quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Nos move a certeza de que o povo brasileiro, otimista por natureza, é muito maior que a crise

Lula pede que 'síndrome do pânico' não domine economia e pede ousadia ao setor automobilístico

Em reunião que tive com Otávio Valejo, presidente do Sindicato das Revendas de Automóveis, concluímos que devemos apostar na transparência para mostrar a gravidade da crise, mas tomar todos os cuidados, conforme o faz o presidente Lula, para evitar a o terror de transformar a realidade num monstro muito maior do que poderia vir a ser. Neste blog procuramos contextualizar as informações, mostrar a quem interessa as manipulações, exigir punição exemplar para os especuladores e buscar mecanismos para proteger os trabalhadores e as empresas que produzem e exportam. Porque nos preocupa o Brasil e sua economia. E nos move a certeza de que o povo brasileiro, otimista por natureza, é muito maior que a crise.

Leia mais: Num novo alerta sobre os reflexos da crise financeira internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na noite desta quarta-feira, na abertura do Salão do Automóvel, em São Paulo, que o país não pode ser contaminado pelo que chamou de "síndrome do pânico". Segundo ele, o brasileiro não deve se render a uma espécie de guerra emocional que estaria tomando conta do mundo por conta da turbulência do mercado financeiro internacional.

- Temos que olhar para isso (a crise) com a atenção que ela merece de nós. Mas não podemos entrar na síndrome do pânico e paralisar nossas atividades por causa da crise - disse Lula, acrescentando que o sistema financeiro brasileiro mostrou que é mais sólido que o daqueles que antes "tentavam nos ensinar".

A isso, afirmou o presidente, somam-se "indicadores favoráveis" como a diversificação da pauta de exportações e as reservas cambiais.

Temos que olhar para isso (a crise) com a atenção que ela merece de nós. Mas não podemos entrar na síndrome do pânico e paralisar nossas atividades por causa da crise

- Entretanto é importante que a gente faça reflexão de que é uma crise possivelmente tão ou mais séria que a crise de 1929. É uma crise que nasce no coração da principal economia do mundo - emendou o presidente, durante abertura do 25º Salâo Internacional do Automóvel, no Parque de Exposições do Anhembi, ao lado do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e do prefeito reeleito Gilberto Kassab (DEM).

- Todos sabemos que tem uma crise que nasce um pouco da irresponsabilidade daqueles que querem ganhar dinheiro sem produzir absolutamente nada. O dado concreto é que, em alguns países, essa crise começa a chegar na economia real. Certamente, temos a perspectiva de que haverá problema de redução de consumo em alguns países, em especial nos Estados Unidos da América do Norte - disse o presidente Lula, garantindo que o governo tratará o setor automobilístico como uma de suas prioridades

Tenho feito questão de ser uma espécie de pregador do otimismo neste país. Tem gente que não gosta.

- Vamos tomar conta de alguns setores da economia que consideramos cruciais - disse Lula, citando como exemplo industria automobilística e a construção civil.

- O que nós não podemos é aceitar que o pânico, o medo, a desconfiança gere qualquer problema para a gente fazer as compras que a gente tem que fazer - advertiu o presidente no discurso, ao lado de Serra, para centenas de empresários e executivos do setor automobístico brasileiro.

- Mantenham os investimentos anunciados de US$ 22 bilhões até 2010. Não há nenhuma razão para vocês pararem com os investimentos. Não me negarei a ser garoto-propaganda dos produtos brasileiros onde o Brasil ainda puder vender. Acho que o momento é de ousadia - pediu Lula, sendo aplaudido pelos empresários.

Fed reforça o caixa do BC com operação de US$ 30 bi

Essa notícia nos mostra que a crise é grande. Pela primeira vez na História moderna temos um acordo de transferência de recursos entre bancos centrais. O lado positivo desta decisão, mesmo diante da crise imensa e global, é que o Real foi aceito na transação, o que legitima as políticas adotadas pelo governo brasileiro de manutenção da estabilidade da moeda. Hoje o Real é uma moeda com reconhecimento mundial e assim que superarmos essa crise, pois vamos superá-la, nossa moeda, nossa economia e nosso País estarão em um patamar mundial mais elevado.

