quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Combater o racismo faz parte das bandeiras da UGT a favor da inclusão social com democracia plena

UGT promove Seminário para discutir Estatuto da Igualdade Racial

(postado por Magno Lavigne - Secretário Nacional da Diversidade Humana da UGT) ­— O Estatuto da Igualdade Racial já está em vigor. Mas quem entra num shopping, em qualquer região do Brasil, tem a sensação de estar num pais nórdico. A imensa maioria dos empregados são brancos e os negros são relegados aos trabalhos de limpeza e de segurança. Numa evidente demonstração de racismo nos ambientes de trabalho que se manifesta também dentro das fábricas e dos escritórios. É para discutir a aplicação prática e imediata do Estatuto da Igualdade Racial que a UGT promove nos dias 19 e 20 o Seminário em Salvador, na Bahia para aprofundar estas questões. Vamos insistir também para que se reformule o Estatuto da Igualdade Racial e inclua as quotas raciais para as vagas nas universidades e nos empregos, a exemplo do que já ocorre com a convenção assinada pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo que garante que 20% da mão-de-obra contratada seja de afro-descendentes. Vamos combater a vergonha e a humilhação que trabalhadores negros, homens e mulheres, sofrem nos ambientes de trabalho quando com a mesma formação e qualificação profissional são obrigados a conviver com salários inferiores. O resultado do encontro será a Carta de Salvador, que permitirá aos sindicalistas da UGT e demais centrais, a ter um parâmetro para atuarem na transformação desta situação vexatória, que mancha nossa democracia. Vamos, ainda, repassar o documento e exigir posicionamento político para todos os novos governadores. E enviar para a presidente eleita Dilma Rousseff.

TST proíbe empresas de usar câmeras para vigiar vestiários dos empregados

O TST (Tribunal Superior do Trabalho) proibiu a instalação de câmeras de vigilância por empresas que queiram monitorar os vestiários de seus empregados. A decisão atendeu a um recurso do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul.

O Sindicato também pretendia impedir o monitoramento dos trabalhadores em refeitórios, locais de trabalho e de descanso, a fim de evitar “constrangimento, intimidação, humilhação e discriminação aos trabalhadores”.
O pedido foi negado inicialmente pelo TRT-4 (Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região), que manteve o monitoramento em todos esses locais. O sindicato apelou então ao TST.

No julgamento do recurso, o ministro Walmir Oliveira da Costa considerou que o uso de câmeras nos vestiários é abusivo.

O ministro destacou que a Constituição assegura o direito à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem. Assim, “a instalação desses aparatos em vestiários certamente exporá a intimidade do empregado, devendo ser coibida”.

Para ele “é legítimo o empregador utilizar-se de câmeras e outros meios de vigilância, não só para a proteção do patrimônio, mas, de forma auxiliar, visando à segurança dos empregados”, isso desde que não cause constrangimento ou intimidação aos funcionários. (Folha online)

Comissão do Orçamento aprova relatório com mínimo de R$ 540

A Comissão Mista de Orçamento aprovou nesta terça-feira o relatório preliminar do projeto de lei orçamentária da União para 2011. O texto fixou as despesas com base em um salário mínimo de R$ 540, embora a decisão final sobre o valor deva ficar para o próximo mês.

No Congresso, centrais sindicais pressionam por um mínimo de R$ 580. A intenção é fazer uma nova rodada de negociação com o governo para discutir o assunto.

O presidente Lula e a presidente eleita, Dilma Rousseff, defendem o mínimo de R$ 550, como a Folha informou no último sábado. O relator do orçamento afirmou que o valor é "razoável" e que caso ocorra qualquer alteração, a mudança será feita por meio de MP (Medida Provisória).

"O salário mínimo de R$ 600 foi vencido nas eleições", argumentou, em exposição aos congressistas, o ministro do Planejamento Paulo Bernardo, referindo-se à proposta apresentada pelo candidato derrotado à Presidência José Serra (PSDB).

