quarta-feira, 29 de outubro de 2008

UGT nacional e UGTs estaduais avaliam crescimento de 54,78% em seis meses

UGTs nacional e estaduais confirmam crescimento de 54,78% em seis meses

As diretorias das UGTs estaduais se reuniram ontem em São Paulo, na sede da UGT nacional, para fazerem um balanço de um ano e meio de vida da terceira maior central brasileira e, ao mesmo tempo, traçar metas para o ano que se encerra.

O desafio, aceito por todos os presidentes das UGTs estaduais, é elevar o número de sindicatos filiados à UGT das atuais 765 entidades sindicais filiadas sendo: 468 sindicatos de base validados; 269 sindicatos filiados (em processo de validação); 26 Federações nacionais /regionais e estaduais e 2 confederações nacionais. “A nossa representação hoje é de cerca de 4,5 milhões de trabalhadores, dos quais 33% são sindicalizados, o que corresponde a 1,5 milhões de trabalhadores sindicalizados”, afirma o presidente Ricardo Patah, eufórico com o crescimento acelerado da UGT. “Do dia 31 de março deste ano até segunda-feira (27) o número de filiações pulou de 303 para 469 entidades. Um crescimento de 54,78% em número de sindicatos, confederações e federações”, afirma Ricardo Patah.

Participaram da reunião os presidentes e/ou representantes das  UGTs Amazonas (Nindberg Barbosa dos Santos); Bahia ( Álvaro Rios); Ceará (Francisco Teonio da Silva); Minas Gerais (Paulo César Dias de Souza); Pará (José Francisco); Paraná (Paulo Rossi); Rio de Janeiro (Zé Baiano, representando a UGT Rio); Rio Grande do Sul (Paulo Bark); Rio Grande do Norte (João Pereira dos Santos); Santa Catarina (Waldemar Schulz, o Nazinho, e Carlos Magno).

Na abertura da reunião, foi feito um minuto de silêncio em homenagem à memoria do companheiro Montanha, que faleceu recentemente, e que presidia a UGT do Rio de Janeiro.

Chiquinho Pereira, secretário de organização, afirmou que a UGT vai dobrar de tamanho no próximo ano. “Vamos dobrar não apenas de tamanho, mas intensificar ainda mais a nossa presença politica nas cidades, nas Câmaras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, vamos participar de todas as manifestações que acelerem uma solução para a atual crise econômica, com o peso e participação da UGT em todos os níveis”, afirma.

Canindé Pegado, secretário geral, além de detalhar os procedimentos para acelerar a formalização dos sindicatos e entidades que estão se vinculando à UGT alertou para todos se manterem atentos à mobilização. “A UGT é uma central da mobilização permanente, da troca de ideias e da prestação de serviços para os sindicatos e entidades filiadas, para nos mantermos sempre unidos na defesa dos interesses da classe trabalhadora brasileira”, afirma Canindé Pegado.

Moacyr Pereira, secretário de finanças, detalhou os planos de consolidação das UGTs estaduais e insistiu na colaboração de todos para se manter o crescimento vigoroso e orgânico da entidade. “Vamos crescer uniformemente, amparando todas as UGTs estaduais, independente do Estado ou da região do País vamos consolidar a UGT para ser percebida e atuante junto aos poderes locais e nacionais”, diz Moacyr Pereira.

Câmara aprova MP que autoriza ajuda a bancos

 Felizmente a classe política brasileira amadureceu o suficiente para aprovar, em tempo recorde, a legislação que muda a relação do governo brasileiro com os bancos e com os banqueiros. Destacamos os ajustes feitos pela Câmara dos Deputados que responsabilizam os banqueiros e obriga o Banco Central a dar satisfações à Câmara dos Deputados.

Leia mais: Texto aprovado acrescentou punição para banqueiros em caso de inadimplência e envio de relatório trimestral do BC ao Congresso. 

A Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória nº 442, que autoriza o Banco Central a socorrer os bancos com operações especiais de redesconto e com garantia de empréstimos em moeda estrangeira. Uma das mudanças feitas pelos deputados no texto da MP prevê que, em caso de inadimplência nessas operações, por um período superior a 90 dias, os controladores das instituições financeiras passam a ter responsabilidade solidária e os seus bens ficarão indisponíveis.

