quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A modernização do Estado brasileiro passa pela valorização, incentivo e reforço da auto-estima de seus servidores públicos

Servidores públicos apostam na auto-estima para recuperar prestígio do Estado brasileiro junto aos seus cidadãos

Por Wagner de Souza, presidente do Sindicato União e 1° secretário adjunto de relações internacionais da UGT

As grandes mudanças percebidas pela população brasileira na economia e na política nas últimas duas décadas e meia de democracia plena foram conquistadas a partir da reestruturação da Nação brasileira levada a efeito pelos servidores públicos nos níveis municipal, estadual e federal.

Não existe Estado sem gente. Sem almas e corações pulsantes, que dedicam suas vidas às vocações que disputam, enfrentando grandes barreiras, através de concursos altamente competitivos.

Da parte dos servidores públicos há um interesse genuíno para a realização profissional que significa o cumprimento de suas funções. Tanto é que a modernização do Estado brasileiro, mesmo sem que se repasse os créditos aos seus principais agentes que somos nós, os servidores públicos, acompanha a modernização da tecnologia digital.

Hoje, as aposentadorias são resolvidas em minutos. As informações sobre impostos, processos judiciais, encaminhamentos de documentação etc. estão ao alcance de milhões de brasileiros através da internet, que tem atrás da parafernália tecnoógica gente de carne e osso que a fazem funcionar ou em postos de atendimentos espalhados pelo País.

Se quisermos avaliar os avanços na educação, na saúde, no gerenciamento dos grandes centros urbanos e até mesmo as pesquisas essenciais para o desenvolvimento do agro-negócio, levado à efeito pela Embrapa, lá estão homens e mulheres, servidores públicos anônimos, na sua maioria com salários e motivação social irrisórios.

Porque com a redemocraticação, que também passa pela atuação e encaminhamento cotidiano dos servidores, o Estado brasileiro ficou mais exposto em suas fragilidades. A população visualiza, através dos órgãos de comunicação, as falhas do Estado através de ataques, contundentes, aos seus servidores. Muitas vezes sem a devida contextualização que mostraria falta de investimento em infra-estrutura, em estímulos à carreira, em respeito ao Estatuto do Servidor.

É por isso, que a UGT inicia um grande movimento junto às suas principais lideranças dos servidores públicos, para iniciar o resgate da auto-estima dos homens e mulheres que escolheram servir a Nação brasileira. Que são responsáveis pela máquina pública, que cumprem à risca a Constituição Federal, que mesmo anônimos dedicam trinta a quarenta anos de suas vidas ao Estado. Depois de terem provado competência técnica e funcional para o exercício das atividades.

O Estado brasileiro precisa melhorar muito mais. Especialmente para atender a uma demanda altíssima de uma nova sociedade brasileira que se organiza a partir dos avanços politicos e econômicos.

E para começar esse ajuste aos novos tempos temos que perceber os servidores públicos como o Estado brasileiro em ação. Gente comprometida com suas funções públicas, ciente dos deveres junto à Nação. E disposta a buscar um mínimo de reconhecimento social para continuarem a investir na melhoria do Estado brasileiro.

Numa tarefa necessária e inadiável para se vincular às expectativas do moderno cidadão brasileiro, para juntos com a população e o eleitorado conseguirem convencer os dirigentes do Estado brasileiro, legitimamente eleitos, que é prioritário investir em mais salários, em mais treinamento, em mais respeito aos homens e mulheres que, como disse, são o Estado brasileiro em ação.

Leia o clipping do dia:

IDV: faturamento do varejo deve subir 7,4% em setembro

O faturamento real do varejo, descontada a inflação, deve crescer 7,4% em setembro em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o Índice Antecedente de Vendas (IAV), divulgado hoje pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). "O aquecimento do mercado já deve ser notado em setembro. As boas condições do mercado de trabalho com contratações recordes continuam favorecendo o crescimento da renda", afirmou o IDV em comunicado.

