sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Corte de Kassab ameaça os empregos de 3 mil trabalhadores da limpeza e prejudica a varrição das feiras públicas da Capital

Kassab gasta em propaganda mais do que corta em varrição

(Postado por Moacyr Pereira, presidente do Siemaco-SP e secretário de finanças da UGT) O cenário está montado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) contra os trabalhadores da limpeza urbana de São Paulo. O Siemaco vai apresentar denúncia ao Ministério Público do Trabalho se antecipando às demissões que serão em massa e que atingirão mais de 3 mil trabalhadores, que somando salário, mais cesta básica e tíquetes, não levam para casa mais do que 600 reais por mês. Vamos deixar claro também que as varrições das feiras, a varrição preventiva que se faz para evitar entupimento dos bueiros serão, também, prejudicadas. Com três mil profissionais a menos é impossível fazer o tal remanejamento que o prefeito Kassab, aparentemente em campanha, promete. E a prefeitura sabe disso pois tem em mãos todas as informações técnicas que lhes são repassadas pelas empresas. A limpeza pública em São Paulo conta com os melhores técnicos do país, que sabem monitorar com precisão a incidência de homens/hora e equipamentos para se atingir os níveis de qualidade contratados e esperados. São Paulo, infelizmente, vai ser prejudicada. E como podemos ler nos textos abaixo, a redução da arrecadação foi de apenas um por cento. E mesmo assim, aparentemente em campanha, Kassab corta 20% na varrição da capital e aumenta 134% nos gastos com publicidade. É a continuidade da proposta de cidade limpa, agora com o corte da varrição. Daqui a pouco vão montar estúdios cenográficos para filmar as ruas e feiras da capital limpinhas, apesar da demissão em massa de mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadoras.

Leia mais: Gastos com limpeza terão corte de 20%, mas previsão é investir em publicidade 134% a mais do que o previsto no Orçamento

Prefeito diz que foi preciso ampliar despesas com propaganda para divulgar campanhas informativas nas áreas de saúde e de educação.

A Prefeitura de São Paulo já gastou mais em propaganda neste ano do que o valor que será cortado dos serviços de varrição de ruas e retirada de entulhos. Conforme a Folha revelou ontem, a administração Gilberto Kassab (DEM) vai cortar 20% dos gastos com varrição e coleta de entulho -redução de R$ 58,4 milhões na despesa com os serviços.

Até o início deste mês a gestão já havia empenhado R$ 69,5 milhões para propaganda.

No total, Kassab prevê gastar R$ 78,8 milhões com publicidade até o fim do ano, 134% mais do que o valor previsto no Orçamento para 2009 e 98,5% acima do gasto do ano passado, quando o prefeito foi reeleito.

Questionado ontem pela manhã, Kassab defendeu o corte de gastos com limpeza e as despesas com publicidade.

Segundo ele, a prioridade da gestão é manter os investimentos nas áreas de saúde e educação e garantir os subsídios às empresas de ônibus para não aumentar a tarifa neste ano.

O prefeito disse que o município deve arrecadar R$ 24 bilhões neste ano, 1% menos que no ano passado já descontada a inflação.

Com isso, disse o prefeito, foi necessário fazer uma série de cortes, mas que não afetarão a qualidade dos serviços. "Nós vamos ter rigor na fiscalização em todas as áreas, também na varrição, e vamos preservar a qualidade do serviço."

Sobre as despesas com publicidade, Kassab disse que foi necessário para divulgar os serviços da prefeitura. Ele citou campanhas das áreas de saúde e educação, como a orientação à população sobre a gripe suína. "É equivocado fazer essa análise de que aumentou a publicidade. É vinculado à prestação de serviços."

