segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Pelo cessar fogo imediato e pelo fim das agressões ao povo palestino pois nada justifica atos de guerra

Apelamos pelo cesar fogo imediato na Faixa de Gaza

Israel ocupa e divide Faixa de Gaza

(Postado por Marcos Afonso de Oliveira) Entraram em opração os tambores de guerra, com toda a irracionalidade e covardia contra o povo palestino. Nenhuma guerra tem razão, essa menos ainda. Com a morte de civis, o massacre de inocentes, a eliminação de crianças e idosos indefesos. Clamamos para um imediato cessar fogo e que o diálogo prevaleça, que a arrogância dos senhores da guerra, que sustentam a indústria bélica com a vida de civis e de inocentes chegue, rapidamente, ao fim.

Leia mais: Soldados israelenses isolam parte do território e combatem militantes do Hamas frente a frente; mortos passam de 500

O Exército de Israel dividiu a Faixa de Gaza em duas partes e cercou a principal cidade do território no nono dia de uma ofensiva contra o território que já deixou mais de 500 palestinos mortos, entre eles 87 crianças, e mais de 2 mil feridos. Um soldado israelense morreu ontem no segundo dia da ofensiva por terra, somando-se às outras quatro vítimas israelenses desde o início dos combates.

Em uma nova fase do conflito, após ataques aéreos, terrestres e marítimos de fora da Faixa da Gaza, soldados israelenses e militantes do Hamas estão combatendo frente a frente no que pode elevar o número de baixas dos dois lados, especialmente no de Israel.

A pressão diplomática para um cessar-fogo deve crescer ainda mais nos próximos dias, com protestos ao redor do mundo. Na noite de ontem, o Hamas anunciou que aceitou um convite do Egito para enviar uma delegação ao país para discutir a crise.

Em Israel, caso aumente o total de vítimas israelenses, analistas preveem que a opinião pública, atualmente a favor da guerra, possa começar a se opor, assim como ocorreu na guerra de 2006 no Líbano contra o grupo xiita Hezbollah.

Israel nega que queira reocupar Gaza, de onde se retirou em meados de 2005, apesar de manter o controle aéreo, marítimo e fronteiriço do território.

O objetivo declarado dos israelenses é eliminar a capacidade do Hamas de lançar foguetes contra o sul de Israel. Mas, apesar da ofensiva, dezenas de foguetes do grupo palestino atingiram ontem cidades israelenses como Ashkelon e Sderot, sem deixar vítimas.

Mercado interno segura a economia

Sempre argumentamos a favor do mercado interno. E agora, diante da crise financeira mundial, se vê que as lideranças dos trabalhadores tinham e têm razão. É hora de os patrões também perceberem o acerto de nossa argumentação e criarem espaços para a discussão da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) que é uma das maneiras mais eficientes de transferência de renda e de manutenção do mercado interno, que será um dos pilares que salvará nossa economia.

Leia mais: Queda de preços de alimentos e reajuste do salário mínimo vão ajudar a atenuar efeitos da crise internacional.

O mercado doméstico vai atenuar a desaceleração da economia prevista para este ano. Executivos de indústrias dedicadas ao mercado interno estão bem mais otimistas com 2009 do que os exportadores. Essa é uma das principais conclusões de uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para medir o humor e as expectativas dos industriais.

De acordo com a sondagem, a confiança nos negócios para os próximos seis meses dos industriais especializados no mercado doméstico reduziu-se de forma moderada em novembro, enquanto a queda na confiança dos empresários dedicados à exportação - e da indústria como um todo - foi bem maior.

CENÁRIO — Segundo a pesquisa, 31% das 137 indústrias voltadas para o mercado interno trabalhavam, em novembro, com cenário melhor para os negócios até maio. Enquanto isso, só 3% das 68 empresas exportadoras estavam otimistas e 22% das 1.112 indústrias como um todo tinham a mesma expectativa.

Entre os empresários especializados no mercado doméstico, os mais otimistas são os fabricantes de cimento, embalagens metálicas, papel e artefatos para uso pessoal, produtos farmacêuticos e confecção e peças interiores do vestuário.

"Há mais indústrias especializadas em mercado doméstico acreditando que a situação será melhor em seis meses do que companhias exportadoras, apesar da desvalorização cambial que, teoricamente, seria um estímulo às vendas externas", diz o coordenador da pesquisa, Aloisio Campelo.

