segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Audiência de hoje à tarde definirá rumo da greve dos trabalhadores do Maracanã

Após serem enganados pelo Consórcio Delta/Odebrech/Andrade Gutierrez, operários retomam greve nas obras do Maracanã

Assembléia dos trabalhadores em greve, nas obras do Maracanã, que aconteceu hoje, 5/09, às 7 horas, decidiu pela continuidade da greve enquanto os trabalhadores aguardam a audiência na Justiça do Trabalho, às 13 horas de hoje.

A retomada da greve -- No último dia 30 de agosto, data do vencimento dos salários, o Consórcio deveria ter pago a cesta básica de R$ 160,00, prevista para 1o. de setembro, e terem sido entregues os cartões do convênio médico.

“O Consórcio pagou a cesta básica de apenas R$ 110,00 e nada foi falado a respeito do convênio médico que já tinha sido acordado e registrado no termo de responsabilidade, diante da Justiça do Trabalho”, explica Nilson Duarte Costa, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção Pesada (Sitraicp) e presidente da UGT-Rio.

Estes desrespeito aparentemente proposital se juntou aos problemas enfrentados pelos trabalhadores do turno da noite que são obrigados a comer as sobras das refeições do dia, que na maioria das vezes está estragada. E passam a madrugada toda sem um lanche, que deveria ser servido, conforme acertado, às 3 horas da manhã.

Faltam ainda, no período noturno, algum representante do departamento pessoal, médicos de plantão e nutricionistas para assegurar a qualidade da alimentação. Os trabalhadores reclamam, também, da obrigatoriedade de se fazer horas extras.

“Todas essas irresponsabilidades patronais se combinaram e os trabalhadores não tiveram outra alternativa a não ser retomar a greve que deve continuar até assembléia que teremos na segunda-feira, às 7 horas e a audiência na Justiça do Trabalho, às 13 horas”, explica Nilson Duarte. (Da Redação da UGT)


Juros e impostos podem baixar para garantir PIB de 2012, diz Mantega

Ministro estima crescimento de 5% no ano que vem e vê inflação em trajetória descendente.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta sexta-feira, 2, que o Brasil ainda tem espaço para reduzir juros e impostos para garantir um crescimento de 5% do PIB no ano que vem, mesmo com a deterioração da economia mundial.

"Nós temos um arcabouço de medidas na área monetária e fiscal que podem ser tomadas para uma eventual recuperação da economia", disse o ministro, em uma teleconferência à imprensa estrangeira, pouco após o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado que o PIB brasileiro desacelerou e cresceu 0,8% no segundo trimestre em relação ao período anterior.

Segundo o ministro, o terceiro trimestre deste ano ainda terá crescimento fraco. O governo avalia, no entanto, que as medidas já adotadas serão suficientes para estimular a economia no último trimestre.

Mantega afirmou que a economia brasileira deve crescer por volta de 4% neste ano, contrariando a estimativa anterior que era de 4,5%. Para 2012, o ministro espera um crescimento de 5%.

O PIB é a soma das riquezas produzidas dentro do país, incluindo nesse cálculo empresas nacionais e estrangeiras localizadas em território nacional. Nesse cálculo entram os resultados da indústria (que respondem por 30% do total), serviços (65%) e agropecuária (5%). Veja abaixo o desempenho de cada um desses setores no segundo trimestre.

"A economia americana trabalha com uma taxa de juros de 0,25%, então eles não têm mais como fazer estímulos através da política monetária. O Brasil tem a mais alta taxa de juros no mundo e o maior nível de depósitos compulsórios do mundo. Portanto nós temos muito espaço para utilização da política monetária, se necessário for, para estimular a economia num período de dificuldades. Se necessário for, temos também condições de usar estímulos fiscais porque nossas contas estão sólidas e temos acumulado poupança pública", disse.

O ministro fez questão de frisar que, embora tais medidas estejam à mão, o governo não planeja, por ora, adotá-las. "Mas se a economia não tiver o desempenho esperado, poderemos usar, como já usamos no passado, para alcançar as taxas de crescimento de 5% no próximo ano", disse Mantega.

Inflação -- Mantega disse que não vê necessidade de medidas adicionais de contenção da inflação para contrabalancear as ações de estímulo à economia que o governo vêm tomando.

"A inflação no Brasil está em uma trajetória descendente depois de termos tido uma pressão inflacionária mais forte no fim do ano passado e no início desse ano", disse.