Demissões — Apesar de o prefeito afirmar que a qualidade dos serviços será mantida mesmo com os cortes, o presidente do sindicato das empresas de limpeza urbana, Ariovaldo Caodaglio, diz que a redução de 20% nos gastos com a varrição terá reflexos. "Os preços pagos pela varrição, no nosso entendimento, nem cobrem os custos", disse ele, que diz serão "inevitáveis" as demissões no setor.

O corte no serviço de limpeza urbana ocorre às vésperas da temporada de chuvas.

O líder do PT na Câmara, João Antonio, disse que a prefeitura fez um orçamento inflado para abrigar todas as "promessas eleitoreiras". "O governo vem com essa desculpa da crise internacional quando na verdade a Prefeitura de São Paulo arrecadou mais 5,45% no primeiro semestre deste ano em comparação a 2008." (Leia mais na Folha)

Ministros de Lula atacam bancos privados
Após BB retomar liderança do Itaú Unibanco, Mantega e Bernardo criticam atuação de bancos e declarações de Setúbal.
Para Mantega, instituições privadas "não contribuem com o crescimento da economia'.
Ministros da área econômica do governo Lula aproveitaram a volta do Banco do Brasil ao primeiro lugar no ranking de maiores bancos do país, como antecipou ontem a Folha, para criticar as instituições privadas e seu maior banqueiro, Roberto Setubal, do Itaú Unibanco.
O ministro Guido Mantega (Fazenda) pressionou pela redução dos juros dos empréstimos e disse que os bancos que não seguirem a política das instituições públicas de expansão agressiva do crédito após a crise "vão comer poeira". Foi uma resposta à crítica de Setubal de que as taxas cobradas pelos bancos públicos são insustentáveis. "O presidente do Itaú se equivocou. Ele não esperou o resultado do BB, falou antes e cometeu uma falácia, um erro grave. Se eles [bancos privados] não seguirem o exemplo, vão começar a comer poeira dos bancos públicos."
Desde o agravamento da crise, em setembro, bancos e governo estão em conflito. Num primeiro momento, as instituições privadas reduziram a oferta de crédito, como ocorreu em todo o mundo, enquanto o governo usou os bancos públicos para irrigar a economia, elevando sua fatia no crédito total. Mantega também substituiu o presidente do BB para garantir que a instituição acelerasse a queda nos juros e elevasse o volume de financiamentos oferecidos. O então presidente, Antonio Lima Neto, que defendia maior prudência na redução dos juros, perdeu o cargo para Aldemir Bendine em abril.
Após assumir, Bendine disse mais de uma vez que o banco, sendo público, não poderia se comportar como uma instituição privada. Os bancos públicos também tornaram-se agentes do governo em programas como o Minha Casa, Minha Vida, que promete construir 1 milhão de casas. O BB, que nunca atuou na venda de imóveis para a baixa renda, entrou no programa, e a Caixa, tradicional nesse mercado, tornou-se o principal agente do programa. O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) também reagiu, com ironia, às declarações de Setubal. "Quem sabe os bancos privados não se unem para definir uma taxa única para todo o setor?", disse Bernardo ontem, na Costa do Sauípe. Bernardo classificou o comentário de Setubal como "infeliz": "Setubal descuidou-se com o que estava dizendo. Todos sabemos que temos as taxas de juros mais altas do mundo. Temos é que aumentar a concorrência para reduzir mais ainda os juros".
Mantega justificou que o aumento do lucro do BB foi puxado pelo crédito. Segundo ele, o BB optou por oferecer mais crédito com juros menores, enquanto os bancos privados reduziram o volume de empréstimos e elevaram os juros e os "spreads" (diferença entre os juros que os bancos pagam para captar dinheiro no mercado e a taxa cobrada nos empréstimos que concedem). (Leia mais na Folha)