Essa punição para os banqueiros, em caso de inadimplência, foi proposta pelo deputado Paulo Renato (PSDB-SP) e acolhida pelo relator da MP, deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na justificativa da emenda, Paulo Renato observou que o objetivo da MP é restabelecer a normalidade das condições de liquidez, sobretudo das pequenas instituições financeiras, mas disse que ela "não pode estimular operações de crédito duvidoso".

Outra mudança no texto original da MP, feita pelo relator e aprovada pelo plenário da Câmara, determina que o Banco Central encaminhe ao Congresso Nacional, a cada três meses, relatório sobre as operações realizadas. O BC deverá indicar, entre outras informações, o valor total trimestral e o acumulado no ano das operações de redesconto ou empréstimos realizadas, as condições financeiras médias aplicadas nessas operações, o valor total trimestral e acumulado anual de créditos adimplidos e inadimplidos, além de um demonstrativo do impacto dessas operações nos resultados da instituição.

O texto aprovado pela Câmara obriga ainda o presidente do Banco Central a comparecer ao Congresso, a cada semestre, em reunião conjunta das Comissões de Finanças da Câmara e de Assuntos Econômicos do Senado, para informar e debater sobre os valores agregados e a taxa média praticada nas operações de redesconto em reais.

O relator aproveitou para fazer uma mudança que não está diretamente relacionada ao tema da MP. Ele acolheu emenda do deputado José Carlos Araújo (PR-BA) que dispensa de qualquer outro registro público as operações de arrendamento mercantil ou qualquer outra modalidade de crédito ou financiamento de veículo automotor.

Pela nova regra, a propriedade fiduciária de veículos será constituída tão somente mediante a anotação do respectivo contrato perante a repartição competente para o licenciamento do veículo (ou seja, o Detran). A MP será, agora, analisada pelo Senado.

 

Mantega: governo cogita prazo maior para empresa pagar impostos

Esse é um pedido antigo dos empresários do setor. Temos que ver se não estão atualizando agenda velha e tentando encaixá-las dentro da atual crise. O governo tem que se cuidar senão vai acontecer o mesmo desvio que os bancos adotaram. Pegam as facilidades do governo, economizam com a grana dos impostos e continuam a arrochar crédito e a demitir os trabalhadores.

Leiam mais: O governo estuda a possibilidade de ampliar temporariamente o prazo para que empresas brasileiras paguem seus impostos, diante dos efeitos mais duros da crise financeira internacional, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O pleito foi feito nesta terça-feira pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), durante evento em Brasília.

- Essa medida, evidentemente, está sendo cogitada - respondeu Mantega, que participou nesta terça-feira do 3º Encontro Nacional da Indústria (Enai), promovido pela CNI.

" Vamos ter um forte impacto na atividade econômica, na economia real "

O ministro ressaltou, no entanto, que o governo também tem preocupação com o equilíbrio fiscal e já está atento a uma possível redução da arrecadação resultante da desaceleração econômica. Ele reconheceu que a crise terá longa duração e magnitude inédita.

- Vamos ter um forte impacto na atividade econômica, na economia real, e no mundo todo vai desacelerar e isso está ficando nítido agora.

O dia começou com o otimismo no mercado financeiro mundial, mas a volatilidade voltou no início da tarde. Os preços muito baixos das ações atraíram investidores em busca de boas compras, mas os índices de confiança do consumidor vieram abaixo do esperado nos Estados Unidos e arrefeceram o otimismo. Aqui no Brasil, o dólar registra queda.

Mantega se disse impressionado como o travamento do crédito pode se transmitir rapidamente para a economia real, mas ressaltou que no Brasil "não há um travamento (da liquidez) como ocorre na economia americana". Ele lembrou que está prevista uma recessão e até uma retração econômica, que se espera, não se transforme em depressão.

- Esse é um desafio que têm os países avançados. O pacote de medidas adotadas nos Estados Unidos e na Europa apenas mitigou o problema. O problema da liquidez do crédito não está resolvido e portanto vai afetar seriamente a economia real - afirmou, destacando que o impacto da crise sobre países emergentes é menor.

