quinta-feira, 6 de maio de 2010

Reajuste dos aposentados significará transferência de renda de R$ 1,5 bilhão, enquanto que aumento de 0,75 pontos na Selic é rombo de R$ 11 bilhões

Por que é impossível Lula vetar reajuste aos aposentados?

Façam as contas: reajuste de 7,72% acima do salário mínimo significa transferência de renda de 1,5 bilhão; o aumento de 0,75 pontos na taxa Selic significa rombo de R$ 11 bilhões no Tesouro.

O aumento adicional de 0,75 ponto no reajuste dos aposentados do INSS que recebem acima de um salário mínimo, para 7,72%, representaria, segundo os ativistas de plantão contra os aposentados, aproximadamente R$ 1,5 bilhão de aumento no chamado déficit da Previdência. Que na verdade é o repasse de renda para os aposentados e pensionistas que recebem acima do salário mínimo. Mas todos evitaram fazer a conta do quanto significa para o Tesouro o aumento da taxa Selic em 0,75 pontos, aprovada na semana passada. Para quem ainda não sabe ou se esquece de divulgar, o aumento da taxa Selic já está gerando um ônus adicional ao Tesouro de não menos que R$ 11 bilhões, no valor dos juros a pagar sobre a dívida pública e, portanto, no déficit total. Com um agravante social muito grande. Pois o reajuste dos aposentados significará a transferência de renda para as famílias que ao longo das últimas três ou quatro décadas ajudaram a construir o Brasil. Enquanto que a transferência de R$ 11 bilhões motivada pela Selic vai direto para o bolso dos especuladores e banqueiros. É por isso que temos certeza que o presidente Lula, sensível como é aos apelos sociais, não vai manchar seu governo e seu nome com o veto ao reajuste de 7,72% aos aposentados que recebem aposentadorias acima do salário mínimo. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Leiam o clipping do dia:

Questão do reajuste dos aposentados não será contaminada pelo clima eleitoral, diz Padilha

Segundo o ministro, governo vai trabalhar para reverter a votação que feita na Câmara, mostrando aos senadores "a realidade das contas públicas".

Ao sair de uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avisou que "o governo não vai se contaminar pelo clima eleitoral e o presidente não vai fazer como outros governos já fizeram, em 98, com relação à taxa de câmbio, e em 2002 em relação à curva de juros e à política monetária brasileira".

Ao ser indagado se o presidente Lula vetaria a proposta de aumento de 7,71% dos benefícios de aposentadoria acima de um salário mínimo, se o Senado confirmar a votação da Câmara, o ministro disse: "vocês estão falando se. Eu estou dizendo que o jogo está sendo jogado ainda para nós. O presidente não comentou se veta ou se não veta. O presidente acredita que o Senado vai reverter a situação que a Câmara aprovou e trabalha para isso". Padilha disse que o fim do fator previdenciário, também aprovado ontem pela Câmara, terá um impacto por ano de até R$ 4 bilhões.

Segundo Padilha, o governo vai trabalhar para reverter a votação que foi feita na Câmara, mostrando aos senadores "a realidade das contas públicas, a capacidade de o governo suportar um aumento de reajuste de aposentados". E emendou: "vamos mostrar tudo que nós já fizemos para os aposentados que ganham até um salário mínimo e esperamos que os senadores possam rever esta situação da Câmara".

Padilha reclamou que os deputados nunca tinham apresentado ao governo a proposta de reajuste dos aposentados de 7,71%, durante todo o debate de aprovação da Medida Provisória de concedia 6,14%, e que o limite aceitável de reajuste para o governo é de 7%.

