segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O mundo inteiro e os trabalhadores brasileiros acompanham os desdobramentos da negociação americana em torno da dívida pública

Alívio com acordo em torno da dívida pública americana

por Marcos Afonso de Oliveira, secretário de imprensa da UGT

O mundo inteiro está aliviado com o acordo anunciado pelo presidente Barack Obama. O que chamou a atenção foi o presidente Barack Obama se colocar à frente das discussões, chamar a si a responsabilidade, com os desgastes políticos naturais que podem lhe custar, inclusive, a reeleição. Mas todos os dias lá estava o presidente buscando o consenso, negociando, se expondo. Falta, agora, avaliarmos os desdobramentos dos acordos que deve ser votado ainda hoje. E verificar se na lista de cortes estão incluídos, também, os gastos militares. Ou será que o corte anunciado vai sobrar apenas para os investimentos sociais? E os empregos? E o efeito cascata na economia mundial? Ou seja, conseguimos um alívio momentâneo mas ainda não sabemos a que preço. E, devemos, portanto, nos manter atentos e mobilizados. Pois, geralmente, sobra sempre para os trabalhadores. Ou para os empregos ou para os salários. Ou para os salários e empregos, simultaneamente.


Leia, por favor, o clipping de hoje:


Obama anuncia um acordo bipartidário que evita o calote
Objetivo é cortar US$ 1 trilhão em dez anos; comitê agora analisará novas reduções, que podem chegar a US$ 3 tri. Acerto ainda tem vários pontos obscuros e deve ser votado hoje pelo Congresso para evitar uma inédita moratória.

Na antevéspera do prazo fatal para evitar um calote, o presidente Barack Obama anunciou ontem um acordo bipartidário para enxugar US$ 1 trilhão do Orçamento dos EUA nos próximos dez anos e elevar o teto do endividamento público do país.
O pacote, que precisa ser votado até amanhã pelo Congresso, fica aquém de expectativas iniciais de redução de US$ 3 trihões -valor que ainda poderá ser atingido numa segunda fase de cortes.
Mas põe fim a quase um mês de impasse que enervou população e mercados.
"Ainda faltam votos importantes, mas os líderes republicano e democrata, na Câmara e no Senado, chegaram a um acordo para evitar um calote", anunciou Obama às 20h40 de domingo (21h40 em Brasília).
O presidente deu poucos detalhes do pacote e não dirimiu diversas dúvidas. Ele garantiu a elevação do teto da dívida, hoje em US$ 14,3 tri, sem dizer em quanto.
Em versões anteriores do plano, esse aumento era de US$ 2,4 trilhões, mais que o PIB do Brasil, o que asseguraria autorização para o governo tomar dinheiro emprestado até o final de 2012.
Obama também anunciou a criação de uma comissão bipartidária que vai propor novos cortes de gastos até novembro.
Nessa etapa futura, afirmou o presidente, "todas as alternativas estarão na mesa" -inclusive a reforma de programas sociais do governo, como exige a oposição, e o fim dos cortes de impostos para as classes mais altas iniciados por George W. Bush, como insiste Obama.
"Com esse acordo, chegaremos ao menor nível de gastos domésticos desde a Presidência de [Dwight] Eisenhower [1953-61]", afirmou.
O presidente admitiu que não era o acordo ideal. "Tomamos cuidado para que os cortes não sejam abruptos, para não afetar a recuperação econômica."
Parecendo cansado, Obama agradeceu aos líderes dos partidos e ao eleitorado, que respondeu durante a semana a seu chamado para pressionar o Congresso. "Foram a voz, os e-mails, os tuítes de vocês que permitiram isso."
Legisladores de ambos os lados ainda trabalham em detalhes do novo pacote, e não estava claro quais os programas serão afetados.
Uma preocupação dos republicanos é limitar os cortes na Defesa. O Pentágono consome US$ 1 em cada US$ 5 gastos pelo país, e responde por mais de 40% dos gastos militares mundiais.
Amanhã, expira a autoridade do governo dos EUA para tomar empréstimos, e o Tesouro advertira que não teria caixa para pagar todas as suas contas no mês se o Congresso não votasse a ampliação do teto da dívida.
MERCADOS -- A reação inicial do mercado ontem foi positiva, e as Bolsas asiáticas, que haviam aberto em baixa, reverteram a queda com o anúncio.
Não está claro, porém, se o acordo livrará os EUA de terem sua nota reduzida pelas agências de avaliação de risco, que esperavam uma poda de US$ 4 trilhões e haviam lançado uma advertência. (Folha)

Bancários vão pedir 12,8% de reajuste salarial

Os bancários vão reivindicar um reajuste de 12,8% em sua campanha salarial deste ano. O percentual foi definido ontem, na plenária final da 13ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada na capital paulista. Do reajuste, 7,5% são referentes à reposição da inflação acumulada em um ano e o restante, ao aumento real das remunerações.

