quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Vamos nos solidarizar com trabalhadores europeus e nos manter mobilizados na defesa dos nossos direitos trabalhistas

Trabalhadores europeus, em greve, contra manipulação de direitos trabalhistas

Os governos europeus, acoplados a um capitalismo que provou sua inoperância com a crise financeira mundial, transformam os trabalhadores nas principais vítimas e manipulam balanços para retirar direitos trabalhistas. A reação dos trabalhadores europeus, como é de se esperar numa sociedade altamente organizada, é a mobilização. Com greves que pipocam na Espanha e na França. Com movimentações que mantêm, em alerta, os trabalhadores da Grécia e da Turquia. E que nos mantêm mobilizados e solidários na América Latina. Porque o capitalismo de lá, cada vez mais selvagem, ampliará suas garras para nossos direitos duramente conquistados aqui no Brasil e no resto da América do Sul, se não deixarmos claro, desde já, que além da solidariedade com a classe trabalhadora europeia estamos preparados para defender nossos direitos trabalhistas. Porque todos os dias existem articulações para tentar mexer no décimo terceiro salário, nas férias e, como tentam fazer na Europa, nos direitos à aposentadoria plena. Por isso, uma das principais frentes de mobilização da UGT e demais centrais sindicais continuará a ser a luta contra o famigerado Fator Previdenciário, que significa como acontece agora na Europa, uma mudança de regras que violam direitos no momento em que os trabalhadores se preparam para desfrutar da aposentadoria para a qual pagaram ao longo da vida. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Leia o clipping do dia:

EuropaGreve na Espanha contra medidas do governo é marcada por protestos

A primeira greve geral em oito anos na Espanha, em protesto contra cortes nos gastos públicos , é marcada por violentas manifestações. A paralisação desta quarta-feira, prejudicou os transportes e o funcionamento de algumas fábricas. Sindicatos da Espanha anunciaram que 70% dos trabalhadores do país aderiram ao movimento grevista.

O protesto é uma resposta dos sindicatos ao pacote de reformas trabalhistas, aprovado pelo governo socialista do primeiro-ministro, José Luis Rodriguez Zapatero, no mês de junho. A greve começou meia-noite e afetou principalmente o setor industrial. Nos polos da Catalunha e Galícia, onde funcionam a maioria de montadoras, a greve alcançou quase os 100% de adesão, de acordo com as centrais sindicais Comissões Operárias e União Geral dos Trabalhadores.

Os sindicatos também estimam que a paralisação tenha afetado 70% dos serviços de transporte público e 80% dos voos nos aeroportos internacionais de Madri e Barcelona. Apenas 32% das escolas estariam funcionando normalmente.

O pacote de Zapatero, anunciado para combater a crise econômica, prevê, entre outros pontos, a redução dos direitos dos trabalhadores em novos contratos, mudanças para permitir aos empregadores realizar demissões mais facilmente e a reforma da previdência, alterando a idade mínima de aposentadoria dos atuais 65 anos para 67 anos.

Os sindicalistas dizem que a greve é "a mais necessária entre todas as convocadas até agora na história da Espanha" e tem o objetivo de obrigar o governo a voltar à mesa de negociações e eliminar o pacote. Já o presidente da Confederação Espanhola de Organizações Empresariais, Gerardo Díaz Ferrán, definiu a greve como "inútil e lesiva para o país". O representante dos empresários afirmou que a paralisação não só não ajuda em nada a uma nação com 20,3% da população ativa desempregada, como "é um problema que pagaremos todos os espanhóis".

O governo preferiu não fazer muitos comentários nem dar cifras sobre a greve.

Na chegada ao Parlamento, na manhã desta quarta-feira, Zapatero disse apenas que "o governo trabalha para garantir o direito ao trabalho e o direito à greve".

O ministro do Trabalho, Celestino Corbacho, afirmou que a paralisação geral acontecia "com normalidade e sem incidentes relevantes".

Os mercados financeiros reagiram com indiferença, pois analistas descartam a hipótese de o governo recuar nas medidas destinadas a cumprir as metas de redução de déficit público da União Europeia.

No centro de Madri centenas de trabalhadores agitaram bandeiras, interditaram ruas e obrigaram algumas lojas a baixar as portas. Líderes sindicais disseram que 30 manifestantes foram detidos, mas a maioria foi solta rapidamente. Poucos ônibus circularam na capital e metade dos trens de metrô parou. Mas os sindicatos cumpriram o compromisso de manter um serviço mínimo, segundo o ministro do Trabalho, Celestino Corbacho.

No norte da Espanha, montadoras de veículos interromperam a produção. A demanda energética no país caiu 20% durante o protesto, segundo a empresa operadora do sistema.