No acumulado de janeiro a setembro em relação ao mesmo intervalo de 2009, o faturamento real das vendas deverá registrar um crescimento de 6,7%, conforme a expectativa do IDV. O segmento de bens duráveis é o que se mostra mais otimista em relação aos próximos meses, com uma estimativa de crescimento médio mensal entre setembro e novembro de 13%.

Segundo o IDV, as previsões das 35 varejistas consultadas sinalizam a continuação da tendência de crescimento puxado por produtos das linhas de informática, telefonia, material de construção, imóveis e eletrodomésticos. O IDV representa redes como Grupo Pão de Açúcar, Walmart, Magazine Luiza, Carrefour, Lojas Renner, Livraria Cultura, Riachuelo e Leroy Merlin. (Estado)

Trabalhadores mantêm greve na Toyota e Mercedes em SP

Paralisação foi mantida depois que os trabalhadores rejeitaram na noite de segunda-feira a proposta de aumento salarial de 10,5%.

Metalúrgicos da fábrica de carros da Toyota em Indaiatuba e da fábrica de componentes de ônibus e caminhões da Mercedes-Benz em Campinas, ambas no interior de São Paulo, mantêm nesta terça-feira greve iniciada na quinta-feira passada por reajuste salarial.

A greve nas duas montadoras foi mantida depois que os trabalhadores rejeitaram no início da noite da véspera proposta de aumento salarial de 10,5%. Na unidade da Toyota, que produz o sedã Corolla, trabalham 2,1 mil metalúrgicos e na instalação da Mercedes-Benz, 800.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas e Região, uma nova reunião com a montadora japonesa acontecerá ainda na manhã desta terça-feira e uma assembleia com os trabalhadores foi marcada para as 17h. Na Mercedes-Benz, não há reuniões previstas, segundo a entidade.

A pauta dos trabalhadores da região envolve, entre outros itens, reajuste de 17,45% e redução de jornada para 36 horas semanais sem corte de salário.

Desde a paralisação, o sindicato calcula que a Toyota deixou de produzir cerca de 1,2 mil veículos.

Neste fim de semana, trabalhadores do polo automotivo do ABC, na região metropolitana de São Paulo, aceitaram reajuste de 10,8%, maior índice já obtido pela categoria. Além do aumento, os metalúrgicos da base que abriga fábricas da Ford, Scania, Mercedes-Benz e Volkswagen, receberão abono de R$ 2,2 mil.

Enquanto isso, a fábrica de automóveis da Volkswagen em São José dos Pinhais (PR) segue sob a chamada "greve pipoca", decretada pelos trabalhadores no sábado. Sem acordo com a empresa na véspera, os trabalhadores decidiram manter o movimento que envolve a paralisação alternada de turnos da fábrica, que fez a montadora alemã deixar de produzir cerca de 820 carros até o final da segunda-feira, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba.

A exigência para a montadora alemã é a mesma já aprovada pelos trabalhadores da Renault e da Volvo no Estado, afirma o sindicato: 10% de aumento do piso salarial, 10,08% de reajuste e R$ 4,2 mil de abono.

A unidade da Volkswagen em São José dos Pinhais produz os modelos Golf, Fox, Cross Fox e Fox Europa e vende aproximadamente 70% da produção para o mercado interno. (Estado)

Iniciativa privada cresce no saneamento

Expectativa é que participação de empresas privadas no setor chegue a 30% em 2017.

