sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

UGT exige contrapartidas sociais ao PAC Paulista

Serra lança pacote para limitar efeitos da crise

A UGT participou do evento em que o governador José Serra anunciou o PAC Paulista. Nossa presença foi para reforçar e reivindicar que se privilegie o foco social, ou seja, monitorar cada investimento com vistas aos retornos em empregabilidade e ampliação das oportunidades para os paulistas. Insistimos, também, que o crédito que será gerado através da inicitiva do governo do Estado que chege, prioritariamente, às pequenas e médias empresas, sufocadas pelos grandes bancos (inclusive os públicos) para lhes dar condições de se movimentar e manter os atuais empregos. Insistimos também que o governo do Estado estimule as empresas paulistas a se valerem dos benefícios da Lei 10101, da PLR, que a exemplo do que ocorre em outros Estados, gera transferência de renda estimulada pela renúncia fiscal. Na segunda-feira, a UGT estará presente ao anúncio dos novos pisos salariais do Estado, válidos para categorias não organizadas. É importante a elevação do piso para garantir mais distribuição de renda e ao mesmo tempo estimular as entidades sindicais a buscar, também, a ampliação dos respectivos pisos profissionais. 

Leia mais: O governador paulista, José Serra (PSDB), anunciou ontem várias medidas econômicas para tentar atenuar o impacto da crise global no Estado de São Paulo. São 17 ações que envolvem, basicamente, a antecipação de recursos de R$ 20,6 bilhões do Orçamento de 2009, a desoneração de investimentos para determinados setores, o aperfeiçoamento e a abertura de linhas de crédito e a equalização da taxa de juros em financiamentos a micro e pequenas empresas.

"Não é só o governo do Estado que será capaz de segurar a onda. Mas nós podemos contribuir muito para segurar a onda", disse o governador em cerimônia no Palácio dos Bandeirantes. Em seu discurso, Serra falou em "turbinar a demanda" e disse que o Brasil deve voltar a ser o país do emprego. Afirmou ainda que "estamos vivendo uma crise cujo tamanho não se conhece" e citou o britânico John Maynard Keynes, defensor do Estado na regulação da economia, e o presidente americano Franklin Roosevelt (1933-1945), que liderou a recuperação dos EUA pós-crise de 1929.

As medidas foram anunciadas pelo ex-governador e atual secretário de Desenvolvimento, Geraldo Alckmin. Ocorrem num momento em que a indústria paulista cortou 7 mil vagas em 2008 e dois dias após o PT ter aprovado uma resolução em que acusa os governos do PSDB e do DEM de não terem tomado medidas contra a crise.

Um dos nomes do PSDB para disputar a Presidência da República em 2010, o governador tentou desvincular o anúncio das medidas de eventuais pretensões eleitorais. "Às vezes, nem os jornalistas entendem o que é o trabalho de um governo que cumpre a sua obrigação. Parece uma coisa excêntrica, com motivações misteriosas, grandes conspirações."

Questionado sobre a política monetária do governo Luiz Inácio Lula da Silva, Serra evitou criticá-la: "Hoje vou falar das coisas de São Paulo. Todo mundo sabe o que eu penso de política monetária, de juros e tudo o mais". O tucano critica o alto nível dos juros brasileiros.

Os investimentos anunciados já constam do Orçamento de 2009. Serão R$ 20,6 bilhões, a maior parte em obras de transporte (R$ 5 bilhões) e saneamento (R$ 2,5 bilhões) e no Metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (R$ 4,2 bilhões). O objetivo é manter ou criar 858 mil empregos. No ano passado, os investimentos de R$ 15 bilhões ajudaram a criar 630 mil empregos diretos e indiretos. O governo não especificou quantos empregos serão criados. (Leia mais no Estadão)

Endividamento em SP é o menor em cinco anos

Presidente da Fecomercio-SP diz que consumidores estão mais cautelosos na hora de assumir novas dívidas.

O total de famílias endividadas na cidade de São Paulo caiu de 45% em janeiro para 38% em fevereiro, o menor nível registrado nos últimos cinco anos, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) começou a ser realizada pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). De acordo com o presidente da Fecomercio-SP, Abram Szajman, os consumidores estão mais cautelosos na hora de assumir novas dívidas e até mesmo buscam quitar as existentes.

Na avaliação de Szajman, esse comportamento é influenciado pelas incertezas em relação à magnitude dos impactos da crise financeira internacional sobre a economia brasileira. Do total de famílias endividadas, 12% estão com contas em atraso. Na comparação com fevereiro de 2008, houve recuo de dez pontos porcentuais.

Em relação ao cartão de crédito, 46% estão com a fatura pendente, enquanto os carnês em atraso comprometem 28%. Os outros débitos estão relacionados a crédito pessoal (8%); cheque especial (4%); cheque pré-datado (2%), e crédito consignado (2%). (Leia mais no Estadão)

40 mil desempregados de SP terão auxílio de R$ 210

Medida faz parte do pacote de estímulo econômico no Estado e chamado nos bastidores de 'PAC paulista'.

O governo do Estado de São Paulo vai oferecer alimentação e transporte gratuitos a 20 mil trabalhadores do Programa Estadual de Qualificação que estiverem recebendo o seguro-desemprego. A medida faz parte do pacote de estímulo à atividade econômica no Estado, anunciado nesta quinta-feira, 12, e chamado nos bastidores de "PAC paulista". A previsão do programa de qualificação é atender 60 mil pessoas este ano. Quarenta mil vagas serão destinadas a desempregados sem direito a seguro-desemprego, que vão receber uma bolsa-auxílio de R$ 210 por três meses, além de transporte e alimentação gratuitos.