"Vamos continuar a greve se isso for necessário para derrubar a reforma trabalhista, que ameaça tornar os empregos ainda mais vulneráveis", disse o designer gráfico Alfredo Pérez em um piquete.

A greve coincide com protestos sindicais em Bruxelas , Atenas e outras cidades europeias contra as medidas de austeridade adotadas por governos em todo o continente.

Em Lisboa, milhares foram às ruas para protestar contra medidas de austeridade e defender o emprego e o crescimento salarial. Segundo o jornal "Público", as manifestações interromperam trânsito em diversas localidades, mas o clima era de tranquilidade, sem enfrentamentos.

Leia mais: Portugal prepara mais medidas de austeridade

Foram registradas também manifestações nas capitais da Itália, Letônia, Lituânia, República Checa, Chipre, Sérvia, Romênia, Polônia, Irlanda e França.

A economia espanhola se recupera lentamente de uma grave recessão e os sindicatos estão muito mais enfraquecidos do que há 20 anos, representando apenas cerca de 16% dos trabalhadores.

"A greve é uma grande encenação, é só uma forma de os sindicalistas justificarem seus salários (...). Os sindicatos nunca defenderam os diretos dos trabalhadores antes, então não estou de acordo com a greve agora", disse a esteticista Teresa, 38 anos, arrancando cartazes colados pelos grevistas na porta do seu salão.

Taxa de cobertura da Previdência Social atinge maior nível em 17 anos

Em 2009, taxa de cobertura entre pessoas com idade de 16 a 59 anos chegou a 66,9%, ou 56,5 milhões de brasileiros, o melhor patamar desde 1992.

A taxa de cobertura social entre as pessoas com idade entre 16 e 59 anos chegou a 66,9% no ano passado, segundo estudo divulgado nesta quarta-feira, 29, pelo Ministério da Previdência Social com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio 2009 (PNAD/IBGE), o que indica que 56,58 milhões de brasileiros da população economicamente ativa (PEA) - com idade entre 16 e 59 anos - estão protegidos pela Previdência Social. Essa é a melhor taxa apurada desde 1992 (66,4%). Em 2008, essa taxa correspondia a 65,9%.

Segundo o secretário-executivo da Previdência Social, João Aragonés, a taxa de cobertura reflete o aumento da formalização no mercado de trabalho assim como o efeito das políticas públicas de inclusão de trabalhadores na Previdência. Esse é o caso, por exemplo, do Programa do Empreendedor Individual (MEI), que possibilitou que empresas com faturamento de até R$ 36 mil ao ano se formalizassem com tributação reduzida.

Mesmo com a taxa de 66,9% de cobertura (56,58 milhões de pessoas), 27,81 milhões de brasileiros continuam desprotegidos. Deste total, 14,13 milhões têm capacidade de contribuir com a Previdência Social, mas não contribuem. Metade desse total (7,357 milhões) recebem entre um e dois salários mínimos. Para a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Maria Paula Gomes dos Santos, isso acontece devido à grande rotatividade de emprego entre os trabalhadores que recebem entre um e dois salários mínimos. "Seria importante olhar para esse grupo, que é mais vulnerável, para afinar as políticas públicas", afirmou Maria Paula.

Segundo o secretário-executivo, está em estudo no ministério a regulamentação da Emenda 47/2005, que trata da criação de um Sistema Especial de Previdência para Inclusão da Baixa Renda. Neste sistema a contribuição da previdência seria menor para incentivar a contribuição do público de menor renda. Atualmente, quem contribui com base na remuneração de até R$ 1.040,22 paga uma alíquota mensal de contribuição de 8%. (Estado)

Mais de 50% dos bancários aderiram à greve

Comentários

Mais de 50% dos 470 mil bancários aderiram nesta quarta-feira ao primeiro dia de greve da categoria, afetando o atendimento de 3.864 agências dos principais centros financeiros do país. A estimativa é da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) não divulgou projeção própria.

As agências bancárias do Centro do Rio amanheceram com piquetes de grevistas na manhã desta quarta-feira. Os bancários que aderiram à paralisação por reajuste salarial evitavam que os chamados "fura-greve" entrassem nas agências para trabalhar, prejudicando o movimento. Com a aproximação dos pagamentos de aposentados e pensionistas no início do mês de outubro, a greve pode trazer transtorno à população.

No Rio, não houve atendimento em 330 agências. Segundo o sindicato local, 13 mil trabalhadores cruzaram os braços. Em São Paulo, a greve atingiu 598 agências e 12 centros administrativos. O Sindicado dos Bancários de São Paulo informou que 24 mil pessoas aderiram à greve na capital. Não houve registro de tumultos.

- No ano passado, fechamos 7.222 agências no pico da greve. Esperamos repetir isso. A greve começa mais forte nas capitais e depois se estende para o interior. Até agora, ninguém chamou para negociar - disse Carlos Cordeiro, presidente da Contraf.

