sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Novo salario mínimo distribuirá renda e combaterá miséria


Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT
A partir do ano que vem os trabalhadores da ativa, os aposentados e pensionistas que recebem salário mínimo vão perceber, no bolso, a política do salário mínimo costurada pelo governo do ex-presidente Lula e mantida por Dilma Rousseff, da qual a UGT e demais centrais sindicais tiveram participação decisiva. Se trata de uma política pública focada na valorização do salario mínimo com efeitos diretos na distribuição de renda e no combate à miséria que é uma preocupação constante da UGT, desde sua fundação e que foi incorporada pela presidente Dilma Rousseff como uma missão de seu governo. Ainda estamos longe das definições constitucionais do salario mínimo mas já é um avanço que devemos reconhecer, manter e ampliar combinando com outras políticas públicas a favor da geração de empregos, de estímulo à produção e seguir no caminho da redução das atuais taxas de juros, ainda as mais altas do planeta.

Relatório do Orçamento indica salário mínimo de R$ 622,20 em 2012
Influenciado pela trajetória ascendente da inflação, o relatório preliminar do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2012, apresentado hoje à Comissão Mista de Orçamento, indica um aumento do salário mínimo ainda maior do que o previsto inicialmente pelo governo. A reestimativa aumentou, de R$ 619,21 para R$ 622,20, o salário que passará a vigorar a partir de janeiro de 2012. Hoje, o mínimo é de R$ 545.
O parecer preliminar detalha que, com a nova estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 6,2%, o novo salário mínimo será quase R$ 3 superior ao projetado. “Isso indica a necessidade de revisão do salário mínimo e dos benefícios a ele vinculados”, disse o relator do PLOA, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) ao Valor. “A mudança do INPC levará também a reajuste maior para os benefícios da Previdência superiores ao salário mínimo”.
O texto de Chinaglia manteve os principais parâmetros macroeconômicos, como a estimativa de crescimento do PIB, apresentados pelo governo para a proposta orçamentária.
O reajuste salarial foi formalizado, em 2001, pela Lei nº 12.382, que definiu o cálculo com base na inflação medida pelo INPC dos últimos 12 meses, além do crescimento da economia (variação do PIB) de dois anos antes. A legislação estabeleceu essa regra para reajustes até 2015.
Atualmente, o PLOA 2012 trabalha com o INPC em 5,7%. A reestimativa de 6,2%, citada pelo deputado, tem como base levantamentos realizados pelo Banco Central. Questionado sobre o impacto da inflação no orçamento, Chinaglia disse que “temos que esperar até o final do ano” o resultado do INPC.
O relator ponderou ainda que o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa Selic nas últimas reuniões e considera a possibilidade de novos cortes. (Valor)

BC deve levar juro para 9,5% em 2012, diz Werlang
O ex-diretor do Banco Central (BC) e atual vice-presidente-executivo do Itaú Unibanco, Sérgio Werlang, afirmou em entrevista à Agência Estado que a desaceleração da demanda agregada e a consequente baixa da inflação devem levar o BC a reduzir os juros para "pelo menos 9,5% até meados do próximo ano." Segundo ele, é claro que o nível de atividade perdeu vigor em função de ações do governo para reduzir o consumo, como o aumento dos juros de 10,75% para 12,50% de janeiro a julho, as medidas de restrições do ritmo de concessão de crédito e a decisão do Poder Executivo de reduzir os gastos, o que está contemplado no cumprimento do contingenciamento de R$ 50 bilhões de recursos do Orçamento deste ano.
Poucos analistas duvidam que o governo vai entregar a meta cheia de superávit primário neste ano, pois, além de ter condições de economizar R$ 117,89 bilhões, a administração federal prometeu elevar esse montante para R$ 127,89 bilhões em 2011.
Segundo Werlang, o agravamento da crise externa desde meados de agosto vai agregar elementos desinflacionários ao Brasil nos próximos meses. Hoje, muitos analistas internacionais e autoridades do governo, como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, avaliam que a Grécia vai passar por um default organizado da sua dívida soberana.
Adicionado a esse fato, há a necessidade reconhecida por autoridades europeias, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, de recapitalização de bancos europeus em volume que pode chegar a 200 bilhões de euros, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
"Nossos modelos mostram que, com a desaceleração externa, acoplada à redução do nível de atividade interna causada pelas restrições da demanda já registradas, há espaço para a queda de juros no Brasil para 9,5% até meados do próximo ano", disse o vice-presidente do Itaú Unibanco.
Nesse contexto de desaceleração do nível de atividade, Werlang destaca que a inflação inevitavelmente vai cair e mostrar no próximo ano seu novo patamar, que será mais próximo da meta de 4,5% - e não a atual marca de 7,3% exibida pelo IPCA de setembro no acumulado de 12 meses. O BC acredita que o IPCA vai baixar para 5,3% em abril ou maio, também no acumulado no horizonte de um ano.
Segundo ele, como o mercado vai começar a perceber que o cenário do BC de convergência da inflação ao centro daquela meta em 2012 é o mais correto, as expectativas para a inflação relativas ao próximo ano vão começar a baixar e ir na direção apontada pelo BC. "Isso vai acontecer. É apenas uma questão de tempo", afirmou. Segundo Werlang, com a redução da velocidade do nível de atividade, o Brasil deve crescer 3,2% em 2011 e avançar 3,5% em 2012. (Estado)

