quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Inflação sobe e se transforma em calote nos ganhos dos trabalhadores

Recuo da inflação ainda mantém preços em alta

(Postado por Chiquinho Pereira) Toda vez que a gente lê notícia sobre inflação vem a mesma dúvida. Para subir os preços é rápido. Para baixar, quase nunca. O que obriga os setores organizados da sociedade, como os sindicatos e centrais sindicais, a manter a pressão por recuperação da inflação que continua embutida. Porque senão é conviver, sem reagir, com o calote que se institucionaliza. Depois, as notícias de que a inflação cai não dão conta da inflação acumulada, dos novos níveis de preços, sempre mais altos, enquanto os salários continuam com valores do ano anterior.

Leia a notícia e se mantenha atento:

IGP-M fecha agosto em -0,32% com queda nos preços agropecuários, mas no acumulado de 12 meses a alta é de 13,6%.



Apesar de queda no atacado, analistas duvidam que preço ao consumidor caia com mesma velocidade e intensidade da alta.

O IGP-M, que assustou no início do ano com forte alta puxada pela inflação mundial dos alimentos, registrou em agosto deflação de 0,32%. O motivo foi a queda no preço dos produtos agropecuários, especialmente no atacado, que recuaram 4,81% no mês após subirem 3,69% em julho, o que havia levado o índice a subir 1,76%.


Foi a primeira baixa registrada no IGP-M desde abril de 2006 (-0,42%). No ano, o índice acumula alta expressiva de 8,35%. Nos últimos 12 meses, chega a 13,63%.

Conhecido por reajustar os preços de aluguéis e serviços públicos, a expectativa do mercado é que o IGP-M feche 2008 com alta de 10,91%.


A maior queda vista em agosto foi nos preços do atacado, que recuaram 0,74%, depois de subirem 2,20% em julho. Segundo Salomão Quadros, coordenador da pesquisa do IGP-M da FGV, 80% dessa contração dos preços dos produtores foi conseqüência do recuo no preço dos alimentos (-4,81%) e matérias-primas brutas (-4,71%), movimento vivido em todo o mundo por conta do aumento da produção e da expectativa de desaceleração no consumo.


A pesquisa mostra também que a queda dos preços no atacado já chegou ao consumidor. No varejo, a alta de preços foi de 0,23% em agosto -contra 0,65% de julho. Só os alimentos tiveram baixa de 0,46% nos preços, após uma alta de 1,41% no mês anterior.
Para Quadros, há dúvidas se o varejo vai repassar com a mesma intensidade e velocidade a baixa nos preços do atacado, como aconteceu na alta.


"Até o momento, as quedas de preço no varejo estão a metade [da alta]. Pode ser que ainda aconteça nos próximos meses, mas também pode ser a hora de as empresas recomporem as margens [de lucro], que perderam nos últimos meses."
O feijão tipo carioquinha, por exemplo, já caiu 7,55% em agosto no atacado e só 2,92% no varejo. O arroz branco beneficiado recuou 1,9% no atacado em agosto e 2,24% em julho, mas só caiu 0,8% no varejo neste mês (em julho subiu 1,89%).
Outro caso de atraso no repasse da queda de custos foi visto no trigo e derivados. Enquanto o preço do trigo no atacado derreteu 14,48% em agosto, a baixa da farinha de trigo no varejo foi de 2,75%.

No caso do pão francês, a baixa no varejo foi de apenas 0,25%.
A única exceção foi o da carne bovina, que recuou no atacado 7,39% em julho e 0,6% e agosto -no varejo, a baixa foi de 6,29% e de 0,3% em julho e agosto.
Para a FGV, a maior preocupação é com o aumento nos preços dos serviços.

São os que menos sofrem com a pressão de preços internacionais. Em 12 meses, os serviços não administrados - pessoais, médicos, de transportes etc.- subiram 5,94%; até julho, a alta era de 4,23%. Já os serviços administrados, que têm seus preços controlados, subiram em 12 meses de 2,45% para 2,69%. "A renda é tudo [para o setor de serviços], não tem tanto impacto do crédito", disse Quadros.
Para o economista Elson Teles, da corretora Concórdia, a deflação do IGP-M em agosto "não deixa de ser uma boa notícia", mas não muda o "plano de vôo" do Banco Central, que deverá manter aumento de 0,75 ponto percentual nos juros em setembro.
"Há uma série de dúvidas quanto à demanda e ao crescimento do crédito. Também é cedo para dizer que a alta dos preços dos alimentos está encerrada. [O resultado] garante dois meses sem pressão nos alimentos. Mas, se o preço das commodities cair muito, aí terá impacto no câmbio. Para o IGP-M ficar abaixo de 10%, precisa uma nova queda nos preços agropecuários", disse.
O economista Juan Jensen, do Ibmec-SP, também afirma que a deflação não resolve o problema da alta dos alimentos, que apenas devolveu uma pequena parte da valorização que teve nos últimos meses. Jensen acredita que, quanto mais competitivo for o setor, maior será o repasse da queda nos custos do atacado.