Leia mais: Dinheiro extra deve ser utilizado para o País enfrentar a escassez de dólares no mercado.

O Banco Central anunciou ontem que recebeu um reforço de US$ 30 bilhões para as reservas internacionais, que poderão ser usados para controlar o mercado de câmbio. A ajuda é resultado de um acordo com o Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos), que terá validade até 30 de abril de 2009. O Fed anunciou entendimento idêntico e em igual valor com México, Cingapura e Coréia do Sul. Os dólares serão recebidos pelo Brasil e, como garantia, o BC vai enviar reais aos Estados Unidos.

O presidente do BC, Henrique Meirelles, comemorou o significado do acordo porque inclui formalmente o Brasil no grupo de países com "economias sistemicamente importantes". Para Meirelles, o entendimento com as autoridades americanas representa o "reconhecimento da qualidade da política econômica" conduzida pelo País.

Com esse acordo, o Brasil terá recursos extras para amenizar o efeito da crise, que reduziu a oferta de dólares. Atualmente, a autoridade monetária tem atuado no câmbio, com a venda da moeda que está nas reservas internacionais, o que tem diminuído gradativamente esse montante.

O BC recebeu autorização para fazer acordos desse tipo com a Medida Provisória 443, a mesma que permitiu que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal comprem participação acionária em bancos e empresas. A partir da regulamentação do acordo - que será feita pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), será possível usar os recursos do Fed para aliviar a pressão do mercado. Assim, será preservado o nível das reservas brasileiras. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre enaltece o nível superior a US$ 200 bilhões das reservas, que funcionam como um dos escudos contra a crise.

Diferentemente de antigos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o entendimento com o Fed não implica "condicionalidades de política econômica", destaca nota divulgada pelo BC. Quando o acordo for regulamentado e houver a operação, o Fed vai creditar os dólares nas reservas brasileiras. Em contrapartida, o Brasil remeterá valor equivalente em reais aos EUA. Segundo o BC brasileiro, o crédito dos recursos será feito de acordo com a demanda, não necessariamente de uma só vez.

De acordo com a assessoria de imprensa do BC, não há custos nem variação cambial embutidos na operação. Ou seja, os dólares do Fed que ingressarem no Brasil serão devolvidos pelo mesmo volume de reais remetido aos EUA.

Para economistas, o BC ganhou mais poder para restabelecer a liquidez do mercado cambial. "A medida visa a maior liquidez ao mercado. Isso aumenta o poder de fogo do BC", disse o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos. Com avaliação semelhante, o economista-chefe da Mauá Investimentos, Caio Megale, disse que o acordo "aumenta a bala do BC".

Megale observa, porém, que a ajuda tem um aspecto que não deve ser comemorado: os países beneficiados são os que mais sofreram com os swaps corporativos, como os que provocaram prejuízos à Aracruz, Sadia e Votorantim. "Sabemos que México, Brasil e Coréia do Sul são os países cujas empresas mais sofreram com derivativos." Para ele, Cingapura seria o único que não estaria entre os mais prejudicados pelos derivativos cambiais.

Além de Brasil, Cingapura, Coréia do Sul e México, Austrália, Canadá, Dinamarca, Inglaterra, Noruega, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e a União Européia já têm acordos semelhantes com o Fed.

Decisão de manter taxa de juros em 13,75% divide indústria, comércio e centrais

A UGT gostaria que a taxa de juros fosse reduzida. Mas apoiou a manutenção como a escolha menos ruim, que mostrou bom senso do Copom neste momento de turbulência global.

Leia mais: A decisão do Copom de manter a taxa de juros em 13,75% ao ano dividiu a opinião da indústria, do comércio e das centrais sindicais. Para a indústria paulista, a medida não favorece a economia do país, em meio a uma crise internacional. Já representantes do comércio, do setor de infra-estrutura e da indústria nacional avaliam que a medida foi correta ao levar em conta o risco de recessão.