Governo quer transformar ABC paulista em polo da indústria de defesa
O governo federal tem planos de incentivar a instalação de empresas ligadas à indústria da defesa no ABC paulista. Durante seminário sobre o tema, realizado nesta quinta-feira em São Bernardo do Campo, o assessor especial do ministério da Defesa, José Genoino, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, afirmaram que a região possui os atributos necessários para a formação de um polo industrial que envolveria empresas nacionais, internacionais, centros de pesquisa e instituições de ensino superior.
A intenção do governo é de oferecer linhas de crédito para aqueles que se instalarem na região. Grupos internacionais do setor teriam um terço do capital das novas empresas e seriam obrigados a produzir no país. Em contrapartida, teriam de transferir tecnologia.
Para atrair investimentos, um dos primeiros passos foi a Medida Provisória nº 544, publicada no final de setembro, que prevê a desoneração do setor e acelera licitações públicas, dando mais agilidade aos processos. Para Coutinho, quando medida similar foi adotada no setor de aviação, a Embraer cresceu. Agora o governo quer estender o programa a todos os setores ligados à indústria da defesa.
A existência de uma forte base industrial na região coloca o ABC como o local mais atrativo às novas empresas, na avaliação do coronel Alexandre Lemos, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). “Temos indústrias de plásticos, química, autopeças e automobilísticas que já estão aqui. Já temos uma infraestrutura”, afirma.
Enquanto o Ministério da Defesa terá a função de coordenar os projetos e auxiliar a iniciativa privada, caberá ao BNDES liberar as linhas de crédito. No entanto, ainda não há estimativa de incentivos para as empresas se instalarem na região. Para o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, a verba poderia vir de parte dos royalties do pré-sal, o que está em discussão no congresso. “A indústria de defesa ressurge em um momento em que os olhos do mundo estão voltados ao Brasil, em um ambiente favorável como o ABC. O país caminha para ser a quinta maior economia do mundo, não tem como não ter uma indústria da defesa. Além disso, ela é estratégica, pois promove o desenvolvimento tecnológico”, diz.
Um dos pilares da indústria de defesa é a alta tecnologia. Também por isso o ABC leva vantagem em relação às regiões do Vale do Paraíba e de Campinas, no interior paulista, onde já existe indústria brasileira do setor. Convênios com as universidades locais, além de centros de pesquisa e desenvolvimento estão sendo estudados. Um primeiro passo nessa direção foi dado em maio deste ano, com a inauguração do Centro de Pesquisa e Inovação Sueco-Brasileiro (CISB), em São Bernardo do Campo. Até o começo de novembro, 30 projetos ligados à indústria da defesa estavam em andamento no centro.
A iniciativa é fruto de um acordo entre a prefeitura de São Bernardo e a empresa sueca Saab, fabricante do caça supersônico Gripen. O prefeito Luiz Marinho disse existirem interessados em se instalar na região, mas não quis dar detalhes. “É preciso muito sigilo. Na hora certa vamos falar. Mas há conversas [com empesas estrangeiras]”, afirma.
Em 2010, a União investiu R$ 7,2 bilhões em defesa.  O orçamento total para o setor representou 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no ano. Para 2011, a previsão é de que o governo destine 4,3% do PIB para defesa. (Valor)


