BNDES terá reforço de R$ 7 bilhões do FGTS, mas UGT vai condicionar uso do dinheiro do fundo à aprovação de modificações da Lei 8.036
Os trabalhadores, através do FGTS, são chamados de novo a financiar crises que, com toda certeza, não foram criadas por eles. Mas sempre apostando no bom senso e, principalmente, no patriotismo, acreditamos que é a hora de condicionar o aporte do FGTS à aprovação das modificações sugeridas pela UGT à Lei 8036, que tem como objetivo melhorar a remuneração do fundo. Para que no futuro, o FGTS não se apresente tão descapitalizado como tem sido atualmente. E mesmo assim, dada a dimensão dos valores em caixa, vira sempre interesse do governo federal nos momentos de crise.
Veja o texto e fique alerta:
Governo quer assegurar que não faltará dinheiro para exportação, agricultura, BNDES e PAC.
Preocupado com o "sumiço" das linhas de crédito no mundo inteiro, em decorrência da crise, o governo decidiu reforçar ainda mais a posição do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O banco deverá receber R$ 7 bilhões que hoje estão no Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS). Esse fundo usa parte dos recursos do FGTS para financiar a infra-estrutura.
O aporte de R$ 7 bilhões será adicional aos R$ 15 bilhões que o Tesouro já vem entregando ao banco em parcelas, com base em medida provisória editada no fim de agosto. O reforço do BNDES faz parte da estratégia definida pelo governo quando a crise começou a se agravar.
A idéia é concentrar esforços para assegurar que não falte dinheiro para quatro áreas: exportação, agricultura, BNDES e Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com o BNDES forte, o governo espera preservar os investimentos privados na economia e manter o ciclo de crescimento.
Ontem, o vice-presidente, José Alencar, saiu em defesa do BNDES. "É um banco raro. São poucos os (bancos) que têm seus recursos e (estão) emprestando a 6,25% ao ano." O porcentual corresponde à Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP).
Esses aportes ao BNDES já estavam decididos antes de o Congresso americano rejeitar o pacote de ajuda aos bancos e lançar os mercados financeiros em um clima de pânico. Com a piora do quadro, o governo já estuda medidas adicionais, informou ontem o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. Elas, porém, só serão anunciadas quando o quadro estiver mais claro.
DIVERGÊNCIAS — De acordo com técnicos, o valor da transferência do FI-FGTS para o BNDES ainda poderá ser modificado. Parte do governo resiste à decisão, mas ela já está tomada nos escalões mais altos. Diante das resistências de alguns ministros, chegou-se a examinar uma alternativa: em vez de transferir os R$ 7 bilhões para o BNDES, o FI-FGTS passaria a financiar projetos de infra-estrutura selecionados pelo banco. Dentro do objetivo de garantir crédito para investimentos, o efeito seria o mesmo. No entanto, o BNDES insistiu em receber o dinheiro.
Segundo o secretário-executivo do Conselho Curador do FGTS, Paulo Furtado, o FI-FGTS aprovou só um projeto até agora, de R$ 500 milhões à concessionária de ferrovias ALL para a ampliação da malha. Há mais 12 projetos pré-aprovados nas áreas de energia e portos. Furtado disse desconhecer as negociações para transferência dos R$ 7 bilhões ao BNDES, mas afirmou que o banco é um "parceiro".
Para Meirelles, a crise é grave e exige serenidade
O presidente do Banco Central, como não poderia deixar de fazer, mantém os pés no chão e concorda com a UGT quando alertamos que a crise que já está aí será brava, difícil de torear. Não apenas para os americanos, mas para o mundo inteiro, inclusive o Brasil. É um tsunami de proporções mundiais e gigantescas. É hora de cabeça fria, de muito patriotismo e, principalmente, de pensar na preservação do mercado interno. Coisa, que infelizmente, nem sempre está nas preocupações de muitos patrões brasileiros, que são egoistamente treinados a pensar no próprio umbigo e a curtíssimo prazo.
Veja o que foi publicado:
Gestão da dívida deixou o País em melhor situação, diz presidente do BC. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, ressaltou ontem que a crise financeira internacional é grave e seus impactos na economia real começam a ser medidos agora, especialmente com a diminuição da liquidez bancária e a perda de riqueza percebida pelas famílias norte-americanas.
"Não há dúvida de que há um impacto da maior importância", comentou Meirelles. "Se olharmos lá fora, a percepção de gravidade da crise no mercado internacional era muito maior ontem do que hoje. Amanhã vamos ver. A crise é séria, vemos a sua evolução na Europa. Nós estamos observando que (o credit crunch) é algo que é sujeito a muitos altos e baixos, independentemente da evolução política nos Estados Unidos relativa à formação do pacote."
Embora tenha ressaltado que o Brasil não está imune à crise, pois faz parte do circuito comercial e financeiro internacional, Meirelles destacou que o Brasil está mais resistente à desaceleração da economia mundial. Ele disse que as reservas internacionais, que somam US$ 207 bilhões, são equivalentes a três vezes a dívida externa que vence em 12 meses.
Segundo o presidente do BC, o Brasil soube aproveitar o ciclo de expansão econômica mundial, pois de janeiro de 2004 até agosto de 2008 o BC incorporou US$ 157,8 bilhões às reservas cambiais.
Mais informações no Estadão
Cenário de crise alcança indústria de transformação, mostra FGV
Os indicadores já podem ser sentidos de vários ângulos. Quem acessa os sites dos bancos já vê que sumiram as ofertas de crédito. E se realmente precisar e acionar o gerente, a conversa já mudou. Já há redução no número de prestações para a compra de veículos e eletrodomésticos. Daqui a pouco, haverá redução nos estoques. São medidas preventivas. Que devem ser dosadas para não esfriar demais a economia e gerar uma hipotermia que pode ser desastrosa para todos nós.