Neste fim de semana, 695 representantes de sindicatos de bancários de todo país estiveram reunidos para discutir o reajuste a ser pleiteado nas negociações com os bancos. Eles definiram a pauta de reivindicações da categoria que será apresentada à Federação Nacional de Bancos (Fenaban) no próximo dia 12.

Além do reajuste salarial, os bancários pedem o aumento do valor de benefícios e do percentual da participação nos lucros dos bancos a que eles têm direito. A categoria vai negociar também a redução da rotatividade no setor financeiro e o fim do assédio moral.

"Queremos o fim das metas abusivas", afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras da campanha da categoria. "Também queremos negociar as demissões. Tem banco demitindo funcionário e contratando outro com salário menor só para cortar custos."

Juvandia disse ainda que os bancários querem discutir com os patrões a forma como a rede de bancos está sendo ampliada no país. Segundo ela, grande parte do crescimento da quantidade de postos de atendimento se dá via correspondentes bancários. Já os trabalhadores querem a abertura de mais agências próprias. "Só com agência podemos fazer a verdadeira inclusão bancária da população do país", disse ela. "No Norte e Nordeste, metade da população não tem conta bancária ainda."

A data-base da categoria dos bancários é 1º de setembro. Até lá, os sindicalistas esperam já ter chegado a um acordo sobre todos os pontos incluídos na pauta fechada neste domingo. As negociações afetarão as condições de trabalho de 483 mil funcionários dos bancos. (Agência Brasil/Valor)

Lista 'suja do trabalho escravo' inclui 251 empregadores no país, diz ministério

Quarenta e oito pessoas foram incluídas no cadastro de empregadores autuados por exploração do trabalho escravo. Conhecido como "lista suja do trabalho escravo", o cadastro, atualizado nesta sexta-feira pelo Ministério do Trabalho, tem 251 infratores que exploram trabalhadores em situação análoga à escravidão.

Do total, quinze empregadores tiveram seus nomes retirados da lista

- dois por decisão judicial transitada em julgado (sem possibilidade de recurso) e dois de forma temporária por ação liminar.

Os nomes são mantidos na lista nos casos em que o empregador não quitou as multas impostas pela fiscalização do trabalho, por reincidência, e nos casos de ações que estejam tramitando no Poder Judiciário. O ministério informou que também há pessoas que recorrem ao Poder Judiciário para ter o nome excluído da lista e, em cumprimento à decisão judicial, o nome é imediatamente retirado.

Segundo o ministério, nesta atualização, foram analisados os relatórios de fiscalização e pesquisados dados das superintendências regionais do trabalho e emprego entre outros órgãos. Também foi consultado o Sistema de Acompanhamento do Trabalho Escravo do ministério.

Enquanto o empregador está com o nome no cadastro, ele não recebe financiamentos com recursos públicos. Além disso, o setor privado pune os infratores por meio do Pacto Nacional com medidas restritivas de relacionamento comercial.

A lista completa dos infratores está no site do Ministério do Trabalho.(O Globo)

Crises e MPs travam pauta na volta do Congresso
O Congresso retoma suas atividades nesta semana, após o recesso, refém da agenda do Planalto e das crises no governo. Não saiu do papel nenhuma das grandes discussões em sua pauta no primeiro semestre.
As medidas provisórias encaminhadas pelo Executivo dominaram os trabalhos na Câmara e no Senado. Entre fevereiro e julho, os senadores votaram 21 MPs, e os deputados, 25 -aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2010.
O Congresso não conseguiu votar a reforma política, as mudanças na tramitação das MPs e as PECs (propostas de emenda constitucional) 29 (sobre gastos mínimos com a saúde) e 300 (que cria piso salarial nacional para bombeiros e policiais).
O Senado retoma suas atividades com a obrigação de votar duas MPs que expiram em agosto.
"ALMOXARIFADO" -- "O Executivo fez o Congresso de almoxarifado, aprovando o que quis, sobretudo medidas provisórias", disse o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
Até integrantes da base governista reconhecem que a pauta é definida pelo Executivo. "No segundo semestre, trabalharemos para agilizar votações", disse o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).
Já o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), critica um "balanço levando em conta apenas o plenário". "Temos que considerar tudo o que foi aprovado."
Os congressistas -em especial do Senado- dedicaram boa parte do primeiro semestre para votar indicações de autoridades escolhidas pelo governo. (Folha)

