segunda-feira, 4 de maio de 2009

Seis meses de crise nos permite avaliar atuação de bancos públicos a favor do Brasil e dos bancos privados a favor da ganância própria


Crédito público atinge 37,6% do total

(Postado por Valdir Vicente) Seis meses depois da eclosão da crise já é possível a gente analisar as estratégias sugeridas pelos trabalhadores e adotadas pelo governo federal que resultaram na ampliação da oferta de crédito dos bancos públicos diante da inoperância e ganância e esperteza dos grandes bancos privados. Hoje podemos ver que os bancos públicos ampliaram suas fatias no mercado, mas estão ainda muito longe de chegar até a pequena e média empresa, que deveria merecer prioridade absoluta, como sempre insistimos, diante do fato de todos conhecidos de serem os responsáveis pela grande geração de empregos. Os bancos privados, como também já havíamos denunciado, continuam a apostar na ciranda financeira, fugindo da crise, traindo os interesses do País.

Outra notícia que você pode ler abaixo é a sugestão do ministro Carlos Lupi, que sempre teve nosso apoio, de recusar terminantemente fazer acordos para redução de jornada com redução de salários. Ainda sobra espaço para a gente refletir sobre a última queda de um por cento na taxa Selic. É hora de os juros abaixarem na ponta do consumidor. Existem supermarcados cobrando 9% ao mês nos seus cartões de crédito. Já não é mais caso de agiotagem, é caso de polícia.

 

Leia mais: Com política agressiva, Caixa e Banco do Brasil aproveitam a crise para ganhar espaço dos bancos privados

Os bancos públicos federais aproveitaram a crise financeira internacional para acelerar uma estratégia de crescimento e superação do setor privado. Nos últimos 12 meses, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil (BB) entraram em nichos de negócio antes não explorados e ajudaram o setor público a avançar de 34,1% para 37,6% do volume global de operações de crédito do País.

A Caixa, que sempre foi identificada com o financiamento habitacional, pagamento de funcionários públicos e abraçava os pequenos poupadores e a população de baixa renda, ganhou um banco de investimentos para comprar participação em outras empresas, a CaixaPar, e entrou mais pesado no mercado de crédito para médias e grandes empresas, financiamento de automóveis e de eletrodomésticos. Na semana passada, anunciou que vai financiar viagens.

O Banco do Brasil, que conta com acionistas privados, mudou de direção, entrou no mercado imobiliário, de automóveis, eletrodomésticos e agora está submetido a um "contrato de gestão informal" com metas para redução dos juros dos seus empréstimos, como definiu o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao anunciar a substituição de Antonio Lima Neto por Aldemir Bendine no comando do instituição.

Essa expansão dos bancos públicos é explicada em grande parte pela inércia dos seus concorrentes privados, que, com medo da crise, pararam ou desaceleraram o ritmo de concessão de novos empréstimos, abrindo caminho para a Caixa e, principalmente, o BB.

Tradicionalmente especializados em nichos de operações de crédito, como habitação (Caixa) e agronegócios (BB), os dois bancos passaram a atrair pessoas físicas com o dinheiro que acabaram sugando de instituições privadas de porte médio durante a crise.

Os balanços do BB do ano passado dão a medida das mudanças. Entre junho e agosto de 2008, o banco captava cerca de R$ 12 bilhões em novos depósitos por mês. Em setembro, esse volume pulou para R$ 24 bilhões e, em outubro, para R$ 36 bilhões. No ano fechado, o BB conseguiu ampliar seu volume de depósitos de R$ 180,2 bilhões para R$ 246 bilhões.

"Tivemos um volume enorme de liquidez voando para dentro do BB", diz o gerente de Relações com Investidores do banco, Marco Geovanne Tobias.