- O setor tem que ter garantias de que de vai dar continuidade a seus projetos - disse o ministro, que acrescentou que não serão desativados os projetos de investimento do governo, uma referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

No 3º Encontro Nacional da Indústria, a principal cobrança dos empresários a Mantega foi a falta de irrigação de liquidez às empresas, enquanto o governo tem se preocupado em garantir a liquidez ao sistema bancário. Mantega disse que liberar compulsório e outras medidas para aumentar a liquidez dos bancos eram necessidades de curtíssimo prazo.

Governo anuncia nova linha de R$ 3 bi para construção civil

Este é o caminho natural para solucionar a crise, que ainda nos obrigará a passar por um período muito difícil. Mas com a construção de moradias, que devem ser populares, realiza-se o sonho da casa própria, diminui o deficit habitacional e faz a economia reaquecer.

Leia mais: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia amanhã a criação de uma linha especial de crédito de R$ 3 bilhões para capital de giro para o setor da construção civil. Segundo ele, serão recursos da Caixa Econômica Federal (CEF) e não virão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O custo do financiamento ainda não foi definido, disse Mantega, "mas, seguramente, será a taxas abaixo do mercado".

A medida será mais uma resposta para irrigar o setor e evitar uma desaceleração muito forte do boom imobiliário dos últimos dois anos.

No 3º Encontro Nacional da Indústria, a principal cobrança dos empresários a Mantega foi a falta de irrigação de liquidez às empresas, enquanto o governo tem se preocupado em garantir a liquidez ao sistema bancário.

Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, "o governo tem que dar um sinal acelerado de que vai cortar gastos públicos para sobrar investimentos e garantir que a economia real não seja afetada pela crise de modo tão forte".

O ex-presidente do Banco Central (BC) Carlos Langoni concorda com Gerdau na avaliação de que o governo precisa reduzir gastos fiscais, pois, segundo ele, o setor público tem pouca "bala na agulha" para aumentar investimentos de forma a "socorrer o esfriamento da expansão da economia real".

Ele citou que a China, por exemplo, anunciou um pacote de US$ 280 bilhões para investimentos em ferrovias como forma de minimizar o impacto da crise na economia do país. Mantega disse que liberar compulsório e outras medidas para aumentar a liquidez dos bancos eram necessidades de curtíssimo prazo. Para o setor produtivo, ele citou que foi ampliado o crédito para a área agrícola e que o governo vai irrigar a área de construção civil com crédito a custos mais baixos.

O ministro refutou as críticas de descontrole fiscal e disse que o governo mantém todos os seus projetos de investimento para 2009, inclusive o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, sugeriu que o governo amplie o prazo de pagamento de impostos, "em caráter extraordinário", de forma a ajudar na liquidez de pequenas e médias empresas, que a seu ver podem ficar inadimplentes com a União em função da crise financeira.

O ministro Mantega, entretanto, disse que o governo pode cogitar a medida, "mas tem que olhar qual seria o impacto de uma desaceleração de receitas sobre as contas públicas, diante da perspectiva de queda de lucros das empresas".

Lula defende que o Estado passe a regular o sistema financeiro

Em Salvador, presidente afirma que vê a crise com duração e conseqüências imprevisíveis

Quando a nona Cúpula Brasil-Portugal foi agendada, a pauta do encontro entre chefes de governo e ministros dos dois países girava em torno de temas amenos, como a uniformização da língua portuguesa e as possibilidades de ampliação do comércio bilateral entre os países. O que se viu ontem, em Salvador, porém, foi uma discussão intensa em torno das possibilidades de ação do Estado sobre a economia.

"Chegou a hora da política", bradou Lula, em seu pronunciamento, no qual reconheceu que crise financeira global "tem duração e conseqüências imprevisíveis". "O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro", argumentou. "Está na hora de os políticos entrarem em ação para que o sistema financeiro tenha a obrigação de ganhar sobre a produção, sobre a geração de postos de trabalho, juntando dinheiro como faz qualquer trabalhador que quer comprar uma TV, não com a especulação, com a troca de papéis, para de uma vez por todas abolirmos o cassino que se transformou o sistema financeiro internacional." O primeiro-ministro português, José Sócrates Pinto de Sousa, diz concordar que, com a crise, ficou demonstrado que o Estado tem de estar mais presente na economia. "Não temos o direito moral de deixar o sistema financeiro atuando como atuava antes da crise", afirma.