CAPACIDADE DE PRODUÇÃO — O economista aponta outro indicador, o uso da capacidade de produção das fábricas, para reforçar a tese de que o mercado interno será o fiel da balança em 2009. De acordo com a sondagem, quem exporta pouco usava 83,4% da capacidade de produção das fábricas em novembro - uma taxa de ocupação semelhante à média registrada em meses de novembro dos últimos três anos. Já o grupo de exportadores ocupava 83% da sua capacidade de produção em novembro, um nível bem inferior à média de 88,2% registrada desde 1995.

É o mercado interno, dizem os especialistas, que deve impedir uma queda maior do crescimento da economia. Em 2008, estima-se que o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter crescido cerca de 5,8%. Para 2009, a projeção de mercado fica em torno de 2,5%. Se não fosse pelo forte consumo das famílias e pelos gastos do governo, provavelmente o País não escaparia de um ano de estagnação ou recessão, como se prevê nos países desenvolvidos.

SALÁRIO MÍNIMO — Para o sócio-diretor da LCA Consultores, Fernando Sampaio, o mercado doméstico terá desempenho melhor que o externo. "Entre os segmentos voltados para o mercado interno, o de produtos não duráveis (alimentos e artigos de higiene e limpeza) vai sofrer menos com a desaceleração porque tem demanda mais estável."

Sampaio diz que a inflação, prevista para cerca de 5% em 2009, não deve corroer o poder de compra dos consumidores. Mais ainda: um terço dos brasileiros terá um reforço de renda acima da inflação porque tem os rendimentos calculados com base no salário mínimo. Pelas suas contas, o salário mínimo deve subir cerca de 12%.

Isso significa que o mínimo vai de R$ 415 a quase R$ 465. O acréscimo de cerca de R$ 50 provavelmente será gasto com alimentação, diz o economista, especialmente com maior consumo de carne de boi e frango.

O sócio da consultoria MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, diz que a redução dos preços dos alimentos, que começou em novembro, e o reajuste do salário mínimo devem contribuir para estimular o consumo, especialmente da população de menor renda. (Mais informações no Estadão)

Novo pacote do governo concederá subsídio à habitação para baixa renda

Combinar o mercado interno com a perspectiva de os trabalhadores e os assalariados conseguirem realizar o sonho da casa própria. É uma iniciativa que gera emprego, aquece a economia e, principalmente, nos torna mais brasileiros, pois é essa a principal condição para milhões de homens e mulheres, de famílias ainda sem lar ou vivendo precariamente em favelas: ter acesso a um teto que signifique dignidade.

Leia mais: Um dos grandes beneficiados pelas medidas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará para estimular o crescimento da economia brasileira este ano será o setor de construção civil. Como revela reportagem do Globo neste sábado, até o fim do mês, Lula deverá lançar um amplo programa destinado à população de baixa renda, que recebe de um a cinco salários mínimos. O objetivo é zerar, até 2023, o déficit habitacional brasileiro, estimado em 7,2 milhões moradias.

Conforme fontes do governo e do setor privado, atualmente são construídas, por ano, 1,5 milhão de habitações. A idéia é dar um acréscimo anual de, por baixo, 350 mil moradias, via subsídios nos financiamentos habitacionais e desonerações tributárias.

Em entrevista ao Globo, o ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, afirmou que, além da geração de empregos, queremos impulsionar a indústria da construção, com destaque para materiais plásticos, vergalhões, tijolos e telhas.

A construção civil também deverá ser beneficiada com novas obras de infra-estrutura que atualmente não estão incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). (Mais informações no Globo Digital)

Concessão mais ágil de aposentadoria começa hoje

Trata-se de uma reivindicação antiga do movimento sindical, amplamente apoiada pela UGT que é a concessão imediata da aposentadoria, um direito líquido e certo, conquistado com 30 anos de contribuição. Tecnologia para processar milhões de cartões da loteria sempre tivemos, há muitos anos. Não se entendia porque se demorava tanto para conseguir agilizar o recebimento da aposentadoria. Estaremos vigilantes pois uma coisa é o que se promete e outra a efetiva realização do prometido. É por isso que os trabalhadores brasileiros, cada vez mais organizados, têm suas lideranças atentas, principalmente através de suas centrais sindicais.

Leia mais: A partir desta segunda-feira, dia 5, as agências do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já estão aptas a conceder, em trinta minutos, aposentadorias por idade aos trabalhadores urbanos, com reconhecimento automático de direitos. Para que as agências coloquem em operação o novo sistema operacional, ainda é preciso a edição de uma instrução normativa do INSS, o que está previsto para acontecer na próxima segunda, de acordo com informações da assessoria de imprensa do Ministério da Previdência Social.

