da atual crise é a recuperação dos níveis de emprego e renda


Emprego reage, mas tem o pior semestre dos últimos 10 anos

(Postado por Laerte Teixeira da Costa) A medida da UGT em relação a atual crise económica é emprego. As notícias recentes animam mas não significam recuperação dos empregos perdidos. Ainda não conseguimos equacionar a entrada no mercado de trabalho de milhões de jovens que chegam todos os anos e que estão sofrendo sem poder ajudar às suas famílias, sem poder consolidar suas vidas económicas, sem se tornarem de fato cidadãos. O que é preciso é muito mais agressividade nas políticas públicas. Porque quando há ação públicaconsequente, surgem os empregos, a única medida que nos interessa. Por enquanto, ainda estamos numa crise brava. E o governo pode e deve fazer muito mais. Pode ser muito mais ágil e focado na geração de crédito, no estímulo à produção, na inclusão dos jovens no mercado de trabalho. Estamos em guerra contra a crise e todos os esforços devem ser acionados de maneira continuada, até retomar o crescimento económico e a recuperação dos empregos perdidos com a geração de novas vagas.

Leia mais: Segundo o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o País criou cerca de 300 mil vagas no primeiro semestre deste ano

O Brasil fechou o primeiro semestre com a criação de mais de 300 mil postos de trabalho com carteira assinada, informou ao Estado o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. É o pior resultado dos últimos 10 anos e está muito abaixo dos 1,36 milhão de novos postos gerados no primeiro semestre de 2008 e mesmo das 561 mil vagas de 2003, quando a economia brasileira cresceu pouco.

Até maio, o saldo entre contratações e demissões estava em 180 mil postos. Em Maceió, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que em junho foram abertos 136 mil novos postos de trabalho. "Em julho, esse número deve aumentar para o desespero da oposição", disse Lula. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) devem ser divulgados amanhã.

O dado de junho ficou abaixo das estimativas dos analistas de mercado de trabalho. "Se confirmado, o número não é um desastre, mas decepcionou", disse Fábio Romão, economista da LCA Consultores. A consultoria projetava a geração de quase 200 mil vagas em junho. Na divulgação do Caged de maio, Lupi chegou a estimar a criação de 350 mil a 400 mil vagas no primeiro semestre.

O ministro não deu detalhes, mas disse que junho deve manter o padrão dos últimos meses, com recuperação mais forte dos serviços e da construção civil, mas estagnação da indústria, que parou de demitir, mas não avançou nas contratações. Até maio, a construção gerou 61 mil vagas, a agropecuária 71,7 mil e os serviços 242,9 mil.

Lupi afirmou que mantém a meta de que o País vai criar 1 milhão de postos de trabalho este ano. "O segundo semestre deve ser muito forte para o emprego. Os setores automotivo e da linha branca batem recorde de vendas graças aos incentivos do governo federal."

Os economistas projetam que a taxa de desemprego no País pode chegar a 8,7% este ano, acima dos 7,9% de 2008, o nível mais baixo desde 2002, quando o IBGE modificou a base de dados. A deterioração do mercado de trabalho vai reduzir a taxa de crescimento da massa salarial de 6,1% em 2008 para 3,1% este ano, conforme a LCA Consultores.

Segundo Romão, a queda é atenuada pela inflação baixa, pelos reajustes do salário mínimo, pela maior renda proporcionada aos beneficiários da Previdência, e pelo Bolsa-Família. "O emprego nos setores de serviço e construção civil foram os pioneiros da recuperação", disse.

Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, explica que a recuperação da economia ainda está muito "desigual". O mercado interno reagiu e os estoques das indústrias foram reduzidos, o que colabora para mais contratações, mas a queda das exportações e o investimento são fatores negativos.

