quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bancários brasileiros fazem a maior greve dos últimos 20 anos diante da intransigência dos patrões que oferecem apenas a inflação

Greve dos bancários fecha 7.723 agências no país

Há oito dias parados, bancários decidiram pela continuidade da paralisação, enquanto os banqueiros não oferecerem ganhos reais. Conquista dos 12% dos bancários do Banco de Brasília, negociada pela Contec, da UGT, ainda é referência para o movimento dos bancários do Brasil todo.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) contabilizou hoje (6) 7.723 agências bancárias de portas fechadas em todo o país. Isso mostra que a greve dos bancários ganha fôlego nos 26 estados e no Distrito Federal.

Há oito dias parados, em repúdio à proposta da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) de reajuste salarial de 4,29% - índice que repõe a inflação passada -, a categoria realizou assembleias nesta quarta-feira em todo o país. Os bancários decidiram pela continuidade da paralisação, enquanto os banqueiros não oferecerem ganhos reais.

De acordo com o presidente da Contraf, Carlos Cordeiro, o movimento tem crescido a cada dia, em razão da "crescente indignação dos bancários com o desrespeito dos bancos", que lucraram mais de R$ 25 bilhões no primeiro semestre e só oferecem 4,29% de reajuste, sem sequer considerar as demais reivindicações da categoria.

O movimento dos bancários começou com o fechamento de 3.864 agências. Hoje, esse número passou para 7.723 unidades de portas fechadas. A greve já é a maior da categoria nos últimos 20 anos. O Comando Nacional dos Bancários informa que a mobilização é por tempo indeterminado. (Agencia Brasil)

Remédios vão ter selo de segurança

Objetivo é combater falsificação e contrabando; indústria diz que medida vai provocar aumento de preços. Agência Nacional de Saúde diz que impacto médio é de 0,05%, mas farmacêuticas falam em até 23% de acréscimo.

A partir do próximo ano, as caixas de medicamentos começarão a ter um selo de segurança para combater a falsificação e o contrabando dos produtos.

A autenticidade poderá ser verificada pelo consumidor por meio de um equipamento de leitura ótica que deverá ser instalado em todas as farmácias e drogarias do país também em 2011.

A partir de 2012, a etiqueta será obrigatória. A indústria farmacêutica afirma que a medida vai provocar um aumento do preço dos medicamentos para o consumidor que pode chegar a até 23% no caso dos genéricos.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) rebate e afirma que o impacto médio é de 0,05% no preço, ou de 2,58% para remédios que custam até R$ 5.

A agência anunciou a nova regra ontem e argumentou que o principal objetivo é conter a falsificação de contrabando de medicamentos.

Só em 2010, de janeiro a setembro, foram apreendidos 53.575 produtos nessa situação, um pouco mais do que em todo o ano passado.

Com o selo, a ideia é que cada caixa de medicamento tenha uma numeração única, o que permitirá que ela seja rastreada pelos órgãos de fiscalização.

As máquinas de leitura ótica serão fornecidas às farmácias e drogarias pela Casa da Moeda.

Já o selo custará pelo menos R$ 0,07 por cada uma das unidades, sem contar os impostos estaduais.

O presidente da Anvisa, Dirceu Raposo de Mello, disse que não serão permitidos aumentos nos preços dos medicamentos por causa disso, mas a indústria rebate sua afirmação.

Isso porque, atualmente, grande parte dos medicamentos é vendida a preços menores do que os máximos permitidos pelo governo. Com a obrigatoriedade do selo, essa diferença deve diminuir, diz o vice-diretor executivo do Sindusfarma (sindicato da indústria farmacêutica de SP), Nelson Mussolini.

De acordo com ele, além do valor do selo, a indústria terá que arcar com as máquinas seladoras e locais de armazenagem, entre outros custos. Ele defende a adoção de outra tecnologia. (Folha)

Trabalhar em local barulhento pode aumentar o risco cardíaco

Chance de ter um ataque é até três vezes maior, segundo estudo.

O que é ruim para os ouvidos também pode fazer mal ao coração. Segundo estudo, pessoas que trabalham em locais ruidosos há pelo menos um ano e meio têm três vezes mais chance de sofrer um grave problema cardíaco do que quem trabalha em ambientes silenciosos.