De resto é acompanhar e trabalhar pelo Brasil: A crise internacional começa a se alastrar para a economia real e há indicações de que atingiu a eufórica indústria de transformação no Brasil. A sondagem mensal do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), divulgada ontem em São Paulo, revelou pelo menos três fatores negativos: o nível de estoque na indústria aumentou; a disposição para contratações caiu; e a taxa de ocupação do parque produtivo baixou. Só nas no setor de bens intermediários, a ocupação industrial caiu de 87,8% para 86%, efeito que reflete o investimento e a queda de demanda, diz a FGV.
Há um quarto fator negativo em setembro que ainda carece de confirmação nos próximos meses, embora seja preocupante. Além da queda da demanda externa, a novidade captada na sondagem de setembro foi a queda da demanda interna. Com isso, pela primeira vez desde agosto de 2006, o indicado de nível demanda global -que incorpora vendas internas e externas- foi pior na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em setembro, o indicador foi de 121 pontos, contra 124 pontos em igual período de 2007.
"Para confirmar se essa é uma tendência ainda é preciso verificar se nos próximos meses a demanda global continuará a cair. O que chama a atenção é o aspecto sazonal. É incomum uma queda da demanda industrial exatamente em setembro. A indústria nesse período indica o oposto, indica aceleração", disse Aloisio Campelo, coordenador de sondagens do Ibre.
O resultado foi a piora no índice geral de confiança industrial no mês. O ICI (Índice de Confiança da Indústria) -indicador que agrega dados da situação atual das empresas e as expectativas no horizonte de três e de seis meses- fechou o mês de setembro a 120,3 pontos, queda de 1,9% em relação ao mesmo período de 2007. Essa piora na confiança foi a mais expressiva em termos percentuais desde janeiro de 2006, mês quando o índice havia baixado 10% na comparação com igual intervalo do ano anterior.
Mais informações na Folha
Paralisação de bancários tem adesão em 22 capitais
É bom lembrar que os companheiros bancários estão negociando participação nos lucros passados e que os bancos brasileiros tiveram ganhos extraordinários. Não vale, agora, em função da crise mundial, os banqueiros se esconderem atrás das pilhas de dinheiro que ganharam, com ajuda dos bancários, no último ano e se recusar a negociar, com decência, os reajustes inadiáveis e necessários.
Veja a notícia e apóie os bancários brasileiros:
Os bancários fizeram paralisação de 24 horas em 126 cidades e 22 capitais em protesto contra o impasse nas negociações salariais da categoria, segundo a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro).
A entidade -integrante do Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores nas negociações salariais- não divulgou a adesão. No país, são 434 mil bancários.
Na cidade de São Paulo, 15 mil funcionários dos 120 mil participaram da mobilização em 441 locais (entre agências e prédios administrativos).
No início da noite, os bancários do Distrito Federal decidiram manter a greve. Nova assembléia marcada para hoje discute sua continuidade. No Rio, os trabalhadores também optaram pela paralisação.
Em SP, os bancários já definiram que podem parar por tempo indeterminado a partir do dia 8 de outubro se os bancos não retomarem as negociações.
"A paralisação se iniciou no centro da capital e se expandiu, ao longo do dia, para outras regiões em corredores de grande concentração de agências, como na zona leste, em Santo Amaro e na av. Paulista. Não era nosso objetivo parar 90% das agências. A adesão foi positiva para a paralisação de 24 horas", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do sindicato.
Setor público — No setor público, a adesão foi maior nas agências da Caixa. No setor privado, nas do Banco Real e Santander, segundo o sindicato. "O que atrapalha a adesão e a participação de mais funcionários são os interditos proibitórios conseguidos pelos bancos", afirma Marcolino.
Os bancários pedem reposição da inflação mais 5% de aumento real, participação nos lucros de três salários mais R$ 3.500 fixos, entre outros itens. Os bancos ofereceram reajuste de 7,5%, já rejeitado pelo comando nacional.
Mais informações na Folha
Com Chávez, Lula muda discurso, reconhece gravidade da crise financeira mundial e pede confiança aos brasileiros
Finalmente caiu a ficha e o presidente Lula também mostra preocupação com a crise. Que deve encontrar todos nós, trabalhadores especialmente, mobilizados para ajudar o governo federal a contorna-la e a diminuir seus efeitos.
Veja o texto: Em entrevista ao lado do presidente venezuelano Hugo Chávez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom do discurso que fez na manhã desta terça-feira, quando voltou a minimizar as implicações no Brasil da crise financeira internacional.
- A crise é muito séria e tão profunda que nós ainda não sabemos o tamanho. Certamente, talvez seja uma das maiores crises econômicas que o mundo já viu. Poderemos correr riscos, porque uma recessão em caráter mundial pode trazer prejuízos para todos nós. Entretanto, estamos mais sólidos, estamos mais precavidos. O nosso sistema financeiro não está envolvido no subprime. Nós fizemos as lições de casa e eles não fizeram - disse Lula, em Manaus, onde participa de reunião de líderes sul-americanos.
Vamos torcer para que os americanos resolvam o problema
Apesar do discurso mais precavido, Lula mantém a confiança no país:
- A mensagem que eu poderia dizer ao povo brasileiro é que é o momento de acreditar neste país, acreditar no mercado interno deste país, acreditar que nós não seremos vítimas como já fomos outras vezes e, ao mesmo tempo, torcer para que os americanos resolvam o problema.
O presidente comparou seu grau de preocupação ao de alguém que tem um amigo no hospital:
- Eu poderia dizer que hoje sou um homem que está tranqüilo. Estou acompanhando com apreensão. Estou apreensivo porque o Brasil é um país exportador e queremos continuar crescendo.