Um levantamento da consultoria apontou que a recuperação do emprego e da renda está concentrada nas pessoas que ganham até um salário mínimo. Acima desse nível, o emprego ainda está em queda. "Voltamos ao padrão de 2006 e 2007", disse. Ele reforçou que a deterioração do emprego industrial colabora para a mudança, porque é o setor que paga melhor. (Leia mais no Estadão)

Varejo reverte queda dos últimos 2 meses e sobe 0,8% em maio

O crescimento de vendas no varejo é um retrato de curto prazo da economia. Ainda mais tendo o mês de Maio como referência, quando todos nós sabemos que o Dia das Mães se equipara com a motivação de compra do Natal, gera uma distorção positiva, mas sazonal. Temos que acompanhar os índices do atacado e verificar como esses indicadores de refletem nos empregos formais.

Leia mais: Supermercados puxam desempenho das vendas no mês; nos cinco primeiros meses do ano, indicador sobe 4,4%

As vendas do comércio varejista subiram 0,8% em maio ante abril, na série com ajuste sazonal, segundo divulgou nesta terça-feira, 14, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com maio do ano passado, as vendas do varejo tiveram alta de 4%. Nos cinco primeiros meses do ano, as vendas cresceram 4,4%, contabilizando uma expansão de 6,5% em 12 meses.

A alta em maio reverte duas quedas consecutivas ante mês anterior apuradas em março e abril. "Essa melhora de um mês para o outro pode estar refletindo alguma reação no crédito e na confiança do consumidor e a continuidade do crescimento da massa salarial", disse o técnico da coordenação de serviços e comércio do instituto, Reinaldo Pereira.

O segmento de hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com alta de 6,7% nas vendas em maio ante igual mês de 2008, respondeu, sozinho, por 3,1 ponto porcentual, ou 78% da alta de 4% apurada nessa base de comparação. Segundo Pereira, esse segmento prossegue influenciado positivamente pelo "aumento da massa salarial e o comportamento dos preços".

Esse setor do varejo, que tem maior peso na pesquisa mensal de comércio, registrou variação nas vendas de 0,1% em maio ante abril e acumula, no ano, alta de 6,5% e em 12 meses, de 5,4%.

As vendas de móveis e eletrodomésticos caíram 6,3% em maio ante igual mês do ano passado, apesar da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os produtos de linha branca. Para Pereira, esse resultado reflete "restrição de crédito e cautela dos consumidores".

Ante abril, as vendas de móveis e eletrodomésticos subiram 0,1%, revertendo as quedas ante mês anterior apuradas em março (-2,4%) e abril (-2,0%). No ano, as vendas dessa atividade já acumulam queda de 2,6% mas, em 12 meses, o resultado ainda é positivo (6,3%).

Na comparação mensal, o único segmento a registrar recuo foi o de equipamentos e materiais para escritório e informática (-11,6%).

Varejo ampliado — As vendas do comércio varejista ampliado (incluindo veículos e motos e materiais de construção) subiram 3,7% em maio ante abril e aumentaram 3,3% ante maio do ano passado, segundo divulgou o IBGE.

Ante o mês anterior, houve alta em veículos e motos, partes e peças (8,0%) e em material de construção (5,7%), ambos revertendo resultados negativos apurados em abril.

Na comparação com maio do ano passado, as vendas de veículos e motos aumentaram 4%, enquanto as de material de construção caíram 8,2%

"A crise ficou com a cara da indústria no Brasil. O comércio e os serviços já retomaram", disse Flávio Castello Branco, gerente da unidade econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Ele ressaltou que o crédito foi retomado, o medo do desemprego superado, o que sustenta o comércio e ajuda a indústria, mas o patamar de emprego de 2008 só será retomados em 2010.

Conforme Romão, descontando as influências sazonais, foram criadas 40 mil novas vagas em junho, abaixo das 50 mil de maio. "A confiança foi abalada pela crise e o crédito à pessoa física se recuperou, mas o crédito à pessoa jurídica ainda tem problemas", disse.