"Se olharmos para a inflação para os próximos 12 meses, nós estaremos caminhando para o centro da meta em algum momento do ano que vem", disse.

Mantega observou que, em 2008, o Brasil conseguiu passar pela turbulência financeira internacional em melhores condições do que outros países porque os fundamentos da economia estavam firmes. Segundo ele, essa condição persiste, em um momento em que o mundo está em momento de instabilidade.

"O Brasil possui algumas vantagens que já nos permitiram superar a crise de 2008", disse, afirmando que o país é "um mercado consumidor bastante dinâmico", tem uma situação fiscal sólida "com a dívida caindo e um déficit fiscal mais baixo que a maioria dos países."

Real -- Mantega disse que o real está se estabilizando, após um período de grande volatilidade no seu valor.

O ministro voltou, no entanto, a acusar os Estados Unidos promoverem uma "guerra cambial", criticando a estratégia americana de utilizar o valor do dólar como instrumento para resolver seus problemas econômicos.

"Os Estados Unidos continuarão trabalhando para a desvalorização do dólar, o que traz problemas para o Brasil. Excesso de liquidez internacional dignifica uma tendência de valorização do real em relação ao dólar e portanto continuaremos a ter uma guerra cambial sendo travada durante esse período", disse o ministro.

"Infelizmente os EUA adotaram a política monetária como único instrumento, como única arma, para combater a sua crise econômica e essa estratégia cria problemas na economia mundial e particularmente para os países que como o Brasil tem um mercado interno maior e um crescimento melhor."

O ministro disse que, se necessário, o Brasil pode tomar novas medidas para conter a sobrevalorização do real, mas afirmou que o país não tem uma meta para o valor de sua moeda.

"Não trabalhamos com uma meta para o valor da taxa de câmbio no Brasil. Só trabalhamos para evitar o excesso de flutuação da moeda." (Estado/BBC Brasil)


'Vamos vencer a crise consumindo e diminuindo impostos', diz Dilma

A presidente Dilma Rousseff participou nesta sexta-feira da abertura da 34ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer) no Parque de Exposições Assis Brasil, na cidade de Esteio, Rio Grande do Sul (RS). No evento, Dilma defendeu investimentos do governo federal na agricultura e pecuária e garantiu que o Brasil não irá sofrer com a crise de créditos que abala os EUA e a Europa.

- Os ventos que chegam aqui vindos dos países desenvolvidos não são muito bons. Mas em 2008, o governo do presidente Lula enfrentou o início dessa crise. Na época, o Brasil tinha seus bancos sob o controle do Banco Central e solucionamos a crise sem usar recursos fiscais: usamos depósitos compulsórios e as nossas reservas. Hoje, as reservas são ainda maiores. Temos R$ 420 bilhões e qualquer problema de crédito nós temos como enfrentar.

Na sequência, acrescentou como o Brasil vai se safar de um contágio da crise internacional:

- Vamos vencer essa crise consumindo, investindo, criando empresas, diminuindo impostos, e também plantando e colhendo os frutos do trabalho da agricultura do país. (O Globo)


Instituições financeiras lucram US$ 42 bi e países perdem

Quase três anos após a quebra do megabanco de investimentos Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, a crise financeira internacional que teve origem no mercado imobiliário americano com as hipotecas de alto risco, as chamadas subprime, segue abalando mercados e assombrando governos.

Os cofres públicos e bancos centrais de todo o mundo já arcaram com US$ 12,4 trilhões até agora para incentivar suas economias e limpar os estragos provocados por grandes bancos globais. Essa conta se transformou numa dívida explosiva de países, e agora cobra sua conta e derruba as bolsas de valores.

As instituições financeiras socorridas na crise, no entanto, estão muito bem, obrigado. Seis dos principais bancos ajudados na crise - Bank of America Merrill Lynch, BNY Mellon, Citigroup, Goldman Sachs, JPMorgan Chase e Morgan Stanley - lucraram, somados, US$ 42,4 bilhões no ano passado, aumento de 40% na comparação a 2009. E os bônus dos grandes executivos de Wall Street voltaram, com pagamentos que em um dos casos chegou a US$ 23,3 milhões.