A Fiesp (federação das indústrias paulistas) ressaltou que, enquanto nos EUA os juros caíram de 1,5% para 1% ao ano e os bancos centrais do mundo sinalizam para o corte da taxa, o Brasil não agiu na mesma direção. Em nota, diz que, em abril deste ano, o Copom iniciou um processo de aumento da Selic, para encarecer o crédito e não deixar que o aquecimento da economia pudesse trazer aumento da inflação. "Essa intenção vai em sentido oposto à pretendida pelo mundo no atual cenário econômico."

Paulo Skaf, presidente da Fiesp, afirma que "a manutenção da Selic deve ser bem recebida pela sociedade, desde que seja vista como o início de um processo de queda continuada dos juros, fator essencial à retomada do crédito evitando, assim, maior freada da atividade econômica no Brasil".

Para a Associação Comercial de São Paulo, a decisão "decepcionou o lado real da economia". Alencar Burti, presidente da entidade, diz que os empresários esperavam corte da taxa, "tendo em vista a forte retração do crédito, o aumento dos juros e a redução de prazos de financiamento, que vêm afetando as vendas do varejo, provocando redução da produção e de horas trabalhadas em muitos segmentos, com risco de levar à demissão de trabalhadores".

Armando Monteiro Neto, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) classifica a decisão de interromper o ciclo de elevação dos juros como "sensata". "Reduzir os compulsórios, liberar recursos para o sistema interbancário e interromper o ciclo de alta dos juros são ações corretas que buscam diminuir os impactos do empoçamento de liquidez", avalia. "Mas essas medidas podem não ser suficientes."

Para a Abdib (indústria de base), a decisão foi coerente e responsável. "O cenário econômico interno e externo mudou bruscamente nas últimas semanas, exigindo outras ações de política econômica, diferentes daquelas que vinham sendo adotadas. Tão importante quanto manter a inflação sob controle é agir para manter níveis razoáveis de crescimento econômico neste e no próximo ano, o que não significa atentar para um e descuidar do outro."

Abram Szajman, presidente da Fecomercio, diz que o Copom acerta ao levar em conta o risco de recessão, mas espera que, já na próxima reunião, prevista para dezembro, possa ser iniciado o processo de redução da taxa básica. "Se o governo não reduzir os juros, setores industriais dependentes de crédito, voltados apenas para atender o mercado interno, são os que sofrerão mais. É o caso do setor automobilístico e da construção civil, justamente aqueles que o governo considera como os mais relevantes para manter o ritmo de atividade e o nível de emprego", diz.

Para a Força Sindical, a decisão reflete a "insensatez" da equipe econômica e vai prejudicar os trabalhadores. A CUT chamou a decisão de "conservadora" e avalia que o Brasil "precisa baixar de forma agressiva os juros e diminuir o superávit primário". Para a CTB, o BC "joga contra o desenvolvimento nacional". A UGT apoiou a decisão do BC, embora reconheça que não é "a ideal".

Construtoras ganham até R$ 11 bi para aumentar o capital de giro

Mais uma vez se prioriza a construção civil o que é bom pois garante a geração de empregos. Nossa preocupação é com a outra ponta do crédito, ou seja, facilitar a compra dos imóveis pela classe média e pelos trabalhadores. Se não resolver essa ponta, vamos apenas estocar imóveis novos ou construir para a elite, o que não resolve o problema dos trabalhadores que querem ter o direito de comprar a tão sonhada casa própria.

Leia mais: Dinheiro sairá da liberação de 5% dos depósitos da caderneta de poupança; só a Caixa já garantiu R$ 3 bi

O governo anunciou ontem a criação de uma nova linha de financiamento do capital de giro das empresas de construção civil. O objetivo da medida é conter o desaquecimento do setor, que é um grande empregador.

A linha será formada por meio da liberação de 5% dos depósitos da caderneta de poupança e poderá atingir R$ 11 bilhões. Hoje, os bancos têm de destinar 65% dos depósitos da poupança ao crédito imobiliário. A partir de agora, 5% entre os 65% poderão ser usados para financiar as construtoras. A decisão dependerá dos bancos. A Caixa Econômica Federal antecipou que oferecerá R$ 3 bilhões para cobrir custos de construção e compra de carteira de recebíveis das empresas.