Mais informações em O Globo
Crise leva pessoas a morar em carro nos EUA
(Postado por Marcos Afonso) – Recolhi esta notícia para dividir com os companheiros e companheiras da UGT para que a gente perceba a seriedade da crise americana. A crise já chegou na classe média americana, com alterações radicais no modo de vida, transformando ex-donos de belas mansões em sem teto. Ainda não é a Grande Depressão de 1929, mas chega ameaçadoramente perto. E deve servir de alerta para nós lideranças de trabalhadores, dirigentes sindicais e especialmente de cada um dos cidadãos brasileiros, sempre atentos e preocupados com a manutenção de nossa onda de crescimento, de distribuição de renda e da busca de garantias mínimas para se investir em Educação e em Saúde.
Veja o texto e fiquemos, todos, em estado de alerta:
A cidade de Santa Bárbara se orgulha de seu estilo de vida tipicamente californiano, com praias, cafés e uma charmosa arquitetura de estilo espanhol. É claro que tudo tem um preço robusto: localizadas entre as montanhas de Santa Ynez e o Oceano Pacífico, estão casas que valem milhões de dólares.
Mas, mesmo nesta ensolarada enseada de riquezas, muitos vivem longe do sonho americano. Em um estacionamento no lado oposto de uma rua de mansões luxuosas, a noite traz uma estranha visão. Alguns carros chegam e estacionam nos cantos do terreno. Dentro de cada carro, mulheres, talvez alguns animais de estimação e malas cheias de coisas e roupas de cama.
A poucos metros de casas com quartos ociosos, estão os habitantes de Santa Bárbara que são obrigados a dormir em seus carros. Sem-teto há pouco mais de um ano, eles são uma conseqüência direta do colapso do mercado imobiliário americano.
Casas 4x4
Neste estacionamento apenas para mulheres, Bonnee (que informa apenas seu primeiro nome), usa um vestido azul e tem um comportamento de mulher de negócios.
Um ano atrás, ela vivia como, ironicamente, uma corretora de imóveis. Mas, quando as pessoas pararam de comprar casas, seu salário, baseado em comissões, secou e, como muitos clientes, ela não conseguiu pagar sua hipoteca. De repente, ela se achou sem lugar para morar a não ser seu 4x4.
Pilhas de cobertores estão no porta-malas do veículo. Documentos pessoais estão nos compartimentos ao lado dos bancos. Uma caixa de maquiagem e uma carteirinha de uma academia de ginástica (onde ela toma banho) estão na frente. Com ela, constantemente, estão fotos de sua antiga vida.
Ela não consegue acreditar em sua situação. "Meu Deus, o coração da América está sangrando", diz. Lágrimas começam a sair de seus olhos.
"Eu sei que as coisas vão ficar melhores, mas é triste. Eu realmente lutei muito", diz.
Um outro 4x4 entra no estacionamento e Barbara Harvey, 67 anos, desce do carro. Ela abre o porta-malas e dois grandes cães da raça golden retriever saem.
Barbara começa sua rotina noturna. Ela pega algumas de suas malas e tira um pijama e iogurtes (seu jantar). Ela então arruma cobertores na parte de trás do carro.
Barbara também costumava trabalhar com o financiamento de imóveis. Mas, desde abril, ela e seus cães, Ranger e Phoebe, passam todas as noites em seu carro. É apertado, mas ela diz que se ela dormir na diagonal, todos cabem dentro do veículo.
Nova tendência?
O estacionamento deixa as pessoas que dormem em carros entrarem a partir das 7h da noite, mas os banheiros públicos fecham com o pôr-do-sol.
Como resultado, Barbara diz que não bebe nenhum líquido depois que ela chega. De manhã, ela toma banho na casa de um amigo.
Vestida com roupas limpas e confortáveis e usando óculos escuros, ela não se parece em nada com o estereótipo do sem-teto.
"Vai começar a haver um monte de indivíduos que são de classe-média, mas que não podem comprar nada. Nós estamos em uma terrível confusão econômica. Acho que ainda não vimos nem metade do que vai acontecer com este país", diz Barbara.
Este novo fenômeno de sem-teto de classe média é difícil de quantificar, mas a New Beginnings, uma organização que cuida do sistema de estacionamentos-dormitórios em Santa Bárbara, diz que acomoda cerca de 55 pessoas em seis estacionamentos.
A assistente social Nancy Kapp, ela também uma ex-sem-teto, afirma que há uma lista de espera para espaço nestes estacionamentos e que ela recebe cada vez mais ligações de pessoas que estão para perder suas casas.
Ela diz que um novo tipo de sem-teto está surgindo nos EUA.
Pesadelo americano
"Ser pobre é como um câncer, agora este câncer está atingindo a classe-média", ela explica. "Não importa o quão forte você seja, é uma quebra na psique humana quando você começa a perder tudo que tem".
"Estas pessoas trabalharam a vida inteira para terem uma casa e agora tudo está desmoronando. Isto não é o sonho americano, é o pesadelo americano", diz Nancy.
Os preços de casas na Califórnia caíram 30% do início do ano até maio. Poucos lugares nos Estados Unidos foram tão atingidos.
Mas grupos imobiliários americanos dizem que o aumento dos sem-teto nos EUA começou com o início da crise, no ano passado.
Vida em trailer -- Em outro estacionamento em Santa Bárbara, Craig Miller, sua mulher Paige, e seus dois filhos dizem que se sentem apertados no pequeno trailer onde eles têm vivido por meses.
"É difícil manter as coisas limpas", diz Paige. "É difícil se sentir completo".
Originalmente da Flórida, a família cruzou os Estados Unidos para começar uma nova vida na Califórnia. Mas, incapazes de encontrar trabalho em tempo integral e incapazes de pagar aluguel, nas palavras de Craig, eles ficaram "presos".