Durante a exposição, Bernardo apontou ainda uma redução na projeção do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2010, de 5,5% para 5,3%. Com isso, a projeção do valor do salário mínimo caiu de R$ 538,15 para R$ 536,88.

O reajuste do mínimo é calculado pela variação do PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos antes mais o INPC acumulado desde o reajuste anterior. De toda forma, o titular do Planejamento já fez a proposta de arredondar o valor para R$ 540, e afirmou que valores acima disso dependeriam de uma decisão política.

O senador Gim Argello (PTB-DF), relator do Orçamento, afirmou ser "razoável" o valor de R$550 e acrescentou que qualquer alteração futura será feita por meio de medida provisória.

"Eu acredito que [o valor do mínimo] possa melhorar alguma coisa", disse.

O governo federal elevou a projeção para o crescimento econômico deste ano de 6,5% para 7,5%. O dado foi divulgado pelo ministro Paulo Bernardo (Planejamento), em audiência na Comissão Mista de Orçamento, nesta terça-feira.

Com isso, foram elevados os valores do Produto Interno Bruto de 2010 e 2011, o que reduzirá, como proporção da economia do país, a meta de superavit primário (a parcela das receitas destinada ao abatimento da dívida pública) no próximo ano.

Os parlamentares precisam votar ainda 48 destaques feitos ao relatório apresentado por Argello --nenhum deles, entretanto, trata de mudança do valor do salário mínimo.

RELATÓRIO — Argello reservou em seu parecer R$ 3,9 bilhões para os estados pelas perdas da chamada Lei Kandir. Assim como no ano passado, a compensação não estava prevista no orçamento enviado pelo governo federal. A maioria das emendas apresentadas pedindo uma reserva para os estados foi de parlamentares da oposição.

A Lei Kandir trata do ressarcimento pela União das perdas dos Estados, municípios e do Distrito Federal por causa das isenções fiscais concedidas a produtos destinados à exportação.

O relator não acatou emendas que aumentavam o valor do salário mínimo, como pressionam centrais sindicais e oposição, e manteve o limite de R$12,5 milhões para emendas individuais- cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas. O tema, entretanto, é motivo de destaque na comissão e ainda pode sofrer alterações. (Folha online)

Pacote para Irlanda será de 100 bi

Valor do resgate foi definido após negociações dos europeus com o FMI; metade do valor deve ser usada para fortalecer os bancos.

A Irlanda dá seus primeiros sinais de ceder à pressão e o Fundo Monetário Internacional (FMI), União Europeia (UE) e Banco Central Europeu (BCE) já negociam a criação de um plano de resgate de 100 bilhões para salvar a economia irlandesa. Ontem, o governo do Reino Unido indicou que está disposto a abrir seus cofres para ajudar a economia vizinha e uma missão já será enviada até Dublin.

Enquanto a UE alertava a todos que o que está em jogo é o próprio futuro do euro, os Estados Unidos pediam uma solução rápida para a nova crise europeia como forma de afastar mais um obstáculo para a recuperação da economia mundial.

Depois de dias de uma queda de braço e do governo irlandês insistindo que não abriria mão de sua soberania financeira, ministros da UE ontem chegaram a um acordo sobre a base de um novo plano de resgate. Vivendo seu segundo teste de fogo em apenas seis meses, o euro ontem voltou a sofrer. As bolsas também caíram na Europa.

Durante a reunião de ontem em Bruxelas, ministros de toda a Europa tentaram convencer Dublin a aceitar a ajuda como forma de acalmar os mercados. "Estamos em uma crise de sobrevivência", afirmou Herman Van Rompuy, presidente da UE.

Olli Rehn, comissário de assuntos econômicos, declarou ontem depois da reunião que está em andamento "a preparação de um potencial programa" de resgate para ser usado se torna necessário. A esperança de todos é que a Irlanda abandone sua posição e anuncie que pede ajuda. Com eleições próximas, o governo quer evitar dar um sinal de que está se cedendo à intervenção estrangeira, em um país onde a questão da soberania é ainda um tema sensível.