HSBC cortará 10 mil, diz 'Financial Times'
O HSBC vai demitir, pelo menos, 10 mil funcionários, segundo o "Financial Times". Em meio à lenta recuperação da economia global, outros bancos grandes, como Credit Suisse, UBS, Lloyds e Goldman Sachs anunciaram recentemente cortes de gastos e demissões de milhares de funcionários. (Folha)

HSBC vende 195 agências nos EUA por US$ 1 bilhão -- O HSBC Holdings, que vem reduzindo suas operações nos EUA, concordou em vender 195 agências bancárias de varejo para o First NiagaraFinancial Group Inc. por US$ 1 bilhão em dinheiro, informou neste domingo a companhia.

As agências, com US$ 15 bilhões em depósitos, estão sendo vendidas com um prêmio de 6,67% sob o valor dos depósitos e estão localizadas principalmente no Norte do Estado de Nova York. O HSBC também informou que pode cortar custos e rever suas operações nos EUA, incluindo seu portfólio de cartão de crédito, que também está a venda.

Separadamente, o HSCB também fundiu 13 de suas agências em Connecticut e New Jersey com agências próximas. A companhia, com balanço previsto para divulgação amanhã, disse que as agências permanecerão abertas durante as operações de mudança. O acordo deve ser fechado no começo do próximo ano. As informações são da Dow Jones. (Estado)

Projetos executivos serão agora exigidos para todas as obras do PAC 2

O governo decidiu extrapolar para todas as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) aquilo que, até então, seria exigido apenas do Ministério dos Transportes: a elaboração prévia de projetos executivos antes que a obra seja licitada.

Questionada, a ministra do Planejamento, Orçamento e Gestão, Miriam Belchior, afirmou que o governo vai exigir o mesmo tipo de tratamento para qualquer empreendimento de grande porte. A única exceção, segundo Miriam, serão as obras incluídas no Regime Diferenciado de Contratação (RDC), a polêmica proposta que, na prática, percorre justamente o caminho inverso: flexibiliza a contração de empreiteiras para execução de obras sem a exigência prévia de estudos detalhados.

A péssima qualidade dos estudos básicos é o embrião dos aditivos que infestam os grandes projetos de infraestrutura do país. Há quem duvide, no entanto, que seja possível exigir estudos detalhados de tantos empreendimentos. A decisão do governo, se realmente for para frente, tem tudo para mexer com o cronograma já atrasado das obras, dado o grau de análise envolvido em um projeto executivo. Para o ministro dos Transportes, Paulo Passos, esse impacto é pequeno. "Deve demorar alguns meses a mais, mas não mais do que isso", comentou durante divulgação do balanço do PAC 2, na sexta-feira.

Em recente entrevista ao Valor, o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage, comentou que a elaboração do projeto executivo antes da licitação "seria o mundo ideal", mas que, em termos práticos, é uma proposta "um tanto irrealista".

O primeiro balanço do PAC 2 no governo de Dilma Rousseff mostrou que foram executados R$ 86,4 bilhões em investimentos e custeio no primeiro semestre deste ano. Entre 2011 e 2014, o governo informou que as obras do PAC receberão investimento total de R$ 955 bilhões. Desse total, R$ 708 bilhões (ou 74%) estão atrelados a empreendimentos que serão concluídos até o fim do governo Dilma. As demais obras concluídas após 2014 têm previsão de execução de R$ 247 bilhões. Entre essas estão grandes projetos como a hidrelétrica de Belo Monte, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste.

No evento de divulgação do balanço, boa parte das atenções ficou concentrada nas obras ligadas ao Ministério dos Transportes, mergulhado numa crise de denúncias de corrupção há um mês. Durante a exposição dos dados, o ministro dos Transportes, Paulo Passos, afirmou que a presidente Dilma Rousseff indicará, nesta semana, qual será a composição da nova diretoria colegiada do Departamento Nacional de Transportes Terrestres (DNIT). O ministro afirmou que se filiou ao PR voluntariamente e negou estar em crise com o partido. "O que estou fazendo no ministério neste momento é a coisa certa", comentou, ao falar sobre as demissões que envolvem o ministério.