Sobe o índice de sobrevivência de micros e pequenas
O índice de micro e pequenas empresas (MPEs) que sobrevivem aos seus dois primeiros anos de funcionamento cresceu 46,2% no País para nível similar ao de nações desenvolvidas, informa pesquisa do Sebrae, divulgada hoje em São Paulo. Sete em cada dez empreendimentos (73,1%) criados no ano de 2006 superaram esse período, considerado o mais crítico por causa da falta de base de clientes e dificuldades de gestão. Em 2004, de acordo com o Sebrae, apenas metade delas resistiram.
A pesquisa Taxa de Sobrevivência de Micro e Pequenas Empresas no Brasil utilizou este ano, pela primeira vez, dados da Receita Federal para monitorar as empresas em funcionamento criadas em 2006. De acordo com o Sebrae, a margem de erro é zero. Antes, a entidade realizava pesquisas de campo para divulgar o índice. Não estão incluídas atividades agrícolas.
O estudo mostra que os maiores índices estão no setor industrial, no qual 75,1% dos negócios sobrevivem aos anos mais críticos. Os empreendimentos comerciais apresentam taxa de 74,1%, enquanto aqueles pertencentes ao setor de serviços apresentam índice de 71,7% e os de construção civil, 66,2%. "A sobrevivência no setor industrial é maior porque exige maior grau de planejamento em razão das especificidades tecnológicas e de gestão", justificou o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto, durante a apresentação dos dados.
O índice nacional de 73,1% está acima do verificado na Finlândia (63,2%), Itália (67,9%) e Espanha (69,3%), e um pouco atrás de Canadá (73,8%), Estônia (74,9%) e Luxemburgo (76,3%). Os dados europeus são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). "O índice do Brasil é muito competitivo", disse Barretto. "Coloca o País num patamar aceitável e muito próximo dos países desenvolvidos."
Segundo o presidente do Sebrae Nacional, além do crescimento da economia brasileira nos últimos anos, dois fatores influenciaram a melhora no índice. O primeiro deles foi a instituição da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas e, consequentemente, a introdução do sistema Supersimples, que deu estímulos e incentivos fiscais para o setor. De acordo com Barretto, hoje são criados anualmente 500 mil micro e pequenos negócios, totalizando 5,9 milhões existentes atualmente - que representam 99% do total de empresas e mais da metade dos empregos formais do País. Há cinco anos, antes do Supersimples, havia 1,3 milhão de MPEs. "Houve uma resposta muito positiva ao ambiente legal", afirmou.
A segunda contribuição para o maior sucesso das MPEs é o aumento da capacitação do pequeno empreendedor. "Quanto mais alta a escolaridade do empresário, maior chance de sobrevivência no mercado ele tem", destacou o presidente do Sebrae. Isso explica, segundo ele, parte do sucesso da Região Sudeste na taxa de empresas que resistiram aos dois primeiros anos de vida - 76,6%. "Educação e capacitação têm reflexo na gestão empresarial. Por isso, o Sudeste tem médias melhores. Além de mercado, tem índice de escolaridade maior e mais informação disponível", explicou.
A Região Norte é a que apresenta a menor taxa de sobrevivência de MPEs, de 66%, enquanto Centro-Oeste aparece com 68,3%, Nordeste, com 69,1% e Sul, com 71,7%. Na análise por Estados, porém, é do Norte e do Nordeste que vêm os melhores desempenhos. Roraima, Paraíba e Ceará apresentam índice de 79%, seguidos de perto por Minas Gerais (78%) e São Paulo (77%). Além desses Estados, completam a lista de taxas acima da média nacional: Distrito Federal, Piauí, Alagoas, Rondônia e Espírito Santo. (Estado)

STF adia IPI maior para carro importado
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por liminar, a validade imediata do aumento da alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados. A decisão foi tomada ontem, por unanimidade, no julgamento de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) proposta pelo DEM. Segundo o partido, os novos valores só poderiam vigorar 90 dias após a publicação do decreto que aumentou a alíquota. A Corte concordou com a tese. Como o decreto foi publicado em 15 de setembro, o aumento só valerá a partir de 16 de dezembro.
O decreto determinou a elevação de 30 pontos percentuais do IPI para veículos com mais de 35% de componentes produzidos fora do país e do Mercosul, para proteger a indústria nacional da invasão de carros importados, principalmente da China. Na ação, o DEM lembrou que o cidadão não pode ser surpreendido com um novo imposto sem que seja respeitado um tempo mínimo de intervalo entre a criação da norma e a validade dela. O período de 90 dias é garantia expressa no artigo 150 da Constituição.
No julgamento, os nove ministros do STF presentes concordaram que a liminar tem validade retroativa, a partir de 15 de setembro. Ou seja, o consumidor que tiver pago o IPI maior nesse período poderá cobrar o ressarcimento do dinheiro na Justiça. Apenas o relator, Marco Aurélio Mello, defendeu que a decisão tivesse validade a partir desta quinta-feira.
Por ser liminar, a decisão de ontem é provisória, embora a tendência seja o STF confirmar o entendimento, quando apreciar o mérito da Adin.
- Alguém que tenha pago (IPI mais caro) poderá pedir reparação na Justiça - explicou Marco Aurélio.
Reembolso pode ser pedido na Receita
O presidente do tribunal, Cezar Peluso, foi enfático ao sustentar que um decreto não poderia ter violado uma garantia constitucional:
- Se nem por lei isso é possível, não poderia ser por via de decreto.
Em defesa do governo, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, citou números da balança comercial de automóveis. Segundo ele, de janeiro a agosto deste ano, ela ficou negativa em R$ 3 bilhões. Em contrapartida, a venda de carros importados teria crescido entre agosto e setembro.
- O disposto que está no decreto nada mais faz do que regulamentar legislação previamente estabelecida dentro da margem regulatória que a lei permite - disse Adams.
Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento não quiserem comentar a decisão do STF.
A elevação do IPI também está sendo alvo de questionamento na Organização Mundial do Comércio (OMC). Na sexta-feira da semana passada, durante reunião do comitê de acesso a mercados, representantes de Japão, Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos e União Europeia pediram à delegação brasileira explicações sobre a medida, que teve como objetivo claro proteger a indústria nacional da competição dos importados mais baratos.(O Globo)