Ele diz que, no início, era como férias, mas agora tudo está muito duro.
"Conseguir dinheiro para comida não é uma coisa na qual tínhamos que pensar antes", diz Miller. "Nós esperamos conseguir sair daqui e conseguir um lugar para ficar. Estamos trabalhando duro para isso. Esta é apenas uma situação, não nosso destino", completa.
Quando vai ficando escuro em Santa Bárbara, aqueles que dormem em carros se preparam para mais uma noite.
Mas todos precisam acordar cedo: não é permitido ficar lá depois das 7h da manhã.
Alguns trabalham, outros passam o dia dirigindo de um lugar para o outro. Quando a noite cai de novo, eles voltam para o estacionamento.
Comparado com sem-teto de outros países e mesmo outros americanos, estes ainda têm sorte. Mas se a crise econômica piorar, podem aparecer mais deles?
A crise das hipotecas levou pessoas a viverem em seus carros em Santa Bárbara
Fonte: BBC Brasil
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Alerta geral: mobilizar forças vivas do Brasil para minorar consequências do tsunami econômico mundial
Pacote norte-americano de salvação dos bancos é rejeitado e bolsas desabam
Tenho certeza que o Governo e o Congresso Americano vão chegar a um acordo na busca de solução imediata para minorar a crise, que repito, terá conseqüências mundiais. Só a ausência do acordo anunciado já gerou conseqüências desastrosas, mostrando a dimensão da crise que viveremos e que devemos ajudar a equacionar nos próximos anos. O Brasil segundo todos os indicadores está bem. Mas nem por isso, devemos baixar a guarda. Para os nossos padrões, as reservas que temos são significativas, mas estamos diante de um tsumani anunciado e é hora de apostar na criatividade, na mobilização de todas as nossas energias cívicas, de preservar o crescimento do Brasil. E valorizar, ainda mais, o nosso mercado interno. Que tem sido sustentado por uma crescente (mas tímida) distribuição de renda e do reinvestimento dos salários e das economias dos trabalhadores no consumo.
Veja o que vai pelos principais jornais, de hoje:
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou ontem, por 228 votos a 205, o pacote de socorro do governo Bush para o sistema financeiro, no valor de US$ 700 bilhões. O resultado levou pânico às bolsas de todo o mundo, a começar por Nova York, onde o Índice Dow Jones teve a maior queda da história em termos de pontuação (777 pontos). Em termos porcentuais, o recuo foi de 6,98%.
Nos países ricos, principalmente da Europa, as bolsas tiveram o pior dia desde 1970. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 9,36%, mas chegou a despencar mais de 10%, provocando a suspensão do pregão por meia hora, o que não ocorria desde 14 de janeiro de 1999, um dia depois da desvalorização do real.
As bolsas asiáticas abriram a manhã de hoje seguindo a tendência negativa do Ocidente. Os mercados de Tóquio e Seul perdiam mais de 5% logo na abertura dos pregões.
Menos de um terço dos congressistas republicanos, 65, votou a favor da lei, um grande golpe contra o presidente George W. Bush, que se declarou "muito decepcionado" com o resultado. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que é preciso "aprovar alguma coisa que funcione o mais rápido possível". Líderes do Congresso pretendem votar uma versão modificada da lei ainda esta semana, mas não há garantias de que conseguirão angariar o apoio necessário.
A rejeição do pacote americano mudou o tom das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise. Pela manhã, no programa de rádio "Café com o Presidente", ele alertava: "É importante que o povo brasileiro saiba que uma recessão num país como os Estados Unidos pode trazer problemas a todos os países."
Após o rejeição do pacote pela Câmara, o presidente voltou a falar em confiança na economia do País, mas ressaltou que há problemas sérios e deixou claro que a solução está com os EUA. "Penso que a responsabilidade que os americanos têm diante do mundo vai obrigá-los a tomar uma posição. Ou eles assumem a responsabilidade de cobrir o rombo que eles permitiram que fosse criado ou vão criar uma crise muito séria no mundo inteiro."
Embora ainda tenham esperança na aprovação de algum plano de resgate, os analistas no Brasil já traçam cenários para a pior hipótese - de que o Tesouro e o Federal Reserve enfrentem a pior crise financeira desde a Grande Depressão.
Em um mês, devastação na Amazônia aumenta 133%
Absurdo. É hora de mobilizar a Nação brasileira, através dos sindicatos, das centrais, do Ministério Público. Porque acabar com a Amazônia é acabar com a vida. Lá está a esperança da sobrevivência da humanidade, da manutenção da biodiversidade. É preciso mobilizar os deputados federais para se criar uma CPI específica e criar mecanismos para mandar para a cadeia os criminosos que atuam contra a Amazônia e contra nossas vidas. Não bastasse a calamidade, o Incra, segundo o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, lidera o desmatamento.
Veja o que foi publicado hoje:
Minc atribui crescimento a dificuldades em combater problema na campanha eleitoral. Aumento é registrado entre julho e agosto deste ano; no entanto, o ritmo triplica se for feita a comparação com agosto do ano passado
"Péssimo", resumiu o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao comentar os novos números do desmatamento na Amazônia registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em agosto, a floresta perdeu o equivalente a pouco mais da metade da cidade de São Paulo: 756,7 km2.
Os números mostram recrudescimento no abate de árvores depois de uma queda registrada no mês anterior, segundo o Deter, sistema que capta o desmatamento em tempo real. Em agosto, as motosserras cortaram mais que o dobro (133%) das árvores cortadas em julho. Em comparação com agosto de 2007, o ritmo triplicou.
Avisado com antecedência sobre queimadas e cortes de árvores registrados pelos satélites, Minc já vinha se antecipando em apontar sinais de cansaço da operação de combate ao desmatamento e as dificuldades em combater o problema no período eleitoral.
