terça-feira, 8 de novembro de 2011

Até ex-presidentes do Banco Central agora pedem juros menores


Ex-presidentes do BC pedem juro menor
Em seminário que reuniu a cúpula do PSDB, Armínio Fraga, Gustavo Franco e Pérsio Arida defendem mais cortes na taxa Selic
Embora os juros reais no Brasil estejam no nível mais baixo em 17 anos, ainda há espaço para novos cortes na taxa básica de juros, segundo três ex-presidentes do Banco Central, reunidos em um seminário, no Rio.
Armínio Fraga, Gustavo Franco e Pérsio Arida defenderam cortes mais intensos na taxa Selic. Para isso, no entanto, o governo deve fazer o dever de casa, controlando gastos, para evitar o aumento de preços no mercado doméstico.
Armínio Fraga lembrou que o Banco Central não prometeu cortar a Selic, mas tem avaliado, a cada reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que há espaço para novas reduções.
"Não há uma promessa (de corte de juros). Só que dessa vez o Banco Central está tendo ajuda da área fiscal e alguma ajuda também da área de crédito", afirmou Armínio, durante o seminário "A Nova Agenda - Desafios e oportunidades para o Brasil", promovido pelo Instituto Teotônio Vilela, que reuniu a cúpula do PSDB no Rio, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aécio Neves e Geraldo Alckmin.
Gustavo Franco concorda que o Brasil pode ter taxas de juros menores, contanto que o governo faça um esforço fiscal para impedir que um corte mais contundente na Selic evite uma disparada da inflação.
"Para que tenhamos juros menores temos de atacar os problemas fiscais de maneira diferente do que temos feito. É possível pensar que o Brasil pode ter taxa de juros de primeiro mundo, embora o primeiro mundo hoje não seja sinônimo de virtude. Viver com uma taxa de juros muito elevada faz parte da realidade brasileira, de um jeito que precisa se modificar", declarou Franco.
Cavalaria -- O economista afirmou que o Banco Central não tem condições de reduzir juros sozinho, porque isso resultaria em inflação. "É preciso chamar a cavalaria", disse. "Hoje, mal conseguimos um superávit primário de 3% (do PIB, o Produto Interno Bruto). Se ele fosse o dobro, 6% ou 7% do PIB, talvez conseguíssemos produzir uma redução de juros significativa sem produzir inflação."
Na visão de Pérsio Arida, uma queda mais contundente na taxa básica de juros poderia levar a um aumento da poupança pública, e os recursos adicionais poderiam ser convertidos em investimentos.
"O governo é um grande devedor. Com a redução na taxa de juros, aumentaria a poupança pública, que poderia ser usada para obras de infraestrutura, ou mesmo para desoneração fiscal", afirmou Arida.
Ele defendeu ainda o aumento da rentabilidade da poupança e do FGTS. "No Brasil hoje a poupança é cronicamente baixa", alertou o ex-presidente do BC. "Beneficiaria imediatamente os mais pobres, que têm acesso aos recursos da poupança", acrescentou.
Dobrado -- Armínio Fraga lembrou que o BC vinha trabalhando dobrado para manter a inflação sob controle. "Se uma parte do governo vai em uma direção e o BC na outra, ele trabalha o dobro. Se for pensar em uma queda maior, no longo prazo, tem de pensar também em reduzir a meta de inflação."
Para Armínio, a meta de inflação deveria ser revista a partir do momento em que convergisse para o número estimado pelo governo, que hoje é de 4,5%. Hoje eu não vejo espaço para reduzir, porque estamos acima da meta. À medida que (a inflação) convergir para a meta, o governo pode pensar em reduzir gradualmente. Um meta de inflação mais alta, 4% ou 5%, cria sempre uma incerteza. Não estou dizendo que caminhe para 2% amanhã. Mas pode reduzir devagarinho, depois de atingir a meta.