Roupa e sapato lideram inadimplência no varejo em setembro
A compra parcelada de roupas e calçados foi a principal causa de inadimplência dos consumidores, em setembro. Segundo pesquisa realizada pela Boa Vista Serviços e pela Associação Comercial de São Paulo, 26% dos entrevistados afirmaram que o consumo desses produtos resultou em inadimplência. Em setembro de 2010, o percentual era de 21%.
Os eletrodomésticos foram apontados pelo estudo como a segunda maior causa de inadimplência, com 19% do total. Em seguida apareceram empréstimo pessoal e alimentação, ambos com 10%.
A pesquisa revelou também que 63% dos entrevistados pretendem quitar seus débitos nos próximos 30 dias, e que 85% deles vão usar o salário para pagar suas dívidas, cortando gastos para poder saldar seus compromissos.(O Globo)

Novas regras para cheques entram em vigor na próxima semana
A partir da próxima sexta-feira, dia 28, as folhas de cheques emitidas pelos bancos deverão incluir a data de impressão. A exigência é uma das medidas estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) na Resolução nº 3.972, que tem por objetivo evitar problemas relacionados à fraude e mau uso de cheques.
"A data de emissão impressa nas folhas será importante para a avaliação de riscos no recebimento de cheques, já que a maioria das fraudes com folha de cheque roubado envolve formulários impressos há mais de um ano", explica Fernando Quércia, advogado e sócio do Fernando Quércia Advogados Associados.
A nova regulamentação obriga também os bancos a disponibilizarem informações sobre diversas ocorrências relativas a um determinado cheque, visando aumentar a segurança no momento de seu recebimento, especialmente por estabelecimentos comerciais.
"Essas informações permitirão que o recebedor saiba, no ato da apresentação para pagamento, se o cheque está bloqueado por falta de confirmação de recebimento pelo correntista, ou se o documento está vinculado a conta de depósitos encerrada, entre outras ocorrências", ressalta o Banco Central (BC), em nota à imprensa.(O Globo)