A linha oferecida pela Caixa terá garantia especial do próprio governo federal, por meio de retenção de dividendos, e será oferecida às empresas a uma taxa de 10% a 11% ao ano mais variação da Taxa Referencial (TR), que hoje está em torno de 1,38% ao ano. Ou seja, as empresas com dificuldades em manter suas obras em andamento poderão tomar dinheiro emprestado a um custo de 11,4% a 12,4% ao ano - menos do que a própria taxa Selic, de 13,75%.

"Tudo está sendo feito pela taxa de juros de mercado", disse o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

O argumento é que os recursos da poupança são captados a cerca de 7% ao ano - rentabilidade que os depositantes recebem pelo dinheiro que aplicam nos bancos. Portanto, se cobrar 12%, a Caixa ainda ainda teria cerca de 5% de lucro ao ano.

O problema é o risco da operação, e por isso o Ministério da Fazenda decidiu criar, por meio de medida provisória, um fundo garantidor dos empréstimos que serão concedidos pela Caixa. A MP "dispensa o recolhimento de dividendos e juros sobre capital próprio em montante a ser definido pelo ministro da Fazenda e respeitado o mínimo de 25% sobre o lucro líquido ajustado" durante os anos de 2008, 2009 e 2010.

Ou seja, o excedente de dividendos, além dos 25%, que a Caixa normalmente paga ao Tesouro, poderá manter em uma reserva para dar lastro às operações nos próximos três anos. "É uma garantia extra para reduzir o risco nestes momentos de turbulência internacional."

A adesão é opcional. Cada banco vai decidir se usa ou não os 5% de seus depósitos para oferecer esses empréstimos. Como o estoque de poupança no País soma R$ 220 bilhões, se todos os bancos aderirem ao mecanismo, as construtoras teriam cerca de R$ 11 bilhões em financiamentos.5

Diminuem as vendas em supermercados

É o terror chegando às gôndolas. Temos quer ir devagar com o andor. Não sair consumindo, como sugeriu levianamente o ministro Mantega, mas também evitar a retração por um medo descolado da realidade.

Leia mais: Queda é de 5,6% em setembro em relação a agosto; sobre setembro de 2007, houve aumento de 5,5%, segundo a Abras.

Para a Abras, há grande expectativa em relação ao consumo neste mês, pois lojas percebem consumidor cauteloso com os gastos

As vendas nos supermercados do país caíram 5,6% em setembro em relação a agosto e cresceram 5,5% sobre igual mês de 2007, segundo a Abras, associação que reúne o setor.

A queda nas vendas em setembro, além de ser sazonal, ocorreu porque, em agosto, houve queda nos preços de alguns alimentos, o que resultou em alta do consumo naquele mês, na avaliação da Abras. De janeiro a setembro, as vendas do setor cresceram 8,9% sobre igual período do ano passado.

"Setembro foi um bom mês para o setor, já que houve crescimento sobre 2007. A grande expectativa agora é em relação a este mês. O que já se percebe é que o consumidor está bem mais cauteloso com os gastos", afirma Sussumu Honda, presidente da Abras.

As notícias sobre os desdobramentos da crise financeira internacional tiveram forte impacto nos consumidores. "Por essa razão, a expectativa é que as vendas neste mês ainda cresçam na comparação com as de igual período do ano passado, mas num ritmo menor", diz.

Pelo fato de o mercado financeiro "estar muito conturbado", segundo ele, a Abras ainda não fez previsões para o último trimestre do ano. "O que podemos dizer é que havia expectativa de o setor vender, neste ano, 10% a mais do que no ano passado. Agora já estamos falando em algo próximo a 9%."

Os supermercados paulistas notaram que o consumidor reduziu o valor de compra neste mês e diminuiu os gastos com produtos supérfluos. Por conta disso, a expectativa da Apas (Associação Paulista de Supermercados) é que as vendas neste mês cresçam 4% em relação a igual mês do ano passado, e não mais 9% como estava previsto anteriormente.

