terça-feira, 27 de março de 2012

O governo vai trabalhar para a redução do spread bancário

Governo lança novos estímulos à indústria para conter desânimo

Fazenda prorroga redução de impostos para linha branca e estende benefício a móveis, pisos laminados e luminárias. Projeções do BC indicam que economia continuou devagar no início do ano e frustram equipe econômica.

A equipe econômica da presidente Dilma anunciou ontem novas medidas de estímulo à indústria, numa tentativa de reverter sinais de que a economia continuou com o pé no freio em 2012.

Projeções divulgadas ontem pelo Banco Central indicam que a atividade econômica sofreu recuo de 0,13% em janeiro, depois de ficar praticamente estagnada no segundo semestre de 2011.

Horas depois de o BC divulgar o número, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou novas reduções de impostos para a indústria, setor que mais tem sofrido com o esfriamento da economia.

O governo prorrogou por mais três meses o corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrodomésticos da chamada linha branca (geladeira, fogão, máquina de lavar e de secar), em vigor desde o fim do ano.

O governo também reduziu até junho o IPI para fabricantes de móveis, pisos laminados e revestimentos, e lustres e luminárias, três setores que se queixam de dificuldades para competir com produtos importados.

Móveis e laminados tiveram a alíquota de IPI zerada. A alíquota cobrada do papel de parede foi reduzida de 20% para 10%, e o imposto de luminárias e lustres cairá de 15% para 5%.

O anúncio foi feito momentos antes de um encontro do ministro com representantes da indústria na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Mantega diz ter cobrado da indústria garantias de que os empregos nos setores beneficiados serão mantidos. "A contrapartida é que não pode haver demissão", disse.

O governo informou que as medidas de estímulo anunciadas ontem representam uma renúncia de R$ 489 milhões para os cofres públicos.

Os setores escolhidos pelo governo representam uma fatia pequena da produção industrial brasileira, equivalente a menos de 3% do total, de acordo com dados do IBGE.

Na semana passada, Dilma participou de uma reunião com 28 banqueiros e empresários e prometeu empenho do governo para defender a indústria nacional.

O ministro também anunciou a inclusão das indústrias exportadoras, de autopeças, aviação e naval no rol de setores beneficiados com medidas de desoneração da folha de pagamento.

As novas projeções do BC frustraram as expectativas da equipe econômica, que acreditava que a redução das taxas de juros e outras medidas adotadas desde o ano passado para reanimar a economia seriam suficientes para fazer a atividade recuperar o ritmo no início deste ano.

A avaliação foi que a queda de 0,13% em janeiro em comparação com dezembro poderia aumentar o desânimo dos agentes econômicos e que, por isso, era necessário reagir. Daí a decisão de anunciar ontem as novas medidas, que já estavam em estudo.

Para analistas, a força da demanda doméstica, impulsionada pelo aumento do salário mínimo em janeiro, impediu um recuo mais acentuado. "Enquanto a produção industrial caiu forte em janeiro, outras coisas compensaram, como as vendas no varejo e o mercado de trabalho", disse Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.

Segundo sondagem divulgada pelo BC ontem, analistas do mercado financeiro reduziram suas projeções para o crescimento da economia neste ano de 3,3% para 3,23%. (Folha)


Governo trabalhará para reduzir juro bancário e estimular consumo, diz Mantega

Ministro da Fazenda afirma que objetivo é reduzir os custos para que a população possa adquirir produtos fabricados pela indústria brasileira, inclusive carros.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ressaltou hoje que o governo vai trabalhar para a redução do spread bancário, o que vai reduzir os custos para que a população possa adquirir produtos fabricados pela indústria brasileira, inclusive carros.

"Nós flexibilizamos as medidas macroprudenciais. Essas medidas exigiam dos bancos um recolhimento de capital se as parcelas ultrapassassem 36 meses, o que encareceu o crédito", destacou Mantega, depois de participar de reunião com empresários na sede da Fiesp.

"O crédito de 60 meses (para financiamento de carros) se tornou menos viável ou mais caro. Com isso diminuiu o financiamento de automóveis. Isso foi revertido, de modo que até 60 meses os bancos não precisam recolher aquele capital adicional que se exigia, que era alto, era 75% sobre o montante que se emprestava acima de 36 meses", destacou Mantega.

"Além disso, está se preparando financiamentos com taxas de juros menores para esses setores", comentou.

O ministro destacou que as medidas que o governo deve anunciar em breve deve abranger vários setores produtivos, mas não entrou em mais detalhes. (Estado)

segunda-feira, 26 de março de 2012

Investimentos em empresas da áreas energética prejudicaram a rentabilidade do FI-FGTS no ano passado

Fundo do FGTS rende menos que o esperado

Investimentos em empresas da áreas energética prejudicaram a rentabilidade do FI-FGTS no ano passado.

Investimentos em empresas que registraram prejuízo e atrasos na finalização de obras abocanharam boa parte da rentabilidade do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS) no ano passado. Balanço preliminar das contas do FI-FGTS, obtido pelo Valor, mostra que a retorno das aplicações em projetos de infraestrutura poderia chegar a 7,37% ao ano mais Taxa Referencial (TR) em 2011. Porém, segundo uma fonte envolvida na contabilidade do fundo, o valor ficará limitado a algo ligeiramente acima de 6% ao ano devido a investimentos que, pelo menos, no curto prazo tiveram um resultado negativo.