Ele propôs ainda que as taxas de juros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bem mais baixas que a Selic, deveriam ser estendidas ao resto do mercado. "Temos tido ao longo dos últimos 15 anos uma trajetória de queda da taxa de juros. Não vejo nenhuma razão para não conseguirmos baixar as taxas de juros, para não estender a taxa do BNDES a todos. Não há por que continuar com um esquema que só oferece essas taxas básicas para poucos privilegiados. Tenho trabalhos na área de crédito que dizem que isso é possível." (Estado)

Ranking põe Brasil entre dez piores países para fazer negócios
O Brasil, que em um ano saltou de 15ª para 5ª economia que mais recebe investimentos estrangeiros diretos, foi considerado pela rede de televisão americana CNBC um dos dez piores países para fazer negócios.
“Enquanto essa economia gigante provê uma enorme oportunidade, há também muitos obstáculos significativos para fazer negócios”, afirma o site da CNBC. O veículo de comunicação divide os obstáculos em dois grupos: impostos e dificuldades para obter permissão de iniciar obras.
Em relação aos impostos, afirma que a carga tributária é “uma das maiores do mundo”. Segundo uma comparação internacional feita pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário, com dados de 2009, existem 13 países da OCDE (grupo que reúne principalmente nações desenvolvidas) com carga tributária maior que a do Brasil (de 34,5% do PIB, segundo o instituto). Já no ranking dos emergentes o País é líder.
Sobre a dificuldade de fazer obras, o CNBC lembra que no Brasil as empresas gastam quase 470 dias para obter permissão de construir, mais que o triplo da média verificada na OCDE. O estudo TV não faz comparação com países emergentes nesse quesito.
Abaixo, a lista dos dez piores países para fazer negócios, na avaliação da CNBC. Na coluna da direita, o investimento estrangeiro direto recebido por cada um em 2010 (em bilhões de dólares).
Posição*
País
Investimento estrangeiro
10
Argentina
6,3
9
Rússia
41,2
8
Brasil
48,4
7
Indonésia
13,3
6
Índia
24,6
5
Nigéria
6,1
4
Filipinas
1,7
3
Argélia
2,3
2
Ucrânia
6,5
1
Venezuela
1,4
* Quanto mais baixo o número, pior
A CNBC avaliou as 50 maiores economias do mundo com base em dados do estudo “Facilidade para fazer negócios”, do Banco Mundial. (Estado)

Brasil também fará lista de bancos que não podem quebrar
País propõe que critérios para fazer parte de lista nacional sejam diferentes dos usados para a lista global
Cada país que integra o grupo das maiores economias do mundo (G-20) deverá ter uma lista de bancos que podem provocar risco sistêmico e, por consequência, levar a outras crises globais. A discussão sobre os critérios para a definição da relação começará ainda este ano. A ideia é replicar em cada país do grupo a lista aprovada pela cúpula do G-20 com 29 bancos globais "grandes demais para quebrar".
O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Márcio Cozendey, disse ao Estado que ainda não há prazo para fechar as listas. Ele informou que a discussão deve ocorrer ao longo de 2012.
Segundo o secretário, o Brasil tem interesse na criação da lista de bancos nacionais de interesse global, mas propõe que os critérios de escolha e as exigências sejam diferentes dos utilizados para as 29 instituições globais. Para ele, apenas as regras de supervisão e de cooperação entre os bancos podem ser repetidas.
Cozendey argumentou que é preciso considerar a realidade do setor em cada país. "O Brasil tem alertado que não pode ser uma simples extensão dos critérios para os bancos globais", afirmou. "As exigências precisam ser diferentes, mas o Brasil sempre concordou que é preciso tratamento diferenciado para bancos com risco sistêmico."
O secretário disse que não é viável, por exemplo, estender a todos os bancos em lista nacional a mesma exigência de aumento de capital para absorver eventuais perdas.