HABITAÇÃO -- Construção quer subsídios para casas populares

Que o Brasil precisa de investimentos urgentes em moradia, especialmente, a popular, não temos dúvidas. O que falta é inserir a sociedade civil organizada neste debate com urgência. Os trabalhadores, através do FGTS e do FAT já colaboram apoiando as politicas de investimento. Temos que negociar com as construtoras e com o governo modelos de aceleração da construção de moradia, a preços adequados e, principalmente, sem superfaturamento.

Veja o texto: Representantes da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) apresentaram ontem à noite ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva projeto para que o governo subsidie a construção de casas populares a trabalhadores que recebem menos de cinco salários mínimos.

A entidade também propôs a Lula que a iniciativa privada reforme prédios da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e construa sete novos anexos em troca da cessão, por parte do governo, de terrenos em outros locais para empreendimentos imobiliários. Lula estudará as propostas, segundo a CBIC.

No caso das moradias, a CBIC calcula que são necessários R$ 300 bilhões para a construção, em 15 anos, de 8 milhões de residências. O projeto prevê subsídios aos compradores de até 50%, por meio de redução de impostos ou financiamentos.

Setor automotivo anuncia investimentos de US$ 23 bi

Outra notícia que nos deixa com o pé atrás. Se está bom para o setor automotivo tem que ficar bom também para os trabalhadores do mesmo setor, numa primeira análise. E a gente verá logo se está bom mesmo para os trabalhadores ao acompanhar as negociações salariais que se iniciam.

Além dos reajustes que devem levar em conta a reposição da inflação e da produtividade, temos que ver como estas vantagens do setor produtivo chegam ao Brasil real. O que temos visto recentemente são as enormes transferências de bilhões de dólares que as montadoras fazem para as suas matrizes.

Atenção portanto com esse tipo de notícia:

O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, reuniu-se ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para apresentar o plano de investimentos de US$ 23 bilhões das montadoras e empresas de autopeças até 2011. Os recursos serão empregados para aumento de capacidade, pesquisa e desenvolvimento.

Antes da reunião com Lula, a Anfavea esteve com o ministro Guido Mantega (Fazenda), que garantiu aos presidentes das montadoras que não haverá cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas operações de leasing para compra de carros. Mantega afirmou ainda que o governo não está incentivando o aumento de ICMS pelos Estados.

Crescimento menor — O presidente da Anfavea disse que há, no momento, queda do crescimento das vendas, mas que o setor considera os números uma "acomodação" do mercado interno.

Schneider afirmou que esta redução não coloca as montadoras em alerta. "Há uma redução dos níveis de crescimento nesse último mês, e a tendência é cair nos próximos meses, mas é uma queda ainda de crescimento, representando acomodação normal do mercado", afirmou.

Na comparação de junho para julho, houve crescimento de 33%, segundo dados da Anfavea. Schneider estimou que de julho para agosto, o crescimento não deverá superar 11%. "Crescer menos não significa parar de crescer, mas crescer em outro ritmo. Isso já era esperado e é uma acomodação do mercado, que se encaminha para crescimento mais cadenciado, mais normal", comentou.

De acordo com ele, vários fatores podem estar contribuindo para essa redução. "Pode ter um impacto por conta do aumento dos juros, pode ser que a demanda reprimida tenha sido atendida em parte", citou.

Schneider disse acreditar que a previsão para o setor até o fim ano é de crescimento, mas menor em comparação ao ano passado.

A Anfavea apresentou a Lula um balanço como forma de mostrar que não tem responsabilidade por pressão inflacionária do setor. Participaram da reunião 19 das 27 empresas associadas à entidade. 

Governo deve adotar "modelo híbrido" para o petróleo

A UGT e as demais centrais sindicais deveriam criar um grupo técnico para acompanhar as discussões nestas novas descobertas de petróleo. É um assunto estratégico para o País. Da parte do governo federal, deveriam ser abertos canais para receber a contribuição dos trabalhadores, através de suas centrais e de seus sindicatos.

 Leia a notícia:

Áreas já leiloadas manteriam regra atual, e blocos vizinhos teriam mais presença do Estado. Na distribuição das áreas ainda nas mãos do Estado, haveria leilão, mas governo definiria a parcela dos campos que ficaria com a União.

O governo começa a fechar na próxima semana sua proposta de mudança nas regras de exploração do petróleo e, até agora, a tendência é adotar um "modelo híbrido" entre o norueguês e o brasileiro, segundo um ministro que participa das discussões sobre o tema.

As áreas do pré-sal já leiloadas, localizadas na bacia de Santos, ficariam sob as regras atuais, mas os poços vizinhos seguiriam o novo modelo -com maior participação do Estado- e sua exploração efetiva ficaria para segunda etapa.

A idéia é manter, na distribuição das áreas ainda nas mãos do Estado, o sistema de leilão existente atualmente para escolha das empresas. A diferença é que o governo definiria a parcela desses campos que ficaria com a União.

No caso da estatal pura, totalmente controlada pelo governo, ela não precisaria participar do leilão. Bastará ao governo indicar em que consórcio ela entraria como sócia e com que percentual.