A expectativa de crescimento do mercado de saneamento está fazendo com que aumente o inte- resse das companhias privadas no setor.
Entre 2006 e 2009, a participação delas na administração dos serviços de tratamento de água e esgoto cresceu de 6% para 10% da população urbana atendida, de acordo com a Abcon (associação das concessionárias privadas de água e esgoto).
O atendimento à população brasileira é feito principalmente por companhias estaduais (70%) e autarquias municipais (20%). Porém, a expectativa da associação é que a iniciativa privada represente 30% até 2017, quando o marco regulatório do setor completará dez anos.
O faturamento anual das empresas privadas com os serviços de saneamento, estimado pela Abcon, é de R$ 1 bilhão -o setor inteiro fatura R$ 30 bilhões.
CONCESSÕES — A entrada das concessionárias privadas no saneamento começou em 1995, segundo Yves Besse, presidente da Abcon, com a Lei das Concessões -que permite a transferência da administração de um serviço ou bem público à iniciativa privada.
Porém, a participação só cresceu mesmo com o marco regulatório do setor, em 2007, que deu mais garantias de segurança às empresas sobre os seus investimentos.
A primeira concessão privada de água e esgoto foi obtida pela Foz do Brasil, braço de engenharia ambiental da Odebrecht, em Limeira (a 151 km de São Paulo), em 1994.
A previsão de faturamento da empresa para 2010 com as operações em Limeira é de R$ 72,4 milhões.
Para Valdir Folgosi, presidente do Sindesam (sindicato das indústrias para saneamento), há um enorme potencial de crescimento do mercado.
Prova disso é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em agosto, que aponta que menos de um terço dos municípios brasileiros (28,5%) faz o tratamento de esgoto.
EFICIÊNCIA — O índice de perda de água (diferença entre o que a empresa produz e o que chega ao consumidor) é considerado pelo setor um indicador de eficiência.
Em Limeira, o índice é de 17% -o menor do país-, enquanto a média nacional é de 41%. "A parceria com o poder público faz com que a eficiência do setor privado seja colocada à disposição do público para que possa investir mais rapidamente", afirma Besse, da Abcon. (Folha)

Especialistas que elaboraram o Código de Defesa do Consumidor temem que este piore com propostas em trâmite no Congresso

A lei 8.078/90, o Código de Defesa do Consumidor (CDC), atravessou as duas últimas décadas sem perder a atualidade e a abrangência. Essa é a avaliação de quem participou das comissões de elaboração do CDC. Grande parte do sucesso do Código, dizem, deve-se à forma democrática como foi discutido e à proximidade com os problemas vividos no dia a dia dos consumidores. A maior ameaça no momento, na avaliação dos especialistas, são justamente os numerosos projetos de lei em trâmite no Congresso para modificar o CDC.

- Sabemos como um projeto começa, mas não como termina. Há muito lobby. E a lei brasileira é muito boa. Tanto que nós a exportamos. A América Latina inteira copiou o CDC, e há normas na Europa e nos Estados Unidos fundadas nele. Nosso maior desafio é avançar nas ações coletivas. O consumidor precisa entender que se for ao Ministério Público reclamar de R$ 10 cobrados indevidamente, pode perder tempo, mas beneficiará milhares de outros consumidores - afirma o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Rizzato Nunes, ressaltando a necessidade de uma visão mais social do consumidor.

Na avaliação de Marilena Lazzarini - que presidiu o Procon-SP durante a ditadura militar e fundou, em 1987, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), de cujo conselho participa - hoje uma lei como essa não passaria de jeito nenhum. Ela destaca que o código continua atual. O que falta são instrumentos de implementação que deveriam ter sido criados, principalmente, pelo governo federal:

- O CDC continua atualizado, o que reforça sua qualidade. A lei engloba tudo, até os avanços tecnológicos imensos que tivemos. No entanto, as reclamações dos consumidores mostram que problemas banais ainda são levados aos Procons e à Justiça. Nesses 20 anos, o que faltou foi a institucionalidade de soluções entre consumidores e empresas. Era preciso instrumentalizá-lo com portarias, decretos, normas. Assim como foi feito com o decreto do SAC. Nós não fizemos a administração do código. Na plataforma que o Idec apresentou aos presidenciáveis, o primeiro item é o fortalecimento do sistema.

Atualização é necessária para comércio eletrônico e superendividamento — Marcelo Sodré, que participou do Conselho Nacional de Defesa do Consumidor, considera que o sucesso do CDC deve muito à forma democrática de como este foi feito:

- Tínhamos um grande fórum, com a participação de consumidores, fornecedores, entidades. Além disso, tratávamos de casos muito próximos da realidade do consumidor. Tivemos também a sorte de estar com o texto pronto quando o Congresso começou a ser pressionado para regulamentar a Constituição.