"Com tantas notícias ruins sobre os efeitos da crise, o consumidor está muito indeciso neste mês -uma hora ele parece que está disposto a comprar; na outra, parece indeciso. Estamos até evitando falar em previsões neste momento", diz Martinho Paiva, vice presidente de comunicação da Apas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

UGT nacional e UGTs estaduais avaliam crescimento de 54,78% em seis meses

UGTs nacional e estaduais confirmam crescimento de 54,78% em seis meses

As diretorias das UGTs estaduais se reuniram ontem em São Paulo, na sede da UGT nacional, para fazerem um balanço de um ano e meio de vida da terceira maior central brasileira e, ao mesmo tempo, traçar metas para o ano que se encerra.

O desafio, aceito por todos os presidentes das UGTs estaduais, é elevar o número de sindicatos filiados à UGT das atuais 765 entidades sindicais filiadas sendo: 468 sindicatos de base validados; 269 sindicatos filiados (em processo de validação); 26 Federações nacionais /regionais e estaduais e 2 confederações nacionais. “A nossa representação hoje é de cerca de 4,5 milhões de trabalhadores, dos quais 33% são sindicalizados, o que corresponde a 1,5 milhões de trabalhadores sindicalizados”, afirma o presidente Ricardo Patah, eufórico com o crescimento acelerado da UGT. “Do dia 31 de março deste ano até segunda-feira (27) o número de filiações pulou de 303 para 469 entidades. Um crescimento de 54,78% em número de sindicatos, confederações e federações”, afirma Ricardo Patah.

Participaram da reunião os presidentes e/ou representantes das  UGTs Amazonas (Nindberg Barbosa dos Santos); Bahia ( Álvaro Rios); Ceará (Francisco Teonio da Silva); Minas Gerais (Paulo César Dias de Souza); Pará (José Francisco); Paraná (Paulo Rossi); Rio de Janeiro (Zé Baiano, representando a UGT Rio); Rio Grande do Sul (Paulo Bark); Rio Grande do Norte (João Pereira dos Santos); Santa Catarina (Waldemar Schulz, o Nazinho, e Carlos Magno).

Na abertura da reunião, foi feito um minuto de silêncio em homenagem à memoria do companheiro Montanha, que faleceu recentemente, e que presidia a UGT do Rio de Janeiro.

Chiquinho Pereira, secretário de organização, afirmou que a UGT vai dobrar de tamanho no próximo ano. “Vamos dobrar não apenas de tamanho, mas intensificar ainda mais a nossa presença politica nas cidades, nas Câmaras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, vamos participar de todas as manifestações que acelerem uma solução para a atual crise econômica, com o peso e participação da UGT em todos os níveis”, afirma.

Canindé Pegado, secretário geral, além de detalhar os procedimentos para acelerar a formalização dos sindicatos e entidades que estão se vinculando à UGT alertou para todos se manterem atentos à mobilização. “A UGT é uma central da mobilização permanente, da troca de ideias e da prestação de serviços para os sindicatos e entidades filiadas, para nos mantermos sempre unidos na defesa dos interesses da classe trabalhadora brasileira”, afirma Canindé Pegado.

Moacyr Pereira, secretário de finanças, detalhou os planos de consolidação das UGTs estaduais e insistiu na colaboração de todos para se manter o crescimento vigoroso e orgânico da entidade. “Vamos crescer uniformemente, amparando todas as UGTs estaduais, independente do Estado ou da região do País vamos consolidar a UGT para ser percebida e atuante junto aos poderes locais e nacionais”, diz Moacyr Pereira.

Câmara aprova MP que autoriza ajuda a bancos

 Felizmente a classe política brasileira amadureceu o suficiente para aprovar, em tempo recorde, a legislação que muda a relação do governo brasileiro com os bancos e com os banqueiros. Destacamos os ajustes feitos pela Câmara dos Deputados que responsabilizam os banqueiros e obriga o Banco Central a dar satisfações à Câmara dos Deputados.

Leia mais: Texto aprovado acrescentou punição para banqueiros em caso de inadimplência e envio de relatório trimestral do BC ao Congresso. 