A maior agilidade na concessão das aposentadorias por idade será possível, segundo o Ministério da Previdência, a partir da aprovação da lei que autorizou o INSS a ampliar a base de dados certificados do Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), utilizado na concessão das aposentadorias. Essa lei foi regulamentada pelo decreto 6.722, publicado em edição extra do Diário Oficial de 31 de dezembro. Essa mesma lei, regulamentada hoje, também criou a figura do microempreendedor individual que permitirá que trabalhadores que têm pequenos negócios informais possam se inscrever na Previdência Social pagando alíquota reduzida de 11% sobre o salário mínimo.

Ainda de acordo com a Previdência, gradualmente, os dados do CNIS estarão disponíveis para a concessão dos demais benefícios da Previdência Social. Em março de 2009, por exemplo, a previsão é que seja possível conceder aposentadoria por tempo de contribuição para trabalhadores urbanos e, em julho, a concessão de aposentadoria por idade para trabalhadores rurais. (Mais informações no Estadão)

Publicada lei que cria figura do empreendedor individual

O ano começa cheio de bons sintomas a favor dos trabalhadores que continuam no geral desamparados, ou seja, os trabalhadores informais, qe têm amplo apoio da UGT. Por isso, apoiamos a lei que apoia o microempreendedor. E esperamos que o benefício transformado em lei federal chegue também aos Estados e Municípios.

Leia mais: Os microempreendedores individuais, cujas atividades informais proporcionam renda de até R$ 36 mil por ano, já poderão fazer sua inscrição na Previdência Social a partir deste ano. Foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (D.O.U.), com data de dia 31 de dezembro do ano passado, o decreto 6.722 presidencial que regulamenta a lei que cria a figura do microempreendedor individual no Simples Nacional.

A medida permitirá que trabalhadores que atuam em pequenos negócios informais - como pipoqueiros, cabeleireiros, manicures e camelôs - possam se filiar ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) contribuindo com uma alíquota de 11% sobre o salário mínimo. Em troca da contribuição, esses trabalhadores terão direito aos benefícios previdenciários - como auxílios, pensão por morte, salário-maternidade e aposentadoria por idade ou por invalidez - excetuando a aposentadoria por tempo de contribuição.

O Ministério da Previdência Social calcula que poderão ser incluídos no sistema previdenciário cerca de 10 milhões de pessoas que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), hoje têm renda suficiente mas não contribuem para a Previdência.

A lei que criou a figura do microempreendedor individual foi aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2008 e, além da contribuição reduzida ao INSS, também permite aos microempreendedores com atividades ligadas à indústria e comércio ter isenção dos impostos federais e, a título de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS), haverá também uma cobrança reduzida. Para os microempreendedores prestadores de serviço, também haverá isenção dos tributos federais, mas será cobrado o Imposto sobre Serviços (ISS), um tributo municipal. (Mais informações no Estadão)

Seguro-desemprego mais rápido

Nada mais justo que se use a tecnologia também para acelerar e desburocratizar o pagamento do seguro-desemprego. Temos que estar atentos quanto às fraudes. Exigir do governo brasileiro que assine a Convenção 158 da OIT para controlar a demissão imotivada e diminuir os gastos astronómicos que são feitos através do seguro-desemprego. Quando é sabido que o governo federal desembolsa mais de 13 bilhões de reais, por ano, nesta conta.

Leia mais: Receber o seguro-desemprego pode ficar mais fácil e rápido neste ano. O Ministério do Trabalho e Emprego pretende implantar o sistema pela web. O processo permitirá que os empregadores façam o registro do benefício pela internet para agilizar a liberação do benefício para o trabalhador desempregado.

Em entrevista ao site do ministério, o secretário de políticas públicas do ministério, Ezequiel Nascimento, disse que a medida faz parte dos planos da secretaria para este ano.

- A implantação beneficiará 6,9 milhões de trabalhadores.

Para ter direito ao benefício hoje, o trabalhador dispensado sem justa causa deve dar entrada no seguro-desemprego em unidades da delegacia regional do trabalho ou postos de encaminhamento de emprego.

Até um mês — Após este processo, o trabalhador leva até 30 dias, em média, para sacar a primeira parcela na Caixa Econômica Federal, ou nas lotéricas. Até novembro de 2008, foram concedidos 5,21 milhões de seguros-desemprego no país, número 19,72% menor que no mesmo período de 2007, quando foram emitidos 6,49 milhões. Em São Paulo, 1,42 millhão foi concedido,contra 1,72 milhão no ano anterior.