O ministro Padilha insistiu que, "por conta de qualquer clima eleitoral, nós não vamos permitir que uma irresponsabilidade com as contas públicas seja realizada". Para ele, a "a responsabilidade fiscal é importante para manter a estabilidade econômica do país e também para que a previdência seja sustentável, não só para os aposentados atuais como para as gerações futuras". Para provar que o governo "não vai se contaminar com o clima eleitoral", o ministro Padilha lembrou que o presidente Lula já vetou matérias que não seriam possíveis de sustentar em um outro ano eleitoral, em 2006, também em relação a reajuste de aposentados. "Essa é a nossa conduta e vamos reforçar isso junto aos senadores", afirmou Padilha, sinalizando que o presidente Lula poderá vetar a proposta se o reajuste acima do que foi acordado com o governo for aprovado.

Padilha contou que ele mesmo avisou ao presidente Lula do resultado da votação, quando ele ainda estava em Montevidéu e que ele recebeu o resultado "com tranquilidade" e que "não houve cobrança nenhuma". "O presidente está muito tranquilo, está muito ciente e ciente de que não vai permitir que nenhuma irresponsabilidade fiscal seja feita em função de qualquer eleição", insistiu.

Sobre a possibilidade de o governo pressionar os aliados, com retaliação de cargos, por exemplo, o ministro reagiu: "esse governo não trabalha com retaliação a parlamentares". Questionado se a derrota foi atribuída à liderança do governo, o ministro explicou que "o que aconteceu foi não só da liderança do governo, mas dos outros líderes, que orientaram a votação. Acho teve um clima na Câmara de que os deputados decidiram por uma votação naquilo que eles acharam que era o melhor para o país, ou para os setores que eles defendem. Agora, o governo não pode suportar. O Congresso tem seus instrumentos para aprovar suas medidas e o governo tem os dele. Então, nós vamos estar apresentando isso no Senado e acho que vamos reverter essa posição no Senado", concluiu. (Estado)

Governo capitaliza Telebrás e garante R$ 13 bi para Plano de Banda Larga

Reforço de capital da estatal, que será a gestora do Plano, será de R$ 3,22 bi; linhas de crédito do BNDES somam R$ 7,5 bi.

O Plano Nacional de Banda Larga terá, até 2014, investimentos de cerca de R$ 13 bilhões, anunciou nesta quarta-feira, 5, a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra. Deste total, será feito um reforço de capital de R$ 3,22 bilhões na Telebrás, que será a gestora do programa.

Na terça-feira, a empresa divulgou um fato relevante encaminhado à CVM no qual definiu sua participação no programa. Para capitalizar a estatal, o governo usará recursos do Tesouro Nacional. A empresa, segundo o coordenador dos projetos de inclusão digital do governo, Cezar Alvarez, passará a ter lucro a partir do terceiro ano de operação.

Também serão abertas linhas de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), num total de R$ 7,5 bilhões, em condições favorecidas abaixo das taxas praticadas no mercado. O maior volume de financiamento do BNDES, de R$ 6,5 bilhões, será para aquisição de equipamentos de telecomunicações de tecnologia nacional. A outra linha, de R$ 1 bilhão, será para financiar micro, pequenas e médias empresas de telecomunicações, incluindo as lan houses.

O plano terá desonerações de cerca de R$ 800 milhões, sendo R$ 770 milhões de isenção de PIS/Cofins para modens de acesso à internet. Também haverá desoneração, de R$ 11,36 milhões, da cobrança do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) para pequenas e médias prestadoras e de R$ 3,75 milhões, em isenção de IPI, para equipamentos de telecomunicações com tecnologia nacional. Estão sendo estimados ainda investimentos de R$ 1,75 bilhão para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, que virão do Fundo de Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel).

Reativação da Telebrás — "Efetivamente, a Telebrás está sendo reativada. É claro que dentro de uma modelagem própria, voltada e focada na questão da gestão da banda larga para fazer a gestão dessa rede física", disse a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra. "O papel da Telebrás não é substituir ou limitar a iniciativa privada, de forma nenhuma. Ao contrário, o papel da Telebrás é usar a infraestrutura de que a União já dispõe para incentivar a iniciativa privada."

Segundo a ministra, a empresa terá uma estrutura "enxuta" e atuará prioritariamente no atacado, "fornecendo insumo para que tanto empresas pequenas quanto empresas grandes possam prestar o serviço ao usuário final".