A Câmara dos Deputados aprovou ontem a Medida Provisória nº 442, que autoriza o Banco Central a socorrer os bancos com operações especiais de redesconto e com garantia de empréstimos em moeda estrangeira. Uma das mudanças feitas pelos deputados no texto da MP prevê que, em caso de inadimplência nessas operações, por um período superior a 90 dias, os controladores das instituições financeiras passam a ter responsabilidade solidária e os seus bens ficarão indisponíveis.

Essa punição para os banqueiros, em caso de inadimplência, foi proposta pelo deputado Paulo Renato (PSDB-SP) e acolhida pelo relator da MP, deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Na justificativa da emenda, Paulo Renato observou que o objetivo da MP é restabelecer a normalidade das condições de liquidez, sobretudo das pequenas instituições financeiras, mas disse que ela "não pode estimular operações de crédito duvidoso".

Outra mudança no texto original da MP, feita pelo relator e aprovada pelo plenário da Câmara, determina que o Banco Central encaminhe ao Congresso Nacional, a cada três meses, relatório sobre as operações realizadas. O BC deverá indicar, entre outras informações, o valor total trimestral e o acumulado no ano das operações de redesconto ou empréstimos realizadas, as condições financeiras médias aplicadas nessas operações, o valor total trimestral e acumulado anual de créditos adimplidos e inadimplidos, além de um demonstrativo do impacto dessas operações nos resultados da instituição.

O texto aprovado pela Câmara obriga ainda o presidente do Banco Central a comparecer ao Congresso, a cada semestre, em reunião conjunta das Comissões de Finanças da Câmara e de Assuntos Econômicos do Senado, para informar e debater sobre os valores agregados e a taxa média praticada nas operações de redesconto em reais.

O relator aproveitou para fazer uma mudança que não está diretamente relacionada ao tema da MP. Ele acolheu emenda do deputado José Carlos Araújo (PR-BA) que dispensa de qualquer outro registro público as operações de arrendamento mercantil ou qualquer outra modalidade de crédito ou financiamento de veículo automotor.

Pela nova regra, a propriedade fiduciária de veículos será constituída tão somente mediante a anotação do respectivo contrato perante a repartição competente para o licenciamento do veículo (ou seja, o Detran). A MP será, agora, analisada pelo Senado.

 

Mantega: governo cogita prazo maior para empresa pagar impostos

Esse é um pedido antigo dos empresários do setor. Temos que ver se não estão atualizando agenda velha e tentando encaixá-las dentro da atual crise. O governo tem que se cuidar senão vai acontecer o mesmo desvio que os bancos adotaram. Pegam as facilidades do governo, economizam com a grana dos impostos e continuam a arrochar crédito e a demitir os trabalhadores.

Leiam mais: O governo estuda a possibilidade de ampliar temporariamente o prazo para que empresas brasileiras paguem seus impostos, diante dos efeitos mais duros da crise financeira internacional, informou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O pleito foi feito nesta terça-feira pelo presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB-PE), durante evento em Brasília.

- Essa medida, evidentemente, está sendo cogitada - respondeu Mantega, que participou nesta terça-feira do 3º Encontro Nacional da Indústria (Enai), promovido pela CNI.

" Vamos ter um forte impacto na atividade econômica, na economia real "

O ministro ressaltou, no entanto, que o governo também tem preocupação com o equilíbrio fiscal e já está atento a uma possível redução da arrecadação resultante da desaceleração econômica. Ele reconheceu que a crise terá longa duração e magnitude inédita.

- Vamos ter um forte impacto na atividade econômica, na economia real, e no mundo todo vai desacelerar e isso está ficando nítido agora.

O dia começou com o otimismo no mercado financeiro mundial, mas a volatilidade voltou no início da tarde. Os preços muito baixos das ações atraíram investidores em busca de boas compras, mas os índices de confiança do consumidor vieram abaixo do esperado nos Estados Unidos e arrefeceram o otimismo. Aqui no Brasil, o dólar registra queda.

Mantega se disse impressionado como o travamento do crédito pode se transmitir rapidamente para a economia real, mas ressaltou que no Brasil "não há um travamento (da liquidez) como ocorre na economia americana". Ele lembrou que está prevista uma recessão e até uma retração econômica, que se espera, não se transforme em depressão.