Em 2010, a rentabilidade do FI-FGTS foi de 5,78%, abaixo da meta de 6% que deve ser perseguida pela Caixa, responsável pela administração do fundo. No acumulado de 2011 até setembro, o retorno acumulado foi de 5,69%. O balanço definitivo das contas do FI-FGTS de 2011 ainda não foi finalizado. Ainda depende da entrega de informações das empresas, onde o fundo tem participação acionária, como é o caso da Eletricidade Vale do Paranapanema, que faz parte do grupo Rede Energia.

Mas uma coisa é certa. A rentabilidade do FI-FGTS de 2011 será menor do que a prevista em balanço preliminar, feito em 13 de janeiro deste ano, porque não considerava o impacto do prejuízo de R$ 177,4 milhões da Celpa, distribuidora de energia elétrica do Pará, em recuperação judicial, nas contas do grupo Rede Energia, controladora da concessionária, e por sua vez no FI-FGTS, que detém participação no negócio. "Estamos aguardando o posicionamento dos auditores externos para fazermos os ajustes necessários", ressaltou a fonte.

Mesmo assim, não haverá uma recomendação da Caixa para que a aplicação seja desfeita. Isso porque, conforme fonte que acompanha o desempenho das aplicações do fundo, se desfazer do negócio no atual momento provocaria uma perda ainda maior. A expectativa é de que com a venda do grupo Rede para outro controlador, o prejuízo seja recuperado no médio e longo prazo. Preocupado, o ministro interino do Trabalho, Paulo Roberto dos Santos Pinto, chegou a solicitar à Caixa informações sobre o impacto do prejuízo da Celpa no FGTS. Pelo menos por enquanto ele ainda não teve seu questionamento respondido.

Além do prejuízo que a Celpa deu em 2011, obras de infraestrutura, principalmente do setor de energia elétrica, também vão ajudar a diminuir o potencial de rentabilidade do dinheiro do trabalhador. Dos investimentos feitos pelo FI-FGTS, pelo menos dois, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), adiaram novamente a data para começar a operar comercialmente.

Em junho do ano passado, por exemplo, a previsão era de que a Usina Paulista Queluz Energia, instalada em Queluz (SP), na divisa com o Rio de Janeiro, começasse a funcionar comercialmente até março de 2011. Segundo acompanhamento da Aneel, a data foi alterada para o início deste ano. O mesmo aconteceu com a Usina Paulista Lavrinhas de Energia. "O importante é que os cronogramas para entrega de energia pelas companhias elétricas vão ser cumpridos", ressaltou executivo que acompanha o desempenho dos investimentos.

Por outro lado, a expectativa da fonte ouvida pelo Valor é de que os investimentos feitos na Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport) e Hidrotérmica impeçam uma queda considerável na rentabilidade do FI-FGTS em 2011. No segundo semestre de 2011 houve a atualização do valor patrimonial das companhias, assim como alteração de composição acionária e atualização de ativos, contribuindo para a melhora do retorno desses investimentos.

No balanço preliminar feito em junho de 2011 essas companhias registravam prejuízo contábil, o que deve ter sido revertido, segundo fonte, com os ajustes feitos a partir de junho. O executivo explicou ainda que muitos dos empreendimentos ainda registram prejuízo contável porque ainda não estão operando, ou seja, estão apenas recebendo recursos para cobrir as despesas.

Mesmo com os percalços, tanto um representante do Conselho Curador do FGTS quanto da Caixa afirmam que ainda é cedo para se esperar alta rentabilidade dos investimentos com recursos do trabalhador. O FI-FGTS foi criado em 2008 para ajudar o governo a ampliar os investimentos em rodovias, ferrovias, energia elétrica e saneamento básico. Outro objetivo era melhorar a rentabilidade dos recursos dos trabalhadores, que conforme a legislação brasileira é de 3% ao ano mais TR.

Num primeiro momento a atuação do fundo foi focada na compra de debêntures de empresas. No dia 31 de dezembro de 2011, segundo dados preliminares, do patrimônio líquido de R$ 20,9 bilhões, R$ 5,4 bilhões estavam aplicados em 17 companhias sem cotação em bolsa de valores, R$ 9,5 bilhões em debêntures, principalmente do BNDES, entre outros investimentos.

Em 2009 e 2010, o conselho de investimentos do FI-FGTS resolveu ser mais agressivo e passou a comprar participações de empresas de capital fechado. O segmento mais beneficiado foi o de energia elétrica. Como a maioria dos investimentos é de projetos que estão sendo implementados, os investimentos só darão um retorno maior para o FI-FGTS quando estiverem maduros, ou seja, entre 2014 e 2015. Na avaliação de executivo que acompanha os resultados, as aplicações feitas pelo FI-FGTS são rentáveis em longo prazo, porque estão diretamente atrelados à atividade econômica do país.

Em 31 de junho de 2011, das 15 empresas onde o FI-FGTS tinha participação acionária, em dez foram registrados prejuízos contábeis (último número disponível). Ajuste feito no patrimônio da Cone, empresa sediada no Recife, contribuiu para cobrir os resultados negativos. Se o FI-FGTS saísse dessas aplicações no fim de junho, teria um lucro contábil de R$ 214 milhões. Em 2010, esse prejuízo somou R$ 150 milhões. (Valor)