"Estamos vivendo uma crise que se vive uma vez na vida - e ela não é justa. Todo mundo vai pagar um preço. Mas a crise mostra como estava errado quem seguia o pensamento único do mercado." Segundo Lula, o Brasil reunia condições para não ser tão afetado pela crise, mas foi afetado por uma suposta ganância excessiva. "Batalhamos honestamente por seis anos para tornar a economia brasileira respeitável, sólida. As empresas brasileiras ganharam, nos últimos anos, muito mais do que vinham ganhando", argumenta. "E por que estamos vendo sinais da crise? Porque algumas empresas resolveram investir em uma coisa chamada derivativo para ganhar um pouco mais. Neste país, ninguém tinha o direito de tentar, de forma quase ilícita, conseguir mais do que o mercado dava." Para o presidente, este é um momento de reflexão para os países. "As economias emergentes não podem seguir sendo vítimas de um receituário financeiro que nunca foi seguido pelos países ricos", acredita. "Por isso, é preciso investir no comércio, nos acordos da rodada de Doha, em desemperrar as negociações entre o Mercosul e a União Européia."

Além das discussões sobre a crise mundial, os chefes de governo assinaram memorandos de entendimento nas áreas de biocombustíveis, gás natural e energia elétrica. Um dos acordos firmados envolve a Petrobras Biocombustível, a empresa petrolífera portuguesa Galp e o Governo da Bahia e visa ao desenvolvimento de estudos para a implantação de um pólo produtor de biocombustíveis feitos de dendê e girassol em território baiano.

PESQUISA DA FECOMERCIO APONTA QUE 81% DOS PAULISTANOS ACREDITAM QUE A CRISE INTERNACIONAL AFETARÁ O BRASIL

Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) aponta que 81% dos entrevistados acreditam que a crise financeira mundial vai afetar o Brasil. Para mais de 38% dos entrevistados o receio é que a crise reflita o desemprego, enquanto 36%, a inflação, seguidos de 10% a perda do poder de compra, 8% o aumento do endividamento e 5% a falta de crédito.

A pesquisa mostra ainda que o medo de perder o emprego se reduz com o crescimento da renda do entrevistado enquanto o da inflação faz o caminho inverso. Para quem ganha até 3 salários mínimos, 48% temem o aumento do desemprego e 35% o aumento da inflação. Já para quem ganha acima de 10 salários mínimos, a relação se inverte: apenas 27% temem o desemprego e 44% o aumento inflacionário.

Na visão da Fecomercio, o consumidor teme que a crise atinja seu poder de compra, seu bolso, principalmente através dos efeitos que se podem antecipar sobre o emprego e os preços, mesmo sem entender ainda sob quais mecanismos isso pode ocorrer.

Quando indagados sobre qual âmbito os reflexos serão mais intensos, 67% dos entrevistados responderam que a crise externa afetará a economia brasileira e apenas 15% entendem que os reflexos serão mais graves sobre as condições financeiras de suas famílias. Essa preocupação com esses efeitos domésticos é maior nas famílias com renda de até 3 salários mínimos (18%) e menor entre a classe média (11%).

Os dados acima fazem parte de um levantamento feito pela Fecomercio no dia 14 de outubro, junto a 1.116 paulistanos, que teve como com o objetivo detectar a percepção que a população tem a respeito da crise financeira internacional e sua avaliação sobre o grau de risco que existe de eventual contágio da economia brasileira em médio prazo.

 

 

 

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Mobilizar todos para resolver a crise o mais rápido possível, sem ajudar os especuladores

Perda de empresas com o câmbio pode chegar a US$ 20 bi, diz Mantega

Do mesmo jeito que o Brasil fez opção clara contra a inflação e a ditadura devemos ser claros quanto ao combate aos especuladores e agiotas de plantão. Os especuladores, por mais importantes que sejam suas empresas, devem pagar o preço do risco que correram e não terão o apoio dos cofres púiblicos se depender da UGT.

Lei mais: A Aracruz deve solucionar nos próximos dias o problema de crédito para equacionar o prejuízo bilionário por conta de operações com derivativos de câmbio. A informação foi dada hoje pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que disse que a economia brasileira estaria apta a absorver "com tranqüilidade" um rombo de até US$ 20 bilhões em perdas das empresas com este tipo de instrumento financeiro.

