terça-feira, 10 de maio de 2011

Presença da inflação dificulta gerenciamento das contas familiares

Gasto médio das famílias supera renda em 53% dos lares, diz pesquisa

Em 2010, gastos tiveram alta de 16%, enquanto renda subiu 13%. Estudo foi divulgado pela Associação Paulista de Supermercados; "O desejo de consumo, aliado à oferta de financiamentos, fez com que o consumidor se embebedasse no crédito"

A Pesquisa Tendências do Consumidor, divulgada nesta segunda-feira (9) pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), mostra que 53% das famílias brasileiras tiveram em 2010 um gasto mensal acima da renda média do mesmo período. A pesquisa foi elaborada pelas empresas Nielsen e Kantar WorldPanel com uma amostra de 8.200 lares de todas as classes sociais, em cidades acima de 10 mil habitabtes.

Pela primeira vez na série histórica iniciada em 2006, o gasto médio superou a renda, com um endividamento médio de 1%. Segundo o estudo, a renda mensal média nacional em 2010 foi de R$ 2.146, enquanto o gasto foi de R$ 2.171. A pesquisa mostra que, em relação ao ano de 2009, os gastos mensais apresentaram alta de 16%, enquanto a renda média subiu 13%. O levantamento foi feito por meio de questionário aplicado em julho de 2010.

A Apas aponta que a maior oferta de crédito impulsionou o consumo das famílias no ano passado. “O consumidor vislumbrou uma estabilidade econômica e viu oportunidades para ter acesso a itens que nunca teve”, disse avaliou o diretor de Economia e Pesquisa da Apas, Martinho Paiva. "O desejo de consumo, aliado à oferta de financiamentos, fez com que o consumidor se embebedasse no crédito", acrescentou.

A associação acredita, porém, que em 2011 volte a ocorrer um equilíbrio entre gastos e renda e que a oferta maior de crédito não trará consequencias negativas ao consumidor. A Apas aposta ainda que o aumento dos juros pelo Banco Central (BC) e as recentes medidas adotadas pelo governo diminuirão o crescimento do consumo.

O presidente da entidade, João Galasse, acredita que a renda continuará a crescer em 2011, ainda que em um ritmo menor, o que ajudará nesse equilíbrio. “Não acreditamos que o consumidor irá colocar uma rédea no consumo. Acreditamos que ela vai conseguir equilibrar o seu orçamento e gastar mais que no ano passado”, disse, acrescentando a diferença de 1% é “facilmente ajustável”.

Galasse destacou que os gastos vêm crescendo a taxas acima de 5% nos último 5 anos e que nos dois últimos anos a renda média superou o gasto médio em apenas 1%.

Em 2007, ano em que a Apas chamou de gastos em busca de melhor qualidade de vida, o consumidor teve gasto médio de R$ 1.417 e renda de R$ 1.463. Em 2008, ano denominado de alerta, o gasto foi de R$ 1.540 e a renda foi de R$ 1.558. Em 2009, chamado de ano de equilíbrio, o gasto foi de R$ 1.863 e a renda foi de R$ 1.889.

O presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), Sussumu Honda, informou que espera um crescimento de 4% no setor em 2011. Em 2010, os supermercados registraram um faturamento de R$ 201,6 bilhões, um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterio. (G1)

Perfil da inflação no Brasil está mudando, diz FGV

Segundo Salomão Quadros, coordenador da fundação, inflação sentida no setor de varejo não é composta principalmente pelas altas nos preços dos alimentos e sim pelo setor de serviços.

A inflação percebida pelo consumidor está "mudando de perfil", na análise do coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros. Para o especialista, diferentemente do que ocorreu no ano passado, atualmente a inflação sentida no varejo não é mais composta principalmente por altas nos preços dos alimentos, e sim por aumentos expressivos nos preços de serviços.

Ele fez o comentário ao analisar o comportamento do núcleo da inflação varejista do IGP-DI, que subiu 0,55% em abril, maior patamar desde maio de 2005 (0,73%). Usado para mensurar tendências, o núcleo é calculado a partir da exclusão das principais quedas, e das mais significativas altas de preços no varejo. Ele comentou que, no ano passado, quando ocorreram "repiques" na variação do núcleo, estas foram causadas pela disseminação de aumentos nos preços dos alimentos, pressionados por uma onda de elevações nas commodities agrícolas no cenário internacional, e no mercado doméstico brasileiro.