A ministra do Planejamento informou que as obras de infraestrutura para a Copa de 2014 contarão com um balanço específico. Miriam disse que haverá alguma sobreposição de informações entre as obras da Copa e do PAC 2, mas que esse balanço deverá ser conhecido em breve. (Valor)

Justiça garante que planos de saúde autorizem operações reparadoras em casos de obesidade mórbida

Para alguns tipos de cirurgias, o consumidor precisa de muita paciência para obter a autorização dos planos de saúde. E, muitas vezes, só consegue se operar depois de recorrer à Justiça. Esse é o caso das operações reparadoras pós-cirurgia bariátrica, indicada para os casos de obesidade mórbida. Para evitar essa demanda de ações, o defensor público Fábio Schwartz entrou com uma ação civil pública e conseguiu liminar obrigando que seis planos de saúde - Unimed, Assim, Amil, Bradesco Saúde, Cassi e Pame - deem autorização nos casos em que houver indicação médica para intervenções reparadoras.

Outro tipo de cirurgia em que é preciso ir aos tribunais para obter a autorização são as que preveem o uso de órtese e prótese. As maiores queixas de médicos e pacientes dizem respeito à recusa, pelos planos de saúde, a autorizar determinados procedimentos e material cirúrgico.

Cirurgia reparadora é fundamental para o tratamento -- Schwartz explica que os planos de saúde se negam a autorizar as cirurgias reparadoras pós-bariátricas sob o argumento de que elas são meramente estéticas:

- Detectamos uma repetição de negativas no Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública. No tratamento da obesidade mórbida, na maioria das vezes, a cirurgia reparadora é fundamental para completar o tratamento, pois há uma grande distensão da pele, gerando diversos problemas, como dificuldade de locomoção, assaduras, infecções e, é claro, problemas psíquicos relacionados à baixa autoestima.

O defensor observa que, pela decisão liminar, o plano terá de pagar multa de R$ 20 mil para cada intervenção cirúrgica recusada.

Ana Paula Santos Bodas precisou recorrer à Defensoria para continuar seu tratamento depois de ter feito a gastroplastia (cirurgia de obesidade mórbida), perdendo 80kg. Na ocasião, ela pesava 156kg. Ana Paula explica que seu plano, o Pame, autorizou essa operação e a reconstrução da parede abdominal:

- Meu pesadelo começou quando o médico solicitou a cirurgia para retirar o enorme volume de pele que ficou entre as pernas. Recebi uma carta do plano dizendo que o procedimento não constava no rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e não seria autorizado. Entrei em desespero, implorei uma perícia para que o médico avaliasse e concluísse que não se tratava de cirurgia estética. O laudo dizia que eu tinha dificuldade de caminhar, mas de nada adiantou. Decidi procurar a Defensoria Pública, e a juíza deferiu a meu favor. Preciso fazer uma segunda cirurgia nas pernas, além de correções nas mamas e braços. (O Globo)

Com caminho asfaltado, Brasil alcança Pacífico via Transoceânica

Foi preciso domar os caprichos da natureza para transformar em realidade o sonho de pavimentar o caminho do Brasil ao Oceano Pacífico. Mas, para tirar definitivamente do papel a Transoceânica - projeto que nasceu em 2000 -, faltava construir uma pequena ponte sobre o Rio Madre de Dios, no Peru. Inaugurada, enfim, no último dia 15, a ponte se tornou um marco dessa complexa, singular e desafiadora rodovia, cujo megaprojeto binacional é assinado por um pool de empreiteiras brasileiras: Norberto Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Queiroz Galvão.

Pensada para ser um corredor de commodities, ainda não se sabe, contudo, se a rodovia vai realizar o sonho acalentado por anos pelo ex-presidente Lula. Talvez ela funcione mais como ferramenta de integração regional, incorporando áreas isoladas do Peru, e menos como uma estrada para escoar para a Ásia, via Pacífico, produtos do Centro-Oeste brasileiro, como carne, minério e soja. Isso porque a rodovia é estreita, sinuosa e remota, o que aumenta os gastos com combustível e manutenção dos caminhões.

- A integração física poderia ser também comercial, se fosse assinado acordo de livre comércio entre os dois países - avalia o diretor de Sustentabilidade da Odebrecht Peru, Delcy Machado Filho, comentando que o megassonho de um corredor de >itamade in Brazil.

Se a origem for Santos (SP), para se chegar ao Pacífico pela estrada é preciso percorrer 2,6 mil quilômetros até os portos peruanos de Ilo, Matarani e San Juan de Marcona, todos à beira do oceano.