Diplomaticamente, a solução foi anunciar o processo em partes. A primeira foi o acordo que um grupo de técnicos da UE fechou ontem com Dublin para que uma missão vá até a Irlanda para fechar os detalhes do pacote, o que seria um sinal para os demais ministros que o acordo estaria próximo de uma conclusão. A Irlanda também "se comprometeu a trabalhar em cooperação com os organismos internacionais", mas insistiu que até agora não pediu ajuda.

"As discussões entre a Irlanda, UE e FMI terão como finalidade preparar instrumentos caso a Irlanda faça o pedido de ajuda", explicou o primeiro-ministro de Luxembrugo, Jean-Claude Juncker. Ontem, o primeiro-ministro da Irlanda, Brian Cowen, já admitia que estava buscando uma solução "com credibilidade e eficiente".

O temor de Dublin se refere ao preço que terá de pagar pelo pacote. Para muitos, isso significará a obrigação de elevar impostos sobre empresas. Por anos, o imposto reduzido foi o que atraiu empresas de todo o mundo ao país.

Pacote. Mas a solução, segundo a UE, poderia ser um pacote de 100 bilhões , dos quais metade iriam para fortalecer os bancos irlandeses e restruturá-los. Nos últimos dois anos, os cinco maiores bancos do país pegaram emprestado recursos do BC europeu equivalente a 130 bilhões, 80% do PIB da Irlanda. O restante iria para tapar os buracos das contas do governo, que chegam a dez vezes o teto estabelecido pela UE.

A mensagem da UE aos irlandeses foi de que, quanto mais cedo aceitarem um acordo, menor será o contágio geral da crise, principalmente em Portugal e Espanha. Ontem, porém, Lisboa aproveitou a reunião em Bruxelas para insistir que não era a Irlanda e que não pediria ajuda.

Mas diversos governos foram enfáticos em alertar que qualquer pacote terá de ser acompanhado por exigências e a presença do FMI.

Se o pacote for aprovado, o que já se sabe é que parte do dinheiro viria do governo inglês, que sabe que seus bancos estão altamente expostos à economia irlandesa. Mas a liderança de Londres no processo de resgate da Irlanda promete reviver memórias traumáticas no pequeno país ao norte da Europa.

Há exatos 90 anos, Dublin conseguiu sua independência do Reino Unido, depois de anos de mortes e atentados sangrentos de ambas as partes. Desde que a atual crise eclodiu, o governo irlandês e a população fizeram questão de dizer que não aceitariam perder sua soberania.

Agora, a proposta de resgate vem da forma mais irônica. O dinheiro, no lugar de vir da Alemanha que sempre acabou bancando as economias mais frágeis, agora viria prioritariamente de Londres. (Estado)

Petrobrás descobre óleo leve ao sul da Bacia de Santos

Poço está localizado a cerca de 280 km da costa do Estado de São Paulo e reservatórios se encontram a 2.200 metros de profundidade.

A Petrobrás comunicou no início da noite que comprovou a presença de óleo leve no poço 1-BRSA-870-SPS (1-SPS-76), situado ao sul da Bacia de Santos, em reservatórios arenosos, semelhantes aos encontrados na área das acumulações de Tiro e Sidon. Conforme o comunicado da estatal, a descoberta está localizada a aproximadamente 15 km da área de Tiro e Sidon.

O poço situa-se no bloco S-M-1352 da Concessão BM-S-41, no qual a Petrobrás detém 80% de participação, após negociação de direitos de 20% dessa concessão para a empresa Karoon Petróleo & Gás. De acordo com a Petrobrás, essa cessão de direitos encontra-se sob análise da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

O poço está localizado a cerca de 280 km da costa do Estado de São Paulo, em lâmina d''água de 400 metros. Os reservatórios perfurados se encontram a 2.200 metros de profundidade.