Mas esses detalhes estão em discussão e começarão a ser definidos na semana que vem. Hoje, será a última reunião do ciclo preparatório, com análise das questões jurídicas envolvendo o debate sobre o novo marco regulatório do petróleo.

Por enquanto, a data fixada por Lula para que a comissão criada no governo feche sua proposta é 19 de setembro, mas os ministros envolvidos no debate avaliam que talvez seja necessário pedir mais prazo. Depois de fechado, o projeto terá de ser enviado ao Congresso. Sua aprovação é prevista apenas para o próximo ano.

A definição em torno da área já leiloada, que tem amplo complexo com reservas de pré-sal nas mãos da União, é considerada prioritária pelo governo.

Ali, sete blocos já têm donos. Eles já devem começar a investir e, para isso, o governo tem de definir a unitização desses campos, já que as pesquisas indicam se tratar de um único reservatório.

Por enquanto, a idéia é fixar quanto cada bloco vai poder explorar de petróleo em sua área, incluindo nos cálculos a parcela da União ainda não leiloada. Só que essa área seria explorada depois da aprovação das novas regras.

Esse era o principal embate que governo e Petrobras vinham travando nos bastidores em relação às áreas do pré-sal. A empresa chegou a ficar preocupada com a possibilidade de perder esses campos, mas o Palácio do Planalto avisou à estatal que isso não acontecerá.

Dos sete blocos do pré-sal leiloados, apenas um, o BM-S-22, é operado por empresas estrangeiras (Exxon e Hess têm 40% cada; Petrobras é minoritária, com 20%). Nos outros seis, a Petrobras é operadora e sócia majoritária -com percentagens que vão de 45% a 80%.

A estatal acenou até com a possibilidade de o aporte de capital que o governo terá que fazer na empresa -para garantir investimentos no pré-sal- ser feito com a cessão de direitos sobre as reservas das áreas contíguas aos campos já licitados.

Na legislação atual, contudo, isso é impossível. Ela determina que as empresas privadas e de capital misto, como a Petrobras, só podem ganhar o direito de exploração por meio de licitação. A única exceção é no caso de uma empresa totalmente controlada pela União.

Mesmo que todo o pré-sal na bacia de Santos não constitua uma única reserva de petróleo, muitos dos blocos já licitados são vizinhos de áreas não licitadas que ainda não foram suficientemente mapeadas. Essa situação pode resultar numa espécie de "impasse".

Um exemplo é o do campo Carioca, no bloco BM-S-9, em que a Petrobras é operadora com 45%, seguida pela britânica BG (30%) e pela espanhola Repsol (25%). Há indícios de que toda a região, incluindo as áreas não licitadas, constitua um único reservatório. E há ainda a possibilidade de que a área não licitada, de propriedade da União, contenha a maior parte das reservas de petróleo. 

Desemprego em seis regiões do País é o menor desde 98

Cada vez que lemos notícias de queda dos índices de desemprego, nos perguntamos o que acontece com os desempregados. Nossa preocupação é com cada um deles, que continuam cem por cento desempregados. O que deveria ser destacado, como fazemos agora, são os quase três milhões de desempregados que continuam nas ruas da amargura procurando uma vaga. Sendo que só em São Paulo, esse numero atinge 1,5 milhão.

Veja o texto: O desemprego nas seis regiões metropolitanas pesquisadas pela Fundação Seade em parceria com o Dieese ficou em 14,6% em julho, o menor nível para o período desde 1998, segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 27. O nível de ocupação caiu 0,7% no mês em julho ante junho e subiu 5,2% em relação a julho de 2007. 

O rendimento médio real dos ocupados, por sua vez, diminuiu 0,7% em junho ante maio, e passou a corresponder a R$ 1.154,00. Em relação junho de 2007, houve crescimento de 3,8%. A massa de rendimento dos ocupados permaneceu relativamente estável (-0,3%) em junho ante maio. Mas, na comparação com junho do ano passado, aumentou 8,4%. 

A pesquisa foi realizada nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, São Paulo e Distrito Federal. O contingente de desempregados foi estimado em 2,933 milhões de pessoas. 

Considerando apenas a região metropolitana de São Paulo, o desemprego ficou em 14,1% em julho. Embora tenha tido uma pequena elevação em relação a junho (13,9%), o resultado é o menor para meses de julho desde 1996. O contingente de desempregados foi estimado em 1,487 milhão de pessoas.

O rendimento médio real dos ocupados caiu 2,3% em junho ante maio e passou a corresponder a R$ 1.205,00. Em comparação com junho de 2007, o rendimento médio real teve alta de 2,5%. A massa de rendimento dos ocupados, uma combinação entre o nível de ocupação e o rendimento, também teve redução, de 2,2% em junho ante maio, devido ao decréscimo dos rendimentos reais. Na comparação com junho de 2007, houve alta de 6,8%. O nível de ocupação variou 0,2% em julho ante junho. Em relação a julho de 2007, o nível de ocupação subiu 4,7%.

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