Sebrae-SP: faturamento de MPEs caiu 10% no 1º semestre
O faturamento real (descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) paulistas caiu 10,1% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2008, segundo a pesquisa Indicadores Sebrae-SP, que monitora o desempenho de 2,7 mil empresas no Estado. De acordo com o levantamento, a queda no faturamento dos micro e pequenos negócios foi puxada principalmente pela indústria, que registrou retração de 18% no período. Em seguida estão comércio (-9,7%) e serviços (-4,5%).
Na análise por regiões, a pesquisa Sebrae-SP aponta que a Região Metropolitana de São Paulo apresentou retração no faturamento de 11,8%, a maior queda regional no primeiro semestre. Também tiveram fortes baixas os micro e pequenos negócios da região do Grande ABC e capital (ambas com -11,1%) e do interior do Estado (-8,2%).
No mês de junho, as micro e pequenas empresas paulistas tiveram a menor queda de faturamento real desde setembro de 2008, mês em que a crise financeira mundial se agravou, com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers. O recuo em junho foi de 3,5% em relação ao mesmo mês de 2008. Após o início da crise, os resultados mais fracos observados pela pesquisa foram em janeiro e fevereiro de 2009, com quedas de 16,5% e 14,4%, respectivamente.
Em junho, a indústria registrou retração de 16,6% no faturamento real, enquanto o setor de serviços teve queda de 6,2% em comparação com o mesmo mês do ano passado. Os segmentos mais afetados continuam a ser os de bens de consumo duráveis (como máquinas e aparelhos elétricos) e bens de capital (máquinas e equipamentos). Já o comércio teve o primeiro resultado positivo no semestre: elevação de 3,6% em relação a junho de 2008.
Apesar da queda no faturamento real, os empresários estão ligeiramente mais otimistas. Em julho, 48% dos donos de micro e pequenos negócios declararam acreditar em melhora no faturamento da empresa nos próximos seis meses, contra 46% registrados em junho. Quanto à economia brasileira, a proporção de empresários que acreditam em melhora no nível da atividade econômica nos próximos seis meses variou de 43% em junho para 46% em julho. (Leia mais no Estadão)

Fundo de ajuda a pequenas empresas recebe fortalecimento

Fundo recebeu aporte de R$ 500 mi e saldo chega à R$ 4 bilhões; Mantega diz que está "pronto para operar". O Fundo Garantidor de Crédito, que será operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), recebeu um aporte de capital de R$ 500 milhões do Tesouro Nacional. A informação foi dada nesta quinta-feira, 13, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Agora, o fundo garantidor está em condições de operar", disse. Segundo o ministro, o BNDES aportou mais R$ 100 milhões e, com isso, o Fundo Garantidor, ao final, deverá ter R$ 4 bilhões.

O Fundo Garantidor foi criado para ajudar as empresas pequenas com dificuldade de crédito devido crise econômica. As operações com o fundo envolvem também o Banco do Brasil e bancos privados. (Leia mais no Estadão)

Salários: 93% dos acordos repuseram a inflação
Mais reajustes salariais conseguiram igualar ou superar a inflação no Brasil no primeiro semestre deste ano do que no mesmo período de 2008, segundo balanço do Dieese que mostrou um efeito reduzido da crise global sobre as negociações. O percentual de negociações com reajustes iguais ou acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou próximo de 93% entre janeiro e junho de 2009, frente a 87% um ano antes, informou o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

" Contudo, tanto em 2008 quanto em 2009, a proporção de reajustes com incorporação de aumento real nos serviços é inferior "

Leia também: sindicatos iniciam campanhas salariais animados com recuperação econômica.

Dos três setores de atividade analisados, a indústria foi o destaque negativo, com uma queda significativa no percentual de aumentos reais. Os reajustes inferiores ao INPC no segmento aumentaram para 9% neste ano, ante 6% em 2008, enquanto a fatia igual ou acima da inflação caiu para 90,9% em 2009, frente a 93,9% em 2008. Ainda assim, a percentagem de aumentos reais na indústria foi a maior entre os setores pesquisados.