Cozendey disse que os países que já têm bancos na lista global, aprovada pelo G-20, podem incluir outros bancos na relação nacional. Devem ser escolhidos os bancos que, em caso de falência, possam provocar uma crise sistêmica na região e, como reflexo da importância do País, afetar outras economias.
A ideia de criar exigências regulatórias para os bancos é obrigar que estejam preparados numa próxima crise e não precisem de socorro governamental. (Estado)


Brasil oferece US$ 10 bilhões para FMI combater crise
O Brasil prometeu contribuição de US$ 10 bilhões para aumentar os recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI), na negociação de acordo para estabelecer proteção internacional contra o contágio da crise da Grécia a outros países.
A oferta brasileira, feita no G-20, em Cannes, é equivalente a 3,3% das contribuições previstas para o fundo e similar ao montante que o país colocou na mesa durante a crise de 2009.
Um "firewall" (proteção) contra contágio da crise da zona do euro deve voltar a discussão dos ministros de finanças do G-20 em nova reunião este ano, se forem superados obstáculos entre os próprios europeus e que impediram acordo em Cannes.
Ontem, a zona do euro estava de novo mergulhada na incerteza e em intermináveis negociações. O contágio ameaçava se estender à Itália e cresceu o risco de a recessão avançar para mais países do velho continente.
"Depende dos europeus sinalizar quando estão prontos para o acordo (de aumento de recursos do FMI e criação do firewall)", afirmou o secretário de assuntos internacionais do Ministério da Fazenda e principal negociador brasileiro no G-20, Carlos Márcio Cozendey, sobre a reunião ministerial.
O Brasil sempre reiterou que participaria de ajuda aos europeus através do FMI. Mas somente em Cannes explicitou o montante. Em Cannes, os países trabalharam com os montantes de 2009. Fontes do G-20 chegaram a ironizar que o Brasil quer ampliar sua "influência global" colocando na mesa apenas US$ 10 bilhões.
Na verdade, a contribuição brasileira é idêntica a da Rússia, Canadá, Suíça e próxima dos € 11 bilhões da França e dos € 15 bilhões da Alemanha colocados no pacote de 2009. A China participou com US$ 50 bilhões e fará o mesmo agora, pelo menos.
O plano em Cannes previa o aumento da capacidade de financiamento do FMI dos US$ 400 bilhões atuais para US$ 1 trilhão. Uma parte virá com contribuição bilateral e voluntária de países para o FMI em torno de US$ 300 bilhões. É dinheiro emprestado ao fundo, quando necessário.
Mas esse dinheiro adicional ao FMI não será usado para reforçar diretamente o EFSF, já que o FMI só empresta a países e não a entidades. Os recursos serão usados para o FMI emprestar diretamente a países, como a Itália, em dificuldade e na primeira linha de contágio.
Além disso, o FMI seria autorizado a fazer alocação especial de US$ 250 bilhões de Direitos Especiais de Saque (DES), sua moeda virtual, ampliando a liquidez global.
O acordo fracassou no G-20 por causa de divergência entre os países da zona do euro sobre a criação de um 'pool' para usar seus novos recursos de DES, de cerca de US$ 60 bilhões, e investir no Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF). Os alemães vetaram essa parte, insistindo que os recursos do DES devem ir para as reservas do Banco Central Europeu e que o papel do banco é de combater a inflação e não ser emprestador de "último recurso".
Os ministros de finanças dos 17 países da zona do euro se reuniram ontem à noite em Bruxelas para acelerar a criação do firewall que deve ser adotado por meio do EFSF, o fundo criado para socorrer países e bancos em dificuldades. As modalidades técnicas continuam sendo discutidas sobre a maneira de utilizar os títulos do fundo como garantias para as emissões de dívida dos países da zona do euro em dificuldades.
Já a segunda parte do plano europeu, para países emergentes também contribuírem a um fundo de investimentos para financiar a dívida da zona do euro, parece cada vez mais comprometido.