Juro conta mais que valor da parcela
Pela primeira vez, o brasileiro passou a considerar o juro na hora de decidir tomar (ou não) um empréstimo, revela um estudo feito pela Serasa Experian e pelo Instituto Geoc, que reúne as principais empresas de cobrança do país, sobre o comportamento do consumidor de crédito.
O valor das taxas cobradas pelas instituições financeiras encabeça a lista dos fatores que pesam na disposição de assumir uma dívida, sendo citado por 64% dos mil entrevistados para a pesquisa "A voz do consumidor", em sua sétima edição anual.
A preocupação com a taxa de juro desbancou, inclusive, o elemento "valor da parcela" - aquela que cabe no bolso -, até então o principal aspecto que o consumidor dizia levar em consideração para fazer um financiamento, tendo sido mencionado por apenas 36% dos entrevistados.
Mas, da teoria para a prática, lá se vai uma longa distância. A mesma pesquisa sobre o comportamento do consumidor de crédito mostra que 18% dos brasileiros não têm ideia de quanto gastam por mês. Pagamento do valor mínimo do cartão e uso abusivo do cheque especial são algumas das práticas que corroboram para o desequilíbrio financeiro.
A perda de controle dos gastos é, aliás, a segunda principal fonte de inadimplência, atrás do desemprego. Segundo a Serasa, 35% dos brasileiros possuíam, em agosto, dívidas em atraso. Do total de CPFs registrados no cadastro negativo do birô de crédito, 57% dos portadores têm dívidas com mais de um credor.
Na avaliação de Carlos Zanchi, vice-presidente do Instituto Geoc, houve, sim, uma evolução no comportamento do consumidor em relação ao crédito, evidenciada pela preocupação com a taxa de juro cobrada nos empréstimos. "Os primeiros resultados da educação financeira estão começando a aparecer", diz. O nível de desconhecimento, porém, ainda é elevado.
A maior parte dos entrevistados (62%), por exemplo, consideram o uso do cheque especial como parte da renda. Cheque especial e cartão de crédito são as linhas para pessoas físicas que mais crescem no ano. "Apesar da percepção de que a taxa de juro é alta, o cheque especial e o rotativo são linhas facilmente disponíveis, por isso o consumidor acaba utilizando essas modalidades", observa Zanchi.
Há ainda uma percepção de que o consumidor endividado se sente, no momento, perdido. Dos mil entrevistados, 40% não sabem o valor total das contas ou parcelas pendentes e 20% dos consumidores não sabem como resolver o problema do endividamento ou, simplesmente, não farão nada para resolvê-lo. (Valor)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Decisão a favor do País e um alerta aos agiotas


por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT
A União Geral dos Trabalhadores (UGT) apóia a decisão do Copom em reduzir a Taxa Selic em 0,5 pontos. Lamenta apenas ter faltado ousadia a favor do Brasil e se adotar uma redução mais enérgica, de pelo menos um ponto percentual. Isso sim, seria uma decisão pelo Brasil, pela geração de empregos e pela prudução, mesmo assim é um alerta aos agiotas e especuladores de que nossa economia tem novo rumo e que aagitoagem no País está com os dias contados.   

BC corta juro de novo para segurar economia
Instituição reduz em 0,5 ponto a taxa básica de juros para atenuar efeitos da crise internacional sobre o Brasil. Expectativa é que inflação desacelere a partir deste mês, e fique dentro do limite fixado pelo governo em 2012De olho no crescimento da economia no ano que vem, o Banco Central decidiu baixar mais uma vez a taxa básica de juros da economia, que serve como referência para os bancos fixarem o custo de empréstimos no país.
A taxa foi reduzida em meio ponto percentual, para 11,5% ao ano. O objetivo do BC é evitar que o agravamento da crise na Europa e nos Estados Unidos esfrie demais a economia brasileira nos próximos meses.
Ao justificar a decisão, o BC reafirmou em nota a estratégia que adotou para conter a inflação mesmo afrouxando os juros, principal instrumento de que dispõe para segurar os preços.
A decisão do BC era esperada pelos economistas do mercado, que em geral acham a escolha feita pelo BC muito arriscada, porque a inflação subiu muito neste ano.
O BC pretende fazer a inflação se reaproximar do centro da meta estabelecida pelo governo, de 4,5%, no ano que vem. Nos 12 meses encerrados em setembro, a inflação atingiu 7,31%, acima do limite superior da meta, 6,5%.
Diante da expectativa do BC de que o crescimento mundial terá uma queda mais brusca, com reflexos na economia brasileira, chegou-se a especular nas últimas semanas que o corte poderia ser mais agressivo.
Mas a decisão de cortar a taxa em meio ponto foi unânime entre os diretores do BC.
Segundo assessores da presidente Dilma Rousseff, o governo espera que o afrouxamento dos juros dure o tempo necessário para evitar que a economia cresça em 2012 menos do que neste ano, quando o governo conta com uma expansão de 3,5%.
Um corte maior na taxa seria motivo de comemoração no Planalto, mas o governo também se preocupa com a inflação, que tende a crescer se a economia ficar muito aquecida. Por isso, o governo prefere que a redução dos juros seja feita num ritmo mais moderado, ao longo de um período de tempo maior.
Assessores de Dilma acham que o ideal seria chegar ao fim do próximo ano com uma taxa de juros de um dígito e crescimento da economia perto de 4%.
O Banco Central acredita que a inflação começará a cair a partir deste mês. Na avaliação do governo, o crescimento deste ano já está praticamente definido.
Agora, todo o trabalho da equipe econômica será voltado para garantir o crescimento da economia brasileira no ano que vem. (Folha)