A economista-chefe da Rosemberg & Associados, Thaís Zara, disse que a produtividade da indústria - que é a produção por trabalhador - subiu 12% desde o fim do ano, mas está 5% abaixo do ano passado. O número de horas trabalhadas também se mantém abaixo de maio de 2008. Na prática, significa que os funcionários trabalham, em média, menos que no ano passado. "Ainda não é hora de euforia." (Leia mais no Estadão)

Meirelles cobra de empresários retomada de investimentos

O presidente do Banco Central tem que falar menos e agir mais. É função dele agir para a diminuição dos juros e a ampliação da oferta de crédito.  É isso que ele tem que falar. Fazer discursos é tarefa do presidente e do ministro da Fazenda. Se o presidente do Banco Central cumprir direitinho suas funções, ajuda muito mais do que fazer discursos.

Leia mais: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou nesta terça-feira, em palestra a empresários, que, diante dos sinais de recuperação mais rápida do mercado doméstico, quem demorar a retomar os investimentos pode "perder mercado".

Segundo ele, já existe um movimento de alta nas projeções para o PIB em 2010, o que deixa o país em condições favoráveis para sair primeiro da crise.

- Existe o risco, para quem deixar de investir na hora certa, de perder mercado quando o crescimento voltar de forma mais aguda - discursou Meirelles, em almoço organizado por executivos de empresas alemãs com operações no Brasil.

Falando depois a jornalistas, o presidente do BC repetiu o aviso que já havia aparecido na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom): o de que a trajetória futura dos juros não estaria em patamar "adequado" com as previsões de inflação e a trajetória de recuperação da economia.

- Se olharmos os resultados das projeções, uma das conclusões é de que a curva está embutindo um prêmio de risco em relação às previsões de inflação do BC que talvez não sejam adequadas para o Brasil. De qualquer maneira, o importante é que o mercado faça a sua precifixação normalmente e a realidade vai prevalecer - afirmou Meirelles.

Na palestra que fez aos empresários, ligados à Câmara Brasil Alemanha, o presidente do BC apresentou um conjunto de números positivos sobre a economia brasileira que, segundo ele, indica que o Brasil tem condições de sair da crise crescendo de forma sólida e mais forte do que em outros períodos de turbulência econômica. Meirelles citou o aumento dos investimentos estrangeiros no país, que em maio bateram em US$ 2,5 bilhões ("o melhor resultado da história"), e a expectativa de um crescimento do PIB, segundo alguns analistas e consultorias, superior a 4%.

- O investimento caiu, mas já existem sinais de retomada. Isso dá mais consistência de saída da crise. O Brasil não está deteriorando os seus fundamentos para sair da crise, que dá mais capacidade de crescer de forma balanceada - disse Meirelles (Leia mais em O Globo)

A negociação de reajustes salariais em meio à crise internacional 

Como parte das ações que visam avançar no entendimento acerca dos impactos da crise internacional no Brasil e, sobretudo, subsidiar o movimento sindical brasileiro em seus processos de negociação coletiva, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) apresenta nesta Nota Técnica uma síntese dos reajustes salariais negociados em 2009.

No transcorrer dos cinco primeiros meses do ano, o SAS-Dieese (Sistema de Acompanhamento de Salários) analisou o resultado das negociações salariais de 100 categorias de todo o Brasil.

Uma mudança importante em relação à metodologia de pesquisa merece ser destacada: com o intuito de construir um diagnóstico mais preciso dos impactos da crise na negociação dos reajustes salariais, a opção foi acompanhar em 2009 as mesmas unidades de negociação analisadas em 2008 e, ao longo da análise, considerar somente as negociações com informação de reajustes salariais nos dois anos.

Neste estudo serão considerados, portanto, os reajustes salariais de 2008 e 2009 das mesmas 100 unidades de negociação.