- O problema dos bancos com a dívida imobiliária foi absorvido, e eles voltaram a ser lucrativos, na maioria dos casos. A crise que era de empresas e bancos transformou-se agora numa crise de governos, principalmente em países como Grécia, Portugal e Irlanda, e provavelmente Espanha e Itália, que precisaram socorrer suas economias. Nos EUA, a dívida ganhou uma dimensão explosiva e está em níveis preocupantes, ainda que a solução preocupe menos do que na Europa - afirma Carlos Langoni, ex-diretor do Banco Central e economista da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) compilados pelo GLOBO, a dívida bruta dos países do G-7 - os mais ricos do mundo, entre os quais EUA, França e Itália - cresceu de US$ 35,3 trilhões em 2009 para US$ 41,26 trilhões em 2011, um aumento de 16,7%. No mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelos países) desse grupo avançou apenas 1,36%, considerando projeções do Fundo.

Dessa forma, o endividamento dos países passou a representar 118,2% do PIB. (O Globo)


Brasil exporta 568 mil empregos

Desde o início da crise, País perde vagas na indústria por conta da queda nas exportações e da alta nas importações de manufaturados

A crise global provocou profundas mudanças na balança comercial da indústria. Desde o início da turbulência, a queda nas exportações e o aumento nas importações de manufaturados custou 568 mil empregos industriais no País, conforme estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

A Fiesp estimou os empregos diretos e indiretos gerados pelas exportações e perdidos via importações. O cálculo aponta que, em 2008, o comércio internacional rendia à indústria 388 mil empregos. De janeiro a junho deste ano, o resultado foi negativo em 180 mil vagas. O número acima é a soma dos dois valores.

"São as duas faces da mesma moeda, que é a perda de competitividade. O real forte prejudica capacidade exportadora da indústria e eleva a concorrência no mercado local", diz Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Fiesp. Em 2008, os manufaturados respondiam por 48% das exportações. No primeiro semestre deste ano, a participação caiu para 38%.

Para Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o Brasil se tornou alvo para empresas ao redor do mundo, que desenvolveram canais de venda desde o início da crise e agora colhem os frutos. "O marco da entrada de importados no Brasil é 2011."

O saldo de empregos no comércio exterior piorou em relação a quase todos os parceiros comerciais, com exceção de Mercosul e África. A China foi a responsável pela maior perda de vagas. No primeiro semestre, o Brasil exportou 236 mil empregos industriais para o gigante asiático.

Com a crise global, exportadores europeus e americanos também elevaram suas vendas para o Brasil. O País exportou 64 mil vagas para os EUA e 35 mil vagas para a UE de janeiro a junho deste ano. O comércio com o Mercosul, no entanto, gerou um saldo positivo de 62 mil empregos.

Setores. O levantamento da Fiesp aponta que o setor têxtil e o de confecção é o mais prejudicado pelo comércio exterior. No primeiro semestre, a queda das exportações e o aumento das importações custou 186 mil vagas.

É o dinamismo do mercado local que mantém a geração de empregos no setor, embora em ritmo bem mais lento que no ano passado. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as tecelagens e confecções geraram 5 mil novos empregos no primeiro semestre, contra 17 mil no mesmo período de 2010. Em maio e junho, no entanto, o saldo foi negativo em 600 vagas.

"Deveríamos já ter começado as contratações de fim de ano, mas não foi possível", disse Aguinaldo Diniz, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). "O mercado interno desacelerou um pouco, acompanhando a redução do crédito, mas outro problema é a concorrência dos importados."

No setor calçadista, foram perdidas 1,5 mil vagas entre maio e julho - comparado à geração de 9,5 mil vagas no mesmo período em 2010. Os empresários reclamam do descompasso entre o desempenho do varejo e a produção da indústria local.

A produção de calçados caiu 10,7% em junho em relação a junho de 2010, enquanto as vendas no varejo subiram 12%. "O mercado interno segue forte, mas as exportações caíram e as importações cresceram muito", disse Milton Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria Calçadista (Abicalçados).

No setor de máquinas, o nível de emprego é parecido com o de 2008. Carlos Pastoriza, diretor-secretário da Associação Brasileir da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), diz que estão sendo perdidas vagas nas empresas terceirizadas que fabricam peças.

