quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Censo: Metade da população tem renda per capita inferior ao mínimo


Pelo menos metade dos 190 milhões de brasileiros tinha rendimento per capita de até R$ 375 em 2010, quantia inferior ao salário mínimo da época, de R$ 510. Ao passo que 25% da população total do país tinha rendimento médio nominal mensal domiciliar per capita de até R$ 188. Os dados constam no Censo Demográfico 2010, divulgado nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o levantamento, metade dos 160 milhões de brasileiros residentes em zonas urbanas recebia, em média, até R$ 415, valor que caía para R$ 170 nas regiões rurais. Os dados sobre rendimento são preliminares. Consideram-se apenas pessoas e domicílios com declaração de rendimento positivo, excluindo aqueles sem renda ou declaração.
Os melhores níveis de rendimento domiciliar per capita foram verificados nos municípios dos Estados do sudeste e do sul do país. Entre eles, destaque para Florianópolis, que obteve a maior renda, de R$ 1.573. Metade da população dessa cidade recebia até R$ 900 em 2010.  
Vitória ficou em segundo lugar. A renda média na capital do Espírito Santo era de R$ 1.499, enquanto metade da população do município ganhava até R$ 755. Em 17 das 26 capitais brasileiras, o rendimento de 50% da população não atingia o valor do salário mínimo.
Levando-se em consideração os rendimentos domiciliares per capita médios, Macapá, Teresina, Manaus, Rio Branco, São Luiz, Maceió, Boa Vista e Belém representavam  40% do rendimento observado em Florianópolis.
Entre as capitais brasileiras, o menor rendimento médio domiciliar per capita, de R$ 631, foi verificado em Macapá, onde metade da população local recebe até R$ 316.
Segundo o Censo 2010, há discrepâncias entre as rendas de homens e mulheres. Em termos de rendimento total, que soma recursos como trabalho, aposentadoria, pensões e transferências, os homens recebiam, em média, 42% mais que as mulheres. Enquanto o primeiro grupo recebia R$ 1.395 o segundo ganhava R$ 984.
A diferença salarial entre homens e mulheres se intensificou em municípios de até 50 mil habitantes. Os homens recebiam, em média, R$ 903 contra R$ 615, uma diferença de 47%.
Em cidades com mais de 500 mil habitantes, a diferença entre mulheres e homens era menor, mas ainda muito discrepante, de 40%. Nesses municípios, os homens recebiam, em média, R$ 1.985 e as mulheres, R$ 1.417.
A incidência de pobreza era maior nos municípios de 10 mil a 50 mil habitantes, apontou a pesquisa do IBGE. O estudo informou que, enquanto a proporção de pessoas que viviam com até R$ 70 de rendimento domiciliar  per  capita  era,  em  média,  6,3%  no Brasil, nos municípios  de  10  mil  a  20  mil  habitantes esse percentual era o dobro, de 13,7%. Além disso, metade da  população  desses  municípios  vivia com até meio salário  mínimo per capita.
Já nas cidades com população superior a 500 mil habitantes, menos de 2% viviam com até R$ 70 per capita e cerca de 25% das pessoas viviam com até meio salário mínimo de rendimento domiciliar per capita. (Valor)


BC indica que juros terão corte moderado
Alexandre Tombini tenta desfazer especulações do mercado de que o Banco Central ampliará queda da Selic. A duas semanas da última reunião do ano para tratar de juros, ele disse que taxa seguirá com 'ajustes moderados'.
Os juros no país deverão permanecer em queda, mas num ritmo moderado.
Essa foi a sinalização dada ontem pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante solenidade em Brasília.
A duas semanas da última reunião do ano do Copom (o comitê que define a trajetória dos juros no Brasil) e diante da crescente especulação de que o BC poderia aumentar de 0,5 para um ponto percentual o tamanho dos cortes, Tombini aproveitou o evento para tentar desfazer essas expectativas dos analistas do mercado financeiro.
No discurso, enfatizou o compromisso com o controle da inflação e disse que o cenário central trabalhado "contempla ajustes moderados na taxa Selic, uma ação consistente com o retorno da inflação à meta em 2012".
A fala foi interpretada por economistas como uma tentativa de frear as apostas de cortes maiores nos juros daqui para frente. Essa corrente vinha ganhando força diante do risco de desaceleração mais forte da economia já neste final de ano.