Segundo o secretário, em 2008, foram atingidas as metas de integração das políticas públicas de emprego, como no aumento das ações de qualificação, elevação do número de benefícios pagos do PIS/Pasep e crescimento nas contratações com registro em carteira, de acordo com Nascimento. (Leia mais no Globo on line) 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Esse é o ano de nos unir para debelar, o mais rápido possível, a crise que nos ameaça

Trabalhador poderá escolher banco para abrir conta-salário

(Postado por Laerte Teixeira) Medida muito interessante. Principalmente, porque os banqueiros não gostaram e tentaram de tudo no Congresso Nacional para vetar a medida. Os patrões já entraram no chororô dos banqueiros e dizem que será difícil implantar a medida. Besteira. Com a tecnologia moderna, basta acrescentar no final da folhade pagamento para qual banco tem que ir o depósito e pronto. Para os trabalhadores é a oportunidade de trocar mesmo de banco, de escolher os bancos que ofereçam menores tarifas, que tratam seus trbalhadores com dignidade, que respeitam os correntistas. Vamos exercer nossa cidadania e usar a portabilidade do salário para vigiar os banqueiros de perto.

Leia mais: Por meio da ''portabilidade do salário'', os trabalhadores da iniciativa privada poderão escolher, a partir desta sexta-feira, o banco no qual receberão seus pagamentos, por meio das chamadas contas-salário. As contas serão isentas de tarifas ou custos adicionais. Pelo menos cerca de 30 milhões de pessoas que possuem carteira assinada podem ser beneficiadas com a medida.

Os funcionários públicos, no entanto, terão oficialmente de esperar até o início de 2012. Mas podem ter acesso à escolha da instituição antes do prazo previsto, caso os órgãos ou governos onde trabalham fechem novos contratos com bancos que recebem pagamentos.

A conta-salário foi criada em 2006 e faz parte de um amplo pacote elaborado pelo Banco Central (BC) para estimular a concorrência entre bancos. Além da conta-salário, o pacote inclui a portabilidade do cadastro dos clientes bancário, bem como de operações de crédito. Neste caso, a pessoa pode transferir um empréstimo de um banco para outro que oferecer melhores condições de pagamento.

Prefeitos tomam posse e já anunciam cortes de gastos

Essa conversa tem dois lados. Um deles é que a crise é séria e preocupa. O outro lado é que existe um hábito entre os políticos brasileiros de prometer demais, muito além da capacidade de caixa dos municípios, estados ou até mesmo do governo federal. Nada mais oportuno, portanto, do que usar a crise para se livrar de responsabilidade quanto às promessas. Mas o povo brasileiro sabe separar alho de bugalho, e os trabalhadores já têm um nível de informação e de organização que permitirá punir ou reeleger os políticos que se escondem atrás da crise para evitar consolidar uma boa administração.

Leia mais: O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (DEM) e a vice-prefeita Alda Marco Antônio (PMDB) chegam para a cerimônia de posse

Administradores das principais capitais do país preveem que o ano será de aperto

A CRISE ECONÔMICA esfriou a posse dos prefeitos das principais capitais do país, muitos dos quais já anunciaram cortes ou contingenciamento nos gastos públicos.

Embora ninguém admita que terá de recuar em suas promessas de campanha eleitoral, é consenso entre eles a avaliação que o ano de 2009 será de aperto.

Em São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), 48, afirmou que "é preciso navegar com cautela nessas águas turvas" e anunciou congelamento em todas as áreas da prefeitura, excetuando saúde, educação e transportes.

No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), 39, assinou decretos "anticrise" com o objetivo de economizar, neste ano, R$ 1,3 bilhão -o Orçamento-2009 da cidade é de R$ 10,2 bilhões. Uma das medidas prevê a redução dos salários de cargos de confiança.

Os prefeitos de Porto Alegre, Belo Horizonte e Curitiba, respectivamente, José Fogaça (PMDB), Marcio Lacerda (PSB) e Beto Richa (PSDB), também anunciaram redução nas despesas. Em Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), em segundo mandato, prometeu uma administração mais "enxuta" e declarou que vai controlar até o tempo das ligações telefônicas nos órgãos públicos do município. (Leia mais na Folha)

Indústria pode lucrar US$ 34 bi com substituição de importações

A crise chega forte e traz também oportunidades. Temos que estar atentos para aproveitá-las desde que signifique a geração de mais empregos e de renda para os trabalhadores também. Depois, não podemos perder de vista que vivemos numa economia interdependente. E dependemos também do bom andamento da economia global, dos acordos comerciais que assinamos e da participação de todos os setores económicos, de maneira harmónica, para reforçar o mercado interno e diminuir, a curto prazo, os efeitos da crise financeira mundial.

Leia mais: Perda de valor do real em relação ao dólar deve levar produto nacional a tomar 20% do mercado de importados.