40 milhões de novas residências na Internet — A ministra Erenice Guerra afirmou que a meta do Plano Nacional de Banda Larga é atingir, em 2014, 40 milhões de domicílios conectados à internet em alta velocidade. "Nossa meta é quadruplicar o número de conexões em domicílios", disse a ministra, durante entrevista para divulgar o programa. O governo estima que os serviços possam chegar ao usuário final a um preço entre R$ 15 e R$ 35.

Segundo o coordenador dos programas de inclusão digital do governo, Cezar Alvarez, no fim do ano passado havia cerca de 12 milhões de domicílios conectados. Com o preço de R$ 35, se chegaria, até 2014, a 35,2 milhões de domicílios. Esse número poderia subir para 40 milhões de conexões, com produtos mais populares, a um preço de R$ 15, que contariam com desoneração do moden de conexão móvel à internet e isenção do recolhimento para fundos setoriais, como o Fundo de Universalização das Telecomunicações (Fust) e o Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel).

Para o plano de R$ 35, está sendo prevista uma velocidade de conexão de 512 quilobits por segundo (kbps) a 784 kbps. Para o plano de R$ 15, a velocidade máxima será de 512 kbps, mas com limitação para baixar arquivos (downloads). (Estado)

Câmara não termina votação de "ficha limpa"

OAB critica adiamento e diz que manobra tem objetivo de fazer com que novas regras não valham na eleição deste ano. Com exceção do DEM, todos os partidos aceitaram o adiamento sob a alegação de que havia risco de que o projeto fosse modificado.

A Câmara dos Deputados adiou ontem o fim da votação do projeto de lei que proíbe o registro da candidatura de políticos com ficha suja. O adiamento foi considerado pela Ordem dos Advogados do Brasil uma manobra para que as mudanças não entrem em vigor neste ano. Para o presidente da entidade, Ophir Cavalcanti, o texto precisa ser aprovado até 5 de junho para ser aplicado na eleição deste ano.
"É o último suspiro dos agonizantes. Quem perdeu manobrou para que as mudanças não valham para este ano", disse. A votação foi adiada para a semana que vem porque todas as bancadas, menos a do DEM, concordaram com a obstrução.
Os partidos argumentaram que os deputados estavam indo embora, o que aumentava as chances de derrota nos nove pontos restantes. Essas emendas precisam ser analisadas antes de o projeto ir ao Senado. "O destaque seguinte tratava de crimes ambientais. Como a bancada ruralista é grande, preferiram adiar a perder", disse Índio da Costa (DEM-RJ).
Três destaques foram derrubados, representando uma vitória para os defensores do projeto. Dois deles desfiguravam por completo a proposta porque previam a manutenção das regras atuais de inelegibilidade, em que um político não pode se candidatar apenas se tiver sido condenado em processo em que não cabem mais recursos.
O texto principal, aprovado na madrugada de ontem, prevê tornar inelegíveis os condenados por decisão colegiada da Justiça (por mais de um juiz), mas estabelece o chamado efeito suspensivo, também em caráter colegiado. (Folha)

Indústria alcança maior receita em cinco anos, aponta entidade

A indústria brasileira registrou em março o maior faturamento desde 2005, ano de início da série histórica dos Indicadores Industriais divulgados pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). Outro importante indicador, o nível de uso da capacidade instalada, alcançou 82,6% em março, número 1,5 ponto percentual acima do registrado em fevereiro.
De acordo com os dados divulgados ontem, o faturamento cresceu 4,3% em relação a fevereiro e 14,7% na comparação com março de 2009 -período em que os níveis de produção estavam baixos por conta da crise. No trimestre, a alta é de 12%.
O emprego também cresceu em março, variando 0,7% na comparação com o mês anterior e 4,7% sobre março de 2009. A alta no primeiro trimestre foi de 2,8%. O número de horas trabalhadas foi 2,7% superior ao de fevereiro e 10,5% maior que o de março de 2009. (Folha)

Governo anuncia medidas de estímulo às exportações

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta quarta-feira um pacote de dez medidas para estimular as exportações do país. A principal delas é a redução do prazo de devolução dos créditos tributários, que hoje leva de dois a cinco anos. Para as exportações realizadas a partir de agora, metade desse dinheiro será devolvida em apenas 30 dias.