Tombini aproveitou o evento para rebater publicamente os ataques feitos à sua atuação. Ao surpreender o mercado e iniciar o processo de redução dos juros em agosto, os diretores do BC foram acusados de estar correndo riscos excessivos e de aceitar mais inflação para não prejudicar o crescimento.
Essa atuação iria contra a principal missão do regime de metas de inflação, que é manter sob controle o ritmo de subida dos preços.
Segundo Tombini, o BC dispõe de gente capacitada e "recursos tecnológicos de vanguarda" que lhe permitem fazer "uma análise profunda, tempestiva, completa e precisa da economia".
O problema, segundo ele, é que nem sempre as decisões e o efeito na economia são digeridas imediamente pelos economistas.
"Portanto, dado o caráter pró-ativo das ações do Banco Central, às vezes é preciso tempo para que os cenários fiquem mais claros e corroborem as decisões tempestivas adotadas."
Para o presidente do BC, isso aconteceu no início do ano, quando o órgão subiu juros para equilibrar o crescimento da demanda por bens e serviços com a produção da industrial e, também, quando disse que a inflação teria o pico no terceiro trimestre do ano e, só então, começaria a cair fortemente.
"Cenário que começa a se materializar com a divulgação do IPCA relativo ao mês de outubro", destacou.
A situação se repete, na sua avaliação, quando "devido à rápida e substancial deterioração do cenário internacional", o BC começou a cortar juros e a rever medidas de restrição do crédito.
Por fim, ele comemorou: "À medida que novas informações são divulgadas observa-se a confirmação do cenário antecipado por esta Casa". (Folha)

Brasileiros têm menos filhos, e mais tarde
IBGE mostra que a taxa de fecundidade, de 1,86 filho por mulher, está abaixo do índice de reposição populacional. Condições de vida do brasileiro melhoraram nos últimos dez anos, mas país ainda continua desigual.
Os brasileiros estão tendo menos filhos, e mais tarde. Estão também optando mais por novos arranjos familiares, sem formalizar o casamento no cartório ou na igreja.
As condições de vida melhoraram na década passada, com mais domicílios tendo acesso a bens de consumo como computadores, telefones ou automóveis. Além disso, mais brasileiros conseguiram um emprego formal e aumentaram sua escolaridade.
Porém, aos dez anos de idade, 7% das crianças ainda não foram alfabetizadas -em 2000, eram 11%.
É, em resumo, um país que avançou na década passada, mas que ainda não perdeu uma de suas características mais marcantes: a desigualdade. A ponto de autodeclarados pretos, pardos ou indígenas terem renda equivalente a cerca de metade da de brancos ou amarelos.
Esses são alguns dos destaques de novos dados do Censo de 2010 divulgados ontem pelo IBGE.
FECUNDIDADE -- Pela primeira vez na história deste levantamento, feito de dez em dez anos, a taxa de fecundidade, de 1,86 filho por mulher, ficou abaixo do patamar considerado de mera reposição populacional: 2,1 filhos (a estatística leva em conta a mortalidade infantil).
Em 2000, estava em 2,38 e, em 1960, chegava a 6,3.
Comparando com outras nações, é como se o país tivesse, em 50 anos, saído de uma taxa de fecundidade hoje equivalente à da Somália para se igualar à média atual da Finlândia.
A queda da fecundidade aconteceu em todas as regiões e Estados. Em 2000, apenas três das 27 unidades da Federação (Rio, São Paulo e Distrito Federal) já estavam abaixo do nível de reposição. Dez anos depois, já são 19.
Mesmo no caso do Acre, Estado com maior taxa atualmente (2,8), a evolução histórica mostra uma queda impressionante. Em 1970, eram 9,9 filhos por mulher.
Com a queda da fecundidade, desafios e oportunidades se apresentam. A população ainda crescerá por inércia e por causa do aumento da expectativa de vida até a década de 2040, quando as projeções indicam que começará a diminuir.
No caminho até lá, o Brasil será cada vez mais uma nação com menos crianças e jovens, facilitando a tarefa de aumentar o gasto per capita na infância, porém mais envelhecida, exigindo novas soluções para o sistema de saúde e previdência. (Folha)

Especialistas alertam para risco de escassez de água
Engana-se quem acredita que o novo texto do Código Florestal trará benefícios aos grandes produtores agrícolas em detrimento do meio ambiente e do restante da sociedade. O prejuízo será geral e irrestrito, caso o texto em tramitação nas comissões do Senado mantenha alguns vícios que adquiriu desde o relatório original, votado na Câmara. Essa é a opinião de cientistas. O conjunto das opiniões mostra que, se aparentemente, o setor rural ganha, a curto prazo, com o aumento da área disponível e do desmatamento, sofrerá, no futuro, como toda a sociedade, os efeitos da ação predatória.