Ele fez questão de salientar, no entanto, que o governo não irá ajudar essas empresas a cobrir seus prejuízos.

"As empresas que ousaram terão que pagar por sua ousadia", disse o ministro.

Porém, Mantega lembrou que as companhias expostas aos chamados "derivativos exóticos" irão precisar de crédito para zerar os prejuízos e que o papel do governo é irrigar o mercado para que o funding possa ser oferecido.

Sem revelar projeções, Mantega disse acreditar que as perdas anunciadas por Votorantim (R$ 2 bilhões), Aracruz (R$ 1,9 bilhões) e Sadia (R$ 765 milhões) são as maiores do país e que, segundo ele, os "casos menores" estão sendo negociados "em condições normais".

Mantega informou ainda que o governo vem solicitando informações para a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F), Câmara de Custódia e Liquidação (Cetip) e bancos de empresas na busca do valor total das perdas com derivativos, montante ainda desconhecido.

Mantega vê recessão mundial e pede que Brasil consuma

É uma brincadeira de mau gosto do ministro. Só pode ser. Claro que devemos manter a serenidade e consumir de acordo com nossas necessidades e condições de pagamento. Mas devemos ter o bom senso de adequar nosso desejo de consumo às condições externas, ou seja, se vamos ter condições de manter o emprego, se vamos poder honrar nossos compromissos. Por isso, deve ser apenas uma maneira de o ministro ganhar espaços na mídia, afirmar que é hora de consumir. É hora de ter bom senso e trabalharmos, todos, para ajudar o Brasil a superar a atual crise mundial.

Lei mais: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta segunda-feira que a economia mundial caminha para a recessão, mas ressaltou que o governo brasileiro está tomando medidas para conter o impacto aqui e recomendou que a população continue consumindo para não prejudicar a atividade.

Ele acrescentou que as medidas que o Banco Central vem tomando nas últimas semanas estão servindo para recompor o crédito que tinha diminuído no país, mas lembrou que algumas delas não têm impacto imediato.

"É quase certo que haverá uma retração na atividade econômica (mundial) e até mesmo uma recessão", disse Mantega a jornalistas após reunião com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo.

"O impacto aqui no Brasil continua o mesmo. Temos uma escassez de crédito para operações de ACC (Adiantamentos de Contratos de Câmbio)... Estamos preocupados também com a irrigação de crédito no setor agrícola, que precisa de recursos nesta época do ano. Estamos ativando linhas para isso", acrescentou ele, referindo-se a medidas já anunciadas pelo governo.

Ele mostrou preocupação também com o capital de giro para pequenas e médias empresas e para a indústria automobilística. Depois da reunião com os ministros, Lula encontrou-se com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider. A Presidência não divulgou informações sobre a reunião.

"Há uma redução momentânea do crédito que está sendo sanada pelo governo. Nós sabemos que houve uma redução drástica... mas já há uma recomposição desse crédito", afirmou Mantega.

"O crédito vinha crescendo num volume muito grande, tinha alguma gordura. Então, de fato, houve uma redução, principalmente setorial. Com a liberação do compulsório pelo BC, nós estamos recompondo esse crédito."

Mantega afirmou que as medidas sobre o compulsório já liberaram R$ 50 bilhões na economia.

"Algumas medidas demoram um pouco porque é a primeira vez que nós a estamos tomando..., medidas que havia muito tempo não se fazia, e tivemos que aperfeiçoar os instrumentos."

Contágio psicológico — Mantega acrescentou que parte do impacto da crise financeira mundial no Brasil é psicológico e que as pessoas não podem ter medo.

"O contágio é um pouco psicológico, diante do quadro internacional muito forte nos Estados Unidos", disse.

Dando um exemplo pessoal, Mantega afirmou que está comprando um imóvel que será pago entre 8 e 10 parcelas. Mas a operação será feita diretamente com o proprietário e não por intermédio de um banco.

"Eu estou comprando um imóvel e nós devemos procurar ter uma vida normal. Se todo mundo ficar preocupado e ficar com medo, aí é que vai criar um problema econômico, porque as pessoas vão deixar de consumir e vão reduzir o nível de atividade", afirmou.

Mantega ressaltou que o governo "não vai salvar nenhuma empresa" de perdas com operações no mercado financeiro, mas ponderou que irá garantir crédito para as companhias.