Sodré, atualmente professor de Direito do Consumidor, diz que o CDC precisa ser atualizado, principalmente em questões como comércio eletrônico e superendividamento:

- É preciso ter cuidado e avaliar se é a melhor hora. A tendência é que o próximo governo seja muito conservador, o que pode ser um perigo.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Antônio Herman Benjamin, que foi membro da comissão de juristas que elaborou o Código, afirma que o CDC era uma lei que tinha tudo para dar errado. Primeiro, porque punha abaixo todas as tradições jurídicas que protegiam o fornecedor em detrimento do consumidor. Segundo, por sua abrangência, pois protegia o consumidor em todos os setores da economia. E terceiro porque poderia ser pouco aplicada, como é normal em novas leis, mas os juízes de primeira instância não só a acolheram como a ampliaram.

- O CDC foi a lei mais importante da segunda metade do século XX. Mas nenhuma lei é perfeita e precisaria açambarcar outros temas. Porém, temos de ter cuidado porque, a pretexto de melhorá-la, ela poderá ser enfraquecida.

O professor de pós-graduação em Direito Kazuo Watanabe também estava na comissão de juristas que elaborou o CDC. Ele enumera quatro grandes avanços da lei: o conceito da responsabilidade objetiva da cadeia de fornecedores; a previsão de um sistema nacional de defesa do consumidor; a previsão de infrações penais; e a institucionalização das ações coletivas:

- O CDC não protege só o consumidor, protege também a concorrência honesta e o fornecedor de boa fé. Hoje a sociedade quer esta lei, e não acredito em retrocessos. (O Globo)

Emprego temporário em shoppings deve crescer 10%, prevê entidade

Segundo a Alshop, o setor está animado com o bom desempenho da economia brasileira e isso tem atraído investimentos; em geral, 25% dos trabalhadores temporários acabam sendo efetivados.

Cerca de 130 mil trabalhadores deverão ser contratados pelo comércio varejista dos shoppings de todo o País para preencher as vagas temporárias abertas no período de vendas natalinas. Esse número é 10% maior do que o total de empregados admitidos para a mesma época em 2009, quando foram criados 119 mil postos de trabalho.
Os dados são de um levantamento feito pela Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Segundo a entidade, o setor está animado com o bom desempenho da economia brasileira e isso tem atraído investimentos em shoppings. Segundo a pesquisa, em geral, 25% dos trabalhadores temporários acabam sendo efetivados. A maioria dos contratados (75%) tem idade entre 18 e 40 anos.
Os profissionais mais procurados são para as funções de balconista, caixa, empacotador, fiscal de lojas, repositor, estoquista e para representar o papai noel. Os salários variam entre R$ 700 e R$ 2 mil.
"O Natal é a data mais esperada do comércio varejista, e 2010 tem tudo para apresentar o melhor Natal dos últimos anos, pois nossa economia e a indústria de shoppings estão a todo vapor”, destacou o presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, por meio de nota.
A entidade representa cerca de 96 mil lojistas, de 725 shoppings em funcionamento no País. (Agencia Brasil)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Chegou a hora de mobilizarmos para ampliar a recuperação dos nossos salários

Campanhas salariais, entre elas a dos comerciários de São Paulo, avançam

(Postado por Marcos Afonso, diretor de comunicação da UGT) — Abaixo vocês podem ler o clipping que registra o reajuste histórico dos metalúrgicos de São Paulo que injetará 837,5 milhões na economia do Brasil. Assim como os metalúrgicos, os bancários estão em negociação avançada e diversas outras categorias do Brasil, sendo que a UGT participa da maioria dos acordos em andamento. Especialmente, dos acordos que estamos em vias de fechamento com os patrões vinculados aos comerciários de São Paulo, que tem a tendência de fecharmos um acordo histórico, conforme alguns patrões já chegaram a admitir. Mas, como ainda faltam alguns detalhes, conclamamos os comerciários a manter a mobilização e a organização. Os empresários do setor, mesmo em época de economia em expansão, criam toda sorte de dificuldades. São especialistas no chororô, mas sempre ao final, quando percebem a determinação de nossa mobilização acabam cedendo. Afinal, todos queremos ganhar. As empresas precisam de seus trabalhadores para manter as portas abertas e o lucro caindo no caixa. E nós trabalhadores precisamos dos empregos desde que tenhamos a garantia de salários decentes que se concretizam a partir de negociações salariais bem sucedidas, como a que estamos realizando.