No entanto, em abril deste ano, as commodities agrícolas não apresentaram elevações de preços tão intensas quanto às registrados no ano passado. Os alimentos também não apresentam elevações de preços da mesma magnitude que a observada no segundo semestre de 2010. Agora, o que "empurra" o núcleo para cima, de acordo com Quadros, são as elevações de preços de serviços, como manicure, dentista, cabeleireiro, no varejo brasileiro. "Inflação de serviços é inflação de demanda", lembrou o especialista.

Para o especialista, é preciso uma continuidade, por parte do Banco Central (BC), na trajetória de elevação da taxa básica de juros (Selic) nas próximas reuniões do Copom para ajudar a conter o avanço da demanda no mercado interno. "Com o avanço da inflação dos alimentos no ano passado, e das commodities, não havia muito o que fazer, afinal, as commodities respondiam à demanda no mercado internacional", avaliou o especialista. "Mas o avanço da demanda no mercado interno tem como ser combatido pelo governo", comentou.

Quadros classificou as recentes elevações na taxa Selic por parte do BC como "tímidas". "Mas o lado positivo é que o BC já deu sinais de que esta dosagem (nos aumentos da Selic) vai deixar de ser tímida", comentou. (Estado)

Reflorestamento sofreria com novo código
Segundo Ministério do Meio Ambiente, área equivalente ao Acre ficaria desmatada. O governo e o relator do projeto ainda negociam a formulação do texto; falta acordo sobre futuro de reserva legal.

O Ministério do Meio Ambiente calculou em 15 milhões de hectares, o equivalente ao território do Acre, as áreas desmatadas que não precisarão ser reflorestadas caso prevaleça o texto proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para a reforma do Código Florestal.
A conta foi feita com base na dimensão das propriedades rurais brasileiras segundo o Censo Agropecuário.
A proposta do relator isenta de reposição de reserva legal propriedades de até quatro módulos fiscais (ou seja, até 400 hectares).
Imóveis de mais de quatro módulos só precisam repor florestas na área que ultrapassar essa medida.
A votação do projeto, adiada na semana passada, estava prevista para começar hoje no Plenário da Câmara.
Ontem o relator passou mais um dia em negociação com o líder do governo na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP). Mas nenhuma alteração foi formalizada.
O governo quer um acordo para evitar que emendas ruralistas modifiquem radicalmente a proposta no plenário, impondo uma derrota a Dilma Rousseff.
PASSE LIVRE — Um dos dissensos é a questão dos quatro módulos. Segundo João de Deus Medeiros, diretor de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, se a dispensa de reposição passar, o passivo será de 15 milhões de hectares.
Hoje o passivo de reserva legal no país é de 42 milhões de hectares. O governo já aceitou incluir as áreas de preservação permanente na conta da reserva legal, o que livraria de reflorestamento mais 7 milhões de hectares.
Também se dispôs a abrir mão da exigência de reposição para a agricultura familiar. O Meio Ambiente propôs ao Planalto estender a benesse aos cooperados agrícolas.
O relator considerou "positiva" a ideia, mas ainda vai analisá-la. Sobre o aumento no passivo, ele disse que precisaria ver o que o governo considera passivo, já que, para ele, não deveria ser preciso reflorestar áreas usadas para produção de alimentos.
Rebelo ainda resiste em ceder na questão dos chamados usos consolidados em áreas de preservação permanente em rios largos, cujas matas ciliares chegam a 500 metros.
O governo quer que a lei seja restritiva para todos, mas já acena em permitir a recuperação em só cem metros.
O relator disse que nesse caso é preciso considerar o "fator social" da legislação e que não está disposto a mudar. "O importante é que isso não é uma guerra."
Especialistas que têm analisado o texto de Rebelo nos últimos dias avaliam, porém, que mesmo que essas questões sejam resolvidas a proposta ainda manterá alguns buracos que ampliam o passivo ambiental do país.
Segundo o ex-presidente do Ibama Bazileu Margarido, o texto admite que uma fazenda na Amazônia tenha sua reserva legal reduzida de 80% (o exigido hoje) para 25% da área da propriedade.
Isso porque ele permite a redução para 50% caso o município tenha 50% ou mais de sua área coberta por unidades de conservação. E metade disso pode ser replantada com espécies exóticas. (Folha)

Justiça condena empresas por discriminação estética

Funcionários acima do peso, trabalhadoras que vestem minissaia e usam decote. Homens que têm barba, possuem cabelos compridos, tatuagem, usam piercing ou, simplesmente, são considerados fora do padrão estético. A Justiça trabalhista tem sido cada vez mais chamada a decidir os limites de interferência das companhias na aparência de seus empregados. Os manuais de conduta, que algumas possuem, são aceitos pelo Judiciário e o descumprimento dessas orientações pode justificar demissões por justa causa. O Judiciário, no entanto, tem condenado as companhias pela chamada discriminação estética, quando essas exigências ultrapassam o que poderia ser considerado razoável.

