segunda-feira, 17 de maio de 2010

Desaquecer economia com cortes violentos nos gastos públicos, sem renegociar dívida pública, pode afetar empregabilidade

Para os trabalhadores, desaquecer economia é risco de desemprego

Está no ar, pós aumento vergonhso dos juros através da elevação da taxa Selic para 9,5%, os “esforços” do governo para resfriar a economia através de cortes nos gastos públicos. A UGT está atenta à discussão pois queremos evitar que o corte em gastos públicos, como uma rubrica geral, afete os investimentos geradores de ocupação, como é o caso de gastos com infra-estrutura, investimentos em Educação, moradia, hospitais etc. Porque o foco central do debcate deveria ser o equcionamento da dívida pública, estimada em R$ 2,2 trihões ou 64% do PIB. Dívida que realimentada pelos juros astronómicos financia os especuladores e banqueiros do país. Desacelerar a economia através de cortes sem cuidar, primeiro da dívida pública, é correr o risco de proteger os especuladores e abafar o crescimento económico que apenas os trabalhadores e os empresários que realmente investem na economia produtiva podem gerar. (Ricardo Patah, presidente nacional da UGT)

Corte de gastos pelo governo precisaria ser de R$ 30 bi para frear demanda

O governo teria que cortar os gastos públicos bem mais do que os R$ 10 bilhões anunciados na última quinta-feira para conter a demanda na economia . De acordo com especialistas, o ritmo acelerado da atividade econômica, que gera pressões inflacionárias, só poderia ser contido com uma freada brusca nas despesas públicas. Ao consumir menos, o governo retira dinheiro da economia, esfriando a demanda e desestimulando a alta de preços.

" Já temos quase metade do ano em despesas executadas, portanto, a margem é ainda menor "

Segundo o economista da Tendências Felipe Salto, o contingenciamento adicional deveria ter sido de, no mínimo, R$ 30 bilhões para ser eficaz. Ele explicou que, apesar de o governo já ter cortado R$ 21,8 bilhões no início do ano, a medida veio acompanhada de uma redução da arrecadação prevista para o período. Ou seja, a queda nas receitas acabou anulando o efeito do corte. Agora que a arrecadação está subindo, seria o momento de fazer um aperto maior.

Como o Orçamento é muito engessado, os técnicos têm dificuldade para saber de onde vão tirar os R$ 10 bilhões. O que se imagina até agora dentro do governo é que ministérios como o da Defesa têm mais margem para corte.

- No ano passado, as despesas públicas somaram R$ 571 bilhões. Desse total, apenas R$ 19 bilhões eram passíveis de cortes, pois respondiam por investimentos não prioritários (fora do PAC) e custeio da máquina. Já temos quase metade do ano em despesas executadas, portanto, a margem é ainda menor - disse o economista Raul Velloso, especialista em finanças públicas, afirmando que a opção é cortar o PAC.

Decreto com os cortes deve sair até o fim do mês — Para o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas, a crise europeia, no entanto, tende a obrigar o governo a ir mais devagar com os juros, o que significa que a trajetória de queda depois pode ser menos intensa e mais longa, complicando a situação para 2011.

- Com o crescimento projetado para até 7,5% este ano, a economia já começaria 2011 aquecida, com crescimento de, no mínimo, 5%, o que exigiria juros mais altos. Isso deve respingar na necessidade de se fazer um superávit adicional para pagar a conta dos juros.

O decreto detalhando os cortes deverá sair até o fim do mês. Na segunda-feira, haverá reunião no Ministério do Planejamento para tratar do assunto. (O Globo)

Renda de trabalhadores qualificados tem queda de até 12,76%, revela estudo do Ipea

Enquanto a renda média do trabalho no país subiu 7,59%, de R$ 926,14 para R$ 996,45, descontada a inflação, entre 2002 e 2008, os trabalhadores com mais de nove anos de estudo tiveram queda nos seus rendimentos nesse período.

Segundo estudo divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre nove e 11 anos de escolaridade, houve uma redução de 5,09% e acima de 11 anos, de 12,76%. Por escolaridade, nota-se que o crescimento da renda foi decrescente, disse o autor da pesquisa, Sandro de Carvalho.

A renda auferida pelos trabalhadores com apenas quatro anos de estudo foi de 12,39%, quase o dobro da renda média nacional. Entre cinco e oito anos, o ganho no período foi 7,82%. O corte por idade mostra que os maiores aumentos estão nas faixas etárias de até 24 anos e com mais de 55 anos, que foi de 15,24% e 26,88%, respectivamente.

