terça-feira, 3 de maio de 2011

Manter a unidade do movimento sindical para combater de frente a nefasta volta da inflação

Inflação é o mais nefasto dos males contra os salários


Ricardo Patah, presidente nacional da UGT


Com a escalada da inflação em São Paulo, foi aceso o sinal amarelo, como já vínhamos alertando desde o início do ano, apesar das tentativas da equipe econômica tentar conter a inflação com juros cada vez mais altos. Quem tem hoje mais de 40 anos sabe o que é uma inflação fora de controle dos idos de 80 e 90. As vítimas preferenciais são os trabalhadores, seus rendimentos, seus salários, sua qualidade de vida. E ainda por cima voltam as desculpas esfarrapadas de sempre de se culpar os sindicatos de trabalhadores pela inflação a cada tentativa de recuperação do valor dos salários. Vamos manter a unidade que conseguimos neste Primeiro de Maio entre o movimento sindical e exigir do governo da presidente Dilma medidas enérgicas contra a inflação. Com a certeza de que os juros altos são um remédio amargo e que não tem surtido efeito. A não ser para o bolso dos banqueiros e especuladores.





Inflação em São Paulo dobra em abril, para 0,70%



No grupo Alimentação, os preços saíram de uma alta de 0,09% em março para uma inflação de 0,64%



O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), fechou o mês de abril com alta de 0,70%, depois de ter subido 0,35% em março. O indicador que mede a inflação da cidade de São Paulo ficou ligeiramente acima da mediana das estimativas do AE Projeções. Os prognósticos iam de 0,62% a 0,73%, com mediana de 0,69%. O IPC também acelerou em relação à terceira quadrissemana de abril, quando ficou em 0,65%.



Os preços do grupo Habitação haviam subido 0,27% em março, aceleraram para 0,35% na terceira quadrissemana de abril e fecharam o mês com essa mesma variação. No grupo Alimentação, os preços saíram de uma alta de 0,09% em março para uma inflação de 0,64% na terceira prévia de abril, mas desaceleraram para 0,46% no fechamento do mês.



Já o grupo Transportes havia registrado alta de 1,04% em março, acelerou para 1,50% na terceira quadrissemana de abril, e fechou o mês com alta de 1,44%. No grupo Despesas Pessoais, os preços subiram 0,20% em março, avançaram para 0,66% na terceira prévia de abril e para uma alta de 0,85% no último levantamento.



O grupo Saúde teve alta de 0,60% em março e acelerou para 1,17% na terceira quadrissemana de abril e para 1,55% no encerramento do mês. Em Vestuário, os preços haviam apresentado leve alta de apenas 0,02% em março, passaram para deflação de 0,20% no terceiro levantamento de abril e fecharam o mês com alta de 0,68%. Finalmente, em Educação, os preços subiram 0,13% em março, desaceleraram para 0,10% na terceira prévia do mês passado e para 0,04% no último levantamento.



Veja como ficaram os grupos que compõem o IPC no mês de abril:



Habitação: 0,35%; Alimentação: 0,46%; Transportes: 1,44%; Despesas Pessoais: 0,85%; Saúde: 1,55%; Vestuário: 0,68%; Educação: 0,04%; Geral: 0,70% (Estado)





Bancos terão de divulgar CET de crédito à microempresa



A partir de agora as instituições financeiras estão obrigadas a divulgar o Custo Efetivo Total (CET) de suas operações que envolvem micro e pequenas empresas, segundo determinação do Banco Central. A CET é uma taxa que sintetiza todos os custos envolvidos na operação de crédito, e não só a taxa de juros.



Até hoje, a obrigatoriedade de fornecer essa informação era limitada ao crédito para pessoas físicas. "A medida, além de reduzir a assimetria de informações para esse segmento de empresas, estimula a concorrência entre as instituições financeiras", avalia o BC. A mudança foi determinada pela resolução 3.909 de 2010. (Estado)