O banco Bradesco, por exemplo, foi condenado recentemente por proibir o uso de barba por seus funcionários - vedação que chegou a constar no manual de regras da empresa, segundo o processo. A decisão do juiz Guilherme Ludwig, da 7ª Vara do Trabalho de Salvador determinou o pagamento de R$ 100 mil por dano moral à coletividade dos trabalhadores, a retirada da previsão do manual da instituição e a publicação de retratação em jornais locais. A decisão foi tomada em uma ação civil pública ajuizada em fevereiro de 2008, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O magistrado entendeu que a regra era abusiva e violaria o artigo 3º, inciso IV, da Constituição. O dispositivo proíbe preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Dessa decisão ainda cabe recurso.

Em uma outra ação contra o banco, um advogado que trabalhou no departamento jurídico da instituição também alegou discriminação estética pelo mesmo motivo. Segundo seu depoimento no processo, um de seus chefes falava, de forma reiterada e usual, na frente de colegas, que "barbicha", não era coisa de homem". A 6ª Turma do TST, porém, não concedeu a indenização porque as testemunhas teriam entrado em contradição sobre quem seria o gerente responsável pela humilhação. Ainda assim, o ministro Augusto César Leite de Carvalho, relator do recurso, deixou claro em seu voto que "a exigência imposta pela empresa de trabalhar sem cavanhaque ou sem barba pode afetar o direito à liberdade, à intimidade, à imagem, previstos na Constituição". O Bradesco, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que não comenta assunto sub judice.

Como não há regra que defina claramente em quais situações as empresas podem interferir na aparência de seus funcionários, as decisões têm sido tomadas a partir da aplicação de dois princípios constitucionais: dignidade da pessoa humana e razoabilidade, como afirma o juiz do trabalho Rogério Neiva Pinheiro, que atua em Brasília.

Em um caso julgado pela 5ª Turma do TST, os ministros entenderam que não seria abusiva a proibição do uso do piercing prevista no manual de regras do supermercado Atacadão, do grupo Carrefour, em São Paulo. "Uma vez que, se uma parte da população vê tal uso com absoluta normalidade, é de conhecimento público que outra parte não o aceita", afirma o relator do processo, ministro Emmanoel Pereira. Segundo a decisão, o supermercado, ao fixar normas, "busca não agredir nenhuma parcela de seu público consumidor e, por isso, tem o poder de estabelecer restrições". Para os ministros, a empresa não teve outra alternativa senão demitir o empregado por justa causa, que, mesmo sabendo das regras, foi trabalhar com um piercing no lábio e não o retirou após repreensão da direção. A empresa informou, por meio da assessoria de imprensa, que prefere não comentar o assunto.

Para a advogada trabalhista Sônia Mascaro, do Amauri Mascaro Nascimento Advocacia Consultiva, somente se pode preterir determinados profissionais para uma função se houver justificativa plausível, caso contrário caracteriza-se discriminação. Ela lembra que a Convenção nº 111, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), de 1958, ratificada pelo Brasil, já trazia previsão relativa à discriminação. Segundo a convenção, é discriminação todo o ato, fato comportamento que tenha por objetivo dar preferência ou excluir alguém.

Foi o que ocorreu com um professor de educação física obeso, de uma escola de Maringá (PR). Ele foi indenizado em R$ 10 mil ao alegar que foi chamado de gordo e de ser incapaz de ser bom professor de educação física. A decisão da 6ª Turma do TST foi unânime. Para o relator, ministro Aloysio Corrêa da Veiga "deve a empresa cuidar para um ambiente de respeito com o trabalhador, não possibilitando posturas que evidenciem tratamento pejorativo, ainda mais em razão da condição física, o que traz sofrimento pessoal e íntimo ao empregado, pois além de ser gordo ainda tem colocado em dúvida a sua competência profissional".