O setor de serviços apresentou a maior mudança no quadro de reajustes com 72% das negociações conseguindo reajustes reais, ante 60% no primeiro semestre de 2008. "Contudo, tanto em 2008 quanto em 2009, a proporção de reajustes com incorporação de aumento real nos serviços é inferior à verificada no quadro geral e nos dos demais setores considerados", informou o Dieese.

No comércio, houve apenas um registro de reposição salarial abaixo da inflação dos 31 contabilizados por sindicatos. (Leia mais em O Globo)

Os vexames dos bancões privados

Banca critica desempenho dos estatais e leva tiro dos fatos, com o balanço do BB; é outro vexame da rica safra de 2009

FAZ PARTE do show petista espinafrar bancos. Mas a banca privada poderia ter dormido sem levar essa carraspana desmoralizante do ministro da Fazenda. Brandindo os números superiores do balanço do Banco do Brasil, Guido Mantega pôde sapatear alegremente sobre as críticas de banqueiros à concorrência estatal. Outro vexame dos bancos privados.

A vexação mais recente não tinha nem uma semana. Os bancos privados haviam feito enorme lobby para gorar o leilão das contas do INSS. Até 2008, o governo pagava mais de R$ 250 milhões aos bancos que faziam os pagamentos do INSS. Em vez de pagar, decidiu vender aos bancos o direito de prestar tal serviço, em leilão. A banca dizia que não iria ao "absurdo" leilão, que o governo pressionava os estatais para que a disputa não fosse um fracasso etc. Bem, houve o tal leilão. E o Bradesco levou um monte de contas do INSS.

Mais vexame da banca privada. Desde o estouro da crise, em outubro de 2008, os bancos estatais foram responsáveis por 83% do aumento do estoque de crédito para o setor privado no Brasil. Os bancos privados estrangeiros, aliás, chegaram a reduzir o total de empréstimos. De janeiro a setembro de 2008, os estatais respondiam por só 38% da variação do crédito. Logo, os estatais evitaram que o crédito desabasse na crise e, assim, recessão feia. Bancos privados e porta-vozes vários diziam que os bancos estatais faziam besteira, emprestando dinheiro que não receberiam. Dado o histórico de rombos e irresponsabilidade dos estatais, era um temor muito razoável. Mas não havia fatos bastantes para avacalhar, de pronto, a iniciativa estatal. Aliás, ainda pode ser que alguns empréstimos estatais desse período miquem. Até agora, os fatos desmentem tal possibilidade.

Roberto Setubal, do Itaú, motivo da ira de Mantega, disse nesta semana que a atitude da concorrência estatal é "insustentável"-em 12 meses, o crescimento da carteira de crédito do BB foi o dobro da alta da carteira do Itaú. Pode bem ser que Setubal, muito bem informado, tenha razão. Mas onde estão os seus fatos? Há mais vexames. Em maio, os números do crédito indicaram que a banca privada voltava a emprestar quase tanto quanto a estatal. Banqueiros diziam que podiam então fazê-lo responsavelmente, pois a economia dava sinais de vida. Bem, os dados de junho mostraram nova retirada dos bancos privados do front de crédito, cujo estoque só cresceu praticamente devido aos estatais.

Outra conversa fiada, outro vexame. Os bancos ainda bateram o pé para não baixar as taxas que cobram para administrar fundos de investimento. Diziam que a fuga dos investidores dos fundos em direção à poupança não era problema dos bancos, mas só dos juros altos da poupança. Os juros tabelados da poupança são decerto um problemão, mas muitas taxas de fundos são de fato extorsivas. Como o governo sentou sobre a solução do caso da poupança, em boa parte por populismo, a banca teve de se mexer e baixar suas taxas. Vexame.