Taxa média de juro bancário aumenta para 39% em março



A taxa média de juros bancários teve elevação de 0,9 ponto percentual de fevereiro para março deste ano, para 39%. Esse percentual corresponde à média das taxas cobradas em operações prefixadas, pós-fixadas e flutuantes, com pessoas físicas e jurídicas. Os juros médios para pessoa física registraram incremento de 1,2 ponto, para 45%. A taxa média de juros da pessoa jurídica aumentou 0,7 ponto, para 31,3%.Os dados foram apresentados nesta jornada pelo Banco Central (BC). A taxa média de juros é apurada pelo BC tomando-se volume específico de operações de crédito livre com base em juros prefixados, pós-fixados e flutuantes, nos empréstimos concedidos a pessoas físicas e jurídicas.O spread, ou ganho dos bancos com a diferença entre as taxas de aplicação e de captação, avançou para 26,8% em março, com adição de 0,7 ponto percentual em relação ao nível do segundo mês de 2011, também considerando a média das três modalidades de juros para financiamento.Os bancos registraram acréscimo de 0,2 ponto na taxa geral de captação, para 12,2%.(Valor)





MEC vai mudar critério para que instituições recebam isenção fiscal por bolsas do ProUni



O Ministério da Educação estuda mudanças no critério de concessão de isenção fiscal às instituições participantes do Programa Universidade para Todos (ProUni). Atualmente, as instituições recebem o benefício proporcional ao número de bolsas oferecidas. A ideia do MEC é que elas passem a receber de acordo com o número de bolsas preenchidas. No primeiro semestre deste ano, por exemplo, das 123 mil bolsas ofertadas, 4% ficaram ociosas.



" Esses mecanismos estão sendo aprimorados ( Luiz Cláudio Costa) "



Atualmente, pela lei que criou o programa, as faculdades recebem a isenção fiscal em troca da oferta de bolsas, independentemente de elas terem sido ocupadas ou não. O problema já foi apontado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), que calcula um total de R$ 104 milhões de isenções fiscais concedidas indevidamente via ProUni. Neste semestre, apesar do número recorde de inscritos, 4% das bolsas ficaram ociosas na primeira rodada de inscrições.



Além do problema no preenchimento das bolsas, o MEC vai investigar o caso de estudantes da Universidade Paranaense (Unipar) que não são de baixa renda, mas estudam na instituição com bolsa do ProUni, como mostrou reportagem veiculada ontem (1º) no Fantástico, da TV Globo. Além disso, universitários ganharam bolsas para cursar uma faculdade que não existia no município de Água Branca, no sertão de Alagoas.



Para receber bolsa integral, o estudante deve ter renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. No caso do benefício parcial, o limite chega a três salários mínimos por membro da família. Outro pré-requisito é ter cursado todo o ensino médio em escola pública.



O problema não é novo e os primeiros casos foram denunciados em 2009 também pelo TCU. O MEC passou a cruzar os dados dos bolsistas com informações da Receita Federal e do Registro Nacional de Veículo Automotores (Renavam) para detectar as irregularidades. Desde então, foram canceladas 4.253 bolsas e 15 instituições foram desvinculadas do programa.



" Estamos em contato permanente com a CGU e a Receita Federal e usamos o que existe de melhor em tecnologia de informação para fazer os cruzamentos (Luiz Cláudi Costa) "



É de responsabilidade das instituições de ensino verificar a veracidade dessas informações e fiscalizar a situação dos alunos. O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, admite que existe a possibilidade de o candidato fraudar essas informações, mas avalia que as faculdades têm feito esse trabalho "com muito zelo".



- Esses mecanismos estão sendo aprimorados, estamos em contato permanente com a CGU [Controladoria-Geral da União] e a Receita Federal. Existe efetivamente uma ação dentro do que existe de melhor em tecnologia de informação para fazer os cruzamentos - afirmou durante entrevista à Agência Brasil.



Se for comprovado que a instituição foi negligente ou favoreceu algum aluno que não se encaixa no perfil do programa, ela fica proibida de participar do programa e pode sofrer outras sanções no processo de regulação do MEC. No caso de alunos que tenham fraudado informações para receber o benefício, além da perda da bolsa, eles podem responder judicialmente pelo crime de falsidade ideológica.



Costa pede que a comunidade acadêmica - alunos, professores e gestores - também faça o controle social das bolsas do programa. As denúncia de recebimento indevido do benefício devem ser encaminhadas ao MEC. (O Globo)





ANS muda regras e estende portabilidade de planos de saúde para mais cinco milhões de pessoas



A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou nesta sexta-feira no Diário Oficial da União, a Resolução Normativa 252, que amplia as regras de portabilidade de carências. Com a mudança houve um aumento de sete milhões para 12 milhões no universo de beneficiários de planos de saúde que podem fazer a portabilidade de seus contratos. Entre as novidades está a extensão da portabilidade dos usuários de planos coletivos por adesão novos (contratados após 1999), isto é, contratados por empresas, que podem carregar seus contratos para planos individuais ou para outro coletivo de adesão.