Segundo Rafael Bacciotti, analista da Tendência Consultoria, a geração de empregos pela indústria está acompanhando a sua capacidade de produção, que "vem andando de lado há um bom tempo". Ele afirma que os brasileiros continuaram consumindo neste início de ano, mas a indústria perdeu espaço para as importações.(Estado)


Brasileiros acordam do sonho americano e estão vivendo melhor na terra natal, diz 'LA Times'

Reportagem publicada - e com chamada na primeira página - na edição de sexta-feira do jornal americano "Los Angeles Times" apresenta histórias de brasileiros que deixaram o sonho americano para trás após a crise de 2008 em busca de uma vida melhor da volta ao Brasil. O retorno não se deveu à concretização do desejo dos que imigram para os EUA - ganhar dinheiro suficiente para voltar ao país natal e iniciar uma vida próspera -, mas à certeza de que a terra das oportunidades hoje é o Brasil.

- Desde que a crise econômica atingiu os EUA há três anos, a economia brasileira segue crescendo e a moeda, o real, se valorizou significativamente frente ao dólar. A taxa de desemprego está em seu nível mais baixo historicamente, e a renda, especialmente das classes média e baixa, está crescendo rapidamente. Em muitos setores, os trabalhadores brasileiros ganham mais do que os americanos - diz o texto.

Segundo a reportagem, não são só os brasileiros que moram nos EUA que estão voltando, mas também os que estão em outros países ricos, como o Japão. Além disso, o fenômeno, confirmado pelo embaixador Eduardo Gradilone Neto, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, afeta trabalhadores não qualificados e também os especializados.

Um dos brasileiros citados na matéria trabalhava na construção civil e chegou a ser pego pela Imigração. Agora, de volta ao Brasil, Marcos "Beto" Lopes da Silva, de 37 anos, ganha o equivalente a algo entre US$ 1.250 e US$ 2.500 com a venda de cartuchos para impressoras e diz que pretende voltar aos EUA, "mas só de passagem". (O Globo)


Puxado por serviços, PIB cresce 0,8% no 2º trimestre sobre o primeiro

O setor de serviços puxou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), de 0,8% no segundo trimestre deste ano, na comparação com o trimestre anterior. Este resultado representa uma desaceleração em relação ao crescimento de 1,3% verificado nos três primeiros meses deste ano.

O avanço do setor de serviços também foi de 0,8% em relação ao primeiro trimestre, enquanto a indústria subiu 0,2% e a agropecuária recuou 0,1% no mesmo período.

Pelo lado da demanda, o maior crescimento foi registrado na formação bruta de capital fixo - indicador que mede o investimento na economia -, que subiu 1,7% entre o primeiro e o segundo trimestres.

A despesa de consumo do governo cresceu 1,2% e a despesa de consumo das famílias subiu 1%, sempre na mesma base de comparação. A exportação de bens e serviços avançou 2,3% e a importação de bens e serviços teve um crescimento de 6,1%.

De abril a junho, o PIB somou R$ 1,021 trilhão, informou nesta sexta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Comparando-se o segundo trimestre deste ano com o mesmo período de 2010, o crescimento da economia brasileira foi de 3,1%. Este valor também representa desaceleração na comparação com a alta de 4,2% registrada no primeiro trimestre deste ano em relação a igual trimestre de 2010.

No segundo trimestre deste ano sobre o mesmo período do ano passado o setor de serviços se destacou novamente no grupo da oferta, com elevação de 3,4%, enquanto a indústria apresentou expansão de 1,7% e a agropecuária teve variação nula.

Na demanda, a formação bruta de capital fixo (FBCF) subiu 5,9%, em relação ao segundo trimestre do ano passado, enquanto a despesa de consumo das famílias foi elevada em 5,5%, no 31º crescimento consecutivo na comparação com igual trimestre do ano anterior. Os gastos do governo, por sua vez, cresceram 2,5%, enquanto as exportações de bens e serviços registraram alta de 6% e as importações de bens e serviços avançaram 14,6% na mesma base de comparação.

A taxa acumulada do PIB nos últimos quatro trimestres, registra expansão de 4,7% na economia brasileira, avanço bem menor do que o acumulado em 12 meses até o primeiro trimestre do ano, quando foi de 6,2%. No acumulado de quatro trimestres até junho do ano passado a taxa havia sido de 5,3%, também acima da atual.

No acumulado de quatro trimestres, a indústria apresentou crescimento de 4,4%, enquanto o setor de serviços mostrou alta de 4,2% no período. Já a agropecuária subiu 2,6%. Os impostos sobre produtos tiveram alta de 8,7%.

Analisado a partir do consumo, o setor que mostrou maior avanço no período foi a formação bruta de capital fixo, com alta de 11,9%. As despesas com consumo das famílias subiram 6,2% no período, enquanto as despesas de consumo do governo tiveram alta de apenas 2,4%.

