terça-feira, 6 de março de 2012

Empresa que pagar salário menor para mulher pode ser multada

As empresas que pagarem para as mulheres salário menor do que pagam para os homens, quando ambos realizam a mesma atividade, poderão ser multadas, conforme projeto aprovado nesta terça-feira (6), por unanimidade e em caráter terminativo, pela Comissão de Direitos Humanos e Legislação participativa (CDH).

O relator na CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), apresentou voto favorável ao projeto (PLC 130/2011), ressaltando que a proposição, se transformada em lei, representará mais uma ferramenta jurídica para assegurar o princípio da igualdade entre homens e mulheres.

O senador lembrou que a Constituição federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT - Decreto-Lei 5.452/1943) já proíbem a diferença de salário entre homens e mulheres que executam a mesma tarefa, sob as mesmas condições e para um mesmo empregador. No entanto, ele observa que essas normas legais não têm sido suficientes para impedir que muitas trabalhadoras ainda hoje enfrentem discriminação.

De acordo com o texto, o empregador que descumprir a lei será obrigado a pagar à empregada multa correspondente a cinco vezes a diferença verificada em todo o período da contratação.

O relator elogiou o autor do projeto, deputado Marçal Filho (PMDB-MS), que acompanhou a votação da matéria na reunião da CDH. Paim destacou o fato de a multa proposta não estar sujeita a desatualização monetária e ser revertida em favor da empregada discriminada.

Paim agradeceu ao senador Waldemir Moka (PMDB-MS), relator da matéria na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), pelo esforço para a provação da proposta. Ao comemorar a decisão da CDH, Waldemir Moka disse esperar que o texto seja logo sancionado e entre em vigor.

As senadoras Lídice da Mata (PSB-BA), Ana Rita (PT-ES) e Ivonete Dantas (PMDB-RN) saudaram a aprovação da proposta. Elas lembraram que a votação na CDH acontece na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, e no ano em que o direito ao voto feminino, estabelecido pelo Decreto 21.076/1932, completa 80 anos.

Mesmo elogiando a aprovação do projeto, Ana Rita lembrou desafios ainda enfrentados pelas mulheres brasileiras, como a luta contra a violência doméstica e pela igualdade na sociedade. (Iara Guimarães Altafin / Agência Senado)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Autopeças chinesas de "qualidade duvidosa" inundam mercado brasileiro

Importação de autopeça chinesa triplica

Inmetro diz que grande quantidade de peças é de "origem duvidosa, de má qualidade e que oferece risco".

Entre 2009 e 2011, compra brasileira salta de US$ 467 mi para US$ 1,25 bi e gera deficit de US$ 1 bi nesse setor.

O Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) vai apertar o cerco contra o comércio de autopeças, principalmente as vindas da China.

O órgão, ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, está preocupado com a qualidade das peças usadas tanto na reposição quanto na fabricação de veículos.

A importação de autopeças da China praticamente triplicou de 2009 a 2011 -saltou de US$ 467 milhões para R$ 1,25 bilhão no período. Em relação a 2010, o crescimento foi de 61,5% e levou a deficit recorde de US$ 1,1 bilhão na balança comercial do setor.

Até o fim do primeiro semestre deste ano, seis importantes peças -sistemas de direção (e componentes), baterias e pneus- serão regulamentadas tecnicamente.

A partir daí, os produtos -inclusive nacionais- só poderão ser vendidos após receber o selo do Inmetro, como ocorre com alguns produtos automotivos e brinquedos.

A medida vai exigir investimentos das empresas. Segundo especialistas consultados pela Folha, os aumentos nos preços das autopeças serão inevitáveis. O setor nega que haverá aumento.

Atualmente, nove itens automotivos já são regulamentados. Até 2015, mais 11 autopeças deverão ser certificadas pelo Inmetro, entre elas buzinas e amortecedores.

"Está havendo uma entrada muito grande de autopeças no Brasil de origem duvidosa, de má qualidade e que oferecem risco ao cidadão", afirma o diretor da Qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo.

PASTA DE PAPELÃO

Segundo o assessor de segurança do Sindipeças (sindicato dos fabricantes de autopeças), Franklin de Mello Neto, o aço utilizado pelos chineses têm qualidade inferior aos usados no Brasil.

"Eles adicionam aço usado em vergalhões de construção. No Brasil, o aço cromo é o recomendado. Já as pastilhas de freio são feitas com pasta de papelão e liga."

Segundo Lobo, os testes vão incluir avaliações de impacto e resistência, entre outros, e atenderão normas internacionais que definem regras mínimas de segurança.

"Os fabricantes de autopeças nacionais e estrangeiros terão que investir para se adequar às normas e, com certeza, vão repassar os custos ao consumidor final", diz o engenheiro mecânico do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) Hiussen de Favari.

Ele afirma que a medida do Inmetro é positiva, uma vez que a entrada de autopeças da China obriga os fabricantes nacionais a baixar a qualidade dos seus produtos para ser competitivo. "O grande desafio será conciliar qualidade boa e preço. No Brasil, se o consumidor quer mais segurança, ele ainda tem que pagar a mais por isso."

O Sindipeças disse que não haverá impactos nos preços oferecidos aos consumidores. "Os custos serão diluídos e a indústria já está preparada para as exigências de qualidade", disse Mello Neto. (Folha)