As novas regras, que entram em vigor no dia 27 de julho, também ampliaram o prazo para realizar a portabilidade de dois para quatro meses, a partir da data de aniversário do contrato, e reduziu de dois para um ano, o tempo que o cliente precisa permanecer no plano, antes de pedir uma segunda portabilidade. A nova regra exige ainda que a operadora comunique a possibilidade de portabilidade a seus beneficiários nos boletos de pagamento e/ou em correspondência específica.



O texto cria também a portabilidade especial, destinada a beneficiários de planos de saúde que faliram ou tiveram outros problemas e os segurados não foram todos transferidos para outra empresa pela ANS. Também fazem jus a portabilidade especial os usuários de planos de saúde que figuravam como dependentes em que contrato extinto por morte do titular.



Apesar de reconhecer que a resolução traz avanços, Juliana Ferreira, advogada do Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor (Idec), considera que as mudanças ainda foram tímidas diante da expectativa das entidades de consumidores:



- Nós defendemos que não haja prazo para portabilidade, nem de permanência do plano, nem de aniversário do contrato. O consumidor deveria poder trocar de plano a qualquer momento e, nesse caso, se não tivesse cumprido todas as carências levaria aquelas que cumpriu parcialmente, por exemplo. Além disso, não conseguimos entender o fato de a migração só poder se dar por planos equivalentes ou inferiores. Fora o fato de que avaliar essa equivalência ainda é uma tarefa muito complexa. Além disso, deveria ser possível a migração no caso de coletivos empresariais e também dos planos antigos - ressalta a advogada.



Na avaliação de Fábio Fassini, gerente-geral Econômico, Financeiro e Atuarial da ANS, mudanças como essa que têm impacto na estrutura do setor precisam avançar por etapas:



- Na primeira rodada, beneficiamos apenas contratos individuais e familiares, agora incluímos o coletivo por adesão. Não há necessidade de incluirmos os empresariais, pois a partir de 30 vidas já há garantia de portabilidade sem carência. No caso dos planos antigo, está em consulta as regras de adaptação, os que se adaptarem não poderão ter carência. A lei já obriga isso.



Quanto a não possibilidade de migração para um plano superior, Fassini explica que se trata de uma opção para evitar condutas abusivas de consumidores e operadoras:



- A diferença entre um plano superior, normalmente, é a rede credenciada, os laboratórios de análises, hospitais. Não é justo que o consumidor opte por um plano barato quando está saudável e depois migre para um outro melhor quando está doente, para o qual ele não contribui. Da mesma forma, queremos evitar que as empresas vendam um plano barato que depois das carências não ofereça tudo o que o usuário esperava - justifica o gerente-geral da agência. (O Globo)



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Menos juros para distribuir melhor a renda com investimentos na produção e na geração de empregos

As preocupações da UGT neste Primeiro de Maio

A União Geral dos Trabalhadores comemora os avanços unitários da classe trabalhadora brasileira.

Ampliamos a unidade das categorias nas bases e nas direções das centrais sindicais. E este Primeiro de Maio provou, na prática, nossa disposição unitária de continuar a avançar para um Brasil ainda mais justo, mais igual e com mais distribuição de renda.

Por isso, nos preocupa a escalada dos juros, que tem se provado um remédio amargo para a população e para a classe trabalhadora. Sem conseguir, como tentam explicar os economistas de plantão, controlar a inflação. E inflação para a classe trabalhadora ameaça a distribuição de renda que fazem parte do DNA dos governos Lula e de Dilma Rousseff.

Por isso estamos preocupados.

Nos preocupa também a burocracia em torno do Programa de Aceleração do Crescimento. Precisamos de respostas governamentais rápidas para resolver os inadiáveis gargalos na infra-estrutura, na recuperação e construção de portos e estradas para facilitar o escoamento das nossas safras e de nosso intercâmbio comercial com o resto do mundo.

