terça-feira, 22 de setembro de 2009

Está provado que a participação dos trabalhadores no mercado de consumo interno foi essencial para ajudar o Brasil a superar a crise

Greve de um dia na varrição leva decisão sobre demissões para Justiça do Trabalho

(Postado por Moacyr Pereira, presidente do Siemaco-SP) — Os varredores e varredoras de São Paulo pararam durante o dia de ontem. A greve mobilizou apenas 20% da categoria por se tratar de serviços essenciais e por decidirmos respeitar essa exigência legal. Conseguimos que a Justiça do Trabalho se manifestasse e convocasse a reunião para uma reunião com a Prefeitura e as empresas que poderá ocorrer ainda hoje. E a Justiça do Trabalho avaliará formalmente na próxima segunda-feira nossa reivindicação de estabilidade por três meses. A greve foi necessária porque os trabalhadores da categoria estavam abandonados à própria sorte e tendo suas vagas sendo eliminadas diariamente. Já contamos 568 demissões e mais 1.300 avisos prévios entregues aos companheiros. A ação se faz necessária para exigir que as partes (empresas e Prefeitura) saiam de traz do confronto que vivem hoje e levem em consideração a situação das milhares de famílias trabalhadoras que são vítimas ao perderem emprego e renda. Estamos ainda no meio da batalha. Falta a manifestação da Justiça do Trabalho e temos agendada mais uma reunião com a Prefeitura e a empresa a pedido do Ministério Público do Trabalho. A categoria continua mobilizada e decidida a não ser a vítima preferencial de uma disputa que prejudica tanto a categoria como a saúde pública de São Paulo ao deixar a cidade imunda.

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Empresas se negam a contratar garis e crise do lixo segue em São Paulo

Se a capital já estava suja com a diminuição dos funcionários da limpeza pública, ontem a situação ficou pior. A greve dos trabalhadores da varrição deixou as ruas mais imundas. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco), 20% do efetivo cruzou os braços e não saiu às ruas para trabalhar durante o dia.

A paralisação acabou ainda ontem, conforme prometia o sindicato. Mas a crise na varrição persiste, já que não houve acordo para recontratação dos 1.868 garis demitidos com o corte de 20% no orçamento da varrição na cidade.

Segundo o Siemaco, 1.600 funcionários deixaram de varrer vários pontos da cidade. Com isso, cerca de 54 toneladas de lixo deixaram de ser recolhidas, segundo a categoria. A Prefeitura alega que não houve problemas.

O jornal 'Díário de S.Paulo' percorreu ruas de São Paulo e constatou lixo acumulado durante todo o dia sem que ninguém recolhesse a sujeira. O drama é maior na região central, especialmente na Liberdade, Glicério e Parque Dom Pedro I. Na Liberdade, o acúmulo nos já tradicionais pontos de sujeira ficou maior.

- Tem que dizer para o prefeito que não somos rato nem barata para viver no lixo - disse a faxineira Magda Vasconcelos, de 34 anos.

Na Rua Conselheiro Furtado, durante a manhã e à tarde, a quantidade de lixo acumulada num ponto da rua havia quase dobrado entre as 10h e 17h. Nenhum funcionário da coleta ou varrição havia passado por ali. Situação semelhante foi constatada na Rua São Paulo. Na Mooca, Zona Leste, o lixo se acumulou nas ruas Wandenkolk e da Mooca.

Apesar da sujeira visível em vários pontos da cidade e das reclamações de moradores, a Prefeitura garantiu que a paralisação dos trabalhadores não causou prejuízos ao serviço de varrição de ruas. Em nota à tarde, a Secretaria das Subprefeituras informou que houve fiscalização do cumprimento da varrição "e não foram detectadas alterações da rotina de trabalho".

O prefeito Gilberto Kassab também procurou minimizar o problema e afirmou que a Prefeitura está negociando uma solução com o sindicato dos trabalhadores e as empresas.