A Odebrecht investiu US$ 1,25 bilhão para explorar por 25 anos o maior trecho da estrada, batizado de Interoceânica Sul. São 710 km de asfalto no pedaço que começa em Cuzco, passa por Puerto Maldonado, na região de Madre de Dios, e chega a Assis Brasil, no Acre. É nesse ponto, na fronteira entre os dois países, que foi preciso levantar a ponte Billinghurst sobre o Rio Madre de Dios, que desemboca no Brasil com o nome de Madeira.

Ao custo de US$ 32 milhões, a enorme estrutura metálica da Billinghurst, de 722,9 metros de extensão e altura correspondente a um prédio de 25 andares, era o último elo que faltava para concluir um negócio que começou a ser discutido nos anos 2000, durante a Cúpula dos Presidentes da América do Sul.(O Globo)

sexta-feira, 29 de julho de 2011

UGT defende diálogo com governo da presidente Dilma em cima da pauta das 40 horas semanais e do Fim do Fator Previdenciário

Carvalho tenta reaproximar governo de centrais sindicais

A presidente Dilma Rousseff determinou ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que não sejam liberados financiamentos a empresas que desrespeitem os direitos de seus trabalhadores, informou ontem o chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Sem dar mais detalhes ou revelar o nome da companhia citada, o ministro contou ter recebido denúncias de que operários de grande empresa estariam sofrendo maus tratos. Carvalho disse que, em seguida, foi ao gabinete de Dilma para repassar a queixa. A presidente, narrou o ministro, automaticamente telefonou para Luciano Coutinho, presidente do BNDES, e ordenou: "Luciano, não quero um tostão para empresa que não respeita o trabalhador".

Pouco tempo depois, prosseguiu o ministro, a empresa, que tentava obter crédito para executar outra obra, entrou em contato com o Palácio do Planalto para resolver a situação. Carvalho não revelou o desfecho da história.

O ministro contou a história ontem em seminário sobre a participação social no processo decisório do governo. "O governo não vai contemporizar com qualquer tipo de infringência às normas e queremos avançar", afirmou.

As declarações feitas por Carvalho foram recebidas pelo BNDES com naturalidade. Desde o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o banco passou a incluir uma cláusula social em seus contratos. O mecanismo abre a possibilidade para o banco interromper o financiamento ou até mesmo pedir o pagamento adiantado das dívidas de empresas que não estiverem cumprindo garantias ambientais e sociais previstas em contratos. O BNDES, informou ontem sua assessoria, pode lançar mão dessas medidas se as denúncias forem comprovadas.

A cláusula social dos contratos do BNDES, adotada após gestões realizadas por movimentos sociais e Luiz Dulci, antecessor de Gilberto Carvalho na Secretaria-Geral da Presidência, reforçou a política de responsabilidade social do banco. O BNDES também não financia projetos sem licenças ambientais e empresas que constem do cadastro de trabalho escravo do Ministério do Trabalho e Emprego.

Em março, duas grandes construtoras, Camargo Corrêa e Odebrecht, enfrentaram graves problemas com milhares de trabalhadores insatisfeitos com as condições de trabalho nos canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. O episódio, que contou com cenas de vandalismo e disputas entre as centrais sindicais, levou o governo a criar mesa de negociação para intermediar os interesses das empresas do setor de construção e as demandas dos sindicalistas.

Consultadas se a determinação da presidente Dilma Rousseff atingiria suas obras, Odebrecht e Camargo Corrêa não comentaram o assunto. A Odebrecht ressaltou que cumpre rigorosamente a legislação trabalhista. E o ministro assegurou ontem que o governo tem tomado providências para que os mesmos problemas não se repitam na construção da usina de Belo Monte, no Pará.

Em sua palestra, Gilberto Carvalho negou que esteja ocorrendo um afastamento entre o governo Dilma Rousseff e os movimentos sociais. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência enumerou as iniciativas do Palácio do Planalto para aproximar os segmentos organizados da sociedade dos debates conduzidos pelo governo.

Citou, por exemplo, as mesas de negociação criadas para discutir o reajuste do salário mínimo, as condições de trabalho na construção civil e mudanças no sistema previdenciário. O governo também pediu contribuições da sociedade na elaboração do Plano Plurianual (PPA) de 2012.

"Nunca o movimento sindical esteve, como no governo Dilma, tão presente aqui dentro do Palácio e discutindo cada uma das questões", ressaltou, acrescentando que estranhou recentes queixas feitas por sindicalistas.