"O poço continua em perfuração com o intuito de pesquisar outros objetivos mais profundos, ainda na seção pós sal", diz o comunicado. "Essa descoberta confirma a adequação da estratégia exploratória na busca da formação de um novo polo de produção na porção sudoeste da Bacia de Santos que poderá ser integrado por uma série de campos já descobertos, como Caravela, Cavalo Marinho, Coral e Tiro-Sidon, bem como por descobrir, ou em processo de avaliação, como a do poço 1-BRSA-870-SPS no prospecto Marujá", acrescenta. (Estado)

Novo padrão de mudança social

MARCIO POCHMANN

Do final do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek (1956-61) ao segundo governo Lula (2006-10), o Brasil conviveu com três distintos padrões de mudanças sociais, identificados por um conjunto amplo e profundo de transformações econômicas (estruturas produtiva, ocupacional e distributiva) e de reorientação nas políticas públicas (Estado de bem-estar social).
Ao se considerar a evolução de indicadores-sínteses da realidade brasileira, como os da renda per capita nacional e da desigualdade na repartição da renda pessoal, nota-se o ineditismo do momento atual, de conteúdo não esboçado plenamente no primeiro e no segundo padrões de mudanças sociais.
Entre as décadas de 1960 e 1970, o Brasil apresentou o primeiro padrão de mudança social, caracterizado pela forte expansão nacional da renda per capita, acompanhada de significativo aumento no grau de desigualdade na repartição da renda pessoal, responsável por brutal diferenciação no movimento de mobilidade social.
Na toada do projeto de industrialização nacional, sem planejamento e sem reforma agrária, houve excessiva transição populacional do campo para a cidade. Além do excedente de mão de obra gerado nos grandes centros urbanos, o valor real do salário mínimo registrou queda média anual de 1,6%, diante da elevação média de 4,6% ao ano do PIB per capita, entre 1960 e 1980.
Mesmo com a presença da informalidade, a cada ano a ocupação total aumentou 3,1% e a taxa nacional de pobreza decaiu 1,3%, enquanto a escolaridade dos brasileiros passou de 2,1 para 3,9 anos (3,1% de aumento anual) e o grau de desigualdade na renda pessoal cresceu 1%.
Em síntese, um contraste visível entre a rápida elevação da renda nacional por habitante e o forte aumento das iniquidades, especialmente na divisão dos frutos do crescimento econômico.
O segundo padrão de mudança social, ocorrido entre os anos de 1981 e 2003, foi demarcado pela estagnação na evolução da renda per capita e no grau de desigualdade na repartição da renda pessoal.
A vigência do regime de superinflação (até 1994) e de crises econômicas seguidas fez regredir a renda nacional em vários períodos (1981-83, 1990-92, 1998-99 e em 2002-03).
Sem a sustentação do crescimento da renda nacional per capita (variação de 0,2% ao ano), o grau de desigualdade praticamente não mudou (variação negativa de 0,1% ao ano), enquanto o desemprego cresceu fortemente (5,6% ao ano) e o valor real do salário mínimo foi reduzido 1,8% ao ano, em média.
Além disso, a cada ano a taxa de pobreza caiu apenas 0,8%, e a escolaridade foi ampliada somente em 2,1% (de 3,9 para 6,3 anos). Resumidamente, a interrupção da mobilidade social e das oportunidades econômicas.
Desde meados da década de 2000, percebem-se sinais de novo padrão de mudança social no país.
Esse terceiro padrão possui como características principais a combinação da expansão média anual da renda nacional per capita (de 2,9%) com a queda na desigualdade pessoal da renda (de 1,5%) desde 2004.
Simultaneamente, registra-se a redução média anual nas taxas nacionais de desemprego (5,2%) e de pobreza (4,8%), com forte elevação do salário mínimo (7,1%), da ocupação total (3,2%), sobretudo formal, e dos anos de escolaridade (aumento de 3,8%).
Em especial, o novo padrão de mudança social relaciona-se à opção atual pelo desenvolvimento da produção de bens e serviços em detrimento da financeirização da riqueza -como observado nos anos de vigência do segundo padrão de mudança social- e pela defesa do Estado de bem-estar social, ausente durante o primeiro padrão de mudança social.