A medida vale para créditos Programa de Integração Social (PIS), da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os tributos são recolhidos sobre matérias-primas, mas, como não se pode exportar impostos, as empresas são reembolsadas pelo governo. O restante dos créditos seguirá os prazos normais.

A definição de empresa tipicamente exportadora também foi revista. O limite para as empresas serem enquadradas na categoria caiu de 60% para 30% da produção exportada nos últimos dois anos. A empresa tem de ser exportadora há pelo menos quatro anos, declarar pelo lucro real e utilizar a nota fiscal eletrônica.

" Essas medidas deverão ajudar a deixar aqui no Brasil boa parte do mercado que está escorrendo para fora do país "

O pacote também cria uma instituição voltada para estimular o comércio exterior. Chamada de Eximbank, a instituição será subordinada ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, inicialmente, operará com com uma carteira de US$ 13 bilhões de recursos de financia

mento à exportação, com uma linha de R$ 7 bilhões de e a criação de um Fundo Garantidor de Comércio Exterior.

Outra medida é a criação de uma seguradora pública de crédito para financiar as exportações, que também funcionará no BNDES. A subsidiária oferecerá garantias e cobrirá o prejuízo dos exportadores que eventualmente sejam afetados por calotes dos compradores.

Mantega informou ainda que o governo vai deixar de computar, para efeito de cálculo do Simples, a receita de exportação das companhias que estão dentro do programa de redução tributária. Hoje, o limite de receita para que as empresas se beneficiem do Simples é de R$ 2,4 milhões por ano. Esse mesmo limite será adotado para exportações, sem prejudicar a utilização do benefício.

- Nós queremos com isso estimular as pequenas e médias empresas para participarem do esforço exportador. Isso dará condições maiores para que essas empresas também exportem - afirmou Guido Mantega.

Outra medida anunciada por Mantega foi a eliminação do redutor de imposto sobre importação de autopeças.

- As empresas hoje possuem um desconto de 40% nas importações, mas está havendo muita importação neste setor - justificou o ministro.

Setor público vai priorizar produto nacional — Outra medida será a criar um sistema de compras de para o próprio governo, que dará prioridade a produtos fabricados no Brasil. Segundo Mantega, o governo brasileiro compra anualmente mais de R$ 56 bilhões em produtos e serviços.

- Será um sistema semelhante ao 'Buy American Act, adotado pelo presidente Obama nos Estados Unidos. Quando se compram uniformes para o Exército, por exemplo, acabamos importando da China, apesar de termos uma indústria têxtil instalada aqui - disse o Mantega.

Pelo critério do program, o preço do produto nacional não poderá exceder 25% do preço do similar importado. Além disso, produtos e serviços deverão ter um conteúdo nacional mínimo, que ainda será definido. Será dada preferência a artigos que tenham sido desenvolvidos com tecnologia nacional.

- Essas medidas deverão ajudar a deixar aqui no Brasil boa parte do mercado que está escorrendo para fora do país - observou Mantega. (O Globo)

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Toda atenção às votações de hoje na Câmara dos Deputados para acompanhar votação do Projeto Ficha Limpa

Projeto Ficha Limpa limpará democracia brasileira

Os 388 votos a 1 com os quais os deputados federais aprovaram, na madrugada de hoje, o Projeto Ficha Limpa, que é uma proposta popular, mostra que todo mundo é aparentemente favorável a um novo estágio na democracia brasileira. Nossa pressão, enquanto central sindical, é que o projeto seja aprovado ainda hoje e que seja válido para as eleições deste ano. O que nos preocupa, em cada eleição, são os famosos caixa 2, 3 etc. Sempre manipulado e articulado por candidatos que lidam livremente com a falta de respeito às leis, que se aliam com dinheiro sem origem clara, que comprometem seus mandatos e as futuras votações com alianças espúrias. Com o Ficha Limpa daremos um grande passo para melhorar essa relação das Casas legislativas, dos poderes executivos com a proteção do erário público e, principalmente, com o respeito à vontade popular, que quer uma democracia limpa. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Leia o clipping do dia:

Texto que veta "ficha suja" é aprovado

Câmara vota destaques hoje; mudanças não devem valer para eleição deste ano. Texto torna inelegível quem tiver sido condenado por decisão colegiada da Justiça, mas proposta ainda pode ser totalmente alterada.

A Câmara dos Deputados aprovou na madrugada de hoje, por 388 favoráveis a 1, o texto principal do projeto de lei que proíbe a candidatura de políticos com ficha suja.
A promessa do presidente Michel Temer (PMDB-SP) é votar os 12 destaques hoje. A proposta ainda pode ser totalmente modificada, mantendo, inclusive, as regras atuais.
Depois de concluído na Câmara, o projeto tem que ser votado pelo Senado. O único deputado a votar contra foi Marcelo Melo (PMDB-GO). Temer disse no plenário que o colega deve ter se equivocado.
Apresentado no ano passado por iniciativa popular com 1,6 milhão de assinaturas, o projeto original propunha a inelegibilidade para os condenados já em primeira instância.
O aprovado ontem, de relatoria do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), prevê tornar inelegível aqueles que tenham sido condenados por decisão colegiada da Justiça (por mais de um juiz), mas estabelece o chamado efeito suspensivo, também em caráter colegiado.
Dessa forma, fica permitido ainda um recurso a outro órgão colegiado de uma instância superior para que se obtenha uma espécie de "autorização" para registrar a candidatura. Pela legislação atual, o candidato só fica inelegível quando não existir mais a possibilidade de recurso.
O texto vem sendo discutido há meses na Câmara e há dúvidas se ele valerá para as eleições de outubro. O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), defende que, para valer para neste pleito, a mudança tinha de ter sido aprovada em 2009.
O líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), discorda. De qualquer forma, a questão deve parar na Justiça.
"Essa não é mais uma dúvida política, e sim jurídica", disse Temer, que respondeu às críticas sobre a demora na aprovação da proposta: "Com certeza, se tivesse colocado a proposta antes ela seria rejeitada."
O projeto de lei já passou por uma comissão, que havia definido que a inelegibilidade valeria para os condenados por um órgão colegiado, sem a possibilidade do recurso suspensivo.
Representantes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, responsável pelo texto, fizeram protesto ontem à tarde na entrada do Congresso. (Folha)

Plenário da Câmara aprova reajuste de 7,71% para aposentados

Proposta do governo de aumentar os benefícios em 7% foi derrotada; medida provisória ainda vai ao Senado, que já anunciou apoio aos 7,71%.

O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira, 4, o reajuste de 7,71% para as aposentadorias com valor acima de um salário mínimo pagas pela Previdência Social, derrotando a proposta negociada pelo governo de aumentar os benefícios em 7%. Com forte apelo popular, em um ano eleitoral, os deputados preferiram transferir para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o eventual desgaste político de vetar a proposta.

A medida provisória ainda será votada no Senado, onde os líderes da base já anunciaram o apoio aos 7,71%. O governo alega não ter condições para pagar aos aposentados um índice muito acima da proposta original da MP, de 6,14%, em vigor desde o dia 1º de janeiro. Os deputados votam agora os destaques apresentados à Medida Provisória.

A votação foi simbólica, sem registro no painel eletrônico, e nem mesmo os petistas ficaram coesos na defesa do parecer do relator e líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), que previa os 7% de reajuste. O PT liberou os deputados da bancada para votar como quisessem. Todos os demais partidos, de oposição e governistas, encaminharam voto a favor da proposta de 7,71%, apresentada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). (Estado)

Governo vai incentivar agricultura de baixo carbono

O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse hoje que o governo vai lançar o Programa ABC - Agricultura de Baixo Carbono. Rossi disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará uma linha de financiamentos especiais, com juros diferenciados, para os produtores rurais que utilizarem técnicas sustentáveis e recuperarem áreas degradadas.