A análise dos reajustes de 2009 revela ligeira melhora diante do ano anterior: se em 2008, 89% das negociações consideradas asseguraram pelo menos a recomposição das perdas ocorridas durante a data-base, em 2009, esse percentual subiu para 96% das negociações.

Por conseguinte, o percentual de negociações com reajustes inferiores ao INPC-IBGE2 passou de 11%, em 2008, para 4%, em 2009. No entanto, o percentual de negociações que garantiu reajuste acima do índice de preços permaneceu quase inalterado: 77%, em 2008, e 78%, em 2009. (Fonte: Dieese)

STJ define ações de correção sobre o FGTS

Para evitar a divergência de decisões em pedidos ligados à definição da sucumbência (ônus assumido pela parte perdedora, que engloba as custas e os honorários advocatícios) em ações que visam a correção monetária de contas vinculadas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o Superior Tribunal de Justiça aplicou o rito do recurso repetitivo (Lei 11.672/08). A Primeira Seção do tribunal pacificou entendimento sobre o assunto.

"Isso define precedentes e não há o risco de existirem decisões posteriores conflitantes, sinalizando aos demais tribunais qual é o entendimento dos magistrados", acredita o professor de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, Marcelo Pereira Faro. A especialista em direito previdenciário Miriam Souza de Oliveira Tavares, sócia do Souza Tavares Advogados concorda, e completa: "O proferido pelo STJ alivia os tribunais, acelerando os julgamentos dos inúmeros recursos que tenha a mesma matéria", aposta. Para entender, recurso repetitivo é quando o tribunal se manifesta baseado em apresentações de teses idênticas.

Da decisão — O decidido veio em função da análise da Primeira Seção do STJ em um recurso interposto pela Caixa Econômica Federal (CEF) contra acórdão do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região. Na ocasião, foi fixada a sucumbência considerando os maiores índices expurgados do FGTS. Acompanhando o voto da relatora, ministra Denise Arruda, a Seção deu provimento ao recurso da CEF e decidiu que, nesses casos, a sucumbência é fixada com base na quantidade de índices pedidos e deferidos, e não no valor correspondente a cada um deles.

"Para efeito de apuração de sucumbência em demanda que tem por objeto a atualização monetária de valores depositados em contas vinculadas do FGTS, deve-se levar em conta o quantitativo de pedidos - isoladamente considerados - que foram deferidos em contraposição aos indeferidos, sendo irrelevante o somatório dos índices", destacou.

Citando vários precedentes, a ministra Denise Arruda entendeu que a apuração da sucumbência deve levar em conta a quantidade de pedidos deferidos e indeferidos, admitida a compensação (Súmula 306 do STJ), e não o somatório dos índices de correção monetária pleiteados.

Equívoco — Para o advogado Marcos Caseiro, do escritório Simões e Caseiro Advogados, o STJ errou na decisão. Isso porque, no caso julgado pelo tribunal, a CEF saiu vencedor "equivocadamente". "O STJ entendeu que havia sucumbência recíproca independentemente dos valores. Foi uma decisão temerária. A sucumbência deve resguardar, principalmente, a proporção. No caso citado, foi levado em consideração apenas a argumentação jurídica e ignorado o pedido de proporcionalidade", opina o advogado. Ele explicou à reportagem que na matéria decidida pelo tribunal houve empate no número de pedidos, mas uma diferença na compensação financeira, prejudicando a outra parte. "Se uma parte totaliza 56% e a outra 44%, ainda existe a desproporcionalidade. Isso porque, apesar do empate em decisões, uma ainda é devedora financeiramente da outra", diz o advogado, que finaliza: "É uma decisão que não deve ser aplaudida". (Mais informações no DCI)

terça-feira, 14 de julho de 2009

Investir em Educação e controlar a corrupção para fazer o Brasil dar um grande salto à frente

Obama compara desenvolvimento de Gana com o da Coréia do Sul, em 50 anos

(Postado por Marcos Afonso Oliveira) Gostaria de dividir com os companheiros e companheiras da UGT no Brasil todo trechos do discurso do presidente Barak Obama fez na sua visita a Gana, na última sexta-feira. O ponto mais alto, a meu ver, foi ter feito uma comparação sobre dos ultimos 50 anos de Gana com a Coréia do Sul. Na análise do presidente norte-americano faltou a Gana mais transparência, ou seja, um combate eficiente à corrupção. A nosso ver, faltou também investimentos em Educação.