Os pesquisadores da Universidade de British Columbia, nos EUA, examinaram, entre 1999 e 2004, mais de 6.000 pessoas com mais de 20 anos de idade. O estudo foi publicado na revista "Occupational and Environmental Medicine".

Os participantes foram solicitados a classificar o nível de barulho nos seus locais de trabalho e há quanto tempo estavam expostos a ele.

Após o cruzamento de dados, os pesquisadores concluíram que quem trabalhava em locais mais barulhentos tinha até três vezes mais chance de ter um ataque cardíaco ou dores no peito.

Segundo o cardiologista Carlos Alberto Pastore, do Incor, trabalhar sob constante ruído facilita a liberação de hormônios relacionados com o estresse: a adrenalina e o cortisol. "O gatilho que acelera o processo inflamatório das artérias é o estresse."

No entanto, para o médico, o estresse só é um problema quando passa a ser constante. Nesse caso, o estresse excessivo deve ser considerado um fator de risco como qualquer outro.

"Tudo aquilo que está relacionado à esfera emocional é um problema de saúde tão grave quanto o colesterol." (Folha)

Governo teme risco de bolha no mercado imobiliário e, por isso, vai criar índice de inflação para monitorar setor

O forte aquecimento do mercado imobiliário obrigou o governo federal a trabalhar na criação de mecanismos para evitar bolhas como a que provocou uma quebradeira nos bancos americanos a partir de setembro de 2008, desencadeando a maior crise financeira internacional em quase 80 anos. O primeiro passo será monitorar com lupa a inflação do setor e lançar o Índice Nacional dos Preços de Imóveis, já em 2011, em parceria com o IBGE.

Paralelamente, ciente de que este é um mercado em franca expansão - nos 12 meses encerrados em junho, o crédito para a casa própria cresceu 50,6% - a equipe econômica está discutindo novas formas de financiamento para o setor. Estima-se que, em 2013, sejam necessários R$ 100 bilhões adicionais às fontes atuais.

O trauma provocado pela crise americana levou muitos países a discutirem a necessidade de monitorar a inflação de ativos como imóveis para evitar surpresas.

- Bolhas no mercado imobiliário são difíceis de se identificar mas, quando estouram, provocam grandes estragos - explicou uma fonte da equipe econômica.

O mercado americano entrou em crise, entre outros motivos, por ser pouco regulamentado. Foram criados títulos lastreados em hipotecas imobiliárias que eram negociados no mercado. Num cenário de juros baixos, os imóveis se valorizaram. Mas, quando as taxas começaram a subir, houve aumento da inadimplência nas hipotecas e, com isso, os preços dos imóveis desabaram e afetaram todo o mercado financeiro, levando à quebra de grandes bancos.

Medidas para diversificar crédito — Os técnicos do governo brasileiro destacam que o mercado nacional tem boas regras prudenciais. Mesmo assim, é preciso criar instrumentos, como será o novo índice de preços de imóveis, para um monitoramento mais próximo. Hoje, no Brasil, não há indicadores oficiais para medir preços de imóveis. Índices são feitos esporadicamente por sindicatos regionais. Apenas o custo do material de construção tem acompanhamento mensal.

Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Locação e Administração de Imóveis de São Paulo (Secovi-SP), João Crestana, o novo índice pode ser positivo para dar um parâmetro sobre o comportamento dos preços de imóveis no país:

- Não existe um índice hoje que dê a média dos preços no país. Até porque esse trabalho é muito difícil. Um imóvel varia de acordo com localização e demanda. Até mesmo numa mesma cidade, os valores variam de acordo com o bairro.

Já o vice-presidente do Secovi-Rio, Manoel Maia, vê a criação do novo índice com certo ceticismo. Embora o próprio sindicato faça esse tipo de monitoramento, Maia teme que os indicadores do governo não acompanhem a realidade rápida do mercado com as suas especificidades por região e acabe influenciando os preços.

- Este índice tem que ser feito com cautela.

O coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros, afirma que é importante ter um índice para medir os preços dos imóveis de forma fidedigna. Segundo ele, o acompanhamento hoje é esporádico, feito por metodologias diferentes e variam de região para região.