A primeira consequência será a escassez de água. A redução da vegetação nas margens dos rios e a falta de proteção às nascentes irão provocar a redução da oferta do produto. Nascentes vão secar, rios menores sofrerão rápido processo de erosão e os maiores, que recebem água dos pequenos, ficarão assoreados. "Vai faltar água para a própria agricultura", afirma José Galizia Tundisi, presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IIE). Segundo ele, a agricultura responde por 70% da água consumida no Brasil.
Tundisi diz que o texto do novo Código erra ao fixar medidas para as florestas ripárias - contíguas aos cursos d'água. "Isso varia conforme o rio, a região, o bioma. Essa questão tem de ser decidida em função do tamanho do rio e da área de inundação. É antilógico e anticientífico fixar uma barreira de cinco ou dez metros." Segundo ele, o custo é também econômico. A degradação da área de mananciais não só reduz a possibilidade de captação, mas também aumenta o custo do tratamento de água.
Como o texto ainda pode ser alterado, os cientistas não projetaram ainda quais serão os impactos, mas preveem várias consequências, tidas como inevitáveis. Ocorrerão mais desmatamentos, assoreamentos de rios, inundações de cidades, mais emissão de CO2, deslizamentos de encostas, redução de produtividade depois de alguns anos de uso da terra, entre outros, destaca José Antônio Aleixo da Silva, secretário da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e coordenador do grupo de trabalho da entidade na análise do Código Florestal.
O texto estimula o plantio em áreas alagadas, "o que é um erro muito grave", diz Tundisi. O país tem 600 mil quilômetros quadrados dessas áreas, com papel importantíssimo no controle de enchentes, nos ciclos hídricos, na reciclagem de nutrientes e na manutenção da biodiversidade aquática e terrestre. Estimula o plantio em várzeas, um erro muito grave. Da forma como o novo Código está sendo concebido, parece que a vegetação não tem papel ativo no ciclo hidrológico e, por isso, pode-se desmatar. Mas a vegetação é fundamental. Ela evapotranspira e 30% da água da atmosfera vêm da vegetação.
Para o biólogo Jean Paul Metzger, pesquisador da Universidade de São Paulo, a comunidade científica entende que o Código pode prever algumas exceções, sobretudo no caso de alguns produtos e da agricultura familiar. "Arroz em várzea, pecuária no Pantanal, café, maracujá, maçã, uva que precisam de encostas ou áreas de topo de morro, tudo isso precisa de um tratamento especial", defende.
"Muitos desses produtos são de baixo impacto, por serem perenes, ou explorados de forma extensiva como a pecuária no Pantanal. Mas isso representa uma porcentagem muito baixa da agropecuária brasileira, menos de 10%". O que ele não concorda é anistiar o desmatamento de áreas de proteção, principalmente para culturas de exportação.
Metzger demonstra especial preocupação com o fim da proteção às áreas de várzea e o impacto que isso pode ter no controle de enchentes. Para ele, liberar o desmatamento de áreas alagadas ou em encostas apenas para justificar exceções é um equívoco grave. "Não tem cabimento a gente pegar a exceção para justificar uma mudança completa. Além disso, estimula a ocupação de áreas de risco", explica. O biólogo lembra que nas inundações que destruíram a região serrana do Rio de Janeiro no começo deste ano, 80% dos prejuízos materiais ocorreram numa faixa de 30 metros ao longo dos rios, faixa que, em muitos casos, estava irregularmente ocupada.
As principais mudanças defendidas pela comunidade científica no texto da lei incluem acabar com a divisão entre áreas de preservação permanentes e transitórias. O transitório é o passivo ambiental, a área degradada, que, se não for considerada permanente e não estiver sujeita a recuperação, pode representar uma perda definitiva da cobertura vegetal. Outro aspecto importante é a defesa dos manguezais, excluídos das áreas de preservação permanente (APPs).