"Nenhum prefeito quer ser antipático [em período eleitoral]. A turma do Ibama vai para frente, mas tem que ter uma Polícia Militar para dar cobertura", disse pela manhã, no Rio.
"Foi um dado péssimo e nossa função é correr atrás do prejuízo", afirmou depois, em Brasília. Também teriam contribuído, disse o ministro, o aumento da atividade agropecuária, sobretudo no Pará, e a expectativa de regularização fundiária em terras públicas.
Minc apontou ainda a existência de um mercado irregular de autorizações de cortes de árvores, movimentado a partir de planos de manejo "fajutos". "Na prática, os Estados licenciaram planos altamente duvidosos. É a ecopicaretagem", disse, anunciando esforço para controlar autorizações de corte nos três Estados que mais desmatam a Amazônia: Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Em agosto, os satélites registraram mais áreas de desmatamento no Pará, apesar de as nuvens terem encoberto 24% da área total do Estado.
Entre as medidas reiteradas por Minc para tentar frear o abate da floresta está a criação de uma força federal para combater crimes ambientais, com 3.000 novos agentes, a serem contratados por concurso público, sem data marcada. Esses agentes vão se somar aos cerca de 1.500 fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes.
Assentamentos lideram desmate -- 6 projetos do Incra são os campeões da devastação; governo cria conselho interministerial, um Copom ambiental.
Oito assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Amazônia estão na lista dos cem maiores desmatadores do País, de acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente. Desses, todos localizados em Mato Grosso, seis encabeçam a relação dos que mais feriram a floresta, um está em 40º lugar e o outro em 44º. Por causa dos desmatamentos de 2.282 quilômetros quadrados (228.208 hectares) nas oito áreas, o Incra foi multado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 265,5 milhões.
A lista, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, relaciona os cem maiores desmatadores de 2005 (com dois casos) para cá. Juntos, eles derrubaram 5.225 quilômetros quadrados de floresta (522,5 mil hectares).
Os assentamentos do Incra foram responsáveis por 44% desse total e as áreas particulares, por 56%. Da mata derrubada, 85,6% foram de floresta nativa; 7,9% de reservas legais; 5,6% de matas primárias e 0,8% de áreas de proteção permanente - margens de rios e lagoas, por exemplo.
Diante da situação, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem 12 medidas. Uma delas é a criação do Conselho Interministerial de Combate ao Desmatamento, que funcionará como uma espécie de Comitê de Política Monetária (Copom) para a área ambiental. Mas, ao contrário do Copom, que fixa taxa de juros, o "Copom" ambiental não fixará metas, mas a cada dois meses fará reuniões para estudar formas de conter desmatamentos, de acordo com a taxa de derrubada que for identificada pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ontem divulgou os números de desmate relativos a Agosto.
Minc anunciou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação da Força Federal de Combate a Crimes Ambientais, que deverá ser constituída por 3 mil homens. "Com isso, não ficamos mais na dependência das forças estaduais para fazer nossas operações", disse Minc. Ele chegou a mostrar para os repórteres um casal já vestido com a roupa da futura Força Ambiental, portando metralhadora e pistolas. De acordo com Minc, será uma tropa altamente especializada no combate aos crimes ambientais. Não se sabe ainda se o governo enviará ao Congresso um projeto de lei ou uma medida provisória para criar a Força. Nem disse quanto custará.
Outra medida anunciada pelo ministro é a criação de um plano de prevenção e combate ao desmatamento, em conjunto com os governos estaduais. "O governo de Estado que não tiver o seu plano não terá direito a verbas do Fundo da Amazônia", disse Minc.
Esse fundo, que até 2015 deverá receber US$ 1 bilhão, já conta com US$ 20 milhões, doados pelo governo da Noruega. Esse mesmo país prometeu mais US$ 100 mil até o fim do ano, desde que o governo brasileiro mostre que realmente está empenhado em reduzir o desmatamento.
Minc criticou o desmatamento feito pelos assentamentos do Incra. Disse que a partir de agora as licenças ambientais somente serão concedidas depois que o instituto apresentar a área de reserva. "Não podemos dizer que a reforma agrária na Amazônia está uma maravilha, porque não está, mas também não dá para dizer que é preciso acabar com ela. Por isso, vamos encontrar um jeito de fazer a reforma agrária com sustentabilidade ambiental", disse ele.
As ações contra os cem maiores desmatadores fazem parte de um trabalho conjunto do Ibama, Advocacia-Geral da União e Ministério Público Federal. Serão abertas também contra outros desmatadores que não estão na lista atual. Na divulgada ontem, além do Incra, tiveram o nome incluído na relação dos grandes desmatadores Léo Andrade Gomes, Honorato Lourenço, Margarida Barbosa, Floraplac Industrial, Ednar Gatti e Sebastião Lourenço, do Pará; Rosana Sorge, José Carlos Ramos, Celso Padovani, José de Castro Filho, João Vicentini, Agropecuária Jarina, Claudemir Guareschi e Olivier Vieira, de Mato Grosso; Cooperação de Trabalho de Roraima; e Aristides Corduva, de Rondônia, entre outros.
PARÁ — 150 pessoas são libertadas de situação análoga à escravidão
A UGT está ampliando suas parcerias com grandes empresas nacionais que atuam na Região Amazônica para colocar em prática ações contra a prostituição infantil e a escravidão que a todos constrange e envergonha. Enquanto isso, vamos dar espaço e denunciar junto às autoridades a lamentável situação que vivemos, em pleno Século 21, de ter ainda que arrancar os escravos de fazendas e de indústrias localizadas no cantão do Brasil e até mesmo dentro dos grandes centros. Denuncie, participe, pois enquanto existir uma pessoa escrava no Brasil, todos nós, brasileiros, somos responsáveis.