Outra questão que mobiliza o governo quanto ao setor imobiliário é diversificação das fontes de crédito. É unânime o entendimento de que não se pode continuar dependendo quase que exclusivamente da caderneta de poupança e de que é preciso criar outros instrumentos de captação de recursos no mercado financeiro.

- O governo estuda a criação de instrumentos para que o setor privado faça financiamentos de longo prazo e isso vai acabar chegando ao setor imobiliário. É preciso estar preparado - explicou um técnico da equipe econômica.

Crestana, do Secovi-SP, lembra que o Brasil tem hoje instrumentos como os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) - papéis lastreados em créditos imobiliários que são garantidos por imóveis. Mas afirma que o país ainda engatinha nessa área.

- Os CRIs ainda são muito residuais - disse Crestana.

A caderneta de poupança já financiou este ano, até agosto, 263.701 mil unidades, num montante que soma R$ 34,019 bilhões, volume 74% superior ao do mesmo período em 2009. O volume de CRIs no mercado hoje está entre R$ 6 bilhões e R$ 7 bilhões.

- A poupança tem hoje uma sobra que pode ser aplicada em habitação nos próximos dois anos. Depois disso, no entanto, vamos precisar de outras fontes- afirmou o presidente do Secovi-SP.

A previsão da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) é que o Brasil necessite, já em 2013, de R$ 100 bilhões de recursos adicionais para financiar o setor imobiliário. O déficit habitacional brasileiro é hoje de quase 6 milhões de unidades. (O Globo)

INVESTIMENTO — Captação da poupança cresce e é recorde

A caderneta registrou em setembro uma captação líquida de R$ 4,8 bilhões, aumento de 38% ante 2009. Esse é o segundo maior resultado do ano e é a maior captação da série histórica para meses de setembro. O saldo total de depósitos na poupança alcançou a marca inédita de R$ 360 bilhões. (Folha)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Greve dos bancários se amplia para mais de 7 mil agências no Brasil

Greve dos bancários fecha 7.437 agências — Impasse é, principalmente, em torno do reajuste de 11%, recusado pelos bancos, apesar de a Contec, da UGT, ter conseguido reajuste de 12% para os bancários do Banco de Brasília (BRB)

A adesão à greve dos bancários, iniciada no dia 29 de setembro, aumentou e 7.437 agências bancárias fecharam hoje, em todo Brasil, de acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT). Na greve ocorrida em 2009 os bancários paralisaram 7.222 unidades no dia de maior mobilização da greve.

Carlos Cordeiro, presidente da entidade e coordenador do Comando Nacional dos Bancários afirma que, "o fechamento de agências cresceu todos os dias desde o início da greve, mostrando o aumento da adesão dos bancários e a força do movimento".

No primeiro dia de greve, segundo a Contraf-CUT, os bancários fecharam pelo menos 3.864 agências em todas as capitais e inúmeras cidades do interior onde há presença de instituições financeiras, além de centros administrativos de todos os bancos.

Os bancários reivindicam reajuste de 11%, valorização dos pisos salariais, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR), medidas de proteção à saúde com foco no combate ao assédio moral e às metas abusivas, garantia de emprego e mais contratações, entre outras coisas. (Estado)

Mulheres são mais chefes de família na classe C, diz Ibope

Na classe C, 32% dos lares são comandados por mulheres, contra 25% nas classes A e B

As mulheres comandam 32% das famílias de classe C no Brasil, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Ibope Mídia Brasil, com dados referentes ao ano de 2009. Nas camadas mais altas da população, o porcentual de mulheres que são chefes de famílias é menor: nas classes A e B, apenas 25% delas estão à frente das famílias.

"As mulheres são mais chefes de família na classe C e elas também decidem o que comprar para a casa", destaca Dora Câmara, diretora comercial do Ibope Mídia.

A pesquisa ouviu cerca de 20 mil pessoas com mais de 12 anos nas principais regiões metropolitanas do País. Elas foram divididas por classes conforme o Critério Brasil de classificação econômica, que leva em conta a posse de bens para dividir a população em diferentes estratos. No caso da classe C - identificada pelo estudo como a nova classe média brasileira -, a renda mensal varia entre R$ 600 e R$ 2.099.