Essas e outras advertências da comunidade científica foram oferecidas aos congressistas pela SBPC no livro "O Código Florestal e a ciência. Contribuições para o diálogo". O livro, elaborado durante um ano, aponta os pontos que precisariam ser modificados e os argumentos científicos para embasar a questão. Segundo Aleixo, a obra causou "grande impacto" entre congressistas, mas nas votações tem prevalecido a força da bancada ruralista, principal interessada na manutenção do texto como está.
Os documentos mostram que o argumento de que vai faltar área para alimentação não tem validade, diz Metzger. Segundo ele, a área ocupada pela produção de alimentos destinados ao mercado interno está estável nos últimos anos. O que cresce é a produção de commodities exportáveis. "Então o Código, do jeito que está, vai favorecer um grupo reduzido de agricultores, que não precisam necessariamente desse tipo de estímulo".
O texto enviado pela SBPC procura argumentar que não existe o dilema entre conservar/preservar o ambiente e produzir alimentos. Argumentam que, com um aumento marginal da produtividade da pecuária brasileira, muitas áreas de pasto poderiam ser liberadas para plantios agrícolas, dispensado a derrubada de florestas para esse fim. A entidade também defende o fim da anistia para os desmatamentos ocorridos nas APPs até 2008, a restauração de toda área desmatada à beira dos cursos d'água, a manutenção dos manguezais, salgados e apicuns como áreas de preservação permanente e a compensação da Reserva Legal o mais próximo possível da área desmatada, entre outros aspectos.(Valor)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Sem respeitar piso nacional para professor compromete-se investimentos educacionais no Brasil


Estados não cumprem lei do piso nacional para professor
Ao menos quatro Estados estão fora das duas normas para o magistério
Lei nacional prevê remuneração de R$ 1.187 para 40 horas semanais e 33% de tempo extraclasse. Entidade recomenda que sindicatos de professores entrem com ações judiciais contra Estados infratores.
Aprovada há mais de três anos, a lei nacional do piso do magistério não é cumprida em pelo menos 17 das 27 unidades da Federação.
A legislação prevê salário mínimo de R$ 1.187 a professores da educação básica pública, em jornada semanal de 40 horas, excluindo as gratificações, e assegura que os docentes passem ao menos 33% desse tempo fora das aulas.
A ideia é que os professores tenham melhores condições de trabalho com aumento salarial e período remunerado para atender aos alunos, preparar as aulas e estudar.
O levantamento da Folha com as secretarias estaduais de Educação mostra que a jornada extraclasse é o ponto mais desrespeitado da lei: 15 Estados a descumprem, incluindo São Paulo, onde 17% da carga é fora da classe.
Desse grupo, quatro (MG, RS, PA e BA) também não pagam o mínimo salarial, ou seja, estão totalmente fora da legislação nacional. Outros dois desrespeitam só o salário.
Para aumentar o período dos docentes fora da sala de aula é preciso contratar mais profissionais ou elevar a carga dos que já estão na rede -ambas opções são custosas.
A lei pode ajudar professores como Diliana Márcia de Barros Lisboa, 43, que leciona história e geografia a adolescentes em duas escolas estaduais de Minas Gerais. Seu salário base é R$ 712.
Ela só consegue corrigir trabalhos e preparar aulas à noite. "Com esse salário, apenas sobrevivo", diz Diliana.
IMBRÓGLIO JURÍDICO -- A implementação da lei do piso foi conturbada. Sancionada em julho de 2008, foi contestada três meses depois no Supremo Tribunal Federal pelos governos de MS, PR, SC, RS e CE. Uma das principais argumentações era que a regra significava intromissão em assunto que caberia a cada Estado e município.
Em abril deste ano, o Supremo decidiu que a lei não fere a Constituição.
O Ministério da Educação afirma que a regra deve ser aplicada imediatamente, mas que não pode obrigar Estados e municípios a cumpri-la.
Por outro lado, a gestão Dilma disse que pode ajudar redes com dificuldades financeiras, desde que elas comprovem a necessidade -o que não tem ocorrido, afirma o Ministério da Educação.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação disse que recomendou a seus sindicatos que entrem na Justiça para cobrar a adoção. Governadores e secretários podem sofrer ações de improbidade administrativa.
"Estados e municípios não se prepararam porque apostaram que ganhariam no Supremo", disse o presidente da confederação, Roberto Leão.