Perguntado se a aproximação da Força Sindical com o PSDB em Minas Gerais seria um reflexo das críticas de falta de interlocução com o governo, o ministro discordou. "As opções partidárias nós respeitamos. Nem todo sindicalista tem que estar próximo ao governo e nem todos devem estar filiados a partidos da base do governo", respondeu. "Não vejo que qualquer diálogo com outros partidos se dê por conta da falta de diálogo com o governo. Isso não." (Valor)

Governo vai apertar fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos

O governo resolveu apertar a fiscalização sobre as carteiras de crédito dos bancos para evitar fraudes, como as que ocorreram no banco PanAmericano, que precisou de recursos do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), em 2010, para não quebrar. As instituições serão obrigadas a registrar todas as operações de "cessão de crédito", como são chamadas no jargão financeiro.

A determinação foi feita por meio de resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN). Isso significa que, sempre que passar para outro banco uma carteira de crédito de pessoas físicas ou jurídicas, a instituição terá que informar a transação, segundo o chefe do Departamento de Normas do Banco Central (BC), Sérgio Odilon dos Anjos.

- Esse sistema de registro dá conforto e transparência. É muito bom para os controles do BC. Favorece a rigidez do sistema financeiro, dadas as características do mercado de cessão. A medida traz segurança - disse.

Odilon dos Anjos afirma que a iniciativa já vinha sendo estudada e era uma demanda do próprio sistema financeiro. Isso porque, quanto mais transparente for este mercado, menores os riscos e, portanto, os custos impostos às instituições. Mas a medida foi publicada meses depois

Os problemas do PanAmericano, que apresentou um rombo de mais de R$ 4 bilhões, foram identificados a partir de "inconsistências contábeis" em seus balanços. A instituição não teria dado baixa nas carteiras vendidas. A falta de transparência do sistema acabou por secar a fonte de recursos para instituições financeiras de menor porte que conseguiam captar recursos ao passar adiante as suas carteiras de crédito.

Os registros obrigatórios começarão pelas operações com crédito consignado e de financiamento de veículo, que, atualmente, representam o maior volume de transações entre os bancos. A medida começa a valer em 22 de agosto. Posteriormente, o BC pode estender a obrigação para outras modalidades de crédito.

- As cessões de crédito relativas a empréstimos e financiamentos com consignação das prestações em folha de pagamento, bem como de financiamento de veículos, deverão ser registradas, pelo cedente e pelo cessionário, em sistemas de registro e de liquidação financeira de ativos autorizados pelo Banco Central do Brasil.(O Globo)

BC indica que ciclo de alta dos juros está perto do fim
Instituição diz que medidas de restrição ao crédito ainda reduzirão inflação. Ata sobre reunião na semana passada que subiu juros para 12,50% mostra preocupação com cenário externo.
O Banco Central reforçou as apostas de que o ciclo de alta dos juros está próximo do fim, com a divulgação ontem da ata do Copom (Comitê de Política Monetária).
Um dos sinais de que o BC poderá interromper em breve o aperto monetário é a avaliação de que as medidas de restrição ao crédito e o aumento recente dos juros ainda terão seus efeitos incorporados aos preços, o que tende a se acentuar neste semestre.
No documento em que explica porque elevou a taxa básica de 12,25% para 12,50% ao ano na semana passada, o BC avalia que o cenário para a inflação mostra sinais mais favoráveis.
As projeções divulgadas na ata, no entanto, mostram o contrário. A estimativa para 2012 continua acima do centro da meta de 4,5%. Somente no primeiro semestre de 2013, a projeção oficial fica "ao redor" desse patamar.
O BC destaca ainda a "deterioração adicional" no cenário externo. Aumentaram as preocupações com as dívidas de países e bancos europeus e com a possibilidade de desaceleração econômica na China. Esses são fatores que podem contribuir para segurar os preços no Brasil.
A instituição faz, no entanto, ressalvas. Avalia que incertezas, principalmente fora do país, não permitem identificar "com clareza" a persistência de pressões inflacionárias recentes.
A expansão da oferta de crédito, por exemplo, tende a persistir, apesar das indicações de que houve "certo arrefecimento". O mercado de trabalho também segue preocupando, por conta dos reajustes salariais.
Por isso, o BC deixou aberta a possibilidade de promover mais elevações na taxa de juros, se necessário.
Cristiano Souza, economista sênior do Santander, avalia que as projeções de inflação acima do centro da meta indicam que são necessárias mais elevações de juros. Ele projeta mais duas, para 13% ao ano:
"Não é um cenário tranquilo. O trabalho não pode ser considerado terminado."
Para ele, não houve melhora que justifique uma parada no ciclo de aperto monetário. "É possível que isso aconteça, mas a probabilidade é baixa", avalia.
O Itaú-Unibanco, por outro lado, projeta uma última alta de juros em agosto, para 12,75% ao ano, mas diz que a chance de que a taxa básica pare de subir é elevada.
Segundo a instituição, a piora do cenário externo e a maior convicção do BC de que a atividade doméstica está desacelerando sugerem a proximidade ou o fim do processo de alta dos juros. (Folha)

Vale anuncia lucro recorde de R$ 10,27 bi no segundo trimestre

No acumulado do ano, lucro tem crescimento de 126% e já chega a R$ 21,5 bilhões.