- Esse é um desafio que têm os países avançados. O pacote de medidas adotadas nos Estados Unidos e na Europa apenas mitigou o problema. O problema da liquidez do crédito não está resolvido e portanto vai afetar seriamente a economia real - afirmou, destacando que o impacto da crise sobre países emergentes é menor.

- O setor tem que ter garantias de que de vai dar continuidade a seus projetos - disse o ministro, que acrescentou que não serão desativados os projetos de investimento do governo, uma referência ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

No 3º Encontro Nacional da Indústria, a principal cobrança dos empresários a Mantega foi a falta de irrigação de liquidez às empresas, enquanto o governo tem se preocupado em garantir a liquidez ao sistema bancário. Mantega disse que liberar compulsório e outras medidas para aumentar a liquidez dos bancos eram necessidades de curtíssimo prazo.

Governo anuncia nova linha de R$ 3 bi para construção civil

Este é o caminho natural para solucionar a crise, que ainda nos obrigará a passar por um período muito difícil. Mas com a construção de moradias, que devem ser populares, realiza-se o sonho da casa própria, diminui o deficit habitacional e faz a economia reaquecer.

Leia mais: O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anuncia amanhã a criação de uma linha especial de crédito de R$ 3 bilhões para capital de giro para o setor da construção civil. Segundo ele, serão recursos da Caixa Econômica Federal (CEF) e não virão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O custo do financiamento ainda não foi definido, disse Mantega, "mas, seguramente, será a taxas abaixo do mercado".

A medida será mais uma resposta para irrigar o setor e evitar uma desaceleração muito forte do boom imobiliário dos últimos dois anos.

No 3º Encontro Nacional da Indústria, a principal cobrança dos empresários a Mantega foi a falta de irrigação de liquidez às empresas, enquanto o governo tem se preocupado em garantir a liquidez ao sistema bancário.

Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, "o governo tem que dar um sinal acelerado de que vai cortar gastos públicos para sobrar investimentos e garantir que a economia real não seja afetada pela crise de modo tão forte".

O ex-presidente do Banco Central (BC) Carlos Langoni concorda com Gerdau na avaliação de que o governo precisa reduzir gastos fiscais, pois, segundo ele, o setor público tem pouca "bala na agulha" para aumentar investimentos de forma a "socorrer o esfriamento da expansão da economia real".

Ele citou que a China, por exemplo, anunciou um pacote de US$ 280 bilhões para investimentos em ferrovias como forma de minimizar o impacto da crise na economia do país. Mantega disse que liberar compulsório e outras medidas para aumentar a liquidez dos bancos eram necessidades de curtíssimo prazo. Para o setor produtivo, ele citou que foi ampliado o crédito para a área agrícola e que o governo vai irrigar a área de construção civil com crédito a custos mais baixos.

O ministro refutou as críticas de descontrole fiscal e disse que o governo mantém todos os seus projetos de investimento para 2009, inclusive o Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, sugeriu que o governo amplie o prazo de pagamento de impostos, "em caráter extraordinário", de forma a ajudar na liquidez de pequenas e médias empresas, que a seu ver podem ficar inadimplentes com a União em função da crise financeira.

O ministro Mantega, entretanto, disse que o governo pode cogitar a medida, "mas tem que olhar qual seria o impacto de uma desaceleração de receitas sobre as contas públicas, diante da perspectiva de queda de lucros das empresas".

Lula defende que o Estado passe a regular o sistema financeiro

Em Salvador, presidente afirma que vê a crise com duração e conseqüências imprevisíveis

Quando a nona Cúpula Brasil-Portugal foi agendada, a pauta do encontro entre chefes de governo e ministros dos dois países girava em torno de temas amenos, como a uniformização da língua portuguesa e as possibilidades de ampliação do comércio bilateral entre os países. O que se viu ontem, em Salvador, porém, foi uma discussão intensa em torno das possibilidades de ação do Estado sobre a economia.