Consed (órgão que reúne secretários estaduais de Educação) disse ser favorável à lei, mas que é necessário um período para transição. "O impasse não interessa a ninguém", disse o vice-presidente Danilo de Melo Souza. (Folha)

Projeção de inflação em 2011 fica abaixo do teto da meta, mostra Focus
A projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi reduzida para 6,48% este ano, após duas semanas consecutivas em 6,50%, apontou o último boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira. A atual estimativa de inflação neste ano ficou abaixo do no teto da meta estipulada pelo governo para o indicador, que é de 6,5%, algo que não acontecia desde a divulgação de 23 de setembro do boletim do BC.
A projeção de inflação para 2012 caiu pela quarta semana consecutiva, para 5,56%, valor menor do que os 5,57% projetados uma semana antes. Já nas estimativas para o IPCA nos próximos 12 meses houve movimento semelhante, e a mediana dos analistas consultados pelo BC aponta para 5,62%, após registrar 5,63% na divulgação anterior.
Para o Índice Geral de Preços - Mercado (IGPM), as projeções para os próximos 12 meses apontam para 5,29%, o que representa forte queda em relação à leitura anterior, quando as projeções apontavam para 5,52%. Esta é a quinta queda consecutiva para este indicador.
As expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-Fipe), em igual intervalo, subiram ligeiramente, para 5,35%, valor maior que os 5,34% previstos há uma semana.
Para o mesmo período de análise, a mediana dos analistas consultados pelo BC indicou estabilidade na previsão do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), para 5,33%, valor igual ao registrado na semana passada.
As estimativas no Focus para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e para a taxa básica de juros Selic para 2012 também recuaram na atual divulgação. (Valor)

Para driblar IOF, múltis do País trazem dinheiro ‘disfarçado’ de investimento
Empresas brasileiras que se internacionalizaram nos últimos anos investindo em ativos no exterior estão repatriando capitais na forma de investimentos diretos no Brasil.
Empresas brasileiras que se internacionalizaram nos últimos anos investindo em ativos no exterior estão repatriando capitais na forma de investimentos diretos no Brasil, o que pode ser um artifício para lucrar com os juros altos sem passar pelo pedágio da tributação aos especuladores.
O movimento foi detectado por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que estimaram um salto de US$ 5,3 bilhões no acumulado em 12 meses do Investimento Direto de Brasileiros (IDB) entre novembro de 2010 e setembro deste ano.
O indicador, que expressa os investimentos das subsidiárias estrangeiras de multinacionais brasileiras, costumava ser negativo porque as inversões geralmente são feitas no exterior, mas tornou-se positivo no primeiro semestre deste ano com operações em sentido inverso, diz o Ipea.
O movimento é parecido com o que tem marcado o Investimento Estrangeiro Direto (IED), o que reforça a suspeita de que parte do capital especulativo atraído pelo Brasil está ingressando disfarçada de investimento produtivo para fugir da tributação sem gerar produção ou empregos.
Pesquisadores do Grupo de Análise e Previsões (GAP) do Ipea começaram a monitorar o comportamento da conta financeira do País ao verificar um aumento fora do normal do fluxo de IED logo após o governo elevar de 2% para 6% a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre aplicações de renda fixa e empréstimos de curto prazo, em outubro de 2010.
Desde então, o IED assumiu um padrão de volatilidade mais parecido com o dos investimentos em carteira de títulos de renda fixa, que, simultaneamente, começaram a cair mesmo com os juros em alta no primeiro semestre.
Segundo o Ipea, o Investimento Estrangeiro em Carteira (IEC) registrou queda de 24,2% em 12 meses até agosto deste ano, somando US$ 49,2 bilhões, em relação a igual período anterior. Já o IED acumulou US$ 75,4 bilhões e alta de 176,6% na mesma comparação. Ao avaliar o Investimento Direto Líquido (IDL), que conjuga o IED e o IDB, o Ipea encontrou alta ainda mais forte: 216,9%.
"O IDB, por expressar um movimento de internacionalização das empresas brasileiras, tende a ser negativo. O natural é uma remessa de capitais da matriz brasileira para filiais em outros países. Mas houve uma inversão de sinal no primeiro semestre. Esse capital, que normalmente contribuiria negativamente no IDL, agora contribui positivamente", explica Júlia Braga, pesquisadora associada ao Ipea que vem acompanhando o tema no GAP desde o primeiro semestre. "Houve um aporte para dentro do País nessa rubrica. As filiais estão remetendo para as matrizes." (Estado)


Medidas do BC podem ajudar indústria automobilística no quarto tri
O relaxamento, na última sexta-feira, de parte das medidas macroprudenciais adotadas pelo Banco Central no fim de 2010 pode contribuir para incentivar o consumo neste fim de ano e reanimar a indústria automobilística, umas das mais atingidas pelas medidas de restrição ao crédito adotadas no ano passado, avaliam economistas consultados pelo Valor.