Aproveitamos a deixa para também comparar o Brasil com a Coréia do Sul. Quais são as marcas brasileiras mundiais que encontramos hoje. Talvez a Petrobras e a Embraer, mesmo assim com alcance bem menor do que as marcas sul coreanas como a Samsumg, a LG, a Hynday, a Kia, etc. O que diferencia Coréia do Sul do Brasil é, muito provavelmente, nosso investimento em educação ao longo de décadas, de maneira sistemática. Já temos um sistema democrático sólido, que já é aceito como referência mundial. Não somos mais confundidos com republiquetas de banana, onde se repetem golpes de estado. Ainda não conseguimos o ideal de vigilância contra a corrupção, mas caminhamos para solucionar esta chaga que nos incomoda. Mas temos feito muito pouco em relação à Educação. E a educação exige investimentos de gerações. Para que daqui a trinta anos não tenhamos que explicar nossas faltas tentando colocar a culpa nos outros. Por isso, transcrevi o texto abaixo para nossa reflexão:

Barack Obama viaja, esta sexta-feira, para o Gana, na sua primeira visita a um país da África negra. Antes de partir, o presidente dos Estados Unidos lembrou as suas origens para denunciar a corrupção que existe no continente e a necessidade de manter a ajuda àquela região.

Cabe aos próprios africanos saírem do esquecimento e miséria em que vivem. Foi desta maneira que Barack Obama se dirigiu aos lideres africanos,.numa reunião à margem da cimeira do G8, que decorre em Itália.

O presidente norte-americano lembrou-lhes que quando o pai saiu do Quénia, há 50 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) do país era superior ao da Coreia do Sul.

Perante isto, Obama perguntou-lhes o que se passou desde então. Para o líder dos Estados Unidos, a razão é que a a Coreia do Sul conseguiu criar instituições transparentes e eficazes.

É certo que para o presidente norte-americano os países ricos têm obrigação moral de assistir o continente africano, mas os países pobres têm obrigação de usar essa assistência de maneira transparente, eficaz e com respeito pelas leis.

Barack Obama lembrou que os familiares que ainda tem em África vivem em aldeias onde o sofrimento da pobreza é real, mas onde todos os dias têm de pagar um suborno para aceder a comida e ajudas internacionais.

Obama escolheu o Gana como primeiro ponto de visita ao continente africano, porque trata-se de um país que começou a criar instituições eficazes e transparentes.

Para o presidente norte-americano, o Gana demonstrou ainda que é possível passar o poder político de um partido para o outro sem romper a estabilidade democrática. Aquele país foi o único em África onde as transferências de executivo aconteceram sem interrupções de golpes militares ou conspirações.

Por esta altura, os ganenses esperam orgulhosos pela chegada de Barack Obama, utilizando, por exemplo, roupa com imagens do presidente norte-americano.

O Gana recebeu Bill Clinton em 1998 e George Bush em 2008, mas esta visita tem um significado especial já que em Dezembro o Gana foi a votos, cumprindo com o modelo de transparência.

Os ganenses esperam também que esta visita traga repercussões politicas e económicas, justamente pelos esforços feitos nos últimos 15 anos em matéria de democracia, boa governação e desenvolvimento económico.