Seus principais concorrentes privados, Bradesco e Itaú-Unibanco, também "roubaram" depósitos dos bancos médios e terminaram 2008 com R$ 145,2 bilhões a mais. Mas, ao contrário do BB, aplicaram grande parte desse dinheiro em títulos públicos, com ganhos altos e sem risco. As aplicações dos dois conglomerados em títulos (públicos e privados, além de derivativos) cresceram R$ 104,7 bilhões no ano passado. (Leia mais no Estadão)

Shows, protestos e maior churraso do mundo marcam comemorações do 1º de Maio pelo país

Em meio às turbulências causadas pela crise econômica, as centrais sindicais tentaram não levar apenas diversão aos quase dois milhões de trabalhadores esperados nas festas do 1º de Maio espalhadas em São Paulo. O objetivo dos organizadores foi também ajudar o público a refletir sobre o momento e a luta para manter empregos e direitos.

Na tradicional festa da Força Sindical, na Praça Campo de Bagatelle, em Santana, na Zona Norte foram sorteados 20 carros zero. Além disso, houve shows de Zezé Di Camargo e Luciano, Daniel, Edson e Hudson e Banda Calypso. O tema da festa foi "Toda força pelo trabalho decente". Os trabalhadores começaram a chegar por volta de 6h30m e lotaram a praça. A comemoração foi até 20h e a polícia estima que cerca de 1,5 milhão de pessoas passaram pelo local ao longo do dia.

Durante o evento, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou que as empresas se apressaram em demitir por causa da crise econômica mundial.

Já a festa unificada da UGT, CGT e NTSC - que ocorreu na Praça Júlio Mesquita, próximo à esquina mais famosa de São Paulo, São João com a Ipiranga - foi temática e homenageou o piloto Ayrton Senna, que morreu na mesma data, há 15 anos; o sindicalista Sandro Dias, morto durante a ditadura.

- É um grande exemplo para o trabalhador neste momento de crise - diz o presidente da central Ricardo Patah, sobre os dois homenageados

Também houve shows de Vitor e Leo, Alexandre Pires, KLB e Sorriso Maroto.

Mais modesta, a CUT, que para este ano criou um 1º de Maio "mais próximo da realidade do trabalhador, e não da lógica do mercado", segundo o presidente da central em São Paulo, Sebastião Cardozo, realiza duas festas: na Cidade Dutra, na Zona Sul, e no Itaim Paulista, na Zona Leste. O grupo Tribo de Jah foi o destaque da festa da CUT e se apresentou nas duas regiões. A entidade também organizou shows em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde cerca de 10 mil pessoas passaram ao longo do dia.

A Conlutas realizou manifestação em prol da estabilidade no emprego e redução de jornada sem redução dos salários, com o tema "Os trabalhadores não podem pagar pela crise". O ato aconteceu na Praça da Sé após a Missa do 1º de Maio, na catedral. Manifestantes do PSTU também se reuniram na Praça da Sé para protestar contra o imperialismo norte-americano neste feriado.

Ministro pede a trabalhadores que neguem redução salarial

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, disse nesta sexta-feira que "os trabalhadores devem se recusar a participar de qualquer tipo de negociação que reduza seus salários". Ele falou ao participar da festa do Dia do Trabalho, promovida pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e pela Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).

A festa, organizada pelas três centrais sindicais, homenageou o piloto de Fórmula 1, Airton Senna, morto há 15 anos, no dia 1º de maio. De acordo com o presidente da UGT, Ricardo Patah, a temática foi escolhida pelo "peso simbólico" de Senna.

"Porque ele era um homem que, além de vencedor, tinha uma qualidade de superar a adversidade". Segundo Patah, estiveram presentes na festa cerca de 300 mil pessoas, realizada na Avenida São João, centro da capital paulista. (Terra Brasil)

Líderes sindicais cobram mais arrojo na ação do BC

Representantes dos trabalhadores consideraram tímida a queda de 1 ponto porcentual na taxa Selic, decidida ontem pelo Copom. Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, o Banco Central poderia ter sido mais arrojado.

"A Selic deveria ter caído pelo menos dois pontos. Poderíamos até comemorar porque não somos mais os juros mais altos do mundo, mas vamos continuar lutando para a queda dos juros no País", disse. A Força vai aproveitaras o Dia do Trabalho para protestar contra os juros altos e o desemprego.