O BC fez retornar a patamares “normais” a exigência de capital próprio em relação ao valor do ativo para as operações prazos menos alongados.  As restrições ao crédito para aquisição de veículos, tanto na forma de financiamento quanto na forma de leasing, também diminuíram.
Embora o desmonte de parte das medidas para conter a concessão de crédito não deva ter efeito mais acentuado sobre o crescimento em 2012, o impacto para o segmento automobilístico deve ser mais forte, colaborando para que o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre seja positivo, afirma Eduardo Velho, economista-chefe da Prosper Corretora.
Para Cristiano Souza, economista-sênior do banco Santander, da mesma forma que em dezembro do ano passado as medidas macroprudenciais contraíram o crédito, o efeito do afrouxamento pode ser imediato. "As linhas de crédito de longo prazo, pouco usadas no Brasil, não foram muito afetadas, mas as de curto prazo ficaram mais baratas. Isso pode ser uma injeção de estímulo não só a automóveis, mas ao consumo em geral".
Souza também destaca que a autoridade monetária desistiu de elevar o percentual mínimo de pagamento das faturas de cartão de crédito. Esse limite já tinha subido de 10% para 15% em junho e subiria novamente em dezembro, para 20%. "Se isso fosse feito, seria uma medida contracionista. Agora o BC fez exatamente o contrário".
Carlos Kawall, economista-chefe do Banco J. Safra, ressalta que as medidas, por si só, não devem garantir a recuperação da economia, “mas dão espaço para alguns setores, como consumo de bens em geral, sobretudo de veículos, que sofreram mais com as ações do BC em dezembro”. O efeito, defende Kawall, tende portanto a ser mais setorial, enquanto o corte da taxa básica de juros (Selic) tem impacto geral sobre a economia.
Por outro lado, Kawall lembra que o Banco Central até aumentou exigência de capital para concessões de crédito com prazos mais longos, superiores a 60 meses, o que ainda demonstra preocupação da autoridade monetária com eventuais excessos. Também por isso, o economista não acredita que o BC deve prosseguir com um desmonte mais agressivo das medidasmacroprudenciais nos próximos meses.
"As medidas de agora tiveram como alvo basicamente as medidas de dezembro do ano passado. Não há como fazer mais estímulos nesse campo", avalia Souza, do Santander, lembrando que o ciclo de corte de juros dará um gás adicional à economia. (Valor)

BB "ganha" R$ 2,3 bi em capital com medida do BC
A redução dos níveis de requerimento de capital para a concessão de empréstimos vai promover, de imediato, a elevação do índice de Basileia do Banco do Brasil (BB) de 14,05% para 14,51%, afirmou Paulo Rogério Caffarelli, vice-presidente de novos negócios e varejo do BB. Em termos de capital, isso equivale a R$ 2,3 bilhões.
A Circular 3.563 do Banco Central (BC) publicada na última sexta-feira altera as medidas macroprudenciais de dezembro de 2010. As regras anteriores passaram a ser contabilizadas a partir de julho deste ano, mas com a revisão, acabaram sendo revogadas — ou seja, a Circular 3.563 tem, na prática, efeito retroativo.
Com o afrouxamento na exigência de capital, o BB espera um incremento “significativo” dos financiamentos a veículos neste fim de ano — até porque novembro e dezembro são, segundo Caffarelli, meses tradicionalmente de forte desempenho nessa modalidade. “Sem sombra de dúvidas elas [as novas medidas] ajudarão o Votorantim a retomar capacidade de financiamento, trazendo resultados positivos”, ressaltou o executivo.
O Banco Votorantim, no qual o BB detém 50% de participação, registrou um prejuízo de R$ 85 milhões de julho a setembro deste ano, sendo que em igual período de 2010 a instituição teve um lucro líquido de R$ 266 milhões.
Cafarelli anunciou ainda que o BB vai novamente ampliar o limite de crédito de 3,5 milhões de clientes, em novembro, num montante que pode chegar a R$ 54,3 bilhões. (Valor)