A forte valorização de 46% do dólar nos últimos três meses deverá desencadear uma onda de substituição de importações por produtos nacionais. Economistas e representantes do setor produtivo apontam uma redução entre 10% e 20% do volume de importações com o novo patamar do câmbio, acima de R$ 2. Isso significaria um ganho de até US$ 34 bilhões por ano para a indústria brasileira, conforme cálculos feitos com base nos últimos números da balança comercial.

Entre os produtos que mais deverão ser beneficiados estão insumos como papel, aço, tecidos, máquinas e equipamentos, pequenos eletrodomésticos, alimentos e brinquedos. "Em alguns casos a substituição de importação tende a ser imediata, como é o caso de alimentos e bebidas", avalia o diretor do departamento de competitividade e tecnologia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz.

No setor têxtil, a substituição de importação tem sido vista como uma grande oportunidade para retomar o mercado perdido para os chineses nos últimos anos. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) estima que o setor vai crescer mais que o Produto Interno Bruto (PIB) em 2009, especialmente por causa da demanda maior das confecções pelo tecido de fabricação nacional.

"Qualquer fatia de mercado que a indústria recupere representa um volume de produção grande e muita gente empregada", argumenta o presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário (SindiVestuário), Ronald Masijah. As empresas brasileiras têm 94% do mercado nacional e produzem 6,4 bilhões de peças de roupas por ano.

Como o setor têxtil, a indústria de máquinas e equipamentos festeja a possibilidade de reconquista do mercado perdido para os importados. Segundo o vice-presidente da Abimaq, José Velloso Cardoso, com a desvalorização do dólar frente ao real, a indústria local perdeu competitividade e o País passou a importar até produtos com similar nacional. "Agora, com a mudança no câmbio, a importação deixa de valer a pena". (Leia mais no Estadão)

Governo muda regras de bancos e libera R$ 40 bi para crédito

O conceito chave é irrigar a economia através de crédito. O governo federal tem feito a parte dele. Os banqueiros (como de hábito) sempre que podem agem pensando apenas nos seus interesses. Parece-nos que há uma tentativa de estimular os bancos a emprestar mais para as pessoas físicas fazendo o crédito chegar na base da sociedade. Vamos ver e vigiar. Banqueiro não mercê confiança porque eles conseguiram criar no Brasil acesso diferenciado ao Estado e deitam e rolam.

Leia mais: Em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional alterou regras para as operações de crédito

Brasília - Na noite do penúltimo dia útil do ano, os bancos passaram a contar com um limite extra de até R$ 40 bilhões para emprestar aos clientes. Em reunião extraordinária, o Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou regras para as operações de crédito e arrendamento mercantil (leasing) em mais uma tentativa de aumentar a oferta de dinheiro no mercado.

A decisão afeta o provisionamento dos bancos nos empréstimos, que é a reserva obrigatória que deve ser feita para cobrir eventuais prejuízos gerados pela inadimplência. Até ontem, bancos que faziam provisão superior à exigida pela legislação eram prejudicados na capacidade de repassar dinheiro aos clientes. Isso porque a operação afetava o cálculo do Patrimônio de Referência (PR), principal parâmetro para determinar o limite de empréstimo de uma instituição financeira.

A partir de agora, o provisionamento extra deixa de entrar no cálculo do PR. Bancos que forem mais conservadores que o exigido - ao formar reserva superior ao obrigatório - não perderão capacidade de emprestar a famílias e empresas.

O provisionamento é calculado de acordo com alíquotas que variam conforme o risco atribuído aos empréstimos. Para as operações consideradas mais seguras, bancos têm de reservar valor equivalente a 0,5% da operação. No caso dos empréstimos com atraso superior a 180 dias, a provisão precisa ser de 100% do valor devido.

Em novembro, segundo o Banco Central (BC), os bancos mantinham R$ 63,4 bilhões em provisões. O valor é aproximadamente R$ 4,5 bilhões superior ao exigido, recursos que poderão ser direcionados a empréstimos. Mas como a capacidade de ofertar crédito é calculada com base em multiplicadores, o potencial de novos empréstimos é bem maior. As regras que relacionam o patrimônio de um banco à sua capacidade de emprestar são determinadas pelo Acordo de Basiléia, conjunto de normas que estabeleceu regras globais para exposição a risco dos bancos.

A analista do segmento bancário do Banco Banif, Lia da Graça, diz que a mudança é mais uma medida do governo no esforço de tentar aumentar a oferta de crédito, mas questiona a eficácia da decisão ao lembrar que instituições que eventualmente estejam sendo mais seletivas na concessão de crédito o façam pelo aumento da percepção de risco, como reação à crise, e não por limitações regulamentares.