MARCIO POCHMANN, economista, é presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Acelerar os avanços no Brasil a favor da inclusão social, com a melhoria na qualidade do emprego e investimentos em Educação

Inclusão social passa pelo fim do subemprego

Desde 2007, com a criação da UGT que defendemos, intransigentemente, as políticas públicas a favor da inclusão social. Por isso, nos anima as decisões da presidente eleita, Dilma Rousseff de manter as negociações com as centrais sindicais em torno de um aumento real do salário mínimo, de reajustar o Bolsa Família acima da inflação para que se consiga acelerar a inclusão social no Brasil. Que passará, obrigatoriamente, por agressivas politicas na Educação, que a UGT chama de Revolução na Educação. O resultado, como o IBGE já constatou, tem reflexos diretos na qualidade do emprego, com a redução do subemprego de 5,1% para 2,7% dos empregados em 2010, o que beneficia 348 mil trabalhadores. Ainda falta muito a ser feito. Mas o governo Lula provou que estamos no caminho certo, mas as distâncias entre as classes sociais no Brasil são de tal grandeza e a concentração de renda tão vergonhosa que os trabalhadores brasileiros têm que ampliar sua mobilização e continuar a exigir a manutenção de políticas públicas na Educação, na valorização do salário mínimo e na distribuição de renda através do Bolsa Família para incluir cada vez mais brasileiros e lhes garantir a cidadania plena, a segurança alimentar e o acesso a oportunidades que só a boa Educação permite. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Subemprego cai 37% desde 2003 e beneficia 348 mil

Crescimento da economia, boom da construção e formalização explicam menor subocupação, mas cenário pode piorar em 2011.

O crescimento da economia e a maior formalização do mercado de trabalho fizeram 348 mil pessoas cruzarem, de 2003 a 2010 (média de janeiro a setembro), a fronteira do subemprego nas seis principais regiões metropolitanas do país, segundo levantamento da Folha a partir de dados do IBGE.

A subocupação caiu, nesse intervalo, 37%. De 2009 a 2010, a redução foi de 10%. Nos mesmos períodos, o emprego cresceu em um ritmo bem mais moderado: 19% e 3,5%, respectivamente.

Pelo conceito do IBGE, baseado em recomendação da OIT (Organização Internacional do Trabalho), os subocupados são pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam e têm disponibilidade para trabalhar mais tempo.

Os subocupados representavam 5,1% dos empregados em 2003. O percentual caiu para 2,7% em 2010.

Eles têm representação maior que a média da população ocupada nos grupos de trabalhadores por conta própria, nos que não têm carteira e nos do setor de serviços (sobretudo os domésticos).

A queda do subemprego se deve, principalmente, à maior formalização do mercado de trabalho, segundo Thaís Marzolla Zara, economista da consultoria Rosenberg & Associados.

Em 2003, 39% da força de trabalho no setor privado era formal. Esse percentual passou para 46% em 2010.

Para Fábio Romão, a formalização se irradiou por vários setores graças ao crescimento dos últimos anos -que sofreu um revés com a crise em 2009, mas não atingiu de modo significativo o mercado de trabalho.

RENDA MAIOR — A redução do subemprego, avalia, ocorreu na esteira do melhor desempenho do rendimento e do emprego dos setores que concentravam mais trabalhadores informais: construção civil e serviços domésticos.

Zara diz que a adesão de micro e pequenas empresas ao regime tributário diferenciado do Simples e as ofertas públicas iniciais de ações de companhias de maior porte também impulsionaram a formalização e ajudaram a reduzir o subemprego.