A presidente Dilma Rousseff tem reiterado que a contribuição do Brasil ao FMI estará vinculada a mais poder decisório do país no fundo. E foi incisiva em Cannes, dizendo que o Brasil não comprará títulos do EFSF. Na verdade, o Banco Central, como gestor das reservas internacionais, já comprou títulos do EFSF, com rating 'AAA'. A decisão de continuar comprando títulos do fundo depende da própria situação do mecanismo europeu e de decisão do BC.
A presidente fez referência a um eventual plano multilateral pelo qual emergentes entrariam diretamente com recursos no veículo de investimento do EFSF, no qual nem os europeus querem investir. (Valor)

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Professores são absolutamente essenciais para a Revolução na Educação


Por Ricardo Patah, presidente nacional da UGT
Enquanto existir um professor precisando fazer bico para sobreviver significa que a Educação no Brasil vai de mal a pior. Porque é em torno do apoio aos mestres, com salários dignos, com prestígio e respeitabilidade social, que criaremos a capilaridade básica para transformar a Educação em um  canal de distribuição de renda e de consolidação da cidadania.
Portanto, com dez por cento de nossos mestres tendo que se deslocar de sala em sala, com uma carga horaria absurda, sem tempo e sem dinheiro suficiente para sobreviver e, principalmente, sem terem tempo para o estudo e a reflexão, só podemos concluir que a Educação no Brasil é apenas parte dos discursos dos políticos que, infelizmente, ainda não estão comprometidos com nossa realidade e está muito distante de se tornar a esperança necessária para os avanços sociais que faz parte das bandeiras da União Geral dos Trabalhadores.

10% dos professores no país fazem 'bico'
Docentes procuram uma segunda ocupação mais do que padeiros, corretores de imóveis e PMs, segundo estudo. Para especialistas, média salarial não é única explicação para impulsionar o professor à dupla função.Semanalmente, a professora de ciências Sonia Maria de Barros Cardoso, 52, leciona 32 horas em duas escolas públicas no Rio. Seu salário é de R$ 1.800.
Para complementar, vende cosméticos, o que lhe rende R$ 1.000 mensais em oito horas semanais. "Em datas comemorativas, chega a ficar igual ao que ganho no magistério", afirma a docente.
Como Sonia, outros 266 mil professores da educação básica do país possuem uma segunda ocupação fora do ensino, um "bico", aponta estudo apresentado no mês passado pelos pesquisadores da USP Thiago Alves e José Marcelino de Rezende Pinto.
O número representa 10,5% do magistério nacional, índice bem acima do da população brasileira (3,5% têm uma segunda ocupação). O estudo usa a Pnad-IBGE e o Censo Escolar-MEC, ambos de 2009, e abrange as redes privada e pública.
Alguns dos mais frequentes "bicos" dos docentes são os de vendedores em lojas e os de funcionários em serviços de embelezamento.
Segundo a pesquisa da USP, os professores recorrem mais à segunda ocupação do que os padeiros, os corretores de imóveis e os PMs.
POLÊMICA SALARIAL -- Para os autores do estudo, a maior incidência do "bico" entre os professores está relacionada aos baixos salários.
A média salarial dos docentes do ensino fundamental, segundo a pesquisa (entre R$ 1.454 e R$ 1.603 à época), é inferior ao que ganham, em média, corretores de seguro (R$ 1.997) e caixas de bancos (R$ 1.709).
"O professor, com isso, é obrigado a despender energia em ações que não têm a ver com aulas", diz Alves.
Para alguns especialistas, no entanto, a questão não é tão simples.