A paralisação por tempo indeterminado foi aprovada em assembleias na terça-feira. Os bancários rejeitaram reposição de 4,29% da inflação pelo INPC, sem aumento real. Além do reajuste de 11%, eles reivindicam aumento na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e abono.

Magnus Ribas Apostólico, diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban, disse que em algumas agências os funcionários trabalharam após pequena paralisação pela manhã. Segundo ele, alguns bancos usaram o "interdito proibitório", ação jurídica que proíbe os sindicatos de bloquear a entrada de funcionários que queiram trabalhar.

- Já dissemos que 11% de reajuste é um índice exageradamente alto, mas estamos dispostos a negociar. Não podemos fazer uma proposta sem indicação de quanto eles aceitam de aumento real - disse o diretor, para quem os aposentados, que começam a receber nesta sexta-feira o pagamento, podem ser os maiores prejudicados.

No Rio, para o sindicato, 80% dos trabalhadores do Banco do Brasil e 90% dos da Caixa Econômica participaram da greve. Já os bancos privados tiveram adesão menor, de 40%. Nesta quinta-feira, a greve deve se intensificar, com mais adesão de agências dos bairros.

- No Centro, 80% dos bancos estavam em greve. Estamos satisfeitos, mas cientes de que as pessoas podem ter problemas - disse Marcelo Pereira, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio.

Os bancários rejeitaram a proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reposição de 4,29% da inflação pelo INPC. Os trabalhadores reivindicam aumento de 11%, Participação nos Lucros e Resultados (PLR), vale-refeição, vale-alimentação, auxílio-creche e pisos maiores, além de auxílio-educação para todos e melhores condições de saúde.

- Os banqueiros levaram os trabalhadores à greve já que após cinco rodadas de negociações não apresentaram proposta com aumento real de salários - disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

- O fim da greve está nas mãos dos banqueiros, que têm condições para apresentar uma proposta à altura das reivindicações dos trabalhadores e dos resultados dos bancos - acrescentou.

Uma nova assembleia foi marcada para a próxima sexta-feira, 1º de outubro, a partir das 16h. A categoria tem data-base em 1º de setembro. Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) com validade nacional. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro, a greve atinge todos os estados brasileiros.

- Isso demonstra a indignação dos bancários com a postura dos bancos. Nós advertimos na mesa de negociações que eles estavam empurrando a categoria para a greve ao propor apenas 4,29% e rejeitar todas as demais reivindicações, mesmo apresentando lucro de 32% no primeiro semestre - disse Cordeiro.

A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu de reajuste de 4,29% (a inflação dos últimos 12 meses medida pelo INPC) e rejeitou as reivindicações de aumento real, valorização dos pisos salariais, melhoria na Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Além do aumento de 11%, os bancários querem PLR de três salários mais R$ 4 mil e um piso salarial de R$2.157,88.

Procurada, a Fenaban disse que apresentou uma proposta inicial e espera agora uma contraproposta dos trabalhadores. Para a entidade, o reajuste de 11% pedido pelos bancários é abusivo.

Segundo a consultoria Austin Asis, o ativo dos nove maiores bancos do país passou de R$ 2,609 trilhões, em junho de 2009, para R$ 3,038 trilhões este ano (alta de 16,4%). No período, o lucro líquido subiu de R$ 16,097 bilhões para R$ 21,386 bilhões (32,9%).

Quem não conseguiu pagar as contas nesta quarta-feira por causa da greve terá de arcar com multa e juros. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informou que, por enquanto, nenhuma medida será tomada para compensar transtornos aos correntistas. Ainda segundo a Febraban, os vencimentos de contas e títulos não foram prorrogados porque os prazos para compensação de cheques e outros documentos não foram afetados.

Para o Idec, o consumidor deve buscar alternativas para fazer os pagamentos, como caixas eletrônicos. Na avaliação da entidade, caso não seja possível outra forma de pagamento, inclusive após contato com o fornecedor, e haja atraso no pagamento, o consumidor não pode ser punido com a cobrança de juros e multa de mora. (O Globo)

Cresce volume de produtos vendidos em supermercados

O aumento da renda dos consumidores proporcionou ao setor supermercadista registrar entre janeiro e agosto de 2010 o maior crescimento na quantidade de produtos vendidos desde 2005, quando a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), em parceria com a Nielsen, passou a monitorar o volume comercializado nos autosserviços. Ao contrário do que aconteceu em 2005, quando o volume avançou 5%, mas o faturamento dos supermercados recuou 0,66%, nos oito primeiros meses deste ano tanto o faturamento quanto a quantidade vendida cresceram, com altas, respectivamente, de 4,7% e 6,8%.