Outro ponto favorável foi o crescimento do emprego na indústria -que a partir de setembro já deu sinais de arrefecimento. "Talvez o cenário positivo que permitiu a redução do subemprego não se repita na mesma intensidade em 2011", diz Romão. (Folha)

Erradicar pobreza custaria mais R$ 21 bi

Promessa de Dilma é viável, mas depende do mercado de trabalho e da ampliação do gasto anual com o Bolsa Família. No país, é considerado pobre quem vive com uma renda familiar per capita até R$ 140; cesta básica chega a R$ 254.
A maior promessa de campanha da presidente eleita Dilma Rousseff (PT), de acabar com a miséria no Brasil em seu governo, é muito ambiciosa, mas factível, avaliam especialistas da área.
Isso depende de duas premissas: o mercado de trabalho continuar se expandindo na velocidade dos últimos anos (algo considerado muito difícil); e o novo governo ampliar o gasto com o Bolsa Família (onerando ainda mais o Orçamento).
O programa consome R$ 13,4 bilhões ao ano e atende 12,7 milhões de famílias. Isso equivale a 0,4% do PIB, o que é considerado pouco.
Mas a chave para Dilma cumprir sua promessa está no mercado de trabalho. Quanto menos dinâmico, mais o governo teria de colocar dinheiro focalizado nos pobres para atingir a meta.
Se o Brasil quisesse eliminar hoje seus pobres e indigentes, teria de localizar essas pessoas e gastar com elas mais R$ 21,3 bilhões ao ano -em cima dos R$ 13,4 bilhões do Bolsa Família, segundo cálculos do Centro de Políticas Sociais da FGV.
Para financiar isso, o custo médio rateado entre os brasileiros seria de R$ 9,33 ao mês.
São considerados pobres no Brasil (tendo por base os critérios do Bolsa Família) indivíduos ou famílias que têm renda per capita menor do que R$ 140 ao mês (R$ 4,60 ao dia). Para os indigentes, o corte é de R$ 70 (R$ 2,30).
Na hipótese de uma família de quatro pessoas com renda mensal de R$ 400 (R$ 100 por pessoa), o governo federal teria de destinar R$ 160 (R$ 40 por cabeça) a ela para que todos ultrapassassem a linha de pobreza.
Acréscimos como esse, a todos os pobres, custariam os R$ 21,3 bilhões ao ano, segundo números do economista Marcelo Neri, da FGV.
Hoje, cerca de 30 milhões de pessoas (15,5% da população) vivem com menos de R$ 140 ao mês. Há dez anos, eram 57 milhões (33,3%).
MERCADO — A queda quase à metade ocorreu, principalmente, pela substancial melhora do mercado de trabalho.
Mais de 70% da elevação da renda média vem do trabalho (R$ 0,70 para cada R$ 1 de aumento). Dos gastos da Previdência, são 24%. Do Bolsa Família, 5,3%.
No governo Lula foram criados quase 14 milhões de empregos formais. Já o salário mínimo subiu 53% acima da inflação (R$ 510 hoje).
O aumento do mínimo tem impacto direto limitado na erradicação da pobreza. Mas contribui para elevar consumo, produção e emprego.
Para Clemente Ganz Lúcio, do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), é até possível manter o ritmo de aumento do mínimo se a economia crescer cerca de 5% ao ano no governo Dilma.
O problema é o emprego, principal motor para a redução da pobreza.
"Entre 2007 e 2008, para cada 1 ponto percentual de aumento do PIB a ocupação também aumentava 1 ponto. Daqui para frente, essa correlação tende a ser de 1 para 0,5 ou 0,7", diz Lúcio. "Por conta do aumento da produtividade, teremos menos empregos gerados para cada ponto de crescimento do PIB."
Se isso ocorrer, a promessa de Dilma dependerá mais de recursos públicos a serem alocados no Bolsa Família.
O problema adicional é que até o Ministério do Desenvolvimento Social considera baixo o corte de R$ 140 para definir pobreza. Em novembro, como comparação, a cesta básica variou de R$ 172 (Aracaju) a R$ 254 (São Paulo), segundo o Dieese. (Folha)