"Os salários não são uma maravilha, mas, se comparados à média da população, os professores não estão morrendo de fome", afirma Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
"Sempre que há concurso para contratação de professores para as redes públicas há uma grande concorrência. Se a profissão fosse tão ruim, não haveria fila", diz Samuel Pessoa, da FGV. (Folha)

Taxa de juros é a menor em 17 anos
BC também vê um processo de declínio da chamada taxa neutra, que é o juro real que permite crescimento sem pressionar preços
O Banco Central (BC) está testando o menor nível de juro real no Brasil desde que foi lançado o plano Real. A taxa real desconta a inflação esperada dos juros cobrados. Na média de outubro, o juro real caiu para 4,5%. Os juros prefixados de 360 dias entre grandes empresas e bancos ficaram em 10,5%. Deduzindo-se a expectativa de inflação do IPCA nos próximos 12 meses, de 5,7%, chega-se aos 4,5%.
Para o BC, a queda do juro real é compatível com a volta do IPCA para bem perto do centro da meta de inflação, de 4,5%, no final de 2012. A instituição conta com a desaceleração da economia pela alta anterior da Selic, a taxa básica de juros, pelas medidas macroprudenciais de contenção do crédito e pela política fiscal mais apertada.
Mas, além disso, o BC vê um gradual processo de declínio da chamada "taxa neutra" de juros, que é o juro real que não estimula nem desestimula a demanda. Quanto menor a taxa neutra, mais baixa pode ser a Selic que mantém a inflação sob controle. "O juro neutro é importante, as pessoas têm de prestar mais atenção nisso", diz uma fonte da equipe econômica.
No mercado, porém, há uma corrente bastante preocupada com a recente aceleração da queda do juro real. "Eu acho que essa redução tem sido forçada, e é por isso que hoje temos uma combinação pior de inflação e crescimento", diz o economista Fernando Rocha, sócio da gestora de recursos JGP, que prevê crescimento de apenas 2,5% em 2012, com inflação de 5,6%.
O juro real brasileiro se manteve acima de 10% do início do plano Real até o final de 2003. Nesse período, várias vezes a taxa real atingiu níveis estratosféricos, acima de 20% ou mesmo de 30%. A partir de 2004, o juro real oscilou bastante, mas com uma tendência geral de queda. A crise global de 2008 e 2009, porém, provocou uma redução mais forte do juro real, com a queda rápida da Selic, e em julho de 2009 chegou-se a um mínimo de 4,8%.
A taxa real voltou a subir com o reaquecimento da economia, até um máximo de 7,1% em maio de 2011. No entanto, com a surpreendente decisão de cortar a Selic na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no final de agosto, o BC desencadeou uma nova rodada de queda da taxa real de juros. De uma média de 6,1% em agosto, ela despencou para 4,7% em setembro e 4,5% em outubro.
Expectativas -- O cálculo do juro real deduzindo-se a expectativa de inflação da taxa prefixada é visto pelos economistas como a medida mais importante, porque influencia as decisões das pessoas e das empresas, além da política monetária.
O juro nominal utilizado é a taxa prefixada de 360 dias das operações entre grandes empresas e bancos, isto é, a menor taxa de mercado. As taxas para as pessoas e a maioria das empresas são muito maiores, mas tendem a acompanhar os movimentos deste piso dos juros de mercado.
Essa taxa prefixada de 360 dias tem uma estreita correlação com a Selic, mostrando implicitamente qual é a expectativa do mercado sobre a trajetória da taxa básica neste período.
Assim, se há uma mudança súbita nas projeções da Selic, como ocorrido depois da reunião do Copom de agosto, a taxa prefixada acompanha - naquele caso, caindo fortemente, de 11,9% na média de agosto para 10,5% na média de outubro.
O outro fator que influencia a taxa de juros real é, naturalmente, a expectativa de inflação. Quanto maior ela for, para uma mesma taxa prefixada, menor serão os juros reais.
Quando o Copom iniciou o atual ciclo de corte da Selic em agosto, com a redução de 12,5% para 12% (agora já está em 11,5%, com mais um corte em outubro), houve muito ceticismo no mercado quanto ao comprometimento do BC em trazer de fato a inflação de volta para o centro da meta em 2012.