"Nunca se comprou tanto nos supermercados", resumiu o presidente da Abras, Sussumu Honda, durante entrevista a jornalistas. Segundo ele, isso é explicado pelo incremento do consumo das classe C, D e E, que procuram nas prateleiras dos supermercados, principalmente, produtos mais baratos e de segunda linha. "Os consumidores não estão comprando as marcas de refrigerante líderes, mas sim as regionais, com preços mais baixos", exemplificou. "As categorias de produtos de segunda linha, que operam com margens até maiores, vêm ganhando espaço, em relação aos produtos premium", afirmou.

A procura por estes produtos mais baratos, aliada ao recuo dos preços nos supermercados, por outro lado, vêm desacelerando a receita dos supermercados, segundo Honda. "Com preços mais acessíveis, o consumidor passou a comprar mais, mas o faturamento não vem acompanhando este ritmo." Após encerrar os três primeiros meses deste ano com uma alta de 8,6%, o faturamento do setor desacelerou, encerrando o período de janeiro a agosto com um incremento de 4,7%. Parte desta retração no ritmo de crescimento das vendas é explicada pelo recuo acumulado de 3,1%, entre maio e agosto, no valor da cesta de 35 produtos mais consumidos nos supermercados, medido pela GfK.

A Abras projeta que o volume comercializado nos supermercados encerre o ano com um avanço na faixa de 6% a 6,5% sobre 2009. Já a estimativa para o faturamento dos autosserviços é de que se acelere a partir de outubro, com a perspectiva de aumento nos preços de produtos que com grande representatividade na cesta do consumidor, como carnes e feijão, observou Honda. Mesmo prevendo um aumento nos preços até o final do ano, o dirigente pondera que a maior participação de produtos importados - como eletroeletrônicos, brinquedos, castanhas, vinhos e bacalhau, beneficiados pela valorização do real - deve compensar parte desta pressão de alta.

Outro fator que vem contribuindo para a desaceleração do ritmo de faturamento nos supermercados é a maior concorrência com outras categorias de produtos, de maior valor agregado, puxados pela expansão do crédito, conforme a Abras. Como exemplo, as categorias de móveis e eletrodomésticos (+20,5%), materiais de construção (+20,3%) e informática e telefonia (+16,1%) cresceram acima dos supermercados entre janeiro e julho ante mesmo período de 2009, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O aumento da renda está significando um aumento do consumo de várias categorias", destacou Honda.

As categorias de produtos mais vendidos este ano são bebidas alcoólicas, com destaque para o aumento de 19,5% das cervejas, beneficiadas pela Copa do Mundo. Entre as bebidas não alcoólicas, as vendas foram puxadas por refrigerantes, que subiram 12%. Os produtos perecíveis também estão entre os mais comercializados nos supermercados este ano, em especial leite fermentado (+20,4%), queijo (+15,7%), pizza refrigerada (+14,8%) e sobremesa pronta (+14,1%).

O crescimento das vendas nos supermercados foi disseminado por todas as regiões do Brasil nos oito primeiros meses deste ano em relação a igual intervalo de 2009. Segundo o levantamento da Nielsen, as vendas nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais e interior do Rio de Janeiro avançaram no período 10,4% - resultado acima da média brasileira (de 6,8%), assim como no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (+8,7%), Nordeste (+8,3%) e Grande São Paulo (+8,1%).

Segundo a Abras, as vendas reais, deflacionadas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cresceram 1,2% em agosto em comparação ao mesmo mês do ano passado. Em relação a julho, as vendas do setor recuaram 1,4%. O valor da cesta de 35 produtos considerados de largo consumo, como alimentos, limpeza e beleza, teve queda de 1,27% nos preços em agosto ante julho, para R$ 270,94. (Estado)

STJ rejeita veto de plano de saúde a idosos

Decisão impede operadora de encerrar contrato por ter custos maiores com grupo de pessoas acima de 60 anos. Caso envolve segurados que tinham contrato com plano comprado pela Sulamérica; ainda cabe recurso da decisão.
Os planos de saúde de pessoas idosas (acima de 60 anos) não podem ser rescindidos com o argumento de que elas adoecem mais, tornando-os mais caros.
A decisão foi tomada nesta semana pela Terceira Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de forma unânime. Ainda cabe recurso.
O caso envolve um grupo de associados da APM (Associação Paulista de Medicina) que tinha um plano de saúde da Lochpe Seguradora-operadora comprada pela Sulamérica Seguro Saúde.
Após mais de dez anos pagando o plano, a APM informou que "devido à alta sinistralidade do grupo", a Sulamérica iria encerrar o contrato com os segurados.
Foi oferecido aos detentores do plano a possibilidade do pagamento de um reajuste superior a 100% para que o seguro saúde fosse mantido.
Por nota, a assessoria de imprensa da Sulamérica Seguro Saúde informou que "tem por norma não comentar decisões judiciais, especialmente aquelas que não são definitivas".
Na decisão do STJ, foi considerado que a APM não é responsável pelo problema.
DECISÕES ANTERIORES — Antes, em primeira e segunda instâncias, a Justiça paulista deu razão à Sulamérica afirmando que a informação de que o plano poderia ser encerrado por "alta sinistralidade" devido à idade avançada dos contratantes constava do contrato.
No entanto, a relatora do recurso no STJ, ministra Nancy Andrighi, entendeu que esse motivo não pode ser usado para a rescisão.
"Os direitos e obrigações dele decorrentes são exercidos por tempo indeterminado e sucessivamente", disse a relatora da ação. A ministra destacou ainda que o consumidor está sempre amparado contra a abusividade de reajustes de mensalidades.
Para ela, esse tipo de contrato torna o consumidor cativo da operadora e, por isso, não pode ser rescindido sob o argumento de que os pacientes passaram a representar um custo maior.
A ministra disse que os valores podem ser reajustados de forma não abusiva, dentro da norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar. (Folha)