A pressão positiva da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 precisa também ser respondida, imediatamente, com a reforma e ampliação dos aeroportos. Com investimentos imediatos na Educação e com a qualificação imediata dos trabalhadores que vão atender o imenso fluxo de turistas.

Nossa esperança, enquanto classe trabalhadora, é que o governo da presidente Dilma ajude o Brasil a abandonar de vez o viés financista nas politicas públicas, descarte essa ineficiente política de juros altos, e passe a apostar, de verdade, nos investimentos produtivos.

Ou seja, na construção de casas, tão necessárias. De obras públicas, como usinas hidrelétricas, hospitais e escolas. Investimentos que geram riquezas. E distribuição de renda através dos empregos. Com oportunidades para todos. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Inflação reduz aumento real nos acordos já negociados

No ano passado, os líderes sindicais compartilhavam um discurso afinado: mantido o ritmo acelerado da economia e a falta de qualificação de trabalhadores como "trava" para maiores contratações, nem uma taxa de inflação mais salgada seria capaz de evitar grandes ganhos nos salários. As negociações salariais das categorias com data-base até maio, contudo, derrubaram essas expectativas. Diante do aumento da inflação (a taxa acumulada nos 12 meses terminados entre abril e maio passou de 5,3%, em 2010 para 6,3% neste ano), nem mesmo a dificuldade em recrutar trabalhadores faz as companhias cederem acordos maiores. Também apareceram as primeiras categorias que aceitaram acordos quase só repondo a inflação, como os têxteis de Brusque em Santa Catarina.

"Um aumento de 7%, na folha de pagamentos, é alto em qualquer cenário. Só que com inflação em 5%, os empregados ganham 2% de aumento real, quando a inflação bate em 7%, ficam sem", resume o empresário José Carlos Ribeiro, presidente do Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas), onde trabalham 120 mil comerciários, que receberam 7,31% de reajuste - ou 1% real. Segundo o empresário, a inflação serve de "ponto-chave" na negociação - para os trabalhadores, é o ponto de partida, mas para os empresários, é "quase o teto".

O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação, Malharia, Tinturaria Tecelagem e Assemelhados de Brusque (Sintrafite), em Santa Catarina, fechou acordo coletivo com reajuste de 6,5% com data-base em 1º de maio. O percentual correspondeu praticamente à inflação do período, e empatou com o conquistado no período anterior, mas a inflação era quase 1 ponto percentual menor.

O setor têxtil enfrenta dificuldades na região com o fechamento de empresas e atrasos de salários, situação deflagrada com o aumento dos preços do algodão. Com data-base em maio, os trabalhadores da indústria metalúrgica de Joinville ainda negociam o reajuste. A categoria reúne cerca de 18 mil trabalhadores na região.

No setor público paulista, o cenário de inflação mais alta torna o trabalho do sindicato "ainda mais difícil do que já era em anos de inflação baixa", segundo Renê dos Santos, presidente da entidade que representa os funcionários públicos em companhias como Sabesp e Cetesb. O acordo do ano passado circula, até hoje, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), envolvendo uma demanda de reajuste de 1,5% acima da inflação.

Após assistir às dificuldades encontradas por sindicatos de trabalhadores para negociar ganhos muito superiores à inflação neste começo de ano, as categorias que negociam em abril e maio procuram saídas. "Se é para ficar só na inflação, que seja então o IGP-M", diz Altino Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, em referência ao Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que já acumula alta de 14% nos 12 meses terminados em abril. É o dobro da inflação medida pelo INPC, índice mais usado nos acordos salariais no país.

A falta de qualificação dos trabalhadores atinge diversos setores, sendo mais dramática na indústria, onde 94% dos 1,6 mil fabricantes consultados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em pesquisa recente, definiram a falta de qualificação como principal fator limitante para aumento da produção. Em áreas como transporte, há dificuldades para atrair desde motoristas de caminhões, para movimentação de carga, até condutores de ônibus para transporte público. De acordo com a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (ANTC), haverá um déficit de 120 mil caminhoneiros neste ano. Em Curitiba (PR), as concessionárias de transporte coletivo estão qualificando os cobradores, após o expediente, de forma a torná-los motoristas de ônibus, diz o Sindicato dos Motoristas de Curitiba.