Brasil cai para 126º em ranking de ambiente de negócio
Relatório do Banco Mundial avalia desde facilidade para abrir empresa à inadimplência em 183 países. Chile, México e Argentina superam país; asiáticos, como Cingapura e China, lideram a lista.
Apenas 57 países têm ambiente para negócios pior do que o Brasil, afirma estudo anual do Banco Mundial lançado hoje. O país é o 126º dos 183 avaliados no relatório "Doing Business 2012" (Fazendo negócios em 2012) - queda de seis posições.
O relatório elogia o país por ter "melhorado o sistema de informação sobre crédito ao permitir que agências privadas coletem e divulguem dados positivos", o cadastro positivo, lei que cria uma lista de bons pagadores que ajuda empresas e instituições financeiras a decidirem a quem emprestar dinheiro.
Ainda assim, o Brasil tem um dos piores ambientes da América Latina: enquanto o Chile ficou em 39º, o México, em 53º, e a Argentina, em 113º, superamos apenas vizinhos politicamente instáveis, como Honduras, Equador, Bolívia e Venezuela (o país de Hugo Chávez é o 177º).
Na conta do Banco Mundial, estão na Ásia os países com melhor ambiente para negócios hoje: Cingapura lidera o ranking, seguida por Hong Kong e a ex-comunista China (Nova Zelândia, EUA e Dinamarca vêm em seguida).
O índice é calculado com base em dez indicadores, como facilidade em abrir um novo negócio e índices de inadimplência, além de questões práticas, como obter uma conexão elétrica. (Folha)


Renda sobe mais para quem não tem diploma
Remuneração do assalariado com ensino médio tem crescido, enquanto de quem tem curso superior estagnou
Enquanto empresas reclamam da falta de profissionais qualificados, pesquisas mostram que os maiores reajustes salariais têm sido destinados a quem não tem curso superior. Já a renda média de quem tem diploma universitário está praticamente estagnada.
Em 2007, quem tinha curso superior ganhava 168% mais do que aqueles que pararam no ensino médio, segundo um estudo da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Dois anos depois (dado mais recente), o número caiu para 156%.
Isso ocorre porque a remuneração dos menos instruídos tem subido mais do que a dos diplomados. De 2003 a 2010, a renda dos que têm curso superior aumentou apenas 0,3%, enquanto a da população ocupada em geral, 19%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para especialistas, um dos fatores que explicam esse movimento é a política de reajuste do salário mínimo, que leva em consideração não apenas a inflação, mas o crescimento do PIB (produto interno bruto). "O salário mínimo vai aumentar 14% no ano que vem. Provavelmente vai ser o maior reajuste de todos", afirma o pesquisador Arnaldo Mazzei Nogueira, professor da FEA-USP e da PUC-SP.
Com o aumento do mínimo, os sindicatos passam a pressionar também por elevações maiores nos pisos das categorias, explica o economista Sérgio Mendonça, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos). O resultado é um reajuste maior para os cargos mais baixos e um pouco menor para as funções médias ocupadas por quem tem curso universitário.
Mendonça observa, ainda, que a maior parte das vagas criadas nos últimos anos oferece uma remuneração entre dois e três salários mínimos e não exige diploma. Entre 2006 e 2010, foram gerados 2,1 milhões de empregos para quem tem superior completo e 6 milhões para quem tem nível médio.
Diploma insuficiente -- Outro fator que explica a estagnação salarial da população com curso superior é o fato de que cada vez mais pessoas entram nesse grupo - e nem todas obtêm um aumento de remuneração assim que concluem o curso.
"Ultimamente, ocorreu uma grande proliferação de cursos [superiores], alguns deles com qualidade contestável", afirma Constantino Cavalheiro, diretor da Catho Educação. "Deve ser observado até que ponto um profissional, mesmo com um certificado, apresenta o conhecimento e as qualificações de que as empresas necessitam."
Quando não é acompanhado pelo desenvolvimento de outras qualificações, o curso superior em muitos casos tem servido para gerar mão de obra em cargos operacionais, que exigem muita repetição e pouca análise. "Existem pessoas com curso superior de engenharia que trabalham na linha de montagem", conta Nogueira.
Com o aumento do número de pessoas que terminam o ensino médio e o superior, há, também, uma proporção cada vez maior de pessoas instruídas entre os desempregados. Em março de 2002, 37% dos desempregados tinham pelo menos 11 anos de estudo; em agosto de 2011, essa proporção era de 55%.
Apesar de a diferença entre os salários dos diplomados e dos não diplomados ser cada vez menor no Brasil, ela ainda é alta em comparação com países mais ricos e menos desiguais. Nos Estados Unidos, quem tem diploma universitário ganha 79% mais do que quem não tem; na Suécia, 26%.
"Provavelmente está havendo uma distribuição de renda [no Brasil] entre os assalariados, mas sem tocar nos ganhos de capital", avalia Nogueira. (Estado)