ACORDO SALARIAL — Reajuste recorde dos metalúrgicos injeta R$ 837,5 mi no país

Montadoras e metalúrgicos de São Paulo chegaram a um acordo que garantiu o maior reajuste salarial da história da categoria.
Pelo acordo, 45 mil trabalhadores receberão aumento de 10,81% retroativo a 1º de setembro, além de abono de R$ 2.200 em 20 de outubro. O ganho é 6,26% acima da inflação. Com isso, serão injetados R$ 837,5 milhões na economia, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Inicialmente, Ford, Scania, Mercedes-Benz e Volkswagen queriam parcelar o reajuste e o abono, mas cederam.
Segundo José Silvestre, coordenador de relações sindicais do Dieese, 2010 será o ano de reajustes com maior ganho acima da inflação.
Petroleiros e bancários continuam em negociação. (Folha)

Construtoras não podem cobrar juros, decide STJ

Decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou que as construtoras que negociam imóveis na planta não podem cobrar juros sobre as parcelas pagas pelo comprador antes da entrega das chaves. A resolução aconteceu no julgamento do recurso com o qual a construtora Queiroz Galvão pretendia desobrigar-se de devolver em dobro os juros pagos por uma cliente, na Paraíba.

A cobrança dos juros antes da entrega do imóvel era prática comum entre as construtoras, mas começou a ser limitada após o surgimento do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, o qual considera nulas as cláusulas de contrato tidas por abusivas. Em 2001, a Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça editou portaria declarando abusiva qualquer cláusula "que estabeleça, no contrato de venda e compra de imóvel, a incidência de juros antes da entrega das chaves".

Em 1997, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios firmou com 27 construtoras um termo de ajuste que proibia esses juros. No caso julgado agora pela Quarta Turma do STJ, a compradora havia sido obrigada em contrato a pagar correção monetária pelo INCC e juros de 1% ao mês sobre as parcelas anteriores ao recebimento do imóvel, a chamada poupança. (Estado)