Paulinho lembra que o governo precisa ter mais ousadia para ajudar o setor produtivo. "O País gasta uma verdadeira fortuna com pagamento de juros, quando precisamos urgentemente desses recursos para saúde, educação, saneamento básico e moradia. Falta sensibilidade social ao governo, que insiste em manter a taxa Selic em patamares proibitivos para o setor produtivo."

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, disse que a medida pouco contribui para amenizar os efeitos da crise no Brasil. "A queda deveria ser no mínimo de dois pontos, para que demonstrasse a sensibilidade do Banco Central com alguns setores que ainda têm recuperação tímida", afirmou.

Patah, que também preside o Sindicato dos Comerciários de São Paulo, diz que o governo tem subestimado a importância do serviço e do comércio. "Esses setores são os que mais geram empregos e recebem o efeito mais imediato da queda nos juros." (Agência Estado)

Crise internacional agrava situação de trabalho precário no Brasil

Problemas estruturais da economia brasileira poderão serão agravados na conjuntura da crise financeira internacional. A crise, que já trouxe perda de emprego e de renda, tem um potencial de ocasionar aumento do uso de mão-de-obra sem contratação formal.

“Em uma recessão, a informalidade tende a aumentar exatamente porque as empresas querem reduzir o custo da mão-de-obra e os trabalhadores querem evitar perder salário”, explica economista José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio.

A partir de dados mais recentes, uma pesquisa da Fundação Getúlio Vargas divulgada no ano passado contabilizou que a informalidade cresceu também no momento de expansão da economia brasileira, antes da crise iniciada no segundo semestre. Segundo a FGV, a economia informal cresceu 4,7% até junho do ano passado e 8,7% em 2007.

Para Camargo, a legislação trabalhista brasileira gera “enorme incentivo à informalidade”. Ele exemplifica seu raciocínio citando a aposentadoria. “Como o trabalhador tem direito a uma pensão aos 60 anos de idade de um salário mínimo, independente de ter contribuído para a previdência social, existe aí um enorme incentivo para que empresários e trabalhadores negociem esta cunha com uma renda maior e um custo menor da mão-de-obra.”

 “Existe uma cunha enorme entre o salário que o trabalhador recebe e o custo do trabalho para o empresário, essa cunha são os impostos e mais previdência social”, diz.

O economista Fernando Botelho, pesquisador da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo), pondera que “quando a economia cresce aumentam a disponibilidade de crédito e as condições para que as empresas contratem formalmente”. Mas ele avalia que se o governo tivesse insistido na agenda de reformas durante o primeiro mandato (2003-2006), o país estaria menos vulnerável.

Segundo Botelho, foi a reforma do crédito, por exemplo, que viabilizou o aumento do financiamento da casa própria, o que gerou uma demanda por imóveis e faz com que o setor de construção civil ainda esteja preservado na crise.

Além da informalidade, os economistas temem aumento do trabalho infantil. Havendo recessão, os setores mais vulneráveis da sociedade poderão ser especialmente atingidos. Camargo, da PUC-Rio, explica que a oferta de trabalho infantil está relacionada à pobreza das famílias, “criança que trabalha é de família pobre”.

 “Uma parte substancial das famílias brasileiras pobres necessitam dos recursos, das rendas geradas dos trabalhos dos seus filhos para ter um padrão de vida minimamente razoável. O que acontece é que existe um incentivo para que as famílias coloquem seus filhos no mercado de trabalho para melhorar seu padrão de vida no presente em detrimento do padrão de vida dessas crianças no futuro quando se tornarem adultas”, lamenta.

Apesar do cenário negativo, os dois economistas não temem que possa ocorrer aumento de casos de trabalho em situação análoga à escravidão por causa da crise. Eles ressaltam que o trabalho escravo é um componente de setores marginais da economia e ocorre nas regiões rurais, de fronteira agrícola, utilizando mão-de-obra extremamente desqualificada. Botelho, acrescenta que o trabalho escravo sofreu pressão no momento oposto ao da crise, quando cresceu a demanda munidal nos últimos anos por commodities (soja, carne, minério de ferro). (Jornal da Mídia)

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