Uma trabalhadora das lojas C&A, em Curitiba, que alegou ter sido considerada feia e velha para os padrões estéticos da empresa também obteve indenização de R$ 30 mil no TST. Segundo testemunhas, seu superior teria dito que "ela era bonita do pescoço para cima, e do pescoço para baixo era feia". Para a funcionária, a demissão aconteceu em função da idade e por critérios relacionados à aparência física. A trabalhadora foi contratada como vendedora aos 28 anos e demitida aos 38 anos. Em nota, a C&A informou que "preza pelo respeito e ética entre seus funcionários, clientes e fornecedores" e que investe constantemente em treinamentos para que não ocorram casos desta natureza.

O advogado João Marcelino, do escritório Tavares, Riemma e Advogados Associados, afirma que como todos esses julgados giram em torno do princípio da razoabilidade, tendo em vista que não há, no Brasil, regra legal estabelecendo critérios objetivos, as decisões dependerão muito do contexto. Ele explica, que a barba, por exemplo, poderia ser vetada caso o funcionário trabalhasse com alimentos. Por outro lado, a saia curta, que pode não ser recomendável em um ambiente como um escritório, pode ser aceita em outros locais. (Valor)

Brasileiro já pagou R$ 54,4 bilhões em juros

As famílias brasileiras pagaram, até abril, R$ 54,4 bilhões de juros. Pelo menos é o que aponta levantamento feito pela Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo). Segundo o estudo, caso não houvessem os constantes aumentos da taxa Selic (taxa básica de juros), esse valor seria de R$ 50,4 bilhões, ou seja, foram retirados do consumo das famílias R$ 4 bilhões, direcionados ao pagamento de empréstimos em todo o Brasil.

Esse valor corresponde a um quarto do total previsto no programa Bolsa Família em 2011 pelo governo federal. Se não houvesse mais aumento de juros esse ano, até o final do ano as famílias vão gastar com juros o equivalente a todo o valor do Bolsa Família nesse ano. Somente em 2010, o brasileiro gastou R$ 129,2 bilhões em juros, o equivalente a 52 dias de consumo das famílias no Brasil.

Se o brasileiro pagou muitos juros, as empresas não ficam muito atrás. Segundo as estimativas da Fecomercio, foram gastos pouco mais de R$ 42,4 bilhões em pagamento de juros de janeiro a abril. Esse valor só não foi maior porque o empréstimo à pessoa jurídica costuma ser um pouco mais barato do que o realizado à pessoa física. Em 2010, as empresas gastaram R$ 105 bilhões com juros.

Somando os valores pagos por pessoas físicas e jurídicas, em 2010 foram gastos R$ 234,3 bilhões. De janeiro à abril deste ano, a cifra já chegou R$ 96,8 bilhões. (Diário do Grande ABC)

Agenda de interesse dos trabalhadores na Comissão de Assuntos Sociais da Câmara dos Deputados

Seguro-desemprego — A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) está com duas reuniões marcadas para quarta-feira (11). Na primeira, haverá audiência pública que se inicia às 9h, no plenário 9, da Ala Alexandre Costa, e tem como tema "Os Direitos dos Portadores de Câncer".

A segunda reunião terá início logo após o término da audiência. Na pauta, está o projeto de lei que prolonga a concessão do seguro-desemprego, em até 12 meses, para grupos específicos de segurados, a critério do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

O PLS 127/06, tramitando na CAS em caráter terminativo, é de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e tem como relator o senador Gim Argello (PTB-DF), que emitiu parecer pela aprovação do projeto.

Direito Processual do Trabalho — Também na pauta da CAS há o PLS 88/08, da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), que acrescenta parágrafos ao artigo 643 da CLT, para conceder prioridade nos procedimentos judiciais trabalhistas aos trabalhadores desempregados, com mais de 50 anos.

A votação desse projeto na CAS é terminativa e parecer favorável foi apresentado pela relatora, senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Regulamentação de profissão — Ainda na pauta da CAS está o PLS 322/10, do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), que altera a Lei 6.533/78, para dispor sobre a regulamentação das profissões de DJ ou Profissional de Cabine de Som (disc jockey) e Produtor DJ (disc jockey).

O senador Paulo Paim (PT-RS), relator da matéria, apresentou parecer pela aprovação, com emendas. A votação do projeto na CAS é terminativa.

Capacitação profissional — A CAS pode votar nesta semana o PLS 28/08, do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que altera o Decreto-Lei 5.452/43, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para instituir a licença para capacitação profissional.

O senador Gim Argello (PTB-DF) emitiu relatório pela aprovação do projeto, com substitutivo. Caso este venha a ser aprovado, posteriormente, ainda será submetido à votação em turno suplementar.