Fim de trabalho infantil pede engajamento

Empresários defendem que companhias controlem fornecedores e pressionem por combate à informalidade. Encontro, realizado na Colômbia, discute estímulo a projetos sociais e cuidados com imagem da marca.
As empresas têm um papel relevante nos esforços da sociedade para a erradicação do trabalho infantil, que envolve o engajamento de fornecedores, o estímulo a projetos sociais de educação e inclusão na infância e o alinhamento às políticas públicas relacionadas ao tema.
Essas são algumas das conclusões do Encontro Internacional Contra o Trabalho Infantil, realizado nos dias 3 e 4 deste mês em Bogotá, Colômbia, promovido pela Fundação Telefônica.
"O trabalho infantil é a escravidão do nosso século. Não há como as empresas, que concentram hoje o poder econômico, ficarem alheias ao tema", disse o secretário-geral da OEI (Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e Cultura), Álvaro Marchesi.
No caso da América Latina, região que reúne cerca de 14 milhões de crianças que trabalham, das quais mais de 9 milhões em condições perigosas -os dados da OIT (Organização Internacional do Trabalho) são considerados conservadores-, o assunto é especialmente complexo.
"Em diversos setores produtivos ainda não se conseguiu enxergar e compreender a gravidade do problema", defende Lucas Utrera, pesquisador de Responsabilidade Social Corporativa na Uade (Universidade Argentina da Empresa).
Segundo ele, o que ocorre é justamente o contrário.
"Em muitas regiões da América Latina, o trabalho das crianças está legitimado, constituindo um componente importante dos processos produtivos atuais", afirma o especialista.
REPUTAÇÃO DA MARCA — Para as empresas, um dos maiores riscos do trabalho infantil está associado à reputação da marca. Grandes grupos empresariais, como Nike e Apple, já viveram o pesadelo de enfrentar escândalos na mídia.
Para os especialistas reunidos no debate em Bogotá, combater o trabalho infantil representa também uma preocupação econômica. Estima-se que quase a totalidade das crianças que trabalham na região atuem na economia informal.
"Ao combater o trabalho infantil, as empresas estão combatendo a informalidade da economia, segmento em que há empresários que não se preocupam com questões como reputação ou competitividade por meio de instrumentos legítimos", aponta Guillermo Dema, especialista para o Trabalho Infantil e Emprego Juvenil para as Américas da OIT.
Há também a questão da desigualdade de renda e a limitação de geração de riqueza no país. Estudo da Esalq/ USP revela que pessoas de 30 a 65 anos que trabalharam antes dos 16 anos no Brasil recebem, em média, 7% a menos do que as demais.
"Ao diminuir a geração de renda, o trabalho infantil acaba sendo também um fator limitante do próprio crescimento econômico", explica o pesquisador Marcelo Justos dos Santos, da Esalq/USP, um dos autores do estudo. (Folha)

Irlanda e Portugal sob pressão

Com grandes dívidas, os dois países estão sendo pressionados a pedirem socorro à União Europeia para evitar contágio de nações vizinhas.

Cresce a pressão para que Irlanda e Portugal aceitem um pacote de resgate, criando um "corredor sanitário" e evitando a contaminação de outras economias. O debate sobre como dar uma solução permanente à crise da dívida na Europa será realizado hoje em uma reunião de ministros de Finanças em Bruxelas.

Irlanda e Portugal serão cobrados para que apresentem detalhes de como esperam frear os gastos públicos e honrar o pagamento dos juros de suas dívidas astronômicas.

Mas o mercado e os países mais influentes da União Europeia (UE) não acreditam que as medidas de austeridade serão suficientes. O Fundo Monetário Internacional (FMI), a Alemanha e o Banco Central Europeu (BCE) insistem que chegou a hora de Irlanda e Portugal considerarem uma intervenção.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, defendeu novos pacotes de resgate e "uma nova cultura de estabilidade na Europa".