"As empresas que ousaram no mercado futuro têm que pagar o preço de sua ousadia e não será o governo que vai cobrir isso. Agora, o governo tem obrigação de dar crédito e liquidez a valores de mercado", disse o ministro.

Na sexta-feira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse que o banco de fomento iria ajudar empresas que tiveram problemas com derivativos cambiais.

Pequena empresa já enfrenta efeitos da crise

Essa é a grande preocupação da UGT. Como já alertamos, as empresas mais vulneráveis são as pequenas e médias. Que são as que mais geram empregos e retornos para o País. Vamos insistir junto ao presidente Lula para criar apoios de crédito para as pequenas e médias empresas, aliás função que o BNDES deveria cumprir com prioridade. Investir no pequeno e médio empresário é apostar no social e no retorno imediato para o Brasil.

Leia mais: Empresários estão com dificuldade para conseguir financiamentos nos bancos

Dona de uma indústria de produtos de higiene hospitalar e cosméticos, a empresária Fabiana Hübner estava animada com as perspectivas do negócio para 2009. A conquista de mercados e a expansão das vendas fizeram a pequena fábrica em São Paulo atingir o limite da capacidade produtiva. "Nossa produção cresceu sete vezes de 2002 até hoje", diz a empreendedora, que previa crescer mais de 50% no próximo ano.

Há dois meses, ela resolveu pedir empréstimo a um banco privado para financiar a expansão da fábrica e a compra de equipamentos. Os juros e o prazo do financiamento se ajustavam ao orçamento da companhia. "A chance de aprovação era grande", conta. Mas, desde o início de outubro, com o agravamento do crise financeira mundial, as negociações com a instituição travaram. "As linhas de crédito disponíveis foram todas suspensas."

O problema enfrentado por Fabiana mostra que a crise já bate à porta das pequenas empresas brasileiras. Para alguns especialistas, em momentos de crise econômica, elas sofrem até mais que as grandes corporações. "A pequena não tem o fôlego que uma grande empresa. Ela não possui reserva para parar e esperar o que vai acontecer", diz o professor de empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, Tales Andreassi.

A suscetibilidade dos pequenos negócios também se revela maior em um dos efeitos da crise: restrição ao crédito. "Os bancos estão apertando as empresas, em busca de garantias reais, como imóveis, para seus empréstimos", diz Laecio Barreiros, diretor da L & Barreiros Controladoria, especializada em gestão financeira e controladoria. As pequenas e médias empresas, muitas vezes, não têm os ativos exigidos. "Esse empresário vai crescendo com o próprio movimento do negócio. Poucos formam um patrimônio no curto prazo."

A informalidade dessas empresas também prejudica a busca de crédito. Isso porque a preocupação dos bancos com a saúde financeira das empresas aumentou. E as pequenas não mantêm o mesmo rigor que as grandes com os balanços e a documentação das finanças. "O que o mercado não quer hoje é garantia podre", diz Barreiros.

Já os microempresários sofrem de forma diferente os efeitos da crise. Segundo dados do Sebrae-SP, apenas 36% tomam empréstimos no sistema bancário. "Esses, se já tinham dificuldades antes, agora terão ainda mais", diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Ricardo Tortorella.

Os que estão de fora do mercado tradicional usam recursos próprios ou da família, o que continuarão fazendo, afirma Tortorella. Por isso, o impacto imediato nesses empreendimentos virá da retração no consumo. "Em momentos de instabilidade, as pessoas compram menos", diz Andreassi, da FGV.

A desaceleração do consumo, segundo o professor, também acertará em cheio os pequenos negócios. A redução da atividade de indústrias que mantêm uma cadeia de produção longa, como a automobilística, também deve puxar para baixo o desempenho das pequenas, médias e microempresas. "A hora é de manter o rigor nos gastos e o conservadorismo no planejamento", aconselha.

Lula pede, mas banco não eleva crédito

Hoje torna-se pública uma notícia que sempre soubemos. Até mesmo o presidente Lula não é o último a saber. Os bancos privados brasileiros fazem o que está no seu DNA, ganhar dinheiro em cima de dinheiro. O que o governo tem que fazer, imediatamente, é buscar alternativas para fazer chegar o dinheiro público aos pequenos e médios empresários, ao comércio, aos consumidores em busca de crédito com juros decentes. É assim que entendemos a expressão “irrigar a economia com crédito” e não a facilitação da vida dos grandes bancos que só pensam nos interesses deles.