Aposentadoria especial — Na extensa pauta da CAS, chamamos atenção ao PLS 34/10, do ex-senador Gilberto Goellner (DEM-MT), que acrescenta artigo 51-A à Lei 8.213/91, para dispor sobre o cômputo especial do tempo de contribuição dos garimpeiros empregados e contribuintes individuais para fins de aposentadoria por idade.

A proposição tem parecer pela aprovação, emitido pelo relator, senador Eduardo Braga (PMDB-AM).

Optometrista — Na mesa da CAS há dois requerimentos solicitando audiência pública para debater o PLS 234/10, do ex-senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS), que dispõe sobre a regulamentação da profissão de optometrista, que é o profissional especializado em optometria.

A optometria é a ciência da área da saúde ligada à física que trata da visão, principalmente dos problemas de saúde primários, ou seja, é o estudo dos problemas de visão não patológicos sobre o ponto de vista físico.

Os autores dos requerimentos são os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Casildo Maldaner (PMDB-SC), e o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). (Fonte: Diap)

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O que nos interessa é inflação sobre controle, investimentos na produção e geração de novos empregos com salários decentes

Inflação: Impacto sobre salários deve ser forte

Com a alta mais forte dos índices de preços, os aumentos reais de salários neste ano estão mais modestos do que em 2010, quando não raro chegaram a superar a inflação em 3%. Esses reajustes reais menores, porém, tendem representar um ganho mais expressivo nos 12 meses à frente, quando a inflação deverá perder fôlego, como aponta o economista-chefe da corretora Convenção, Fernando Montero.

"Paradoxalmente, salários corrigidos pela inflação passada, mesmo sem nenhuma correção real, podem ter ganhos maiores nos 12 meses seguintes do que no ano passado", afirma Montero. Com isso, o rendimento do trabalho continuará a ser um impulso significativo para a demanda.

O economista compara a situação de reajustes no terceiro trimestre de 2010 com a do mesmo período deste ano, quando haverá a combinação de inflação ao consumidor rodando acima de 7% no acumulado em 12 meses com a concentração de dissídios de categorias importantes de trabalhadores, como os metalúrgicos do ABC.

No terceiro trimestre de 2010, a média do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), usado em geral como parâmetro para as negociações salariais, teve um aumento médio de 4,5% em 12 meses. Uma categoria que teve um aumento real de 3% nessa ocasião viu os salários subirem 7,6% em termos nominais. Nos 12 meses seguintes, porém, a inflação média se acelerou, chegando a 6,6%. "Com isso, o ganho real efetivo de salários foi de 1,1%", diz Montero.

Já no terceiro trimestre deste ano, a média do INPC deverá estar em 7,2% em 12 meses. Para mostrar o impacto significativo da inflação futura em queda sobre a renda, Montero dá um exemplo em que os trabalhadores conseguem apenas os 7,2%, sem aumento real. "Num cenário em que a projeção do mercado para a inflação média dos 12 meses seguintes será de 5,5%, o ganho real efetivo dos salários será de 1,5%", diz ele. Como algumas categorias devem conseguir aumentos acima da inflação passada, os ganhos reais nos 12 meses à frente podem ser ainda maiores. O mesmo vale se a queda da inflação futura for ainda mais significativa, observa Montero.

"Os dissídios no terceiro trimestre envolvem algumas categorias fortes e mobilizadas, que podem conseguir aumentos reais, ainda que as negociações devam ser mais difíceis do que no ano passado", diz o economista-chefe da Máxima Asset Management, Elson Teles.

Ele acredita que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que nos 12 meses até abril somou uma variação de 6,51%, deverá atingir 7,2% em agosto e 7,1% em setembro, nessa base de comparação. Nos meses seguintes, a expectativa é de que o indicador perderá força em 12 meses, até fechar o ano em 6,4% a 6,5%, praticamente no teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 6,5%.

Montero nota ainda que algo na mesma linha do que ocorrerá com os dissídios vai se dar com o salário mínimo em 2012. No ano que vem, diz ele, o valor do piso salarial deverá passar de R$ 545 para R$ 625, devido à regra do reajuste que combina a variação de 6% do INPC de 2011 e do crescimento do PIB de 7,5% de 2010, além de um arredondamento do valor para um múltiplo de R$ 5.

Levando em conta que a inflação em 2012 será menor do que a deste ano e que em 2011 o piso valeu R$ 540 em dois meses (janeiro e fevereiro), o salário mínimo poderá ter um ganho médio real superior a 9%, diz Montero. "Somente o ganho real do salário mínimo resulta num aumento de quase 0,4% no PIB."