A Vale registrou no segundo trimestre deste ano lucro líquido de R$ 10,275 bilhões, 54,9% superior ao obtido no segundo trimestre de 2010. Foi o maior já verificado pela companhia em segundo trimestre. Na comparação dos dois períodos, a receita líquida da mineradora cresceu 34,9%. No segundo trimestre de 2011, ela atingiu R$ 25,614 bilhões.

Os preços mais elevados dos produtos no segundo trimestre contribuíram positivamente para a receita da Vale, com US$ 1,344 bilhão, segundo o balanço. No acumulado do semestre, o lucro avançou 126,7%, somando R$ 21,566 bilhões. A receita líquida aumentou 53,7%, para R$ 49,187 bilhões. O balanço foi o primeiro da gestão do novo presidente, Murilo Ferreira, que em maio substituiu a Roger Agnelli, no cargo ao longo dos últimos dez anos.

A Vale informou ter reduzido a dívida líquida para US$ 11,232 bilhões no segundo trimestre do ano, abaixo dos US$ 17,724 bilhões do mesmo período do ano anterior. No trimestre anterior, o primeiro de 2011, a dívida líquida foi de US$ 11,936 bilhões. A dívida bruta total em 30 de junho era de US$ 24,459 bilhões, segundo o comunicado da empresa.

A companhia revelou ter pago em abril a primeira parcela do dividendo mínimo de 2011 aos acionistas, de US$ 2 bilhões. A Vale registrou resultado financeiro líquido positivo de US$ 648 milhões no trimestre. No mesmo período do ano passado, os indicadores foram negativos: US$ 491 milhões.

A mineradora anunciou também ter realizado investimentos de US$ 4,036 bilhões no segundo trimestre, o que representa crescimento de 47,1% em relação ao primeiro trimestre. Na comparação com o segundo trimestre de 2010, a alta foi de 69,9%. A companhia informou ter investido 28% do total orçado para 2011, com aportes de US$ 6,779 bilhões no primeiro semestre. Ela programou investimentos de US$ 24 bilhões este ano.

Preço maior. No segundo trimestre, a mineradora operou com o preço médio de US$ 145,30 por tonelada na venda de minério de ferro, o que representa aumento de 15,14% diante dos US$ 126,19 no primeiro trimestre e de 58% na comparação com o mesmo período de 2010. O preço médio de pelotas ficou em US$ 206,07 por tonelada - alta de 13,6% na comparação com o trimestre anterior e de 34% em relação ao período de 2010.

As vendas do minério pela Vale somaram 60,642 milhões de toneladas no segundo trimestre, volume correspondente a um incremento de 6,23% frente ao mesmo período do ano passado (57,081 milhões de toneladas vendidas). As vendas de pelotas apresentaram ligeiro recuo no período, de 12,946 milhões para 12,861 milhões de toneladas.

A mineradora informou que as operações no segundo trimestre continuaram influenciadas pela chuva intensa em Carajás (PA), o que também desacelera o processo de descarga de trens no terminal marítimo de Ponta da Madeira, por causa do grau mais elevado de umidade do minério. A companhia diz que houve problemas com um virador de vagões em manutenção no trimestre.

Com a venda de ferro, a Vale obteve receita de US$ 9,102 bilhões no segundo trimestre, cifra superior aos US$ 5,435 bilhões apurados no mesmo período de 2010. As vendas de pelotas geraram US$ 2,113 bilhões, inferior aos US$ 1,610 bilhões do mesmo intervalo do exercício anterior.

A participação da China no total de minério de ferro e pelotas vendido pela Vale no segundo trimestre registrou pequena queda, passando para 41,7%. No trimestre imediatamente anterior, a fatia chinesa era de 42,3%. A Vale exportou para a China 30,6 milhões de toneladas de minério no segundo trimestre, contra 29 milhões de toneladas no trimestre anterior. As vendas para a Ásia somaram 45 milhões de toneladas, respondendo por 61,2% das vendas da mineradora. No trimestre anterior, a fatia asiática era de 60,7%.