- Foi criada uma mesa de negociações, a Justiça do Trabalho participa. Há negociação, há diálogo, a Prefeitura tem bom senso. Esperamos, ao longo da semana, chegar a um bom termo - disse ele.

- O importante é que exista uma boa prestação de serviço na cidade.

Apesar das declarações, a audiência de conciliação promovida pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) com a Prefeitura, as empresas e o sindicato dos trabalhadores não deu em nada.

- A Prefeitura diz que é contra as demissões, as empresas afirmam que não conseguem evitar as demissões. Os dois têm que ceder, porque nós já cedemos 578 demissões. Sem contar outros 1.300 trabalhadores que estão em aviso prévio - disse Moacyr Pereira, presidente do Siemaco.

O TRT marcou nova audiência para o dia 28, mas a Prefeitura tem reunião marcada com empresários e trabalhadores na sexta-feira. (Leia mais em O Globo)

FGV: renda explica queda de desigualdade no País

A renda do trabalho explica 66,86% da queda da desigualdade entre 2008 e 2001, de acordo com estudo do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O Bolsa Família responde por 17%, a renda de previdência por 15,72% e as transferências privadas por 0,50%.

No período, os 10% mais pobres da população brasileira tiveram aumento de renda de 72,45%, enquanto para os 10% mais ricos esse crescimento de renda foi de 11,37%. O restante da população, também dividido em grupos de 10%, mostrou maior alta da renda quanto mais pobres eram. Para o economista-chefe do CPS, Marcelo Néri, "esta é a década da redução da desigualdade de renda".

Néri considera a renda do trabalho superior a de transferências governamentais "até para a satisfação pessoal" de quem recebe. Dentro dos programas sociais, porém, ele defendeu o Bolsa Família como o melhor para reduzir a desigualdade, porque atinge realmente os mais pobres. Ele classificou o mercado interno e o Bolsa Família como dupla de ataque contra a crise: "O Pelé é o mercado interno e o Tostão é o Bolsa Família", comparou.

Segundo pesquisa do CPS, o Bolsa Família beneficia principalmente a classe E, enquanto o reajuste do salário mínimo é melhor para a classe D e a previdência, para a classe AB. Néri declarou-se contra o aumento permanente do salário mínimo como o governo pretende fazer, com a consolidação das leis sociais. (Leia mais no Estadão)

Potencial de consumo no País subiu 14,98% de 2003 a 2008

Segundo análise da FGV sobre os dados do Pnad, 31,9 milhões de pessoas entraram nas classes A, B e C.

O potencial de consumo aumentou 14,98% entre 2003 e 2008, de acordo com pesquisa do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O crescimento foi calculado com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre acesso a bens de consumo, serviços públicos, condições de moradia e tipo de família (por exemplo, casal com filhos ou sem). No mesmo período, 31,9 milhões de pessoas entraram nas classes A, B e C, segundo o CPS.

Já o potencial de geração de renda familiar, o "do produtor", aumentou ainda mais. "O potencial do produtor subiu aproximadamente 28%", informou o economista-chefe do CPS da FGV, Marcelo Néri. Ele contou que se surpreendeu pelo consumo ter crescido menos que o potencial do produtor.

A posse e o uso de celulares e computadores pelas famílias, que se expandiram grandemente no período, foram consideradas no estudo dentro do potencial do produtor como investimento - e não como consumo. Também são considerados no cálculo do potencial do produtor a inserção no mercado de trabalho, o nível de educação dos membros da famílias, a família dos filhos em escolas públicas e privada e o investimento em previdência (pública e privada).