Devido ao empenho de Obama, o G8 aprovou uma ajuda aos países africanos de 20 bilhões de dólares. (leia mais no Estadão)

Crédito e compras já voltam ao nível pré-crise

Eis aí uma boa notícia, caso as pesquisas sejam de fato confirmadas nos próximos meses, que por sinal antecedem o Natal. Vamos acompanhar, principalmente, se esta nova tendência se reflete no nível de emprego e renda. Pois sem emprego e renda não há boa intenção que ajude a sustentar e manter o mercado interno. E sem mercado interno, teremos muitas dificuldades em superar a atual crise.

Leia mais: Duas pesquisas mostram que a disposição de ir às compras do brasileiro já voltou ao nível anterior à crise. Os brasileiros estão buscando mais crédito e devem comprar mais bens duráveis - de geladeiras a carros - nos próximos meses, o que reforça o cenário favorável à recuperação da economia no segundo semestre.

O Indicador Demanda do Consumidor por Crédito, preparado pela empresa de informações de crédito Serasa Experian, atingiu em junho 102,7 pontos, contra 101,2 pontos alcançados em outubro de 2008, quando foi deflagrada a crise financeira. "É a primeira vez que o indicador supera o patamar de outubro", diz o gerente de Indicadores de Mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi.

Já o Índice de Intenção de Compras de Bens Duráveis, apurado pelo programa de administração do varejo Provar, da USP, e pela consultoria Felisoni Associados, revela que a disposição do consumidor para adquirir um carro zero ou uma geladeira, cresceu 20% no trimestre em relação ao mesmo período de 2008.

O indicador, que será divulgado hoje, mostra também que a intenção de levar para casa algum bem durável está no nível mais alto dos últimos dez anos para o período julho a setembro.

Duas razões explicam a mudança de ânimo dos consumidores: o aumento da oferta de crédito, com melhores condições de prazos e juros, e a maior confiança, especialmente entre os consumidores de baixa renda, na manutenção do emprego.

"A tendência é de recuperação do crédito", afirma Rabi. Ele destaca que o indicador da Serasa Experian, que é uma espécie de termômetro da demanda do consumidor por crédito porque leva em conta as consultas por CPF para compras a prazo, cresceu em junho 4% na comparação com maio. É a quarta alta consecutiva.

Apesar de superar o nível de outubro, porém, o índice de demanda por crédito ainda é 1,2% menor que o de junho de 2008. No semestre, acumula um recuo de 6,8% na comparação anual. Para Rabi, nos próximos meses o indicador deverá voltar para o terreno positivo em relação a 2008 e deverá fechar o ano empatado com o ano passado. Até dezembro, ele acredita que o índice poderá atingir o pico, de 114,3 pontos, alcançado em maio de 2008. Isso indica uma forte perspectiva crescimento do crédito no segundo semestre.

Essa também é a avaliação do economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Marcel Solimeo. "O cenário ainda é de incertezas, mas não está descartada a possibilidade de o varejo repetir neste ano o desempenho de 2008." O comércio varejista encerrou o primeiro semestre com recuo médio de 8% no volume de vendas a prazo e à vista ante 2008, segundo as consultas recebidas pela ACSP, pode fechar o ano empatado. (Leia mais no Estadão)

Banco Mundial prevê retorno de até 13 milhões à pobreza

A sondagem do Banco Mundial capta, infelizmente o que mais nos preocupa. No Brasil, através de políticas sociais arrojadas do governo Lula, temos conseguido reduzir, aos poucos, as pessoas que viviam na pobreza absoluta. Mas ainda temos indicadores preocupantes de relacionados com o desemprego. A crise mundial chegou como uma cacetada no nível de emprego que vinha melhorando ao longo dos anos. Agora, é a hora da recuperação. E só vamos ampliar a oferta de empregos, com crescimento da economia, com investimentos diretos na produção, com oferta ampla e abundante de crédito. O que requer trabalho, muita organização social e mobilização a favor do Brasil.