Veja o que foi publicado:
O grupo móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará libertou ontem 150 pessoas, entre elas 30 crianças, de uma indústria de processamento de cacau em Placas (1.127 km de Belém).
Todas as crianças estão doentes, com leishmaniose -enfermidade transmitida por um mosquito e que deixa lesões na pele. Uma ficou cega em um acidente de trabalho, ao cair com o rosto em um toco de árvore. Elas têm de 4 a 17 anos.
O resgate, que teve início há dez dias, ainda não foi concluído porque o local é de difícil acesso.
De acordo com o chefe da fiscalização, José Ribamar da Cruz, o grupo vivia em péssimas condições de habitação, alimentação e higiene e estava impedido de deixar o local em razão de dívidas contraídas, o que caracteriza situação análoga à escravidão. O dono da empresa, de 80 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Federal.
Bancários de 12 Estados param hoje por 24 horas
Os bancários estão cheios de razão de realizar uma paralização de alerta. Os banqueiros brasileiros ganharam demais nas últimas décadas. Foram protegidos pelo Proer, quando passaram por dificuldades, e são absolutamente relutantes em distribuir riqueza. Além disso, ao contrário dos banqueiros norte-americanos que apostaram e perderam no verdadeiro cassino royale, no Brasil os donos de bancos são lideram verdadeiros esquemas de agiotagem. É hora de distribuir renda ou terão todos a vigilância permanente da UGT e demais centrais caso venham a precisar de apoio do Banco Central para protegê-los de eventuais enrascadas. Veja o que foi publicado:
Categoria rejeita reajuste de 7,5% e quer aumento real. Os bancários de São Paulo e de outros 11 Estados decidiram fazer paralisação por 24 horas a partir de hoje para reivindicar reajuste salarial maior do que o apresentado pela federação dos bancos. Em Brasília (DF) e na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a greve foi aprovada por tempo indeterminado.
No país, são 434 mil bancários em campanha salarial -sendo que 120 mil trabalham em São Paulo, Osasco e região.
A maior parte das paralisações previstas para hoje foi decidida ontem à noite em assembléias realizadas por vários sindicatos espalhados pelo país.
Na capital paulista, os cerca de 1.300 funcionários que foram à assembléia na quadra dos bancários definiram que, se até o dia 8 de outubro não houver acordo salarial, a categoria pára por tempo indeterminado.
O comando nacional dos bancários, que representa a categoria nas negociações salariais, rejeitou o reajuste de 7,5% oferecido pelos bancos para os salários, pisos salariais e demais verbas trabalhistas -como vale-refeição, alimentação e auxílio-creche.
O percentual é considerado insuficiente pela categoria porque serviria apenas para repor a inflação acumulada de 7,15% (medida pelo INPC do IBGE) no período de setembro de 2007 a agosto deste ano e não contemplaria aumento real.
Os funcionários dos bancos pedem 5% de aumento real, vale-alimentação e auxílio-creche de R$ 415; e vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Na capital paulista, a paralisação deve começar hoje nas agências bancárias da região central da capital e se estender para as demais zonas da cidade.
"Os banqueiros, que tiveram bons resultados em lucro, rentabilidade e ativos, se recusam a retribuir aos bancários na mesma proporção que o trabalho empenhado", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Tenho certeza que o Governo e o Congresso Americano vão chegar a um acordo na busca de solução imediata para minorar a crise, que repito, terá conseqüências mundiais. Só a ausência do acordo anunciado já gerou conseqüências desastrosas, mostrando a dimensão da crise que viveremos e que devemos ajudar a equacionar nos próximos anos. O Brasil segundo todos os indicadores está bem. Mas nem por isso, devemos baixar a guarda. Para os nossos padrões, as reservas que temos são significativas, mas estamos diante de um tsumani anunciado e é hora de apostar na criatividade, na mobilização de todas as nossas energias cívicas, de preservar o crescimento do Brasil. E valorizar, ainda mais, o nosso mercado interno. Que tem sido sustentado por uma crescente (mas tímida) distribuição de renda e do reinvestimento dos salários e das economias dos trabalhadores no consumo.
Veja o que vai pelos principais jornais, de hoje:
A Câmara de Representantes dos Estados Unidos rejeitou ontem, por 228 votos a 205, o pacote de socorro do governo Bush para o sistema financeiro, no valor de US$ 700 bilhões. O resultado levou pânico às bolsas de todo o mundo, a começar por Nova York, onde o Índice Dow Jones teve a maior queda da história em termos de pontuação (777 pontos). Em termos porcentuais, o recuo foi de 6,98%.
Nos países ricos, principalmente da Europa, as bolsas tiveram o pior dia desde 1970. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 9,36%, mas chegou a despencar mais de 10%, provocando a suspensão do pregão por meia hora, o que não ocorria desde 14 de janeiro de 1999, um dia depois da desvalorização do real.
As bolsas asiáticas abriram a manhã de hoje seguindo a tendência negativa do Ocidente. Os mercados de Tóquio e Seul perdiam mais de 5% logo na abertura dos pregões.
Menos de um terço dos congressistas republicanos, 65, votou a favor da lei, um grande golpe contra o presidente George W. Bush, que se declarou "muito decepcionado" com o resultado. O secretário do Tesouro, Henry Paulson, disse que é preciso "aprovar alguma coisa que funcione o mais rápido possível". Líderes do Congresso pretendem votar uma versão modificada da lei ainda esta semana, mas não há garantias de que conseguirão angariar o apoio necessário.
A rejeição do pacote americano mudou o tom das declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise. Pela manhã, no programa de rádio "Café com o Presidente", ele alertava: "É importante que o povo brasileiro saiba que uma recessão num país como os Estados Unidos pode trazer problemas a todos os países."