Pressionadas pela demanda por motoristas, as empresas cederam um reajuste pouco superior ao do ano passado aos 1,1 mil cobradores de ônibus de Florianópolis (SC). As negociações ainda não foram concluídas, mas as companhias já ofereceram reajuste de 8% nos salários, o que resultaria em alta de 1,7% acima da inflação - no ano passado, o reajuste de 6% contou com alta de 1,3% além do INPC. "Acho que ainda podemos conseguir mais, porque como todos os setores estão crescendo, muitos cobradores estão pensando em mudar de profissão e também ganhar mais", diz Marciano Rodolfo da Silva, secretário de organização do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte da Grande Florianópolis.

Os quase 800 mil trabalhadores na construção civil de São Paulo devem ter conhecer hoje a contraproposta das empresas para o reajuste salarial. O pedido é de um aumento de 10%, entre reposição da inflação e ganho real. Segundo Haruo Ishikawa, vice-presidente de relações do trabalho do Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (Sinduscon-SP), o acordo levará em conta "uma inflação mais alta, que nos atrapalha muito", e as "constantes matérias publicadas nos jornais mostrando que há falta de qualificação dos trabalhadores". Segundo ele, essas informações "atrapalham" porque dão ao sindicato o poder de barganhar salários maiores.

Para Sergio Mendonça, supervisor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos (Dieese), os sindicatos não devem esperar reajustes reais tão elevados quanto os conquistados em 2010. "A inflação está mais alta, e, no acumulado em 12 meses, pode beirar 7,5% no meio do ano. Ficará difícil colocar 3% real, como no ano passado, porque nesse caso os reajustes seriam todos de dois dígitos", avalia. Segundo Mendonça, no entanto, trata-se de um "boa dificuldade". "A economia continua crescendo e gerando empregos, e a inflação tende a recuar a partir do segundo semestre. Não se trata, portanto, do governo apertar a mão e derrubar o crescimento", diz. (Valor)

Aposentados terão desconto menor do IR no benefício a partir deste mês
Os aposentados e pensionistas que têm desconto automático do Imposto de Renda no benefício pago pela Previdência Social passarão a ter um corte menor a partir deste mês. Na prática, eles passarão a ter rendimento líquido maior do benefício.
O aumento ocorre devido à correção tardia de 4,5% na tabela do IR usada sobre os rendimentos deste ano -e que servirá para a declaração de 2011. O governo só corrigiu a tabela após pressão.
Por isso, os primeiros pagamentos do ano foram feitos usando a tabela antiga, de 2010, mesmo após a correção do valor dos benefícios, em janeiro.
O teto da isenção também foi alterado, de R$ 1.499,15 para R$ 1.566,61. Logo, todos os segurados que tinham desconto -aqueles que recebem a partir de R$ 1.499,16- terão desconto menor.
A maior diferença no desconto -ou seja, o que os beneficiários irão pagar a menos- será de R$ 22,75, para os beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) que recebem entre R$ 3.130,51 e R$ 3.689,66 (o teto previdenciário), e têm menos de 65 anos de idade.
Um segurado de 60 anos que recebe R$ 3.200, por exemplo, tinha desconto de R$ 214,38 referentes ao IR até o pagamento de abril. A partir deste mês, o desconto para ele será de R$ 191,63.
Com a correção da tabela do IR, houve aumento na parcela dedutível do imposto, o que gera essa diferença. A parcela a deduzir desse segurado, que era de R$ 505,62, passou para R$ 528,37.
Para os aposentados que têm mais de 65 anos, a faixa de isenção do IR passou de até R$ 2.998,30 para até R$ 3.133,22. Como esses segurados têm direito a uma isenção maior, a diferença no desconto será menor. Eles receberão, líquidos, até R$ 10,12 a mais por mês. (Folha)

Dilma envia mensagem a trabalhadores na festa de 1º de Maio

A presidenta Dilma Rousseff enviou hoje (1º) mensagem aos trabalhadores que participaram da festa do Dia do Trabalho realizada pelas centrais sindicais na Avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, zona oeste da capital paulista. Participaram da festa a Força Sindical, a Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT).

Na mensagem, lida pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, Dilma disse que a data se transformou no símbolo da luta pela dignidade do trabalho em todo o mundo e reforçou o compromisso de seu governo com a melhoria de vida dos trabalhadores.