Os bancos de resto foram flagrados pelos fiscais da concorrência aprontando com monopólios nos cartões de crédito. Foi um vexame dentro de casa, pois a banca afinal é amiga do capitalismo. Não é? (Artigo da Folha)

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

É inaceitável que os trabalhadores mais humildes, ocupados na limpeza ambiental e urbana, sejam as vítimas preferenciais da Prefeitura de São Paulo

Prefeitura ameaça com demissão 20% dos trabalhadores da limpeza urbana e ambiental
(Postado por Moacyr Pereira) Alegando dificuldades orçamentárias, a Prefeitura de São Paulo anunciou ontem que fará um corte de 20% no seu orçamento destinado à limpeza ambiental e urbana da capital.
As empresas do setor, atualmente, contratam cerca de 15 mil trabalhadores na limpeza urbana e outros 20 mil na limpeza ambiental em diversos órgãos da prefeitura.
“Neste momento em que se percebem indícios de superação da crise, a iniciativa da prefeitura de São Paulo é precipitada, desumana e descabida”, afirma Moacyr Pereira, presidente do Siemaco, sindicato que representa os trabalhadores da limpeza urbana e ambiental.
Estes trabalhadores, diz Moacyr Pereira, são da base da pirâmide social e necessitam de proteção social, especialmente em épocas de crise, por isso vamos nos mobilizar para sensibilizar a opinião pública e a prefeitura para evitar que milhares de trabalhadores, que ganham salários baixíssimos sejam colocados na rua.

Leia mais sobre o corte do Kassab e sobre as demais notícias sobre a economia brasileira. Um dos destaques é o excelente desempenho do Banco do Brasil e o discurso do presidente Lula afirmando que é possível reduzir ainda mais a taxa Selic.

Kassab reduz serviços de limpeza de rua
Prefeito determinou corte de 20% no valor dos contratos; orçamento destinado às obras viárias e de canalização será reduzido em 70%. Promessas de campanha, como não aumentar a tarifa de ônibus e construir mais AMAs, não serão afetadas pelas medidas anunciadas. Sarjeta lotada de bitucas na praça da República, região central de São Paulo; jogar cigarro na calçada pode render multa de R$ 500.
Em tempos de lei antifumo, que encheu calçadas de bitucas de cigarro, e às vésperas da temporada de chuvas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), determinou um corte de 20% nas verbas para a retirada de entulho e a varrição das ruas da cidade.
A medida representa redução de R$ 58,4 milhões na previsão de gastos com coleta de resíduos (R$ 31,56 milhões) e varrição (R$ 260,3 milhões).
Além da limpeza urbana, houve uma redução de 70% do orçamento para obras viárias e de canalização. Como o volume de recursos caiu de R$ 300 milhões para R$ 100 milhões, obras com início previsto para este ano ficam para 2010. "O serviço, que já está muito ruim, vai piorar. Não dá para fazer o mesmo com menos equipes", diz José Moacyr Malvino Pereira, presidente do Siemaco (sindicato de trabalhadores na limpeza pública). (Leia mais na Folha)