Importações de máquinas e equipamentos batem recorde em agosto

As importações de máquinas e equipamentos no Brasil atingiram em agosto a marca recorde de US$ 2,627 bilhões, um montante que supera em 16,6% a cifra de julho (US$ 2,253 bilhões), que era o pico anterior. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), que também informou que a participação dos importados nas vendas de bens de capital mecânicos no Brasil chegou a 43% neste ano. Há 20 anos, esse coeficiente era de apenas 9%.

"Nosso mercado está sendo invadido por componentes e máquinas de fora e o Brasil não está fazendo nada", declarou o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, que tem pedido ao governo medidas de compensação à valorização cambial.

Nesse sentido, a Abimaq deverá entregar nos próximos dias um documento ao Ministério da Fazenda sobre a perda de competitividade dos produtos nacionais. O principal pleito do setor é o aumento, de 14% para 35%, nas alíquotas dos impostos de importação das máquinas e equipamentos com similares nacionais. A entidade já listou 250 produtos em situação crítica de competitividade, disse Aubert.

Nas contas da Abimaq, o setor deve fechar o ano com déficit comercial de US$ 14,809 bilhões, 32,8% acima do saldo negativo de 2009. Até agosto, esse déficit já havia subido em 37,3%, chegando a US$ 9,873 bilhões.

Os Estados Unidos e a Alemanha ainda são os dois principais fornecedores de bens de capital ao Brasil, mas a China é o país que mais ganha participação de mercado.

As máquinas e equipamentos do país asiático - que respondiam por apenas 2,1% do total importado em 2004 - correspondem a 11,6% das importações deste ano, muito perto da participação de 12% dos fornecedores alemães, que ainda estão na segunda posição.

Para Aubert, mesmo uma alíquota de 35% nas importações seria insuficiente para conter a "invasão" chinesa em algumas linhas. Como exemplo, a entidade mostrou que as bombas de vácuo da China estão sendo vendidas ao Brasil por um preço equivalente a US$ 7,66 por quilo.

O mesmo produto da Alemanha, cujos preços estão em linha com a média internacional e do próprio Brasil, é negociado por US$ 32,30 por quilo. Os preços, tanto da China quanto da Alemanha, foram colocados com base em valores FOB (free on board), ou seja, não incluem a taxas de seguro e de frete no transporte transoceânico.

Segundo o presidente da Abimaq, uma revisão fiscal implicaria em um aumento de 20% do produto chinês, que seguiria competitivo em relação ao similar nacional. "A bomba (da China) custaria US$ 9 ou US$ 10 (por quilo)", afirmou. (O Globo)

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Banqueiros provocam bancários com proposta vergonhosa de reposição da inflação sem aumento real depois de acumularem lucros fabulosos

Choque de gestão social nos banqueiros brasileiros

(postado por Moacyr Pereira, secretário nacional de finanças da UGT) — Os trabalhadores brasileiros, logo após as eleições presidenciais, têm que assumir a campanha sobre o controle social dos bancos e dos banqueiros. Porque com a tentativa vergonhosa de repassar aos bancários apenas a reposição da inflação de 4,29%, sem aumento real de salários, os banqueiros brasileiros extrapolaram todos os limites da decência. Seja econômica seja social. Os banqueiros brasileiros estão entre os que mais lucraram no mundo mesmo sob o efeito da crise mundial. Se aproveitam da tecnologia digital e reduzem seus quadros a quase ninguém. Cobram as tarifas mais absurdas e sem controle. E lucram com tanta desenvoltura que nos obrigam a iniciar uma campanha permanente para controlar essa ganância desenfreada. E no momento de repassar parte dos ganhos para seus trabalhadores, nos aparecem com esta verdadeira provocação e se recusam a dar aumento real. É hora de agir de maneira organizada, de pressionar o Congresso Nacional, de exigir do novo presidente ou presidenta uma atitude radical contra os banqueiros. Ainda mais por que vivemos num Brasil em que grande parte da população está sem ter acesso aos bancos, como podemos ler no texto abaixo. Ou seja, existe espaço para o crescimento do setor, para gerar mais empregos e até mesmo ampliar a lucratividade, com legitimidade. Mas não sobra mais espaço social para este abuso que se faz hoje contra os bancários brasileiros e que se faz, permanentemente, contra nós, os correntistas.