Após o rejeição do pacote pela Câmara, o presidente voltou a falar em confiança na economia do País, mas ressaltou que há problemas sérios e deixou claro que a solução está com os EUA. "Penso que a responsabilidade que os americanos têm diante do mundo vai obrigá-los a tomar uma posição. Ou eles assumem a responsabilidade de cobrir o rombo que eles permitiram que fosse criado ou vão criar uma crise muito séria no mundo inteiro."
Embora ainda tenham esperança na aprovação de algum plano de resgate, os analistas no Brasil já traçam cenários para a pior hipótese - de que o Tesouro e o Federal Reserve enfrentem a pior crise financeira desde a Grande Depressão.
Em um mês, devastação na Amazônia aumenta 133%
Absurdo. É hora de mobilizar a Nação brasileira, através dos sindicatos, das centrais, do Ministério Público. Porque acabar com a Amazônia é acabar com a vida. Lá está a esperança da sobrevivência da humanidade, da manutenção da biodiversidade. É preciso mobilizar os deputados federais para se criar uma CPI específica e criar mecanismos para mandar para a cadeia os criminosos que atuam contra a Amazônia e contra nossas vidas. Não bastasse a calamidade, o Incra, segundo o ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, lidera o desmatamento.
Veja o que foi publicado hoje:
Minc atribui crescimento a dificuldades em combater problema na campanha eleitoral. Aumento é registrado entre julho e agosto deste ano; no entanto, o ritmo triplica se for feita a comparação com agosto do ano passado
"Péssimo", resumiu o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) ao comentar os novos números do desmatamento na Amazônia registrados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Em agosto, a floresta perdeu o equivalente a pouco mais da metade da cidade de São Paulo: 756,7 km2.
Os números mostram recrudescimento no abate de árvores depois de uma queda registrada no mês anterior, segundo o Deter, sistema que capta o desmatamento em tempo real. Em agosto, as motosserras cortaram mais que o dobro (133%) das árvores cortadas em julho. Em comparação com agosto de 2007, o ritmo triplicou.
Avisado com antecedência sobre queimadas e cortes de árvores registrados pelos satélites, Minc já vinha se antecipando em apontar sinais de cansaço da operação de combate ao desmatamento e as dificuldades em combater o problema no período eleitoral.
"Nenhum prefeito quer ser antipático [em período eleitoral]. A turma do Ibama vai para frente, mas tem que ter uma Polícia Militar para dar cobertura", disse pela manhã, no Rio.
"Foi um dado péssimo e nossa função é correr atrás do prejuízo", afirmou depois, em Brasília. Também teriam contribuído, disse o ministro, o aumento da atividade agropecuária, sobretudo no Pará, e a expectativa de regularização fundiária em terras públicas.
Minc apontou ainda a existência de um mercado irregular de autorizações de cortes de árvores, movimentado a partir de planos de manejo "fajutos". "Na prática, os Estados licenciaram planos altamente duvidosos. É a ecopicaretagem", disse, anunciando esforço para controlar autorizações de corte nos três Estados que mais desmatam a Amazônia: Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Em agosto, os satélites registraram mais áreas de desmatamento no Pará, apesar de as nuvens terem encoberto 24% da área total do Estado.
Entre as medidas reiteradas por Minc para tentar frear o abate da floresta está a criação de uma força federal para combater crimes ambientais, com 3.000 novos agentes, a serem contratados por concurso público, sem data marcada. Esses agentes vão se somar aos cerca de 1.500 fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes.
Assentamentos lideram desmate -- 6 projetos do Incra são os campeões da devastação; governo cria conselho interministerial, um Copom ambiental.
Oito assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Amazônia estão na lista dos cem maiores desmatadores do País, de acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente. Desses, todos localizados em Mato Grosso, seis encabeçam a relação dos que mais feriram a floresta, um está em 40º lugar e o outro em 44º. Por causa dos desmatamentos de 2.282 quilômetros quadrados (228.208 hectares) nas oito áreas, o Incra foi multado pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 265,5 milhões.
A lista, divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente, relaciona os cem maiores desmatadores de 2005 (com dois casos) para cá. Juntos, eles derrubaram 5.225 quilômetros quadrados de floresta (522,5 mil hectares).
Os assentamentos do Incra foram responsáveis por 44% desse total e as áreas particulares, por 56%. Da mata derrubada, 85,6% foram de floresta nativa; 7,9% de reservas legais; 5,6% de matas primárias e 0,8% de áreas de proteção permanente - margens de rios e lagoas, por exemplo.
Diante da situação, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou ontem 12 medidas. Uma delas é a criação do Conselho Interministerial de Combate ao Desmatamento, que funcionará como uma espécie de Comitê de Política Monetária (Copom) para a área ambiental. Mas, ao contrário do Copom, que fixa taxa de juros, o "Copom" ambiental não fixará metas, mas a cada dois meses fará reuniões para estudar formas de conter desmatamentos, de acordo com a taxa de derrubada que for identificada pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que ontem divulgou os números de desmate relativos a Agosto.
Minc anunciou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou a criação da Força Federal de Combate a Crimes Ambientais, que deverá ser constituída por 3 mil homens. "Com isso, não ficamos mais na dependência das forças estaduais para fazer nossas operações", disse Minc. Ele chegou a mostrar para os repórteres um casal já vestido com a roupa da futura Força Ambiental, portando metralhadora e pistolas. De acordo com Minc, será uma tropa altamente especializada no combate aos crimes ambientais. Não se sabe ainda se o governo enviará ao Congresso um projeto de lei ou uma medida provisória para criar a Força. Nem disse quanto custará.