O impacto desancorou as expectativas de inflação, e a projeção do mercado do IPCA nos 12 meses à frente disparou de 5,47% no final de agosto para 5,76% na de 23 de setembro. Esse salto na inflação esperada, naturalmente, comprimiu ainda mais o juro real.
A partir do fim de setembro, a expectativa de inflação 12 meses à frente passou a recuar e já havia caído para 5,62% em 28 de outubro. Com isso, o juro real acabou tendo uma leve subida, a partir do nível mínimo diário de 4,3% em 3 de outubro. No dia 28 de outubro, estava em 4,5%.
A melhora nas expectativas de inflação nas últimas semanas mostra alguma convergência do mercado para a visão apresentada nas recentes comunicações do BC. Assim, a economia está desacelerando mais fortemente do que muitos analistas julgavam até alguns meses atrás, e a crise externa é pior do que parecia, com impactos mais relevantes sobre o Brasil.
Isso não quer dizer, porém, que o mercado tenha comprado o plano de voo do BC. "Não há mudança estrutural nos últimos anos que possa ter aberto o caminho para uma queda sustentável desta magnitude do juro real", diz Silvio Campos, economista da consultoria Tendências.
Um ex-diretor do BC observa que o atual nível do juro real está próximo, até um pouco abaixo, do recorde de baixa anterior, em 2009, quando havia uma clara política de estímulo à demanda. Assim, como é difícil que a taxa neutra possa ter caído tanto assim de 2009 para cá, o atual nível também é expansionista.
Rumo aos 2% -- Para o economista Julio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industria (Iedi) e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, o fraco crescimento projetado da economia brasileira em 2011 e 2012, em torno de 3% ao ano, cria uma oportunidade para se reduzir ainda mais o juro real. Ele acha possível inclusive chegar aos 2% no fim do mandato da presidente Dilma Rousseff, como o governo havia prometido. Para isso, porém, diz Gomes de Almeida, seria necessário ampliar o investimento público, especialmente em infraestrutura, e incentivar o investimento privado, para remover gargalos inflacionários. (Estado)

10% dos professores no país fazem 'bico'
Docentes procuram uma segunda ocupação mais do que padeiros, corretores de imóveis e PMs, segundo estudo. Para especialistas, média salarial não é única explicação para impulsionar o professor à dupla função.Semanalmente, a professora de ciências Sonia Maria de Barros Cardoso, 52, leciona 32 horas em duas escolas públicas no Rio. Seu salário é de R$ 1.800.
Para complementar, vende cosméticos, o que lhe rende R$ 1.000 mensais em oito horas semanais. "Em datas comemorativas, chega a ficar igual ao que ganho no magistério", afirma a docente.
Como Sonia, outros 266 mil professores da educação básica do país possuem uma segunda ocupação fora do ensino, um "bico", aponta estudo apresentado no mês passado pelos pesquisadores da USP Thiago Alves e José Marcelino de Rezende Pinto.
O número representa 10,5% do magistério nacional, índice bem acima do da população brasileira (3,5% têm uma segunda ocupação). O estudo usa a Pnad-IBGE e o Censo Escolar-MEC, ambos de 2009, e abrange as redes privada e pública.
Alguns dos mais frequentes "bicos" dos docentes são os de vendedores em lojas e os de funcionários em serviços de embelezamento.
Segundo a pesquisa da USP, os professores recorrem mais à segunda ocupação do que os padeiros, os corretores de imóveis e os PMs.
POLÊMICA SALARIAL -- Para os autores do estudo, a maior incidência do "bico" entre os professores está relacionada aos baixos salários.
A média salarial dos docentes do ensino fundamental, segundo a pesquisa (entre R$ 1.454 e R$ 1.603 à época), é inferior ao que ganham, em média, corretores de seguro (R$ 1.997) e caixas de bancos (R$ 1.709).