De acordo com o levantamento, a classe C também é mais jovem e composta por uma maioria de afrodescendentes (negros e herdeiros da miscigenação). Em Salvador, por exemplo, 41% da classe C é negra, enquanto em Brasília o porcentual é de 22%. A pesquisa informa ainda que quem está na classe C é geralmente mais saudável. Pela classificação utilizada, com base no Critério Brasil, 31% da classe AB1 está acima do peso - na classe C1 (uma subdivisão da classe C), este porcentual é de 27%. "Talvez porque as pessoas da classe C andem mais para ir ao trabalho ou se alimentem melhor, sem excessos, elas são mais saudáveis", explica Dora.

Idiomas — Na área de educação, no entanto, a classe média ainda leva uma desvantagem em relação às camadas mais altas. O Ibope Mídia revelou que 23% da população de classe C fala outro idioma e apenas 7% fala o inglês. Do total da população brasileira, 12% falam inglês e, entre as pessoas da classe A, a porcentagem chega a 25%. "A maioria da classe C tem o ensino médio, mas à medida que a pessoa melhora, ela quer estudar mais", acrescenta Dora.

Outro ponto de destaque é que, na classe C, os homens vivem menos. Os dados do Ibope Mídia revelam que, no estrato AB da população, 12% dos homens possuem entre 55 e 64 anos. Na classe C, a porcentagem de homens nesta faixa é menor, de 9%.
Consumo — A classe C também compra menos pela internet e costuma planejar bem as compras, principalmente as mais caras. "As compras são planejadas, mais que nas classes A e B", afirma Dora. "A classe AB simplesmente compra - ela não precisa planejar tanto. Já a classe C planeja tudo", completa. (Estado)

Imóvel está nos planos de 40% da classe C

Cerca de 9,5% querem ainda comprar carro.

Quase 40% da população de classe C no país pretende comprar um imóvel nos próximos meses, segundo o estudo "Classe C Urbana do Brasil: Somos Iguais, Somos Diferentes", divulgado ontem pelo Ibope.
São cerca de 37 milhões de pessoas, entre os quase 100 milhões de indivíduos que fazem parte dessa fatia da sociedade. O instituto entrevistou cerca de 20 mil pessoas.
Outros cerca de 9,5% pretendem ainda comprar um automóvel nos próximos 12 meses, novo ou usado.
Na apresentação do estudo, o Ibope afirma que "esse é um mercado cuja demanda reprimida é altíssima, capaz de fazer crescer consistentemente a indústria automobilística por um bom tempo".
A pesquisa aponta ainda que mais da metade da população da classe C gostaria de guardar dinheiro, mas considera isso difícil.
Dos entrevistados, 39% declaram não saber nada sobre investimentos e finanças, enquanto 61% não gostam de ter dívidas. "Entretanto, uma parcela acima da média nacional afirma ter tendência a gastar dinheiro sem pensar", diz o estudo.
A classe C concentra-se entre as faixas com renda de R$ 600 a R$ 2.099. Dos quase 100 milhões de integrantes dessa classe no Brasil, 32 milhões têm entre 12 e 64 anos.
De acordo com o instituto, a classe C quer "produtos que considerem seus valores e princípios, seu estilo de vida e suas atitudes". (Folha)

Ministério do Trabalho deve flexibilizar de novo a exigência do ponto eletrônico

Depois de ter adiado a vigência do ponto eletrônico de agosto deste ano para março de 2011, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pode baixar uma portaria, permitindo que acordos coletivos celebrados entre os sindicatos (da empresa e dos trabalhadores) possam prevalecer sobre a norma. O pleito é das centrais sindicais que se reuniram na tarde desta terça-feira com o ministro.

A portaria do ponto eletrônico obriga todas as empresas que optam por este tipo de controle de frequência a implantar um relógio de ponto com impressora para registrar todas as entradas e saídas dos funcionários. Dependendo do que for acordado entre as partes, como intervalos para almoço, por exemplo, poderão deixar de ser registrados, caso o pedido seja acatado.

- Vamos analisar com nosso jurídico um novo instrumento para chegarmos a um senso comum, pois vai depender do setor e do porte da empresa. Acho que até o final do mês teremos esse levantamento com as Centrais - disse Lupi. (O Globo)