Já a fatia da Europa apresentou leve recuperação, de 20,4% para 20,6%. (Estado)

Melhor negócios migrarem para exterior do que a indústria, diz Gianetti

O aperto no controle das operações de câmbio no mercado futuro agradou aos exportadores, apesar das críticas levantadas no mercado financeiro, garante o diretor do departamento de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. "Estão dizendo que o mercado de câmbio vai migrar para o exterior; melhor assim do que ver migrar a indústria", ironizou o executivo, um dos mais experientes traders do país. "Os especuladores perderam a teta da vaca", diz Gianetti.

O diretor da Fiesp afirma ser exagero o temor de migração do mercado de câmbio, porque é o Banco Central, hoje, a principal ponta compradora nos mercados futuros de dólar. "O mercado brasileiro de derivativos de câmbio é hoje o segundo maior do mundo, só perde para o Japão", diz Gianetti, ao rejeitar o argumento de que as operações com derivativos (venda e compra de dólares no mercado futuro) são pequenas demais para merecer a ação severa do governo.

Nos últimos três anos, segundo estudo da Fiesp, as transações no mercado futuro de câmbio superaram quatro vezes em média as do mercado à vista, o que contribuiu para que as operações com os chamados derivativos passassem a influir decisivamente na formação da taxa de câmbio. Segundo o Banco Internacional de Compensações (BIS), o normal em outros países é haver um mercado à vista maior que o de futuros, argumenta a Fiesp.

Gianetti informa que foi um dos primeiros empresários a sugerir ao Ministério da Fazenda medidas de controle do que chama de excessos especulativos no mercado futuro de câmbio. Ele contou com o apoio do então assessor do ministro da Fazenda, Guido Mantega, o economista Emílio Garófalo, hoje secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior (Camex). O diretor da Fiesp garante que a medida recebeu "entusiasmado aplauso do setor privado", embora venha sendo alvo de intensa pressão contrária por parte de operadores e executivos do mercado financeiro, que preveem redução dos recursos disponíveis para os mercados de hedge (operações de proteção contra risco).

"É bom que se reduza o mercado, que fiquem apenas as operações efetivamente de hedge, e não de especulação", diz Gianetti. "Podem ocorrer efeitos colaterais adversos para operações legitimas de hedge cambial e precisariam ser mitigados", reconhece o executivo, que, no entanto, acredita ser possível fazer o "ajuste fino das medidas" no Conselho Monetário Nacional (CMN).

O pacote anunciado na quarta-feira traz muitas das sugestões discutidas por Gianetti e Garófalo com Mantega, mas algumas medidas ainda podem ser adotadas, sugere o diretor da Fiesp. "Discutimos medidas para reduzir a atratividade e aumentar o risco nesses mercados", comenta ele. Hoje, 90% das operações têm menos de 30 dias, o que aumenta seu caráter especulativo, diz ele. Entre as medidas sugeridas pelo executivo, e ainda não adotadas, está a exigência de margens maiores nas operações no mercado futuro de câmbio - o que aumenta seu custo e afasta especuladores. (Valor)

Lucros da Cielo e Redecard caem um ano após fim da exclusividade
O fim da exclusividade entre bandeiras e credenciadoras de cartões de crédito, que completou um ano no início deste mês, se refletiu nos balanços do segundo trimestre das duas maiores operadoras do país: Cielo e Redecard.
A Cielo, que tinha exclusividade da bandeira Visa, teve queda de 7,5% no lucro líquido, estimado em R$ 423,6 milhões entre abril e junho últimos.
Já a Redecard, que operava com cartões da MasterCard, teve queda de 13,9% em seu lucro líquido, calculado em R$ 322,6 milhões no período.
Um dos principais motivos para as quedas nos lucros das empresas de cartões foi o aumento do poder de barganha dos lojistas, que pressionaram as operadoras para reduzir os preços.
De acordo com Cláudio Yamaguti, presidente da Redecard, a redução no lucro se explica tanto ao aumento da competitividade como às despesas em tecnologia que a empresa teve para se adaptar às mudanças.
O presidente da Cielo, Rômulo Dias, também relacionou a queda do lucro à diminuição da receita com os serviços prestados. Apesar disso, os dois presidentes veem como positiva a mudança.
"O lojista conta hoje com mais opções e nós podemos operar com várias bandeiras", afirma Dias.
"Completamos nossa cesta de produtos", diz Yamaguti. (Folha)