A partir de 1.º de julho, o governo inicia o programa Microempreendedor Individual, com o objetivo de formalizar neste ano 300 mil autônomos e camelôs com renda anual de até R$ 36 mil, ou R$ 3 mil mensais. O Carnê da Cidadania, com valor entre R$ 46,55 e R$ 50,65, será o pagamento correspondente a todos os tributos devidos, inclusive Previdência Social. (Leia mais no Estadão)

Empresas ignoram projeções pessimistas e anunciam investimentos

Do petróleo ao sal de cozinha, das camisas ao telefone, das bebidas a bombas e válvulas... Empresas no Brasil tomam a direção contrária da crise e começam a anunciar investimentos num momento de desaceleração global, mostra reportagem publicada nesta sexta-feira no jornal O GLOBO. A OGX, empresa de petróleo e gás de Eike Batista, a PWR Mission, de bombas e válvulas, a Coca-Cola, a TIM, a Matte Leão, a Sal Cisne e até a pequena Grande Camiseira são alguns exemplos desse movimento. Até mesmo na indústria automobilística, as negociações para redução de jornada começam a esfriar.

A Coca-Cola Brasil anunciou nesta quinta-feira que investirá R$ 1,75 bilhão este ano, acreditando que o consumo da Classe C será mantido. O valor é 16,6% maior que o de 2008. O presidente da empresa, Xiemar Zarazúa, ressalta que, em alguns anos, o Brasil pode chegar à segunda posição no mundo. Hoje está atrás dos Estados Unidos e do México. A empresa prepara lançamentos para este ano. O primeiro será uma versão do guaraná com chá verde, o Kuat Eko. Em 2008, as vendas subiram 7%, e o faturamento chegou a R$ 15 bilhões, alta de 25% frente a 2007.

A TIM Brasil, terceira maior empresa de telefonia móvel do país, também divulgou nesta quinta-feira que está negociando a aquisição do controle acionário da Intelig, operadora de longa distância do Grupo Docas, do empresário Nelson Tanure. Segundo analistas, o negócio pode ficar entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. A companhia italiana também está investindo R$ 2,3 bilhões para a construção de redes de fibra óptica.

Já a OGX, empresa do grupo EBX, de Eike Batista, informou que está antecipando em um mês a exploração na Bacia de Santos, no bloco BM-S-29. O início da perfuração será em junho. O mercado reagiu bem ao anúncio: as ações subiram 3,74%. Com um caixa de R$ 7,5 bilhões, a OGX pretende investir US$ 2 bilhões em exploração e outro US$ 1 bilhão na produção. A OGX quer começar a produzir no fim de 2011.

Catadores terão apoio técnico e capacitação para enfrentar efeitos da crise

Cerca de 10 mil catadores de papel serão capacitados e receberão apoio técnico por meio de convênio firmado entre a Fundação Banco do Brasil (FBB) e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Segundo o representante do Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável, Severino Lima Júnior, a categoria já sofre os efeitos da crise econômica.

 “Ela [crise] tem nos afetado de maneira drástica”, disse Severino. No início de novembro, o papel branco era vendido a R$ 0,50 e hoje há cooperativas vendendo a R$ 0,10. “A queda nos preços foi muito grande, sem contar que o consumo diminui e da mesma forma diminui a quantidade de lixo e de resíduos que chegam às mãos dos catadores”, explicou Severino.

O convênio prevê a aplicação de R$ 16 milhões em ações de capacitação em 19 estados até o fim deste ano. As cooperativas deverão elaborar projetos que serão analisados por uma comissão da FBB. Serão, então, escolhidas 19 organizações regionais de catadores para coordenar as ações em cada unidade da federação.

Os cursos serão de 128 horas-aula e abordarão temas como a organização do trabalho, gestão, logística da coleta seletiva e meio ambiente. Haverá ainda assessoria técnica às cooperativas e catadores que mantenham empreendimentos no ramo.

Para o presidente da FBB, Jacques Pena, o segmento dos catadores é um dos mais organizados nacionalmente, e o convênio poderá melhorar a geração de renda desses trabalhadores. “Em cidades médias, os catadores são responsáveis pela captação de um volume significativo dos resíduos sólidos produzidos. Só isso já justificaria o convênio.”

O secretário nacional de Economia Solidária do MTE, Paul Singer, ressaltou que os catadores são importantes para o desenvolvimento sustentável das cidades.

“Eles são os mais excluídos, são pessoas que muitas vezes nem têm casa para morar e vivem de reciclar aquilo que nós jogamos fora. Eles desempenham uma função ecológica absolutamente estratégica. No mundo inteiro, os recicladores fazem parte da vanguarda da luta contra a degeneração dos recursos naturais do planeta”, afirmou.

Severino espera que outros acordos possam ajudar os catadores também com a compra de equipamentos, como prensas e caminhões para o transporte dos resíduos. “A gente está muito acostumado a ver na mídia recurso público que é mal utilizado, mal investido, mas os catadores fazem valer aqueles recursos que são aplicados dentro da cooperativa. A gente faz esse dinheiro valer, porque é uma grande responsabilidade”, afirmou.

Além da capacitação, um dos objetivos do convênio é promover a mobilização dos catadores. Uma organização do segmento em âmbito nacional ficará responsável pelo desenvolvimento de um projeto que inclui a realização de uma conferência para discutir uma política nacional de resíduos sólidos para o país.

(Agência Brasil)

 

 

 

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