Já as exportações terminaram o período com crescimento de 8,8%. Em compensação, as importações tiveram avanço de 23,2% em quatro trimestres.

Necessidade de financiamento -- A economia brasileira encerrou o segundo trimestre com uma necessidade de financiamento de R$ 20,472 bilhões, resultado inferior aos R$ 24,591 bilhões observados no segundo trimestre do ano passado.

Os responsáveis pela queda na necessidade de financiamento foram a redução do déficit externo de bens e serviços, que era de R$ 5,1 bilhões entre abril e junho do ano passado e caiu para R$ 4,6 bilhões em igual período deste ano, e a queda da renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo, que passou de R$ 21,5 bilhões no segundo trimestre do ano passado para R$ 17,8 bilhões entre abril e junho de 2011.

Segundo os dados apresentados pelo IBGE, dentro da renda líquida de propriedade enviada ao resto do mundo, a remessa líquida de lucros e dividendos caiu em R$ 2 bilhões e o pagamento líquido de juros recuou R$ 1,7 bilhão.

Dados revisados -- O resultado do PIB do primeiro trimestre do ano foi revisado de 1,3% para 1,2% pelo IBGE. O avanço dos últimos três meses do ano passado também foi modificado para baixo, de 0,8% para 0,7%.
A medição do crescimento da economia brasileira também foi revista para o período de abril a junho de 2010, mas nesse caso a mudança mostrou um aumento, tendo passado de 1,6% na divulgação anterior para 1,8%. (Valor)


'Corte acelerado é certo, caso previsão se confirme'

A acelerada moderação da atividade do país balizou a decisão do Banco Central (BC), avalia Nilson Teixeira, economista-chefe do banco Credit Suisse. Segundo ele, o comunicado que se seguiu à reunião do Copom também sugere grande convicção da autoridade monetária sobre os riscos vindos do mercado internacional. Caso se confirme o cenário do BC, Teixeira julga que a resposta da autoridade foi apropriada. Nesse caso, o mais adequado seria fazer uma redução de juros de uma forma acelerada, e de magnitude importante. Até por isso, ele acredita em forte queda dos juros, de 400 pontos até janeiro do próximo ano. Segundo ele, o PIB do terceiro trimestre já deve mostrar retração, em torno de 0,3%, que se somará aos efeitos da crise que o BC espera.

Valor: Qual a sua avaliação sobre a decisão do Copom?

Nilson Teixeira: Quando se lê o comunicado - e por sinal o BC foi na direção correta ao publicar, espero que se torne uma tradição da instituição, uma avaliação mais clara sobre a sua leitura - não há dúvidas sobre por que o BC cortou os juros e sobre a sua leitura da atividade econômica do Brasil desacelerando. A expectativa da autoridade monetária é de que haverá uma intensificação dessa desaceleração. Me parece que ele está sinalizando que o cenário global e essa desaceleração da atividade levarão a uma inflação ainda menor do que a autoridade monetária tinha previsto.

Valor: O corte foi muito forte?

Teixeira: Ninguém esperava um corte de 50 pontos. Mesmo a maioria dos nossos clientes que tinha posição [contratos de juros futuros] em um corte de 25 pontos dizia que achava pouco provável. Quando a autoridade monetária vem com [um corte de] 50, sinaliza o seguinte: há riscos importantes de que a desaceleração da atividade seja bem mais expressiva do que os analistas estavam esperando e que o próprio BC achava há um mês. E isso exige corte de juros.

Valor: Quando o BC surpreende o mercado, também emite um sinal?

Teixeira: A mensagem me parece clara: não dá para ficar esperando tanto, como foi feito em 2009, e vamos acelerar o processo de corte. Agora, até outubro muita coisa pode acontecer, porque a incerteza sobre os desdobramentos na Europa e nos Estados Unidos é muito grande, consequentemente os impactos aqui são muito incertos.

Valor: O BC fará novos cortes?

Teixeira: O que está acontecendo aqui também é muito incerto nesse contexto. Em caminhando para o cenário da autoridade monetária, nós julgamos que a resposta é apropriada. E indo para o cenário que nos parece que está no cenário da autoridade monetária, o mais apropriado é fazer uma redução de juros de uma forma acelerada e de magnitude importante. Em 2008 e 2009 já falávamos a mesma coisa, que o adequado, dadas as incertezas existentes, era que o corte deveria ser até em uma velocidade maior do que foi. Hoje ficamos do mesmo lado. Prevemos um corte de 400 pontos base, com 150 pontos em outubro.