“Não permitirei, sob nenhuma hipótese, que a inflação volte a corroer o poder aquisitivo dos trabalhadores. Nos últimos oito anos, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu a maior política de empregos já vista no país. Foram criados 20 milhões de postos de trabalho com carteira assinada, férias e décimo-terceiro salário. No meu governo,vamos criar as oportunidades de trabalho”.

Na carta, ela lembrou que lançou na última quinta-feira (28) o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Esse programa vai permitir que o Brasil transforme completamente a qualidade da formação profissional dos jovens trabalhadores. Até 2014, o programa vai criar 8 milhões de novas oportunidades de formação profissional tanto para jovens quanto para trabalhadores de mais idade”.

Durante o ato político de manhã, na festa que tem como lema "Desenvolvimento com Justiça Social", os sindicalistas defenderam a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o fim do fator previdenciário e a valorização das aposentadorias, a valorização do salário mínimo, o trabalho decente, a igualdade entre homens e mulheres, a valorização do serviço público e do servidor público, a reforma agrária, a educação e qualificação profissional e a redução da taxa de juros. (Folha de Pernambuco)

Inflação terá pico durante disputa salarial
Categorias influentes negociam reajuste em agosto, quando índice acumulado deve chegar a 7,4%, o maior desde 2003. Trajetória de ganhos iniciada em 2004 entra em choque com política anti-inflação conduzida pelo governo federal.
Há apenas oito meses, os metalúrgicos do ABC paulista comemoravam o maior ganho de sua história de disputas salariais. O reajuste obtido, de 10,8%, significava um aumento do poder de compra de 6,3%.
Caso queiram -e possam- repetir o feito neste ano, os representantes da categoria terão de pleitear em quatro meses, quando voltarão às negociações com seus empregadores, aumento muito maior, acima de 14%.
Segundo as projeções mais consensuais do governo e do setor privado, a presente escalada da inflação atingirá seu pico justamente quando corporações mais numerosas e influentes no sindicalismo nacional estarão em campanha.
Se o 1º de maio é simbólico, o 1º de setembro é concreto para os trabalhadores do país. Trata-se da data-base de metalúrgicos, bancários e petroleiros, para citar apenas os mais importantes e referenciais para as demais categorias profissionais.
Neste ano, a continuidade da trajetória de ganhos salariais -iniciada em 2004 e com recorde em 2010- entrará em choque com a política anti-inflacionária da administração petista.
Em outras palavras, quanto maior for o sucesso das campanhas salariais, mais difícil será o esperado retorno dos índices de inflação aos patamares desejados a partir do fim deste ano.
Pelas estimativas de investidores e analistas de mercado pesquisadas pelo Banco Central, o INPC, índice que normalmente baliza negociações, e o IPCA, referência para metas oficiais, chegarão a 7,4% no período de 12 meses encerrado em agosto.
Se as previsões se confirmarem, será a maior taxa para o período desde 2003, no primeiro ano de mandato do ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, quando a maior parte das negociações salariais foi incapaz de repor as perdas acumuladas.
Naquela época, a economia vivia estagnação decorrente de medidas tomadas para superar a crise financeira do ano anterior; agora, deixa-se para trás um período de superaceleração econômica, mas o freio é suave.
Não por acaso, a evolução dos salários é uma das preocupações centrais da política de controle da inflação, cujo objetivo é levar o IPCA à meta de 4,5% no próximo ano. Este já é dado como perdido.
"O dinamismo da atividade doméstica continuará a ser favorecido pelo vigor do mercado de trabalho, que se reflete em taxas de desemprego historicamente baixas e em substancial crescimento dos salários", diz a ata da última reunião do Copom, o comitê do BC responsável pela fixação dos juros.
De acordo com o mesmo documento, um "risco importante" é a "concessão de aumentos de salários incompatíveis com o crescimento da produtividade e suas repercussões negativas sobre a dinâmica da inflação".
A LCA Consultores divulgou recentemente um estudo no qual estima as chances -ou riscos, do ponto de vista do BC- de reajustes salariais generosos nas próximas negociações salariais.
Segundo a consultoria, os ganhos obtidos pelos trabalhadores nos últimos meses indicam um mercado menos favorável que o de 2010.
"Essa certamente é uma boa notícia no que toca ao cenário prospectivo para a inflação, principalmente em relação aos temores de uma volta da indexação de preços e salários nos moldes daquela vivenciada no período de inflação crônica", diz o texto. (Folha)