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Bancários fazem greve a partir de hoje

Categoria rejeita proposta de reajuste de 4,29%, sem aumento real de salário, e que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto

Sem proposta de aumento real de salário, os bancários decidiram ontem entrar em greve por tempo indeterminado, a partir de hoje, em todo o Brasil. A decisão foi tomada em assembleias que rejeitaram a oferta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 4,29%, que somente repõe a inflação acumulada em 12 meses até agosto. A categoria foi orientada pelo Comando Nacional dos Bancários a rejeitar a proposta e decidir pela greve.

Até o fechamento desta edição, a greve já havia sido aprovada na maioria das capitais e principais cidades do País, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

"As decisões das assembleias demonstram a indignação dos bancários com a postura intransigente dos bancos", afirmou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro. "Com os lucros de R$ 21,3 bilhões obtidos somente por cinco bancos no primeiro semestre deste ano, é possível o atendimento das demandas da categoria."

Este é o sétimo ano consecutivo que os bancários fazem greve por aumento de salários. Em 2009, eles ficaram de braços cruzados durante 15 dias. São 460 mil bancários no Brasil, dos quais 130 mil na base de São Paulo, Osasco e Região.

Os trabalhadores querem 5% de aumento real, além da reposição da inflação de 4,29%, que compõem um índice de reajuste salarial de 11%. Pedem ainda prêmio de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 4 mil e o fim das metas abusivas e do assédio moral, entre outras reivindicações.

"Precipitação". Para o diretor de negociações trabalhistas da Fenaban, Magnus Apostólico, a decisão de ir à greve foi precipitada. Ele argumenta que a negociação está aberta, não foi fechada pelos bancos, nem se chegou a um impasse.

"Na última reunião, informamos que não apenas vamos repor a inflação como vamos fazer aumento real de salários. O que falta é descobrirmos juntos, na mesa de negociações, que número de aumento real é este que os bancos podem suportar e que satisfaça os trabalhadores", contou o negociador dos bancos.

Os sindicalistas acham inadmissível que os bancos sigam na contramão de uma conjuntura econômica favorável. "No ano em que a maioria das categorias tem conquistado aumento real de salário em níveis superiores aos do ano passado, a atividade econômica está em pleno crescimento e a perspectiva dos bancos é de ampliação dos negócios, não há desculpa para não atender às reivindicações dos bancários", disse a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira.

"Exagerado". A questão é que os bancos consideram exagerado o pedido da categoria. "Não existe razão para que se faça um acordo com 5% de aumento real numa inflação de 4,29%", afirmou. No ano passado, foi fechado acordo com 1,5% de aumento real e em 2008, com 0,93%. "Não vemos em 2010 nenhuma diferença tão importante que levasse a um acordo muito diferente", disse Apostólico.

"A Fenaban tem todas as condições para apresentar uma proposta que valorize os trabalhadores", rebate Juvandia. "Os resultados dos bancos, com lucros em média 28% maiores do que no ano passado, bem como as perspectivas de crescimento para o setor financeiro e para o PIB (Produto Interno Bruto), são mostras de que as reivindicações dos bancários podem se tornar realidade."

Magnus Apostólico informou que os bancos vão buscar todos os meios legais para manter as agência abertas e funcionando normalmente hoje e durante o período de greve dos bancários. (Estadao)

Classes C e D ainda preferem pagar com dinheiro em vez de cartão, aponta estudo

Comentários

Mais da metade dos consumidores das classes C e D, fatia social que já representa a maior parcela da população brasileira, ainda não possui conta em banco e muito menos cartões de débito ou crédito. Realizada pelo Instituto Ipsos e encomendada pela MasterCard, a pesquisa Perfil Financeiro - Classes C e D mostra que 54% das pessoas entrevistadas em sete cidades do país não são bancarizadas. O levantamento mostra ainda que 27% possuem somente cartão de débito 25%, enquanto outros 27% têm cartão de crédito.

De acordo com o estudo, 55% dos bancarizados e 98% dos não-bancarizados recebem seus rendimentos em dinheiro, o que mostra porque as pessoas desses dois extratos sociais ainda fazem seus pagamentos em espécie. Dados do Banco Central (BC) comprovam que o dinheiro em espécie é muito utilizado para pagar contas de baixo valor e, na sua maioria, relacionados a pequenas compras do cotidiano. Nessas situações, segundo o BC, 77% dos pagamentos são feitos por pessoas físicas. Pelos números da pesquisa da MasterCard, o valor médio pago com cartão de débito é de R$ 47 e de R$ 100 para o cartão de crédito.