Leia mais: O Banco Mundial revisou hoje para cima sua estimativa de pessoas que vão retornar à pobreza por causa da crise financeira internacional, na América Latina. De acordo com a vice-presidente da instituição para a América Latina e Caribe, Pamela Cox, até 13 milhões de latino-americanos vão voltar à pobreza. Em abril, Pamela havia estimado um contingente de quatro a seis milhões a mais de pobres por causa da crise, na região. No início deste mês, o Banco Mundial havia informado que o número total poderia ser superior a oito milhões.

De 2002 a 2008, lembrou Pamela, 60 milhões de latino-americanos saíram da pobreza. De acordo com ela, isso foi possível por causa da implementação de medidas de controle da inflação, taxas de câmbio flexíveis e sistemas financeiros mais fortes nos países da região. "A América latina entrou nessa crise com economias mais fortes que as crises passadas. Mesmo se a crise tiver impacto na região, esperamos que seja mais uma recessão e não um colapso econômico" afirmou Pamela, que participou hoje de um seminário sobre investimentos públicos na promoção do desenvolvimento econômico e social, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no centro do Rio.

Também presente ao evento, o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, afirmou que no Brasil não houve aumento da pobreza por causa da crise. Ele lembrou que houve um aumento do desemprego, conforme apurou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas que não foi registrado um retorno de pessoas à pobreza. (Leia mais no Estadão)

Friboi demite 770 em SP, dizem sindicatos

Maior grupo processador de carnes do mundo, o JBS-Friboi demitiu 770 funcionários nas suas unidades de Barretos, Andradina e Presidente Epitácio, de acordo com os sindicatos de trabalhadores das três cidades do interior paulista.

Em Barretos, foram 350 cortes, na quinta-feira passada, segundo o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Alimentação do município.

Na unidade de Andradina foram demitidos 250 funcionários e em Presidente Epitácio, 170. A assessoria de comunicação da empresa em São Paulo confirmou apenas 276 cortes em Barretos. Sobre as outras unidades, disse não ter informações precisas.

Segundo os sindicatos, a empresa não explicou o motivo das demissões. Em nota enviada à Folha, o JBS-Friboi afirmou que os cortes estão relacionados "a um movimento contínuo de melhorias da eficiência da empresa e da modernização de (...) parques fabris".

A nota diz que as demissões não têm relação com a queda nas exportações. Novas unidades do grupo estão certificadas para vender ao exterior.

As demissões ocorreram na mesma semana em que a empresa anunciou a incorporação de cinco unidades no Estado de Mato Grosso, aumentando a capacidade de abate do grupo para mais de 26 mil bois por dia no país.

Na frente da unidade de Barretos, ontem à tarde, funcionários que não quiseram ter o nome revelado disseram que os cortes foram feitos no turno da noite. A reportagem conversou também com demitidos que trabalhavam no turno diurno. Segundo eles, os rumores sobre os cortes circulavam na empresa havia algum tempo, já que o ritmo de abate estava baixo. (Leia mais na Folha)

Com freio no consumo de países ricos, calçados da China 'invadem' Brasil

A indústria calçadista brasileira se prepara para enfrentar o que os empresários do setor estão chamando de segunda "invasão chinesa", mostra reportagem do GLOBO, nesta terça-feira. Depois de conquistarem clientes das empresas brasileiras no exterior, os chineses estão se voltando para as regiões onde ainda existe produção local, caso de Brasil, Itália, Argentina e México. Com o agravamento da crise internacional a partir de setembro, que derrubou as vendas de calçados nos principais países compradores (Estados Unidos, Europa e Ásia), os fabricantes chineses começaram a desovar boa parte de seus estoques nos mercados brasileiro, argentino e mexicano, locais onde o consumo sofreu menos com a turbulência internacional.

No caso do Brasil, segundo Cardoso, a situação é crítica porque, além do aumento das importações de calçados chineses, as exportações estão despencando desde o início da crise. Nos primeiros cinco meses de 2009, a queda nas exportações já chega a 27%.