"O professor, com isso, é obrigado a despender energia em ações que não têm a ver com aulas", diz Alves.
Para alguns especialistas, no entanto, a questão não é tão simples.
"Os salários não são uma maravilha, mas, se comparados à média da população, os professores não estão morrendo de fome", afirma Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade.
"Sempre que há concurso para contratação de professores para as redes públicas há uma grande concorrência. Se a profissão fosse tão ruim, não haveria fila", diz Samuel Pessoa, da FGV. (Folha)

Metalúrgicos de São Paulo fecham acordo e garantem aumento de 10%
O comando de negociação dos Metalúrgicos da Força Sindical no Estado de São Paulo fechou acordo com quatro grupos patronais e garantiu aumento salarial de 10% para a categoria, aumento real próximo de 3%, segundo a assessoria econômica dos sindicatos. Os quatro grupos que aceitaram o acordo representam cerca de 80 da categoria no Estado (800 mil trabalhadores) e tem data-base em 1º de novembro.
“Foram negociações difíceis, permeadas pela crise mundial, mas a mobilização garantiu o resultado positivo e vamos pressionar para estender o mesmo acordo para toda a categoria”, disse o presidente da Federação dos Metalúrgicos de São Paulo, Claudio Magrão, em nota.
Miguel Torres, integrante do comando de negociação e presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes, disse estar “na expectativa” de fechar acordo com os demais grupos patronais, entre eles o comandado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) até a próxima terça-feira. Em nota, Torres voltou a afirmar, no entanto, que a haverá paralisação nas fábricas caso isso não aconteça, conforme decisão tomada em assembleia. (Valor)

Brasil está entre 7 países do G-20 com finanças relativamente fortes
O Brasil está entre os sete países do G-20 com finanças públicas "relativamente fortes", que se comprometem a tomar medidas adicionais para estimular a demanda doméstica se a economia global piorar.
No Plano de Ação de Cannes, antecipado pelo Valor ontem, o Brasil, Austrália, Canadá, China, Alemanha, Coreia e Indonésia assumem o compromisso de deixar os estabilizadores automáticos funcionarem no caso de piora global, ao mesmo tempo que vão manter os objetivos fiscais de médio prazo.
No caso do Brasil, o compromisso é o de continuar a fazer investimentos em infraestrutura para conseguir lidar com os gargalos existentes e aumentar o potencial de crescimento do país.
Países com forte superávit nas contas correntes, como China, Alemanha e Japão, prometem estimular o consumo doméstico. A China também admite acelerar, mas no seu ritmo, uma flexibilização de sua política cambial.
Estados Unidos, Alemanha, Japão, França e Reino Unido assumem compromissos sobre iniciativas já anunciadas em nível doméstico. A Itália não faz parte das economias sistêmicas, mas se compromete também diante dos riscos que apresenta atualmente para a zona do euro. (Valor)

Quase 1 milhão tem perda com fundos ligados a juros
Segundo estudo, 1 em cada 2 investidores ganharia mais com a poupança. Taxas de administração acima de 2% e peso do Imposto de Renda corroem aplicações atreladas ao CDI.
Quase 1 milhão de brasileiros mantêm hoje R$ 17,5 bilhões em fundos de investimento DI (atrelados aos CDI, Certificados de Depósitos Interfinanceiros) que perdem para o rendimento isento de imposto da caderneta de poupança, segundo estudo de Rafael Paschoarelli, professor de finanças da USP, com base em dados da consultoria Comdinheiro.
No estudo, 39 fundos de investimento DI (veja lista ao lado) tiveram rendimento líquido menor do que a poupança nos últimos 12 meses -no período, a caderneta teve ganho de 7,5%.
Os R$ 17,5 bilhões desses fundos somam apenas 5% do total de R$ 351,7 bilhões aplicados nos fundos DI, mas representam pouco mais da metade dos cotistas desse tipo de aplicação -956,4 mil de um total de 1,874 milhão.