- Ao analisar os resultados da pesquisa, apesar das classes C e D terem acesso a algum tipo de produto financeiro, a maioria não o utiliza - diz Maurício Alves, vice-presidente de produtos da MasterCard, lembrando que fatores culturais podem explicar essas barreiras para o crescimento da utilização do dinehrio de plástico no país. - Entre os fatores culturais, está o costume de andar com o dinheiro em papel moeda no bolso, a falta de conhecimento de taxas e tarifas e o receio de perder o controle dos gastos.

De olho nessa população que deve superar os 113 milhões de pessoas até 2014, conforme o relatório Economia Brasileira em Perspectiva, do Ministério da Fazenda, as empresas de cartões se preparam para investir pesado e crescer com essa expansão das classes C e D no Brasil. A MasterCard, por exemplo, quer intensificar seus esforço no mercado de cartões de débito e, por conta disso, está fazendo alterações em sua estratégia nas áreas de marca, frequência de uso e transações de menor valor.

- Com essa iniciativa queremos estimular a substituição do dinheiro em papel moeda pelos meios eletrônicos - afirmou Alves. (O GLOBO)

Governo eleva de 57,5% para 64% fatia de controle na Petrobrás

Estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia

O governo aumentou a sua fatia no capital ordinário da Petrobrás, que garante o controle da companhia, de 57,5% para 64% após a capitalização, com a ajuda do fundo soberano e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, informou a Petrobrás nesta terça-feira, 28, em um comunicado à Securities Exchange Comission (SEC), reguladora do mercado de capitais norte-americano.

Segundo informação da empresa, o governo comprou 1.810.505.485 ações ordinárias e 994.917.669 ações preferenciais na oferta pública de ações iniciada na sexta-feira e que será liquidada na quarta-feira.

A estatal confirmou declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, informando que o governo ficou agora com 48% do capital total da companhia, considerando ações ordinárias e preferenciais.

De acordo com a Petrobrás, descontando despesas e comissões da operação, a oferta até o momento totalizou US$ 67 bilhões, ou aproximadamente R$ 115 bilhões, que serão acrescidos de mais cerca de US$ 3 bilhões se o lote adicional correspondente a 5% da operação, o chamado greenshoe, for vendido. (Estado)

Governo vai mudar modelo de medidor residencial de energia

Resolução que prevê a troca do aparelho analógico pelo inteligente está em consulta pública. Para a Aneel, novo equipamento permitirá maior controle de gasto; mudança deverá ocorrer a partir de 2012.
O governo quer adotar em todos os imóveis residenciais do país o medidor eletrônico de energia, que permite controle mais eficiente de gastos e operações remotas.
Isso significa que verificações e desligamentos podem ser realizados sem a visita de um técnico.
A resolução que determina a troca do medidor analógico pelo inteligente está em consulta pública até dezembro.
Uma vez aprovada, as distribuidoras terão 18 meses para adotar o novo padrão em trocas de equipamentos quebrados e novas ligações.
Segundo Hugo Lamin, especialista em regulação da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a resolução deve ser aprovada no primeiro trimestre de 2011. Os novos medidores deverão, portanto, ser instalados em 2012.
Há a intenção, num segundo momento, de substituir todos os 63 milhões de medidores do país, quebrados ou não. Não há data definida para essa etapa.
Atualmente, 7,4% dos medidores são eletrônicos, e dentro desse pequeno universo poucos têm todos os recursos exigidos pela agência.
"Esse é o primeiro passo para a rede elétrica inteligente no país", disse André Pepitone, diretor da Aneel.
O modelo de rede inteligente, ou "smart grid", no inglês, está disseminado nos EUA, no Canadá, na Austrália, na África do Sul, no México e em países da Europa.
Pela proposta em consulta pública, o novo medidor deverá atender requisitos mínimos, como a possibilidade de mostrar o nível de consumo em cada horário do dia.
HORÁRIO DE PICO — A troca de medidores prepara o sistema elétrico para mudanças profundas, como a adoção de quatro tarifas diferenciadas ao longo do dia.
A energia teria um preço mais elevado em horário de pico, que hoje vai das 19h às 22h, e custaria menos quando a demanda cai. A intenção do governo é diminuir perdas de energia e reduzir horários de pico, que exigem muito da estrutura de transmissão.
O esquema também pretende tornar mais eficientes as cobranças e dar mais opções ao consumidor, que poderá diagnosticar em que horas gasta mais e desligar temporariamente o fornecimento de energia em períodos de férias, por exemplo.
O prazo de 18 meses previsto pela Aneel será para adaptação das distribuidoras e das empresas fabricantes. Há nove delas no Brasil, segundo Hugo Lamin, técnico da Aneel, e nenhuma fabrica o modelo com as exigências definidas pela agência.
O filão que surge já chama a atenção de empresas que trabalham com redes inteligentes. Para Carlos Ramon, gerente geral de novos negócios da americana Silver Spring, em cinco anos o modelo elétrico brasileiro estará completamente mudado.
Os custos da mudança serão bancados pelas distribuidoras e repassados às tarifas. A Aneel diz que os ganhos com a modernização também serão repassados. (Folha)