Essa situação traz algumas preocupações, diz Montero. Segundo ele, um mercado de trabalho com elevado grau de indexação tende a implicar mais custos salariais, menor competitividade das empresas e "uma combinação de tudo o que leva a realimentação inflacionária". Num momento em que há dificuldades para trazer a inflação de volta à trajetória das metas, é um quadro complicado.

O BC aposta que o IPCA voltará ao centro da meta, de 4,5%, em 2012. As projeções do boletim Focus apontam para um número de 5%, enquanto Teles vê algo mais próximo de 5,5%. "Haverá o forte aumento do salário mínimo e muita inércia inflacionária. Acho difícil que o IPCA caia mais do 1 ponto percentual no ano que vem." (Valor)

Jovem prioriza formação e adia entrada no mercado
Expansão da renda e competitividade seguram adolescentes na sala de aula. Cresce o número de jovens que só estudam; educação ainda precisa melhorar no país, aponta especialista.

Os jovens de 15 a 17 anos estão estudando mais e trabalhando menos. A proporção desses adolescentes ocupados ou buscando emprego caiu 27%, em oito anos, nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.
Nem mesmo o forte aumento de salários e vagas em 2010, com a economia crescendo 7,5%, bastou para atraí-los para o mercado.
A faixa etária corresponde a 18,9% da população economicamente ativa em 2010, a menor taxa média já apurada nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre. Em 2003, quando o IBGE iniciou o levantamento, eram 26%.
Para especialistas, a principal causa da mudança é a valorização da educação num ambiente profissional cada vez mais competitivo. E a expansão da renda nos últimos anos permite que os pais sustentem os filhos por mais tempo, adiando sua entrada no mercado e possibilitando sua permanência na escola.
Políticas públicas como o Bolsa Família, que exige que os beneficiários estudem, e a progressão continuada, que evita a repetência escolar, também estimulam crianças e jovens a ficar por mais tempo na sala de aula.
SÓ ESTUDAM — Outra pesquisa do IBGE mostra que o percentual de jovens que estudam e não trabalham subiu de 39% em 1992 para 65% em 2009.
"A melhora da renda familiar ajuda a explicar, mas a percepção da importância e dos retornos da educação é mais relevante", diz o economista Jorge Arbache, da Universidade de Brasília. "As famílias fazem mais esforço para manter a meninada nas escolas porque entendem que vale a pena estudar mais."
Para o coordenador do Centro de Políticas Públicas do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), Naercio Menezes, falta mão de obra qualificada. Nesse cenário, é mais interessante para o jovem sem experiência estudar mais e buscar um emprego melhor no futuro.
"Mesmo com o mercado de trabalho aquecido, as pessoas estão preferindo permanecer na escola", afirma. "Elas estão fazendo um cálculo de que vale mais a pena estudar do que adquirir experiência profissional desde cedo", completa ele.
O governo lançou, no fim de abril, o Pronatec, programa de qualificação profissional cuja meta é oferecer 8 milhões de vagas até 2014 em cursos técnicos.
Arbache elogia a iniciativa, mas lembra que a qualidade do ensino precisa melhorar em relação aos competidores do país: "O jovem brasileiro está disputando emprego com o jovem da Malásia. Lá na frente, isso é que acontece".
A transformação no perfil do mercado de trabalho brasileiro não se dá apenas entre os mais jovens: em abril, levantamento feito pela Folha a partir de dados do IBGE mostrou que o número de pessoas ocupadas acima de 50 anos subiu 56,1% de 2003 ao primeiro trimestre de 2011. (Folha)

Quatro empreiteiras concentram R$ 138 bilhões em obras no país

A decisão do governo brasileiro de entregar para a iniciativa privada a administração dos principais aeroportos do país vem movimentando os corredores das quatro maiores empreiteiras nacionais: Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Odebrecht e Queiroz Galvão. Trata-se de novo e promissor braço de negócios para as quatro gigantes que, ao longo dos últimos anos, turbinadas por uma quantidade de investimentos no país vista somente na época do "milagre econômico", na década de 70, deixaram de ser apenas construtoras e se transformaram em verdadeiros conglomerados de infraestrutura, atuando em áreas que vão de petróleo e energia elétrica a telecomunicações e agronegócio. As cifras impressionam. As principais obras em andamento hoje no Brasil, ou já contratadas, nas quais "as quatro irmãs" estão envolvidas, somam R$ 138,7 bilhões, segundo levantamento feito pelo GLOBO.