Emprego reage aos poucos, mas massa salarial encolhe
Boletim de Mercado de Trabalho revela possível desaquecimento no consumo das famílias.
O desempenho do mercado de trabalho no primeiro semestre de 2009, não foi satisfatório, mas ficou acima das expectativas no início da crise nas economias doméstica e internacional. As evoluções dos níveis de ocupação e rendimento são bem inferiores às registradas no mesmo período de 2008, revela o Boletim de Mercado de Trabalho nº 40, publicação trimestral da Diretoria de Estudos Macroeconômicos (Dimac) do Ipea.
Outros indicadores não reagiram tão mal, como foi o caso das taxas de desemprego e de informalidade. Além disso, no mês de junho registrou-se melhora em praticamente todos os indicadores, o que vem sendo interpretado por muitos analistas como uma possível evidência de que as maiores dificuldades já teriam ficado para trás.
A má notícia fica por conta dos rendimentos dos trabalhadores. Aqueles com pelo menos ensino médio completo experimentam a maior perda salarial (3,9%) e representam o grupo com maior participação na população ocupada (em torno de 57% no primeiro semestre de 2009).
O boletim chama a atenção para dois fatos com relação à massa salarial: ela sofreu uma queda contínua de janeiro a maio (aproximadamente 3%), e o nível que ela atingiu no segundo trimestre é inferior ao registrado no último trimestre de 2008. Segundo a publicação, esses são fatos preocupantes porque sugerem um possível desaquecimento do consumo das famílias, o que poderia dificultar uma possível recuperação da economia e do mercado de trabalho, ao menos no curto prazo. A intensidade dessa recuperação no segundo semestre de 2009 vai depender, portanto, da velocidade na retomada dos investimentos. O boletim traz ainda diversas notas técnicas. A primeira delas, de Marcelo Azevedo, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apresenta o índice de medo do desemprego, elaborado e divulgado pela CNI. Essa estatística reflete as expectativas do comportamento do mercado de trabalho no curto e médio prazos.
A segunda nota trata do impacto da crise sobre as mulheres e conclui que elas foram mais afetadas na evolução do nível de ocupação. Carlos Henrique Corseuil, Rodrigo Dias, Miguel Foguel, e Daniel Santos, pesquisadores e bolsistas do Ipea, assinam a terceira nota, que discute o custo da perda de um emprego formal no Brasil.
Os autores usam episódios de demissões nos dados da Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (Rais/MTE), entre 2000 e 2006, para analisar tanto o tempo que o indivíduo leva para se reempregar no setor formal, como para comparar o salário de reemprego com aquele que vigorava no momento da demissão.
Os resultados apontam que 38% dos indivíduos não conseguem se reempregar no setor formal num prazo de até um ano, e que há uma perda salarial de aproximadamente 13% associada à demissão. (Leia mais no Estadão)

Ação agressiva no crédito devolve a liderança ao BB
Expansão na crise leva o Banco do Brasil a passar o Itaú no ranking dos bancos. Fazenda se queixa de declarações do presidente do Itaú sobre expansão dos bancos públicos na crise; lucro do BB cresce 43%.
Nove meses após ter perdido a liderança para o Itaú Unibanco, o Banco do Brasil retomou o posto de maior banco em ativos do Brasil e da América Latina.
Segundo o balanço do segundo trimestre do ano, divulgado na madrugada de hoje, os ativos do Banco do Brasil chegaram a R$ 598,8 bilhões, ante R$ 596,4 bilhões do Itaú Unibanco.
O Banco do Brasil salta da 10ª para a 7ª posição no ranking dos maiores bancos da América Latina e dos EUA, segundo a consultoria Economática. O Bank of America se mantém na liderança, seguido por JPMorgan Chase e Citigroup. O Itaú Unibanco cai de 7º para 8º.
O BB lucrou R$ 4,014 bilhões no primeiro semestre, alta de 0,55% ante o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, o lucro foi de R$ 2,348 bilhões (+43%).
Segundo a Folha apurou, a atuação agressiva do BB na concessão de crédito durante a crise foi fundamental para a instituição ter recuperado a liderança do ranking bancário, objetivo cobrado por Lula após a perda do posto. Enquanto os bancos privados foram mais cautelosos após o congelamento global do crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos para evitar um contágio maior da crise.
Os números do primeiro semestre divulgados pelos bancos privados mostram claramente essa desaceleração na concessão do crédito. No ano passado, o crédito se expandiu no país a um ritmo de cerca de 30%. Em junho, caiu pela metade em relação ao mesmo mês do ano passado.
Segundo dados da consultoria Austin Rating, com base nos balanços do segundo trimestre de dez bancos privados, o crédito cresceu em média 16,1% em relação a junho de 2008. O Itaú Unibanco, por exemplo, registrou expansão de 15,7% do crédito, e o Bradesco, de 20%. Já em relação a dezembro, o volume dos empréstimos dos bancos privados praticamente não se alterou ou até caiu.
Além da forte aceleração do crédito, os números do BB relativos ao primeiro semestre mostram redução do "spread" (diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar recursos no mercado e a taxa cobrada dos clientes). A equipe econômica pretende usar esses dados para aumentar a pressão sobre os bancos privados para que baixem o "spread". (Leia mais na Folha)