"Vamos estimular a integração entre agricultura, pecuária e floresta, gerando um ganho econômico fundamental ao lado de um ganho ambiental extraordinário", afirmou Rossi durante discurso de posse do novo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento, Alexandre Magno Aguiar.

O ministro ressaltou que o País produz apenas um terço da madeira que utiliza, e por isso é preciso aumentar a área de florestas plantadas. Além disso, algumas técnicas de plantio terão condições de financiamento privilegiadas. "Retomaremos o estímulo ao plantio direto na palha, incorporando matéria orgânica. Tudo isso feito de maneira a poupar o uso de adubos químicos, pois quanto menos precisarmos usar químicos, melhor será a produção", afirmou.

Rossi disse que o programa formará um conjunto com o que será lançado na quinta-feira no Pará, junto com o presidente Lula, de produção de dendê nas regiões Norte e Nordeste. Um conjunto de medidas para estimular a produção de dendê foi aprovado na semana passada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O ministro reafirmou o discurso de defesa do meio ambiente e disse que os produtores rurais respeitam a legislação ambiental. Rossi lembrou que seu desafio é "acabar com a mentira histórica de que a agricultura ameaça o meio ambiente".

Apoio à safra — O ministro da Agricultura afirmou que o governo iniciará o programa de apoio à comercialização da safra de grãos tão logo seja publicada a portaria interministerial que tratará do assunto. Além da Agricultura, a retomada dos leilões de apoio depende de autorização dos ministérios da Fazenda e do Planejamento. "Com a assinatura da portaria interministerial, vamos começar a preparar (os leilões). Mas imediatamente colocaremos na rua", disse Rossi.

Ao deixar a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rossi deu um recado aos produtores rurais: "Quero dizer ao produtor de milho e trigo que eles aguardem o apoio do governo que já está sendo finalizado. Principalmente do milho, que será já", afirmou. Ele disse que, no caso do trigo, o apoio à comercialização depende de uma segunda portaria. "A primeira será para o milho, feijão e arroz", disse. (Esado)

Avanço na indústria traz risco de gargalos

Setor tem maior expansão trimestral desde 1991, mas analistas temem que investimentos não acompanhem ritmo. Nível de produção em março fica apenas 0,1% abaixo do recorde verificado em setembro de 2008, antes do estopim da crise financeira.
Com o ritmo de crescimento em aceleração no início deste ano, a produção industrial subiu pelo quarto mês consecutivo e praticamente igualou o nível recorde observado em setembro de 2008, zerando as perdas com a crise econômica.
A expectativa é que os dados de abril já mostrem a atividade da indústria brasileira atingindo o maior patamar da série histórica, iniciada em 1991.
Com isso, acende-se o sinal amarelo relacionado ao ritmo de expansão no restante do ano. Há risco de os investimentos em curso não serem suficientes para evitar gargalos e a consequente inflação de produtos escassos em uma economia cada vez mais aquecida.
"O que se deve atentar é para a velocidade da expansão da indústria, para que não se criem gargalos. O crescimento da produção tem que vir acompanhado da expansão dos investimentos", diz Silvio Sales, economista da FGV (Fundação Getulio Vargas).
Em março, a produção industrial cresceu 2,8% ante fevereiro, maior alta desde outubro. Na comparação com o mesmo mês em 2009, apresentou avanço de 19,7%, maior variação desde abril de 1991.
No resultado fechado de janeiro a março, a alta de 18,1% na comparação com os três meses iniciais do ano anterior foi a mais significativa para um trimestre desde 1991. Deve-se levar em conta que os resultados relacionados com 2009 têm uma fraca base de comparação, devido aos efeitos da crise.
Os números positivos da indústria em março consolidam a recuperação do setor, cujo nível de produção está só 0,1% abaixo do estágio verificado antes do estopim da crise, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"A produção industrial vem se recuperando e se aproximando do patamar que operava no momento anterior à crise. Houve uma recuperação gradual que ocorreu ao longo de 2009, acelerou-se no final do ano e que vem ampliando seu ritmo produtivo nesses primeiros meses de 2010", diz André Macedo, economista do IBGE.
A expansão mais disseminada pode ser medida pelo patamar recorde do chamado índice de difusão, avaliado desde 2003. De todos os produtos identificados pelo IBGE, 76,7% apresentaram expansão.
Dos 27 segmentos analisados, 25 se elevaram ante março de 2009. Foi o melhor resultado desde agosto de 2004, quando 26 setores registraram aumento da atividade.
A produção de bens de capital, que reflete o investimento mais intensivo na indústria, subiu 3% ante fevereiro, 12ª alta seguida nessa comparação.
Economista do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Rogério Souza disse considerar que o dado comprova a recuperação do investimento no setor. Ao mesmo tempo, a elevação dos juros pode amortecer o aumento dos investimentos.
"As empresas têm que investir para sobreviver. O ideal seria que atingíssemos uma taxa correspondente a mais de 20% do PIB. Mas, com a taxa de juros subindo, chegar a esse nível pode demorar ainda mais." (Folha)