De acordo com Néri, "sementes plantadas na década de 90, como a estabilização, as reformas e o aumento do acesso à educação" podem ter influído para o aumento do potencial de geração de renda pelas famílias nesta década. (Leia mais no Estadão)

Desigualdade caiu menos com entrada no mercado de trabalhador sem renda

Depois de ver a desigualdade no mercado de trabalho brasileiro cair 2,4% em 2007, os números de 2008 frustraram. A queda no Índice de Gini, que mede a concentração de renda e quanto mais perto de zero mais igualitária é a sociedade, foi de 1,3% e trouxe a pergunta: o que aconteceu para diminuir o ritmo no caminho da igualdade? Os especialistas ainda estão cruzando dados para responder com exatidão a essa pergunta, mostra reportagem do Globo, nesta terça-feira.

Uma das explicações é a melhora no mercado de trabalho, com o aumento de 2,5 milhões no número de ocupados, fazendo a taxa de desemprego despencar de 8,1% para 7,1% . Para o economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas (FGV), o mercado gerou muito emprego e incluiu trabalhadores sem renda, os mais pobres.

Leia também: Entre 2003 e 2008, 31 milhões de brasileiros subiram de classe social

- Isso gera efeitos na medição da desigualdade. Quando essas pessoas são absorvidas pelo mercado, faz a desigualdade cair mais devagar - diz ele, lembrando que os salários oferecidos, nesse caso, são menores.

E a Pnad mostrou isso, o número de trabalhadores sem remuneração caiu 13,2%, o que representou menos 701 mil pessoas nessas condições.

Neri usa a renda domiciliar per capita, incluindo as pessoas sem renda (e não inclui ganhos do trabalho), e nessa medida o Índice de Gini está caindo na mesma proporção: 1,3% em 2007 e 1,15% em 2008 (Leia mais em O Globo)

Previsão de investimentos começa a retomar níveis pré-crise, diz BNDES

Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que as perspectivas de investimento no país até 2012 estão retomando níveis pré-crise e alguns setores já estão à frente das estimativas de agosto do ano passado. Continua a sinalização de expansão puxada por projetos de energia e infraestrutura.

O total de investimentos previstos em agosto de 2008 para o período de 2009 até 2012 era de R$ 781 bilhões, tendo caído para R$ 688 bilhões no auge da crise, considerado pelo estudo em dezembro de 2008. Já em agosto deste ano o patamar voltou a subir e atingiu R$ 731 bilhões.

No caso da indústria, as incertezas ainda persistem e a retomada do padrão anterior à turbulência depende da recuperação econômica mundial, tendo em vista a fatia importante da exportação no setor industrial brasileiro. A previsão de investimentos do setor era R$ 239 bilhões ante da crise, tombou para R$ 159 bilhões em dezembro e continua nesse patamar.

De acordo com o estudo, a previsão de investimentos em energia elétrica, por exemplo, se sustentou em R$ 119 bilhões tanto em agosto de 2008, como no auge da crise, em dezembro passado. As últimas consultas foram feitas em agosto deste ano e apontaram para o mesmo número.

No segmento petróleo e gás a expectativa de investimento se ampliou por conta dos projetos voltados para a exploração do pré-sal. De R$ 270 bilhões previstos em agosto e dezembro do ano passado, a estimativa passou a R$ 287 bilhões agora.

No setor de telecomunicações houve retração de R$ 2 bilhões na expectativa, que era de R$ 55 bilhões em ante da crise e passou a ser de R$ 53 bilhões em dezembro, como em agosto deste ano.

Já em saneamento, as previsões passaram de R$ 37 bilhões em agosto do ano passado para R$ 40 bilhões em agosto deste ano. A expectativa de aportes em ferrovia saltou de R$ 16 bilhões em dezembro, para R$ 37 bilhões no mês passado.

Para portos e rodovias, a alteração de planos de investimento foi residual. No caso dos portos, o total de aportes previstos caiu de R$ 9 bilhões para R$ 8 bilhões entre agosto e dezembro de 2008 e se manteve neste nível em agosto deste ano. Para as rodovias, os investimentos previstos eram de R$ 28 bilhões no mês passado, mesmo volume visto um ano antes. (Leia mais no Valor)

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