Leia mais: Presidente liga a banqueiros e ouve que momento é de erguer "muro de liquidez" contra crise financeira global. Bancos aumentam sua capitalização também de olho em possíveis aquisições e investem em papéis do governo atraídos por juro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com grandes banqueiros na semana passada para pressioná-los a abrir as torneiras do crédito. Ouviu respostas desanimadoras.

Segundo a Folha apurou, os grandes bancos disseram que a prioridade, no momento, é construir um "muro de liquidez" -ação preventiva e de sobrevivência no médio e longo prazo em relação à crise econômica mundial, que estrangula o crédito e as empresas.

Lula ficou contrariado, segundo relato de integrantes da equipe econômica. Os grandes bancos aumentaram muito o grau de seletividade para concessão de crédito. A maior parte do dinheiro que entra via redução do compulsório após medidas do Banco Central não retorna ao mercado sob a forma de empréstimo.

Receosos em emprestar e preocupados em manter sua solidez num momento de grandes incertezas, os grandes bancos seguram em caixa os recursos e aplicam nos títulos do próprio governo, atraídos por uma taxa básica de juros (Selic) de 13,75% ao ano.

A Folha apurou ainda que os maiores bancos privados do Brasil têm também procurado se capitalizar para, caso apareça uma oportunidade de compra estratégica de carteiras ou de instituição, terem recursos em caixa para a operação.

Ou seja, a liberação condicionada de estimados R$ 50 bilhões do compulsório (parcela dos depósitos que os bancos são obrigados a recolher no BC), deixando mais recursos livres para empréstimos, tem tido pouco efeito prático.

Os bancos acreditam que neste momento de incerteza o mais importante é manter o caixa reforçado e não comprar carteiras de crédito de instituições menores, que têm pouca liquidez.

Na semana passada, Lula enviou alguns emissários para conversas com empresários e banqueiros. O presidente tem ouvido opiniões de fora da equipe econômica tradicional -Fazenda, Planejamento e BC. Esses emissários detectaram um pessimismo maior do que Lula imaginava. Os contatos diretos do presidente com banqueiros receosos reforçaram a percepção do presidente de que o efeito sobre o Brasil será maior do que a "marola" prevista por ele anteriormente.

Mais informações na Folha

Governo quer liberar R$ 11,5 bi para compra de casa própria

Eis aí uma medida acertada do governo federal. Investir na casa própria é apoiar os sonhos dos brasileiros por uma casa própria e ao mesmo tempo ajuda a reaquecer a economia, investindo na construção civil.

Leia mais: O governo federal quer liberar R$ 11,49 bilhões para a compra da casa própria com os recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) em 2009. Neste ano, foram liberados R$ 8,49 bilhões. Se a proposta for aceita, haverá R$ 3 bilhões a mais em relação a que foi oferecido neste ano.

A proposta, divulgada pelo ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, deverá ser apresentada na próxima reunião do conselho curador do FGTS, na quinta. "Esse dinheiro é fruto da arrecadação do FGTS neste ano, e significa que a desaceleração da economia não deverá acontecer."

O conselho irá decidir se aprova ou não a proposta. Segundo Celso Petrucci, membro do conselho, a proposta poderá ser aprovada. "O ministro quer sinalizar que não irão faltar recursos para a construção em 2009. É um dinheiro de custo barato para o consumidor."

A proposta é aumentar os recursos na linha de crédito de habitação popular, que tem juros de 6% a 8,16% ao ano. A linha é oferecida a quem tem renda familiar de até R$ 4.900 e quer um imóvel de até RS 130 mil, dependendo do tamanho da cidade onde o imóvel será comprado. Quem é cotista do FGTS há pelo menos três anos tem 0,5 ponto percentual de desconto nos juros. Essa linha, hoje, tem R$ 4 bilhões para a compra da casa própria.

Segundo Petrucci, não há risco de faltar recursos para a habitação popular neste ano. Com a proposta, a linha deverá ter R$ 7 bilhões em 2009. Se a proposta for aprovada na quinta, irá entrar no Orçamento do ano que vem.