Reajuste maior e 13º elevam deficit do INSS

Em agosto, saldo negativo superou em 111% o de julho; aumento maior e antecipação do 13º foram os motivos. Apenas o reajuste de 7,72% para benefícios acima do mínimo, retroativo a janeiro, custou R$ 898 milhões.
O deficit da Previdência Social mais que dobrou em agosto e acumulou R$ 5,4 bilhões -alta de 111,2% em relação a julho, informou o governo, ontem.
No acumulado do ano, o resultado negativo (despesas maiores do que as receitas) chega a R$ 30,8 bilhões, valor 1,3% inferior ao do mesmo período de 2009.
Retroativo a janeiro, o reajuste de 7,72% para aposentadorias e pensões maiores que um salário mínimo começou a ser pago em agosto, o que custou R$ 898,4 milhões para o Ministério da Previdência Social.
No mês passado também houve a antecipação do 13º salário para parte dos aposentados e pensionistas, o que gerou despesa de R$ 955,3 milhões.
Em entrevista, o ministro Carlos Eduardo Gabas reclamou de sua equipe por ter colocado ambas as despesas no mesmo pacote. "Eu não teria de explicar esse resultado."
Descontando o reajuste e a antecipação, o deficit da Previdência Social em agosto é de R$ 3,56 bilhões, ainda assim superior aos R$ 2,56 bilhões de julho.
Em comparação com agosto do ano passado, as contas ficaram estáveis. Todos os valores foram ajustados pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).
O saldo negativo de agosto resulta da arrecadação líquida de R$ 17,3 bilhões e de despesas de R$ 22,7 bilhões.
Gabas diz que as despesas da pasta crescem na ordem de 7% a 8%, e a receita, na faixa de 11%. Mas a estimativa do deficit para 2010, que subiu de R$ 45 bilhões para R$ 47 bilhões, foi mantida.
Segundo o ministro, isso se deve à decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) da semana passada que exige o reajuste pelo teto para todos os aposentados e pensionistas que não o receberam entre 1998 e 2003.
Ele calculou um gasto extra de R$ 1,5 bilhão para cerca de 154 mil pessoas. A quantia deverá ser desembolsada ainda neste ano, segundo Gabas, para "que não fique nada pendente para o próximo governo".
SALDO PREOCUPA — Ex-ministro da Previdência Social do governo Fernando Henrique Cardoso, José Cechin diz que o saldo de agosto é "preocupante".
Segundo ele, o aumento, de um mês para o outro, de quase 40% do deficit, desconsiderando os gastos com 13º e reajuste de 7,72%, é contundente.
"Em um período de crescimento do emprego, do salário e da arrecadação, ter aumento dessa ordem no deficit mostra que as regras deveriam ser mudadas", afirma.
Cechin defende que se alongue o tempo de contribuição antes de obter direito à aposentadoria.
Apesar do resultado de agosto, o Ministério da Previdência Social manteve em R$ 47 bilhões a previsão de deficit para este ano.

Crediário vira minoritário no varejo

Cartões de crédito e de lojas desbancam carnês; em 5 anos, essa modalidade caiu de 80% para 20% nas Casas Bahia. Carnês embutiam maior risco de varejista no preço final; para inadimplentes, juros em cartão são mais altos.
O tradicional carnê vem perdendo espaço entre as formas de pagamento nas principais redes de varejo.
Nas Casas Bahia, o maior grupo do setor no país, a participação do carnê caiu da quase totalidade (80%), há cinco anos, para os atuais 15% a 20%.
Na Máquina de Vendas, formada por Ricardo Eletro e Insinuante, o uso do crediário também vem perdendo força entre os clientes.
"Nos últimos cinco anos, representava 35% das vendas, agora está em torno de 15%", diz Samuel Henrique Belo, diretor de serviços financeiros da holding.
CRESCIMENTO — Entre 2005 e este ano, o número de cartões de crédito cresceu 126% no país, enquanto os cartões de loja tiveram alta de 131%, segundo a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços), com base em estimativa para 2010.
Na opinião de especialistas, a tendência é que o movimento se intensifique nos próximos anos com um maior acesso das classes C e D aos cartões. A previsão da entidade é que as transações com cartões de crédito cresçam 115% até 2015 e as com cartões de loja, 67% .
"O cartão de crédito tem grande peso no nosso negócio e, ao longo do tempo, isso vem crescendo. Com mais renda e emprego, está ocorrendo uma "cartonização" das classes C e D, o que impulsiona esse movimento", diz Orivaldo Padilha, diretor financeiro da Globex, empresa formada por Casas Bahia, Ponto Frio e Extra Eletro.
No Ponto Frio, a modalidade representa hoje menos de 2% dos pagamentos, enquanto o plástico responde por cerca de 73%.
E, com o reposicionamento da marca, a tendência é que "chegue próximo a zero nos próximos anos".
"Como pretendemos atingir prioritariamente as classes A e B, acredito que o carnê seja cada vez menos usado nas lojas do Ponto Frio", avalia Padilha.
SEM ANÁLISE — O professor do centro de excelência em varejo da FGV (Fundação Getulio Vargas) Maurício Morgado diz acreditar que os cartões de crédito e de loja deverão assumir o lugar do carnê nos próximos anos. "O crediário tradicional está sumindo", afirma.
Ele ressalta a conveniência do novo sistema de pagamento. "No carnê, o consumidor tem que voltar à loja para fazer o pagamento todos os meses, o que não é prático", afirma Morgado.
Analistas também destacam como vantagem do cartão para o comprador o fato de não precisar passar por análise cadastral a cada vez.
Apesar da queda que vem ocorrendo, o diretor financeiro da Globex afirma acreditar que esse meio de pagamento continuará existindo.
"Ele perdeu espaço, mas ainda tem um público cativo, que o manterá ativo. Daqui para frente, deverá ficar estável", afirma Padilha. (Folha)