A renda média do trabalho no Brasil cresceu 17,1% entre 2004 e 2008. Após atingir um valor mínimo de R$ 850, em 2004, o rendimento médio recebido no mercado de trabalho cresceu para aproximadamente R$ 1.000. Os rendimentos, no entanto, não apresentaram uma trajetória homogênea para todos os ocupados. De modo geral, trabalhadores com menores salários apresentaram um crescimento acima da média e os mais qualificados tiveram queda da renda.

O texto destaca a importância dos aumentos do salário mínimo sobre os ganhos salariais da faixa mais pobre da população. Somado à queda na renda dos trabalhadores de maior poder aquisitivo, o fenômeno também ajudou a diminuir a desigualdade no país.

Diante da constatação, o Ipea sugere estudos mais aprofundados sobre oferta e demanda de mão-de-obra no país, para conhecer as reais causas para a queda nos rendimentos dos trabalhadores mais estudados. O Instituto alega que, de 2004 para cá, esta situação está se revertendo, mas ainda insuficiente para recuperar as perdas. Entre nove e onze anos de estudo, houve alta de 8,09% na renda e acima de 11 anos, de apenas 1,67%.

O estudo do Ipea mostra ainda que negros e mulheres tiveram maior aumento de renda, na comparação com brancos e homens. (O Globo)

Feirão da Caixa movimenta R$ 1,8 bi em São Paulo

Valor supera as contratações dos anos anteriores e representa um aumento de 24,1% se comparado com o resultado alcançado em 2009

O 6º Feirão da Casa Própria em São Paulo movimentou em quatro dias R$ 1,8 bilhão entre contratos assinados no local e os já negociados, incluindo a movimentação das empresas parceiras (construtoras e imobiliárias). De acordo com a Caixa Econômica Federal, promotora do evento, esse valor supera as contratações dos anos anteriores e representa um aumento de 24,1% se comparado com o resultado alcançado em 2009, quando foi registrado R$ 1,5 bilhão.

De acordo com Valter Nunes, superintendente regional da Caixa, a oferta de imóveis foi um dos fatores que proporcionou o alto volume de negócios. "Com mais ofertas de imóveis adequados ao perfil do público que frequentou o Feirão, inclusive com mais de 35 mil moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, alcançamos resultados mais expressivos do que no ano passado. Mesmo com um número menor de visitantes, conseguimos aumentar o volume de negócios. Isso demonstra também o quanto a estrutura do evento foi aprimorada", afirmou.

No Feirão que terminou hoje, foram oferecidas 151.845 unidades residenciais na região metropolitana de São Paulo, sendo 51.423 novas ou em construção (35.919 imóveis enquadrados no Programa Minha Casa, Minha Vida e 100.422 usados).

O Feirão de São Paulo teve a participação de 122 construtoras e 101 imobiliárias, além de parceiros institucionais como a prefeitura, cartórios e o Creci.

No próximo fim de semana, o Feirão estará em outras sete cidades: Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Uberlândia, Campinas, Florianópolis e Porto. E de 11 a 13 de junho, Belo Horizonte terá o último Feirão da Casa Própria deste ano. (Estado)

Fórum Nacional vai debater o Brasil pós-crise

A 22.ª edição do Fórum Nacional, organizado pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, começa na segunda-feira, no Rio, com discussões sobre temas sociais, políticos e econômicos. Entre os assuntos em debate, estão estratégias para o fortalecimento econômico brasileiro na fase pós-crise, a integração das favelas às cidades, consolidação das instituições políticas e a introdução do carro elétrico no País.

Para a abertura do encontro, no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), são esperados o presidente da República em exercício, José Alencar, o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, e os ministros Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Alexandre Padilha, de Relações Institucionais. O evento vai se estender até quinta-feira, 20 de maio.

Segundo Reis Velloso, esta edição do fórum tem um perfil diferente das anteriores, pois dedicará mais espaço às questões sociais. "Em geral, o fórum tem discutido favelas do ponto de vista de segurança. Mas existe o outro lado, que é a integração social das favelas, uma vez que elas são parte das cidades", diz o ex-ministro. No fórum, líderes de nove comunidades do Rio entregarão um projeto de integração social ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. (Estado)

Previdência e demografia criam "bomba relógio" no país

Em novo livro, economista defende reforma para que envelhecimento da população não torne insustentáveis as contas públicas no futuro.
O economista Fabio Giambiagi é um incansável defensor de mudanças nas regras da Previdência Social no Brasil. Seu mais novo livro, "Demografia - A Ameaça Invisível", escrito em parceria com Paulo Tafner, pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), joga luz sobre o envelhecimento da população no Brasil e os desafios que isso impõe à sustentabilidade das contas públicas. A obra defende, entre outras coisas, que benefícios assistenciais sejam diferenciados dos previdenciários e que o salário mínimo deixe de indexar os pagamentos da Previdência -mudanças impopulares e que requerem alterações constitucionais. Giambiagi, ex-professor da UFRJ e da PUC-Rio, ex-membro do Ipea e hoje chefe do Departamento de Risco de Mercado do BNDES, é autor de mais de dez livros sobre economia. Leia entrevista à Folha.