Outra medida anunciada pelo ministro é a criação de um plano de prevenção e combate ao desmatamento, em conjunto com os governos estaduais. "O governo de Estado que não tiver o seu plano não terá direito a verbas do Fundo da Amazônia", disse Minc.
Esse fundo, que até 2015 deverá receber US$ 1 bilhão, já conta com US$ 20 milhões, doados pelo governo da Noruega. Esse mesmo país prometeu mais US$ 100 mil até o fim do ano, desde que o governo brasileiro mostre que realmente está empenhado em reduzir o desmatamento.
Minc criticou o desmatamento feito pelos assentamentos do Incra. Disse que a partir de agora as licenças ambientais somente serão concedidas depois que o instituto apresentar a área de reserva. "Não podemos dizer que a reforma agrária na Amazônia está uma maravilha, porque não está, mas também não dá para dizer que é preciso acabar com ela. Por isso, vamos encontrar um jeito de fazer a reforma agrária com sustentabilidade ambiental", disse ele.
As ações contra os cem maiores desmatadores fazem parte de um trabalho conjunto do Ibama, Advocacia-Geral da União e Ministério Público Federal. Serão abertas também contra outros desmatadores que não estão na lista atual. Na divulgada ontem, além do Incra, tiveram o nome incluído na relação dos grandes desmatadores Léo Andrade Gomes, Honorato Lourenço, Margarida Barbosa, Floraplac Industrial, Ednar Gatti e Sebastião Lourenço, do Pará; Rosana Sorge, José Carlos Ramos, Celso Padovani, José de Castro Filho, João Vicentini, Agropecuária Jarina, Claudemir Guareschi e Olivier Vieira, de Mato Grosso; Cooperação de Trabalho de Roraima; e Aristides Corduva, de Rondônia, entre outros.
PARÁ — 150 pessoas são libertadas de situação análoga à escravidão
A UGT está ampliando suas parcerias com grandes empresas nacionais que atuam na Região Amazônica para colocar em prática ações contra a prostituição infantil e a escravidão que a todos constrange e envergonha. Enquanto isso, vamos dar espaço e denunciar junto às autoridades a lamentável situação que vivemos, em pleno Século 21, de ter ainda que arrancar os escravos de fazendas e de indústrias localizadas no cantão do Brasil e até mesmo dentro dos grandes centros. Denuncie, participe, pois enquanto existir uma pessoa escrava no Brasil, todos nós, brasileiros, somos responsáveis.
Veja o que foi publicado:
O grupo móvel da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Pará libertou ontem 150 pessoas, entre elas 30 crianças, de uma indústria de processamento de cacau em Placas (1.127 km de Belém).
Todas as crianças estão doentes, com leishmaniose -enfermidade transmitida por um mosquito e que deixa lesões na pele. Uma ficou cega em um acidente de trabalho, ao cair com o rosto em um toco de árvore. Elas têm de 4 a 17 anos.
O resgate, que teve início há dez dias, ainda não foi concluído porque o local é de difícil acesso.
De acordo com o chefe da fiscalização, José Ribamar da Cruz, o grupo vivia em péssimas condições de habitação, alimentação e higiene e estava impedido de deixar o local em razão de dívidas contraídas, o que caracteriza situação análoga à escravidão. O dono da empresa, de 80 anos, foi preso em flagrante pela Polícia Federal.
Bancários de 12 Estados param hoje por 24 horas
Os bancários estão cheios de razão de realizar uma paralização de alerta. Os banqueiros brasileiros ganharam demais nas últimas décadas. Foram protegidos pelo Proer, quando passaram por dificuldades, e são absolutamente relutantes em distribuir riqueza. Além disso, ao contrário dos banqueiros norte-americanos que apostaram e perderam no verdadeiro cassino royale, no Brasil os donos de bancos são lideram verdadeiros esquemas de agiotagem. É hora de distribuir renda ou terão todos a vigilância permanente da UGT e demais centrais caso venham a precisar de apoio do Banco Central para protegê-los de eventuais enrascadas. Veja o que foi publicado:
Categoria rejeita reajuste de 7,5% e quer aumento real. Os bancários de São Paulo e de outros 11 Estados decidiram fazer paralisação por 24 horas a partir de hoje para reivindicar reajuste salarial maior do que o apresentado pela federação dos bancos. Em Brasília (DF) e na cidade do Rio de Janeiro (RJ), a greve foi aprovada por tempo indeterminado.
No país, são 434 mil bancários em campanha salarial -sendo que 120 mil trabalham em São Paulo, Osasco e região.
A maior parte das paralisações previstas para hoje foi decidida ontem à noite em assembléias realizadas por vários sindicatos espalhados pelo país.
Na capital paulista, os cerca de 1.300 funcionários que foram à assembléia na quadra dos bancários definiram que, se até o dia 8 de outubro não houver acordo salarial, a categoria pára por tempo indeterminado.
O comando nacional dos bancários, que representa a categoria nas negociações salariais, rejeitou o reajuste de 7,5% oferecido pelos bancos para os salários, pisos salariais e demais verbas trabalhistas -como vale-refeição, alimentação e auxílio-creche.
O percentual é considerado insuficiente pela categoria porque serviria apenas para repor a inflação acumulada de 7,15% (medida pelo INPC do IBGE) no período de setembro de 2007 a agosto deste ano e não contemplaria aumento real.
Os funcionários dos bancos pedem 5% de aumento real, vale-alimentação e auxílio-creche de R$ 415; e vale-refeição de R$ 17,50 por dia.
Na capital paulista, a paralisação deve começar hoje nas agências bancárias da região central da capital e se estender para as demais zonas da cidade.
"Os banqueiros, que tiveram bons resultados em lucro, rentabilidade e ativos, se recusam a retribuir aos bancários na mesma proporção que o trabalho empenhado", diz Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
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