Classe C já usa internet como veteranos

Perfil de navegação da nova classe média é similar ao das classes A e B ao pesquisar produtos antes de comprar. Usuários buscam fotos e vídeos sobre produtos e endereços de lojas, além de comentários no microblog Twitter.
Usuários de internet da classe C já têm um perfil de navegação semelhante ao de internautas maduros, especialmente no que diz respeito ao uso da rede como ferramenta de decisão para a compra de eletrônicos.
Essa é uma das conclusões do estudo da consultoria americana TNS Research encomendado pelo Google Brasil e obtido com exclusividade pela Folha.
Segundo o levantamento, conduzido com 500 pessoas em São Paulo, 52% dos entrevistados da classe C utilizam a internet como primeiro recurso para procurar produtos eletrônicos, ante 63% dos usuários avançados -os "early adopters", cuja maioria (68%) é composta de internautas das classes A e B.
"O poder de compra que está trazendo a classe C para a economia vem ao mesmo tempo em que os recursos da internet estão mais maduros, e isso influencia positivamente no uso", afirma Leonardo Tristão, diretor de vendas diretas do Google Brasil.
A relevância da rede é superior inclusive à pesquisa nas lojas físicas, declarada por 23% dos participantes como principal fonte de informação para a classe C.
As ferramentas de busca são o principal local de procura de lançamentos de eletrônicos desses internautas, indicada por 64% da base. Esse percentual ultrapassa inclusive a participação dos buscadores entre os usuários avançados (61%).
Segundo Tristão, desde 2008, as buscas relacionadas a aparelhos de telecomunicações cresceram 98% no Google, e as de produtos de informática saltaram 120%. O buscador não revela os números absolutos.
INTERAÇÃO — Entre as principais informações buscadas pelos usuários da classe C, estão fotos e vídeos sobre os produtos (60%), endereço do site de lojas (34%) e de fabricantes (30%).
Opiniões de amigos também são consideradas no momento de decisão sobre a compra, segundo 45% dos entrevistados.
Nesse contexto, as redes sociais são fundamentais. De acordo com o estudo, 50% dos usuários da classe C procuram comentários sobre o produto no Orkut, e 17%, no Twitter.
"O que se vê é um ciclo, que pode começar a partir da busca sobre o lançamento, passando pela visualização dos recursos e pela materialização do produto em vídeo, e depois partindo para a opinião dos amigos", afirma Tristão.
COMPRA OFF-LINE — Apesar da densa participação da internet para pesquisa e consulta sobre produtos, a rede ainda tem pouca penetração no ato da compra.
Segundo a pesquisa, apenas 22% dos entrevistados da classe C pesquisaram e compraram os produtos na rede.
São consumidores como a empregada doméstica Edenildes da Silva, 36, que há dois anos tem computador com internet em casa e recorre à rede para ganhar tempo. Em geral, porém, costuma realizar as suas compras nas lojas tradicionais.
"Em vez de passar parte do fim de semana rodando nas lojas para pesquisar, olhei primeiro na internet. Ganhei tempo para ficar com o meu filho", diz sobre dois celulares, adquiridos há menos de seis meses.
Como motivação para a compra on-line, os entrevistados da classe C citaram a necessidade de mais segurança (48%) nos sites e melhores preços (40%).
Sites mais fáceis de navegar e de comprar também foram considerados por 26% da base.
Entre os usuários avançados, principalmente das classes A e B, os fatores determinantes na compra são promoções e descontos (42%) e melhores preços (40%). (Folha)