É nesse clima de guerra contra os calçados chineses que começa nesta terça e se estende até a próxima sexta-feira, em São Paulo, a 41ª edição da Francal, maior evento do setor e cujos negócios representam três meses de produção na indústria. O evento também servirá para o empresariado pressionar o governo a tomar medidas que protejam o mercado brasileiro da concorrência chinesa. (Leia mais em O Globo)

Mercado de trabalho perpetua desigualdade racial, avaliam especialistas

Sessenta por cento dos trabalhadores negros têm rendimento de até dois salários mínimos. Os negros são a maioria nos setores de atividade econômica com maior jornada de trabalho (como emprego doméstico, 60,8%); com uso mais intensivo da força física de trabalho (construção civil, 59,5%) e historicamente menos protegidos pelo sistema previdenciário (setor agrícola, 60,4%). Os negros formam a maioria dos trabalhadores sem carteira assinada (55,3%).

Por outro lado, os negros são minoria no conjunto dos trabalhadores com melhor remuneração e melhor condição de trabalho. Dos empregados com carteira de trabalho assinada, apenas 43,2% são negros. Dentro da administração pública (onde há estabilidade de emprego, entre outras vantagens), os negros também são minoria (41,3%). Menos de um quarto dos empregadores (empresários) são negros.

Os dados foram apresentados pelo economista Ademir Figueiredo, coordenador de estudos do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), durante painel que debateu o mercado de trabalho, promovido durante a 2ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial que ocorre em Brasília, com a participação de 1.500 pessoas segundo os organizadores.

“O mercado de trabalho é um dos temas mais caros. A população que mais trabalhou é a que foi mais excluída”, sintetizou o sociólogo João Carlos Nogueira, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O sociólogo ligou a situação do mercado de trabalho com a qualificação e formação profissional, segundo ele, há um “círculo vicioso”: “a ausência de maior número de meninos e meninas negras no ensino fundamental diminui o ingresso no ensino técnico”, apontou.

Segundo dados do Dieese, 24,6% dos negros com mais de 15 anos não têm instrução alguma; 42,8% têm o ensino fundamental incompleto. No topo da pirâmide, com ensino superior completo apenas 2,3% dos negros, enquanto entre os não negros o percentual é de 8,8%.

O diretor de cooperação e desenvolvimento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Mário Lisboa Theodoro apontou que o mercado de trabalho e a questão racial “são o grande problema do país”. O diretor rememorou que no século passado o Brasil foi o país que mais cresceu no mundo, no entanto, manteve a estrutura social anterior à modernização da economia. “Que capacidade é essa da nossa sociedade de crescer tanto, mas gerar tanta pobreza?”, indagou.

Na avaliação de Mário Theodoro, os negros foram mantidos excluídos antes e depois da escravidão. “O negro saiu da escravidão para o desemprego”, disse lembrando que após a abolição da escravatura, em 1888, houve substituição da mão de obra negra pela força de trabalho imigrante; e que antes disso a Lei de Terras (1850) manteve as terras com os senhores que ganharam a propriedade quando o país era colônia de Portugal. Os negros quando libertos não tiveram acesso à terra e ficaram sem trabalho, explicou.

Para o diretor do Ipea, os efeitos da escravidão e da abolição são sentidos até hoje em situações cotidianas como a informalidade dos vínculos de emprego que aflige mais aos negros. “Se a história do Brasil fosse uma semana, poderíamos dizer que a escravidão durou de segunda a sexta, cinco sétimos da nossa história”. Para ele, é fundamental tratar a condição do negro no mercado de trabalho. “Enquanto não se discutir a questão racial e o racismo, nós vamos ter um país desigual”.

O economista Ademir Figueiredo, do Dieese, concordou com Mário Theodoro e sublinhou que “o racismo naturaliza a desigualdade”, se referindo ao comportamento social e às políticas urbanas. (Agência Brasil)