FOLHA - "Demografia - A Ameaça Invisível" pressupõe a existência de uma bomba demográfica que vai estourar, deixando a conta para as futuras gerações. Qual o risco?
FÁBIO GIAMBIAGI
- A essência do problema é essa progressiva mudança demográfica. No ano 2000, o número de pessoas com 60 anos ou mais era de 14 milhões de pessoas, enquanto o número de jovens, entre zero e 14 anos, era de 51 milhões. O perfil apontado pelo IBGE para 2050 é que a população jovem irá diminuir em termos absolutos de 51 para 28 milhões de pessoas. Já a população idosa de 60 anos ou mais vai aumentar de 14 para 64 milhões. Em 2050 teremos mais de três vezes o número de idosos, em termos absolutos, por população economicamente ativa do que hoje. Esse é o desafio. E é uma característica universal. O envelhecimento demográfico é algo que se repete em todos os países. No caso brasileiro ele é, de certa forma, mais acentuado, pois os outros países já estão no meio desse processo, ao passo que, no Brasil, ele está apenas se iniciando.

FOLHA - Mesmo assim, parece não haver um reconhecimento do problema, que exigiria reforma no sistema previdenciário. Qual a razão dessa inação?
GIAMBIAGI
- Há um paralelo natural que se pode estabelecer entre a questão demográfica e a questão ambiental. Em ambos os casos, lidamos com um fenômeno de longo prazo, em que o país e o mundo são praticamente os mesmos de um dia para o outro. Mas são dramaticamente diferentes quando se coloca a questão em uma perspectiva de 50 anos. O segundo paralelo é que os custos de se dar uma guinada no leme, de mudar o rumo do país, são de curto prazo e muito evidentes. Ao passo que os benefícios são de longo prazo e, em geral, pouco palpáveis. Mas o custo da inação hoje vai aparecer lá na frente. Há uma frase do Al Gore (ex-vice-presidente dos EUA) no documentário "Uma Verdade Inconveniente (sobre o aquecimento global)": "Um dia nossos filhos olharão para nós e dirão: "Mas onde é que vocês estavam quando isso estava acontecendo? Será que ninguém percebeu o que estava ocorrendo bem na frente de todos?" Isso vale para a questão ambiental e para a demográfica.

FOLHA - Os grandes números de um país, e isso também vale para a Previdência, são calculados como proporção de seu PIB (Produto Interno Bruto). Se o Brasil crescer mais rapidamente daqui em diante, esses problemas não estarão atenuados?
GIAMBIAGI
- O crescimento atenua tudo, obviamente. Se o país crescer 2,5% como crescemos durante duas décadas no passado, vai ser muito difícil equacionar o problema demográfico. Por outro lado, se o crescimento for de 5% ao ano, será, evidentemente, mais fácil. Mas não há garantias de que o país estará em condições de crescer 5% ao ano nos próximos 30 anos. A resposta a isso vamos saber daqui a 30 anos. A questão é que, com uma reforma na Previdência, haveria maiores condições de termos mais espaço no gasto público para um aumento do investimento estatal, que é um ingrediente fundamental para alavancar o crescimento futuro. Mas, se a população idosa crescer 4% ao ano, que é a estimativa para os próximos 15, 20 anos, e a economia crescer também 4% ao ano, ficam elas por elas. E o tamanho da conta vai ser similar ao atual. Se a economia crescer menos, como o número de idosos vai crescer em torno de 4%, a conta vai aumentar. Hoje, na verdade, há toda uma tendência de que a economia cresça mais de 4%. Mas estamos longe de ter segurança de que esse cenário será mantido por 20 ou 30 anos, especialmente em um contexto em que vamos mudar a composição da população economicamente ativa.

FOLHA - O sr. já escreveu outras obras sobre esse tema e publica textos em vários jornais. Mas parece que ninguém lhe dá ouvidos...
GIAMBIAGI
- Já tenho 18 anos, com alguma intermitência, de participação nos debates ligados ao tema. Nos debates por aí, as pessoas entendem a natureza da questão. Podem não gostar do assunto, mas, em geral, concluem que há uma questão a ser enfrentada.
O maior elogio que eu já recebi foi, curiosamente, de um sindicalista da CUT. Depois de apresentar essas ideias, no Fórum da Previdência em 2007, um representante da CUT comentou, a respeito do que deveria ser feito para equacionar o problema: "Estou impressionado com a crueldade do professor Giambiagi. Mas o que me deixou mais preocupado é que ele foi convincente". Pensei: "Consegui o que queria". (Folha)

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