Servidor público vai precisar de senha para obter empréstimo consignado

A partir de junho, o servidor público federal que quiser fazer um empréstimo consignado precisará de uma senha oferecida pelo próprio serviço público. A medida tem objetivo de evitar fraudes na concessão de empréstimos com desconto em folha, sobretudo o desrespeito à margem de consignação, ou seja, o desconto máximo mensal, que é de 30% do salário.

Segundo a secretária adjunta de Recursos Humanos do governo, Maria do Socorro Gomes, isso é recorrente "porque os bancos operam no escuro". E quando acontece, o governo só desconta 30% e o servidor fica devendo ao banco.

O servidor poderá obter a senha pelo próprio sistema interno do local onde trabalha ou solicitar por um 0800 que ainda vai ser divulgado. Para cada operação, será necessário obter uma nova senha. (O Globo)

Lei que impede patrão de embolsar gorjeta vai para o Senado

Proposta, aprovada novamente pela Câmara, impede restaurantes de usar dinheiro para as despesas da casa. Projeto estabelece ainda a incorporação da caixinha como parte do salário; empresário poderá usar 20% do valor para bancar encargos.

A Câmara dos Deputados aprovou ontem projeto de lei que regulamenta os 10% de gorjeta, que não é obrigatória, para empregados de bares, hotéis, restaurantes e similares.
A proposta, que vai para o Senado, prevê que os patrões destinem toda a gorjeta para os funcionários, podendo reter apenas 20% do valor para encargos trabalhistas.
Hoje, é comum que restaurantes descontem da taxa despesas como a reposição de copos quebrados.
O projeto já havia sido aprovado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) em junho de 2009, mas um pedido de recurso impediu que o texto fosse direto para o Senado.
Após a pressão da categoria ontem, esse recurso foi arquivado e foi feita então uma votação do texto final.
O projeto estabelece a incorporação da caixinha como parte do salário. Para fiscalizar o pagamento, será formada uma comissão de empregados.
Segundo Francisco Lacerda, presidente do sindicato dos trabalhadores de hotéis, restaurantes e similares, o Estado de São Paulo conta com cerca de 100 mil garçons, sendo o piso da categoria atual de R$ 733,91.
"A proposta tem uma importância social muito grande, porque sabemos que a taxa de serviço pode ajudar a vida de muitos profissionais", disse Francisco Lacerda.
Hoje, há na Câmara outros projetos que tratam do tema. O mais controverso, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), prevê gorjeta maior, de 20%, para as contas encerradas entre as 23h e as 6h. A proposta não tem apoio de nenhum dos segmentos envolvidos (Folha)