Insatisfeito, Lula quer novos cortes na taxa Selic
Apesar de a taxa básica dos juros (Selic) estar hoje em 8,25% ao ano, a menor taxa da história do País, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva demonstrou que não está satisfeito. "É desejável e possível cortar ainda mais", afirmou ontem à noite na festa dos 71 anos da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que lhe concedeu o Grande Colar da Ordem do Mérito Industrial. Lula também ressaltou que a atratividade do Brasil ocorre pelos investimentos produtivos de longo prazo. "Seria um equívoco imaginar que o fluxo de capital estrangeiro reflete apenas o lado da especulação financeira." (Leia mais no Estadão)

ACSP: demanda por crédito cresce pelo 3º mês seguido
A demanda dos consumidores por crédito subiu pelo terceiro mês consecutivo, segundo informações da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O Índice Nacional SCPC de Crédito ao Consumidor aumentou 1% em julho ante junho, dado que confirma a tendência de recuperação da concessão de crédito no País verificada nos últimos meses, embora em um ritmo lento. Em junho, o indicador apresentou alta de 0,5% ante maio; em maio, o índice cresceu 4,5% em relação a abril.
"Nos últimos meses, o crédito e as vendas no varejo estão se recuperando, embora de forma gradativa. Não é uma recuperação espetacular, mas reflete a realidade de cidades grandes e pequenas de todas as regiões do Brasil", afirmou o economista-chefe da ACSP e coordenador nacional do indicador, Marcel Solimeo.
Segundo ele, a expectativa para o segundo semestre é de continuidade da expansão das operações de crédito, o que permitirá que haja aumento do consumo, produção e emprego. "Isso permitirá entrarmos em 2010 com um nível de concessão de crédito equivalente aos números de 2008", previu Solimeo.
Em julho, a procura por crédito em bancos, financeiras e no varejo teve elevação nas Regiões Norte (4%) e Sudeste (3,5%), mas caiu nas Regiões Sul (-5%), Nordeste (-1,5%) e Centro-Oeste (-1,5%).
Na comparação com julho de 2008, a demanda por crédito ainda registra queda de 20%. Segundo Solimeo, isso ocorreu porque a demanda por crédito em julho do ano passado foi muito significativa, 10% acima do registrado no mesmo mês de 2007. Ele disse também que a oferta de crédito ainda não foi normalizada para o pequeno varejo, que depende de bancos e financeiras de menor porte, ao contrário do que vem sendo verificado com as grandes empresas e instituições financeiras. "Ainda não estamos nos níveis pré-crise", afirmou. (Leia mais no Estadão)

Negociação para dispensa coletiva irrita empresário
A decisão do TST (Tribunal Superior do Trabalho) de determinar que a as companhias busquem acordos com representantes dos trabalhadores antes de uma dispensa coletiva gerou críticas.
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), essa negociação prévia não está prevista na Constituição e, portanto, deveria ser instituída pelo Congresso por meio de uma lei específica.
A orientação do TST foi dada na segunda-feira, no julgamento da demissão de milhares de funcionários da Embraer em fevereiro. A companhia foi absolvida da acusação de abuso por não ter procedido dessa maneira, justamente por a legislação não trazer essa determinação.
A CNI considera que o TST aumentou a insegurança. "Os agentes econômicos que se submetem aos marcos legais precisam de estabilidade", afirmou a entidade, em nota.
Para Amauri Mascaro, professor de direito do trabalho da USP, tanto empresários como trabalhadores estarão respaldados pela orientação do TST. (Leia mais na Folha)