FGTS compra R$ 2,8 bilhões em créditos de Santander, Itaú e Caixa
Por Mônica Izaguirre e Carolina Mandl | De Brasília e São Paulo
O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai comprar até o fim do ano R$ 2,84 bilhões em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) lastreados em financiamentos habitacionais concedidos por diversos bancos, principalmente Caixa Econômica Federal, Santander e Itaú. A tranche da Caixa será fechada hoje, na maior operação de securitização de créditos imobiliários já feita no Brasil, onde o mercado secundário desses papéis ainda é incipiente.
A aquisição dos CRI será anunciada hoje pela Caixa, na condição de agente operador do FGTS. Do total liberado pelo fundo, R$ 1,535 bilhão ficarão com o próprio banco estatal, também o maior agente financeiro da habitação. O Santander ficará com R$ 700 milhões e o Itaú com R$ 578 milhões. O restante será pulverizado entre diversos bancos, entre eles o Citibank, informou o vice-presidente de fundos da Caixa, Fábio Ferreira Cleto.
Segundo ele, a emissão dos certificados da Caixa será feita pela Gaia Securitizadora, uma vez que essa modalidade de título não pode ser emitida diretamente por bancos. Os papéis vão render ao FGTS 6,38% ao ano além da Taxa Referencial (TR). O prazo total é de 239 meses, mas haverá pagamentos durante esse período, de acordo com o fluxo das operações de crédito que os lastreiam.
A demanda das instituições financeiras pelos recursos do FGTS chegou a R$ 5,5 bilhões, perto do dobro, portanto, do que foi disponibilizado. O fundo não podia ir além de R$ 2,84 bilhões porque esse foi o teto autorizado pelo seu conselho curador, explicou Cleto.
Diante da enorme distância entre o volume proposto pelos bancos e o que o FGTS podia comprar, a Caixa, como agente operador, estabeleceu um critério de corte das propostas. Conseguiram mais recursos as instituições que tinham em carteira mais financiamentos para imóveis de até R$ 200 mil, faixa à qual o FGTS dá prioridade.
Criado para ser um instrumento de mercado secundário de créditos imobiliários, embora não seja recente, só agora o CRI começa a ser utilizado em escala maior pelas instituições financeiras, como fonte alternativa de "funding" do setor imobiliário. A poupança ainda é a principal fonte. "Mas não está mais dando conta", afirma o vice-presidente de fundos da Caixa.
A entrada do FGTS no mercado de CRIs visa justamente a fomentar o mercado secundário. Segundo ele, os bancos não estão obrigados a reaplicar em novos financiamentos os recursos obtidos com a securitização. Mas ele acredita que essa é a tendência. Mais do que isso, o dinheiro novo deverá ser aplicado em imóveis de até R$ 200 mil, por causa da perspectiva de que essas novas operações também venham a ser securitizadas pelo FGTS.
A operação de hoje não é a primeira do tipo para o FGTS. Outras vinte já tinham sido feitas nos últimos nove anos, mas em valores muitíssimo inferiores. No total, o fundo já tinha adquirido R$ 130, 6 milhões em CRI até então. (Valor)