Falta de mão de obra é risco de execução à construção

O aquecimento da economia doméstica, que fez a indústria imobiliária saltar e recuperar anos de atraso, fez o próprio setor de construção civil de vítima.

De um lado, o setor comemora números recordes de vendas e lançamentos, volumes robustos de crédito imobiliário sendo liberados e programas habitacionais para garantir à parcela menos favorecida da população a possibilidade de ter uma casa própria.

Em sentido oposto, a indústria da construção sofre as consequências do forte ritmo de produção resultando em escassez de terrenos e, consequentemente, pressão nos preços dos imóveis, além de receios de possível esgotamento dos recursos da poupança para financiar a habitação em cerca de dois ou três anos.

O ponto mais crítico, contudo, gira em torno da falta de mão de obra qualificada, apontada por representantes do ramo imobiliário como principal entrave ao desenvolvimento do setor.

As ousadas metas de lançamentos traçadas pelas principais construtoras do país, somadas a obras simultâneas do programa "Minha Casa, Minha Vida", do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016, tornam o cenário ainda mais preocupante.

"A mão de obra será o gargalo da economia nacional em um futuro próximo, não só na construção, mas para a economia como um todo... E essa questão não se resolve no curto prazo", disse o presidente do Sindicato da Construção (SindusCon-SP), Sergio Watanabe.

Apesar de crítica, a situação do emprego na construção vem avançando e acompanha os baixos níveis apurados pelo IBGE para o mercado de trabalho nacional. Em agosto, a taxa de desocupados no país era de apenas 6,7 por cento.

No caso da construção civil foram criados 1,1 milhão de postos de trabalho nos últimos cinco anos, crescimento de 1 por cento ao mês, resultando em um estoque da ordem de 2,75 milhões de profissionais com carteira assinada, segundo dados do SindusCon e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Ainda assim, a produtividade do setor diminuiu nos últimos cinco anos", afirmou Watanabe.

Embora o setor registre grande falta de engenheiros e profissionais de área técnica, a queda na produtividade é decorrente de problemas na base, nos canteiros de obras.

Entre os profissionais mais demandados estão pedreiros, carpinteiros, eletricistas e, mais recentemente, bloqueiros, fundamentais para construções de moradias populares.

Para o professor da FGV Fernando Garcia, o fato de a indústria e do comércio oferecerem possibilidade de carreira mais competitivas indica um cenário ainda mais preocupante no longo prazo, exigindo do setor de construção meios de torná-lo mais atrativo.

"Nos próximos 12 anos teremos uma situação preocupante. A tendência é que nesse ciclo de crescimento com os eventos da Copa do Mundo, Olimpíadas e pré-sal, a demanda por de mão de obra aumente ainda mais", comentou.

RISCO DE EXECUÇÃO — Sob a perspectiva traçada, as principais empresas do setor imobiliário podem encontrar pela frente um risco de execução para cumprir as metas de lançamentos previstas para os próximos anos, na visão de analistas que as acompanham.

Se consideradas as duas maiores construtoras e incorporadoras do país, PDG Realty e Cyrela Brazil Realty, a previsão de lançamentos de imóveis deve avançar de 15,2 bilhões de reais este ano para mais de 18 bilhões de reais em 2011.

"O risco de execução é a principal variável que tem de ser acompanhada no setor, para entregar obras no prazo e com qualidade. É uma restrição que o setor sempre vai ter", disse o analista David Lawant, do Itaú.

Com o objetivo de se munir contra esse risco, as principais construtoras e incorporadoras do país passaram a buscar mão de obra em diferentes Estados e vêm investindo em treinamento.

Mas, segundo agentes de mercado, a diversidade de atuação é que pode fazer a diferença. Nesse sentido, companhias expostas a plataformas mais diversificadas, tanto em termos de renda quanto de distribuição geográfica, ganham destaque.

"Quanto mais diversificada e integrada a empresa, melhor. Se atuar em todos segmentos e tiver menos banco de terrenos concentrado, é mais fácil passar por esse tipo de crise", ressaltou o analista Eduardo Silveira, da Fator, que destaca Gafisa e Rossi Residencial como as mais bem posicionadas em diversificação. (O Globo)