Boa parte das obras integram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como saneamento, reurbanização de favelas e hidrelétricas, entre elas Belo Monte (PA) e as usinas no Rio Madeira (RO). Na carteira das empreiteiras também estão reformas dos estádios para a Copa do Mundo de 2014, como o Maracanã. Mas a concorrência vem aumentando. Ano passado, segundo o Portal Transparência da Controladoria Geral da União, o governo federal gastou R$ 16,1 bilhões com obras, um orçamento dividido por 5.709 construtoras. Deste total, as quatro grandes ficaram com R$ 988 milhões. No acumulado de 2004 a 2010, para um total de gasto federal de R$ 49 bilhões, elas ficaram com R$ 3,5 bilhões.

Ainda assim, o setor de construção é muito concentrado. Ranking com as 50 maiores construtoras do Brasil elaborado pela revista "O Empreiteiro", considerado referência no setor, mostra que as receitas das "quatro irmãs" com engenharia e construção somavam R$ 18,7 bilhões em 2009, ou 38% do faturamento do total. Quem encabeça a lista é a Construtora Norberto Odebrecht (R$ 5,292 bilhões), quase empatada com a Camargo Corrêa (R$ 5,264 bilhões). Em seguida vêm a Construtora Andrade Gutierrez (R$ 4,2 bilhões) e a Queiroz Galvão (R$ 4 bilhões).

Forte dependência de contrato público — Embora as empreiteiras aleguem que hoje dependem muito menos de contratos públicos (governos federal, estadual, municipal e estatais), o ranking revela ainda uma forte dependência: 62% das receitas da Odebrecht, 35% da Camargo, 72% da Andrade e 100% no caso da Queiroz Galvão vêm de obras do setor público.

Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez S.A., holding que controla o grupo, contesta os números, apesar de o ranking ser feito com base em dados fornecidos pelas próprias empresas, e ainda auditado pela consultoria Deloitte. Segundo ele, a construtora tem buscado reduzir a dependência de obras públicas nos últimos anos e, hoje, a Vale é sua principal cliente.

O fato é que, ao concentrar os contratos das grandes obras, as "quatro irmãs" ditam o ritmo do desenvolvimento do país e determinam quem fica dentro ou fora dos projetos, já que subcontratam empresas para executar diferentes etapas das obras. (O Globo)