Mais da metade do país não tem rede de esgoto, aponta IBGE
As regiões Sudeste e Sul são as que mais ampliaram ou melhoraram o esgotamento sanitário em todo o país entre 2000 e 2008, ao passo que neste período o crescimento populacional ocorreu mais intensamente no Norte do Brasil, área onde praticamente não houve avanço do saneamento básico ou investimentos para o provimento deste serviço. As informações constam do Atlas de Saneamento 2011, divulgado nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em termos gerais, entre 2000 e 2008, houve aumento na proporção de cidades com acesso à rede de esgoto no país, que passou de 33,5% para 45,7%, ou 3.069 municípios, de acordo com dados coletados na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008. Do total de 5.564 municípios do país, 2.495 cidades estavam sem rede coletora de esgoto.
Das cinco regiões brasileiras, apenas no Sudeste mais da metade dos domicílios tinham acesso à rede de esgoto, contingente que chegou a 69,8%. No Centro-Oeste, a proporção foi de 33,7%, pouco superior aos 30,2% do Sul e aos 29,1% do Nordeste. O Norte do país tem o pior desempenho e apenas 3,5% de seu território tem cobertura de esgoto.
Dos municípios com rede de esgoto, apenas 1.587 possuíam tratamento em 2008, o que representa 29% das cidades brasileiras. Neste quesito, a melhor taxa também é verificada no Sudeste, onde 48% das cidades têm tratamento de esgoto, enquanto o Norte mais uma vez apresentou o pior resultado, com 8%.
Os números, para o IBGE, retratam o histórico de ocupação do território brasileiro, concentrado no litoral e nas áreas de influência imediata das capitais estaduais.
Na avaliação da gerente de coordenação de geografia do IBGE, Adma de Figueiredo, as obras de saneamento básico no Sul e no Sudeste acontecem em maior número em razão de a demanda ser mais forte e mais antiga que Norte do país, onde a exploração territorial aconteceu mais tardiamente. Ela salienta que grande parte dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a região Sul é direcionada a projetos de saneamento básico.
O estudo do IBGE observa que, na região Norte, municípios como os de Manaus, no Amazonas; e Santarém, Belém e Marabá, no Pará, apresentam crescimentos absolutos expressivos e inexistência de rede coletora de esgoto na maior parte destas cidades e em áreas próximas a elas.
Ainda de acordo com o atlas, a ausência de rede coletora de esgoto se estende com amplitude nas cidades das regiões Norte e Nordeste, “onde mesmo as áreas que exibem números positivos de crescimento absoluto são acompanhadas de fracos resultados em melhorias de esgotamento sanitário”.
De acordo com o IBGE, o aumento populacional com ausência de rede coletora de esgoto concentra-se no cerrado central e em territórios da Amazônia, em decorrência de impactos causados por ocupação econômica de migração e da formação do sistema urbano. (Valor)

Para FMI, real tem potencial para se internacionalizar
O real é uma das cinco moedas de países emergentes com potencial para se internacionalizar, afirma o Fundo Monetário Internacional (FMI), em estudo preparado pelo seu corpo técnico e divulgado nesta quarta-feira.
Além do Brasil, os outros países que compõem o grupo dos Brics têm chances de internacionalizar as suas moedas, incluindo China, Rússia, Índia e África do Sul. Mas o real provavelmente será uma moeda regional e um ativo de reserva, a exemplo do dólar australiano. Já o yuan da China pode ter papel global, aponta o FMI.
"No longo prazo, as moedas dos países emergentes mostram potencial para atingir um papel mais amplo no uso internacional, similar ao de economias avançadas", afirma o estudo do FMI.
Na definição usada pelo FMI, internacionalização de uma moeda significa o seu uso fora das fronteiras do país que a emite, incluindo a compra de bens, serviços e uso como ativos financeiros em transações entre não residentes. Hoje, a principal moeda internacional é o dólar dos Estados Unidos. Também têm papel relevante o euro, o iene do Japão e a libra, além de moedas de outros países desenvolvidos, como da Suíça e Canadá.
O FMI analisou os fatores que, no último século, determinaram a internacionalização de moedas de países como o dólar americano, o iene e o marco alemão. Os mais importantes são o tamanho da economia, a rede de comércio internacional do país, o aprofundamento e liquidez do mercado financeiro local e a estabilidade e convertibilidade de cada moeda. Os países emergentes têm avançado bastante nesses quesitos nos últimos anos.
Nos casos dos países que compõem os Brics, afirma o FMI, existem evidências de seu maior uso no cenário internacional. "Por exemplo, o uso do real em derivativos no exterior aumentou 50% [nos anos recentes], dobrou para a rúpia indiana e o rublo russo e aumentou 12 vezes para o yuan chinês."
A fatia brasileira no comércio mundial se manteve constante nos últimos anos, nota o FMI, mas o país cresceu como parceiro comercial regional. O fato de o Brasil exportar commodities também favorece o uso de sua moeda como ativo financeiro, pois mantê-la em carteira é uma forma de importadores de produtos básicos se protegerem contra oscilações nos preços. O Brasil pontua bem também no quesito abertura da conta de capitais.
Por muitos anos, países emergentes limitaram o papel internacional de suas moedas. Entre os benefícios de ter uma moeda internacional, diz o FMI, estão a redução dos custos de transações e redução dos custos de financiamento. Algumas estimativas indicam que o Tesouro dos Estados Unidos paga 0,6% menos nos seus títulos porque o dólar é uma moeda de reserva.
Os riscos, por outro lado, são a perda de controle sobre o volume de dinheiro em circulação e mais dificuldade para combater a inflação, já que as atividades internacionais fogem do controle dos bancos centrais nacionais. Também podem deixar os países mais vulneráveis à fugas de capitais. (O Globo)