Ou seja, 1 em cada 2 cotistas de fundo DI ganharia mais se deixasse o dinheiro na caderneta de poupança.
Para chegar a essa constatação, Paschoarelli descontou a menor alíquota de imposto de renda cabível -17,5% (361 a 720 dias de aplicação) ou 20% (181 dias a 360 dias)- de cada um deles. O período analisado foi de 29 de outubro de 2010 a 28 de outubro deste ano.
Foram excluídos fundos exclusivos ou voltados a grandes investidores.
Todos esses 39 fundos têm taxa de administração, espécie de anuidade que os bancos cobram para gerir o dinheiro do cliente, acima de 2% -limite para uma aplicação com juros pós-fixados (que segue a taxa Selic, hoje em 11,5% ao ano) render mais do que o piso anual de 6,17% mais a TR da poupança.
"As pessoas precisam entender o impacto da taxa de administração no rendimento dos fundos. Ela não pode comer a metade do rendimento. Em mercados maduros, essas taxas são expelidas não pelos reguladores, mas pela concorrência. Esse estudo mostra que o mercado de fundos brasileiro tem muito a evoluir", disse Paschoarelli.
A maioria desses fundos são aplicações automáticas, em que o próprio banco investe e resgata para manter a conta do cliente no azul.
Vários deles são de instituições comerciais que aceitam valores baixos para aplicação (quanto mais alto o tíquete de entrada, menor é a taxa de administração e maior é o rendimento).
Outros fundos são aplicações muito antigas dos bancos comerciais abertas ainda nos anos 90, quando o país convivia com juros acima de 20% ao ano e taxa de administração de 2% não fazia estrago no rendimento final da aplicação. (Folha)

Cinegrafista é morto durante ação policial no Rio
O cinegrafista Gelson Domingos, 46, da TV Bandeirantes, morreu no começo da manhã de ontem depois de ser atingido no tórax por um tiro de fuzil quando filmava uma incursão policial contra traficantes de drogas na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio. O tiro, que teria sido disparado por um traficante, perfurou o colete a prova de balas que o cinegrafista estava usando. Na ação, quatro supostos traficantes foram mortos e oito foram presos.
Domingos foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada na região, mas já chegou morto ao local. Ele teria filmado o responsável pelo disparo. A fita será utilizada pela Polícia Civil do Rio na investigação do caso. Domingos era casado e tinha três filhos e dois netos. O enterro será hoje no cemitério do Caju, na zona norte da capital.
A Rede Bandeirantes divulgou comunicado lamentando a morte do cinegrafista. A nota diz também que "a Bandeirantes toma todas as precauções para garantir a segurança dos seus jornalistas" nas coberturas diárias no Estado do Rio de Janeiro. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) também divulgou nota lamentando a morte de Domingos.
O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio de Janeiro divulgou comunicado responsabilizando a Bandeirantes pela ocorrência e afirmando que o colete a prova de balas que Domingos usava é apenas "uma maquiagem", uma vez que não oferece proteção contra tiros de fuzis.
Em agosto de 2005, a jornalista Nadja Haddad, também da Bandeirantes, teve um pulmão perfurado por um tiro quando se preparava para colocar o colete durante uma ação policial no morro Dona Marta, na zona sul do Rio de Janeiro. Nadja Haddad foi operada e se recuperou.
Em novembro de 2008, foi instalada no Dona Marta a primeira Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Rio, expulsando o tráfico armado da comunidade. Existem atualmente 18 UPPs em favelas da capital fluminense. Em novembro do ano passado, o fotógrafo Paulo Whitaker, da agência de notícias Reuters, foi atingido por um tiro no ombro no Complexo do Alemão (zona norte), desde então ocupado pelo Exército - que deverá ser substituído por uma UPP em 2012. (Valor)