Portugal admitiu que investidores estão cada vez mais propensos a acreditar que o país pedirá ajuda internacional e que o risco de contágio é "extremamente alto". Mas insinua que deve ser a Irlanda quem deve aceitar logo o pacote.

Depois da crise na Grécia, no começo do ano, a UE criou um fundo de quase US$ 1 trilhão para países em dificuldades. Mas agora, mais uma vez divididos, os países se atacam. "Tudo está em jogo. Se o euro fracassar, então é a Europa que fracassará", disse ontem Merkel.

Nem todos gostaram do recado. O primeiro-ministro grego, George Papandreou, acusou Merkel de ter tornado a situação ainda pior para Portugal e Irlanda ao insistir que o mercado deve pagar por futuros pacotes de resgate a partir de 2013. "Isso pode criar uma profecia que se cumpriria. Isso pode forçar economias a irem à falência", disse. Espanha, Irlanda e Luxemburgo também criticaram Merkel.

O banco Barclays estima que um eventual resgate da Irlanda teria de chegar a 80 bilhões para fazer efeito. "Uma intervenção da UE está sendo preparada", confirmou Michael Noonan, porta-voz do partido de oposição na Irlanda, o Fine Gael.

Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI, também confirmou que o Fundo está "pronto para ajudar a Irlanda" se for preciso. O governo alemão pressiona para que o pacote seja criado com certa rapidez e que a Irlanda aceite a ajuda como forma de limitar as especulações.

O governo irlandês confirma que tem mantido reuniões com a UE. Mas insiste que até hoje não fez qualquer pedido de ajuda. Parte da justificativa é que o país não aceitaria abrir mão de sua soberania. Mas a resistência do governo irlandês vai além do orgulho. O temor é que a UE e o FMI exijam que o país aumente seus impostos. Parte da expansão do Tigre Celta havia ocorrido graças a taxas baixas que atraíram empresas como Google e Dell. (Estado)

Bancos baixam juros para evitar calote

Com a expansão vigorosa do crédito no país, a taxas de 20% ao ano, grandes instituições como Banco do Brasil (BB) e Itaú, as maiores do país, estão se armando para prevenir um estouro na inadimplência dos consumidores. Antes de o cliente se perder ao usar o cheque especial ou o cartão de crédito para fechar as contas no mês, com juros estratosféricos, os bancos estão se antecipando e oferecendo modalidades de empréstimo mais baratas, revela reportagem de Patrícia Duarte, publicada na edição desta terça-feira do GLOBO.

Essa saída sempre foi a mais recomendada por todos os especialistas da área de finanças pessoais, mas é a primeira vez que os bancos tomam a iniciativa. Para isso, estão investindo pesadamente em tecnologia e estudos para acompanhar cada vez mais de perto os passos dados por seus clientes.

- Pelo histórico, conseguimos perceber se o cliente vai ficar inadimplente ou não - diz o diretor de Crédito do BB, Walter Malieni Júnior.

Os resultados já começaram a aparecer. Em dois meses usando essa nova ferramenta, o BB abordou 38 mil clientes que tinham potencial para se tornar inadimplentes, conseguindo renovar as linhas de 7,5% desse total, num valor global de R$ 3,925 milhões, com parcelas e prazos médios de R$ 156 e 15,4 meses, respectivamente.

Para tanto, criou uma nova modalidade de crédito, chamada CDC Renovação, cujas taxas de juros variam de 4,86% a 6,10% ao mês, com limites de R$ 150 a R$ 60 mil. Os juros do cheque especial, em média, ficam em torno de 10% mensais.

Há menos de dois meses, o Itaú também começou a trabalhar com os mesmos mecanismos. Entre estes, segundo o superintendente de Relacionamento com o Sistema de Defesa do Consumidor do banco, Francisco Calazans Júnior, está o "saldo parcelado", uma nova linha de crédito com juros menores - de 2,71% a 6,02% ao mês - que está sendo oferecida nos caixas eletrônicos. (O Globo)