Ganhar R$ 0,01 a mais faz salário baixar até R$ 36,89
Por receber mais, assalariado muda de faixa e tem de pagar mais ao INSS.
Prevista em lei, forma de cálculo não segue o mesmo princípio da progressividade usado na tabela do IR.
Ganhe mais e receba menos no dia do pagamento. Não, não há erros no título da reportagem e na frase acima.
Se você acha um absurdo, saiba que isso é possível no Brasil -no caso de uma parcela de trabalhadores com registro em carteira- por conta do desconto da contribuição mensal recolhida pela empresa ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Essa situação ocorre com uma parte dos trabalhadores assalariados que recebem, por mês, entre R$ 1.106,91 e R$ 1.844,84.
O motivo para esse aparente absurdo é o desconto da contribuição previdenciária mensal. Diferentemente da tabela do Imposto de Renda, que é progressiva, a da Previdência tem as alíquotas fixas por faixa salarial.
Significa o seguinte: ao mudar de faixa de contribuição -basta ganhar R$ 0,01 a mais-, o assalariado terá o desconto integral pela alíquota maior.
Isso faz com que ele tenha um salário líquido inferior ao daquele que ganha R$ 0,01 a menos e que contribui por uma alíquota menor.
No quadro acima, à direita, estão as diferenças máximas provocadas por essa sistemática de desconto. Essas são as maiores diferenças, conforme o ganho mensal, porque foram usados, como exemplos, os salários que estão no limite de mudança de uma faixa para a outra.
O trabalhador com salário de R$ 1.106,90 pagará 8% ao INSS, ou R$ 88,55, resultando em salário líquido mensal de R$ 1.018,35. Já quem ganha R$ 1.106,91 (ou seja, apenas R$ 0,01 a mais) paga 9%, ou R$ 99,62, valor que reduz o salário para R$ 1.007,29. Resultado: por ganhar aquele R$ 0,01 a mais, ele recebe R$ 11,06 a menos por mês.
A mesma disparidade ocorre com os trabalhadores registrados que ganham R$ 1.844,83 e R$ 1.844,84.
No primeiro caso, a contribuição é de 9%; no segundo, de 11%. Resultado: o primeiro terá desconto de R$ 166,03 para o INSS; o segundo, de R$ 202,93. Nesse exemplo, o segundo trabalhador ganha apenas R$ 0,01 a mais, mas fica com R$ 36,89 a menos.
REGRA É LEGAL — Essa forma de desconto da contribuição não é ilegal, pois está prevista no artigo 20 da Lei de Custeio da Previdência (lei nº 8.212/91).
O advogado Wladimir Novaes Martinez, especialista em legislação previdenciária, não vê nada de errado nessa forma de desconto.
Para ele, embora possa ser injusto do ponto de vista financeiro agora, essa regra poderá beneficiar o trabalhador no futuro.
É que os valores das contribuições pagas desde julho de 1994 entrarão no cálculo da aposentadoria. Assim, quanto maior a contribuição hoje, maior tende a ser a aposentadoria no futuro.
IR É PROGRESSIVO — Diferentemente da contribuição recolhida ao INSS, o Imposto de Renda não reduz o salário do trabalhador que "pula" de uma faixa para outra apenas por ter um salário R$ 0,01 maior.
É que a tabela do IR faz a tributação ser calculada de forma progressiva, ou seja, o salário do trabalhador é "fatiado" em partes: uma (até R$ 1.566,61) é isenta; as outras quatro pagam 7,5%, 15%, 22,5% ou 27,5%. As "parcelas a deduzir" da tabela têm efeito neutralizador.
Exemplo: quem tem renda tributável (salário mensal bruto menos os descontos permitidos por lei, com a contribuição ao INSS já mencionada, dependentes, contribuição à previdência privada, plano de saúde, pensão alimentícia judicial etc.) de R$ 3.911,63 paga 22,5%, ou seja, R$ 351,74 por mês.
Se a renda tributável desse mesmo trabalhador for R$ 100 maior, ou R$ 4.011,63, ele pagará R$ 379,24, ou seja, apenas R$ 27,50 a mais.
O motivo é simples: apenas aqueles R$ 100 a mais foram tributados pela alíquota máxima, de 27,5%.
Uma renda tributável de R$ 4.911,63 (R$ 1.000 a mais) pagará R$ 626,74 por mês, ou seja, R$ 275 a mais.(Folha)

Preço do conserto supera o valor do produto na loja

A disparada dos preços dos serviços nos últimos meses provocou uma forte distorção entre o custo do reparo e da compra de um produto novo. Hoje é mais barato adquirir um eletrodoméstico zero quilômetro do que consertá-lo. No caso de roupas, o preço de um ajuste é quase o valor da peça. Nos itens de alta tecnologia, como o iPod, o cenário é mais radical: o próprio fabricante recomenda a compra do produto no lugar do conserto.

Dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe mostram que, nos últimos 12 meses até abril, o IPC subiu 6,39%, enquanto os preços dos serviços livres, aqueles que variam de acordo com a demanda e a oferta, aumentaram 7,41%. Isso significa que os preços dos serviços subiram 1 ponto porcentual acima do IPC geral e quase 2 pontos porcentuais acima da variação de preços dos produtos com preços livres (5,24%) registrada no mesmo período. O IPC da Fipe considera os preços na cidade de São Paulo.

Quando se leva em conta a medida oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, a escalada do preço dos serviços em relação ao dos produtos fica ainda mais nítida. Em 12 meses até abril deste ano, o IPCA subiu 6,51% e os preços dos serviços aumentaram 8,57%, uma diferença de mais de 2 pontos porcentuais. Comparada com a variação de preços dos bens duráveis, isto é os produtos de maior valor, como eletrodomésticos e eletrônicos, por exemplo, a diferença é ainda maior: de quase 9 pontos porcentuais. É que os preços dos duráveis tiveram deflação de 0,26% no período.

"Sei que essa mudança de preços relativos provoca muita raiva no consumidor quando ele precisa pagar caro pelo conserto. Mas isso é ser desenvolvido", diz o coordenador do IPC da Fipe, Antonio Comune. Ele lembra que nos Estados Unidos, por exemplo, como os serviços são muito caros não vale a pena consertar o eletrodoméstico e é mais interessante jogá-lo fora e comprar outro novo. Ele observa que essa mudança de preços relativos entre produtos e serviços é um movimento estrutural que já vem ocorrendo há algum tempo, mas foi acelerado nos últimos 12 meses em razão da escassez de mão de obra e da valorização do real em relação ao dólar. (Estado)