"Chegou a hora da política", bradou Lula, em seu pronunciamento, no qual reconheceu que crise financeira global "tem duração e conseqüências imprevisíveis". "O que estou defendendo não é o Estado se intrometer na economia, mas é o Estado que tenha força política para regular o sistema financeiro", argumentou. "Está na hora de os políticos entrarem em ação para que o sistema financeiro tenha a obrigação de ganhar sobre a produção, sobre a geração de postos de trabalho, juntando dinheiro como faz qualquer trabalhador que quer comprar uma TV, não com a especulação, com a troca de papéis, para de uma vez por todas abolirmos o cassino que se transformou o sistema financeiro internacional." O primeiro-ministro português, José Sócrates Pinto de Sousa, diz concordar que, com a crise, ficou demonstrado que o Estado tem de estar mais presente na economia. "Não temos o direito moral de deixar o sistema financeiro atuando como atuava antes da crise", afirma.

"Estamos vivendo uma crise que se vive uma vez na vida - e ela não é justa. Todo mundo vai pagar um preço. Mas a crise mostra como estava errado quem seguia o pensamento único do mercado." Segundo Lula, o Brasil reunia condições para não ser tão afetado pela crise, mas foi afetado por uma suposta ganância excessiva. "Batalhamos honestamente por seis anos para tornar a economia brasileira respeitável, sólida. As empresas brasileiras ganharam, nos últimos anos, muito mais do que vinham ganhando", argumenta. "E por que estamos vendo sinais da crise? Porque algumas empresas resolveram investir em uma coisa chamada derivativo para ganhar um pouco mais. Neste país, ninguém tinha o direito de tentar, de forma quase ilícita, conseguir mais do que o mercado dava." Para o presidente, este é um momento de reflexão para os países. "As economias emergentes não podem seguir sendo vítimas de um receituário financeiro que nunca foi seguido pelos países ricos", acredita. "Por isso, é preciso investir no comércio, nos acordos da rodada de Doha, em desemperrar as negociações entre o Mercosul e a União Européia."

Além das discussões sobre a crise mundial, os chefes de governo assinaram memorandos de entendimento nas áreas de biocombustíveis, gás natural e energia elétrica. Um dos acordos firmados envolve a Petrobras Biocombustível, a empresa petrolífera portuguesa Galp e o Governo da Bahia e visa ao desenvolvimento de estudos para a implantação de um pólo produtor de biocombustíveis feitos de dendê e girassol em território baiano.

PESQUISA DA FECOMERCIO APONTA QUE 81% DOS PAULISTANOS ACREDITAM QUE A CRISE INTERNACIONAL AFETARÁ O BRASIL

Pesquisa realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio) aponta que 81% dos entrevistados acreditam que a crise financeira mundial vai afetar o Brasil. Para mais de 38% dos entrevistados o receio é que a crise reflita o desemprego, enquanto 36%, a inflação, seguidos de 10% a perda do poder de compra, 8% o aumento do endividamento e 5% a falta de crédito.

A pesquisa mostra ainda que o medo de perder o emprego se reduz com o crescimento da renda do entrevistado enquanto o da inflação faz o caminho inverso. Para quem ganha até 3 salários mínimos, 48% temem o aumento do desemprego e 35% o aumento da inflação. Já para quem ganha acima de 10 salários mínimos, a relação se inverte: apenas 27% temem o desemprego e 44% o aumento inflacionário.

Na visão da Fecomercio, o consumidor teme que a crise atinja seu poder de compra, seu bolso, principalmente através dos efeitos que se podem antecipar sobre o emprego e os preços, mesmo sem entender ainda sob quais mecanismos isso pode ocorrer.

Quando indagados sobre qual âmbito os reflexos serão mais intensos, 67% dos entrevistados responderam que a crise externa afetará a economia brasileira e apenas 15% entendem que os reflexos serão mais graves sobre as condições financeiras de suas famílias. Essa preocupação com esses efeitos domésticos é maior nas famílias com renda de até 3 salários mínimos (18%) e menor entre a classe média (11%).

Os dados acima fazem parte de um levantamento feito pela Fecomercio no dia 14 de outubro, junto a 1.116 paulistanos, que teve como com o objetivo detectar a percepção que a população tem a respeito da crise financeira internacional e sua avaliação sobre o grau de risco que existe de eventual contágio da economia brasileira em médio prazo.