Valor: Já há desaceleração na economia brasileira?

Teixeira: Esperamos um crescimento de 2,9% para o Brasil, que na média seria mais ou menos igual a não crescer nada no terceiro e no quarto trimestres. Ou seja, não importa qual seja a métrica que você usa, está crescendo menos do que o potencial. Consequentemente, eu entendo que a autoridade monetária julga que a desaceleração da atividade contribuirá para reduzir a inflação.

Valor: Qual será o comportamento da inflação?

Teixeira: Temos uma expectativa de que a inflação permanecerá elevada por mais tempo. Tem um caráter de persistência muita expressivo e alguns mecanismos de indexação que não vão ser desmontados, ao contrário, tendem a ter impacto até maior por conta, por exemplo, do salário mínimo. Mas se ocorrer um cenário em que os preços de commodities recuem um pouco e que a atividade de fato desacelere de forma expressiva, isso tende a ajudar a inflação a ser um pouco melhor do que a expectativa. (Valor)


Governo catarinense lança linha de juro zero para microempreendedor

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, anunciou hoje uma nova linha de crédito especial que vai oferecer R$ 40 milhões nos próximos 15 meses para microempreendedores individuais (MEIs), figura criada pelo governo federal para designar trabalhadores com faturamento anual de até R$ 36 mil.

Batizado de "Juro Zero", o programa prevê que o governo subsidie a taxa de 3,07% ao mês para o empresário que mantiver as parcelas em dia. O valor máximo do empréstimo será de R$ 3 mil, divididos em oito parcelas, e sujeito à análise de cadastro do contratante.

Segundo Colombo, para manter o programa em atividade, o governo irá abrir mão do juro sobre capital pago pela Agência de Fomento do Estado de Santa Catarina (Badesc). O valor, de cerca de R$ 9 milhões no exercício de 2010, será destinado para um fundo que irá subsidiar os empréstimos do programa.

O secretário estadual do Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Paulo Bornhausen, destacou que o projeto tem a finalidade de promover a inclusão social e estimular a formalização em Santa Catarina. Até o final do ano, serão 50 mil microempreendedores individuais cadastrados no Estado, segundo projeções do governo.

O programa também prevê o acompanhamento dos tomadores de crédito por meio de uma parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), que dispõe de 1,4 mil consultores em fase de treinamento. “O grande problema da micro e pequena empresa, e principalmente do MEI, é a sobrevivência”, disse Bornhausen.

O crédito será oferecido no estado por meio de convênio com 19 Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscips) espalhadas pelo Estado. Segundo Nelson Santiago, presidente doBadesc, as entidades já mantêm convênio com a agência desde 1999, e detêm uma carteira ativa de 34 mil clientes. O valor médio emprestado pelo convênio é de R$ 3 mil e a inadimplência é de 3,5%. Entre as Oscips mais ativas estão a Blusol, de Blumenau, o Banco da Família, de Lages, e a Juriti, de Jaraguá do Sul.

Segundo Santiago, 70% dos tomadores de crédito por intermédio das Oscips são informais. Por isso, na avaliação do presidente do Badesc, o programa poderá exercer a função de estimular a formalização.

Em caso de inadimplência, o juro pago pelo microempreendedor individual será de 3,07% ao mês. Se as parcelas forem honradas em dia, o governo arca com a última parte da dívida. Serão permitidos até dois empréstimos por CPF ou CNPJ.

Segundo Bornhausen, o governo já trabalha com a ampliação dos limites de valor oferecidos e também em um programa voltado ao estímulo à inovação, em parceria com o Banco do Brasil, para pequenas e micro empresas. “Hoje não falta crédito no mercado para o investimento direto, mas podemos oferecer uma linha especial, voltada para inovação”, disse.

O projeto prescinde aprovação da Assembleia Legislativa do Estado e foi encaminhado com regime de urgência ontem pelo governador Raimundo Colombo. A expectativa é de que em até 30 dias seja aprovado e esteja em operação. (Valor)

EUA entram com ação bilionária contra bancos por hipotecas podres

A Agência Federal de Financiamento Imobiliário (FHFA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos entrou nesta tarde com um processo bilionário na Corte Federal de Manhattan contra 17 grandes bancos, acusando-os de falsificarem a qualidade dos títulos hipotecários vendidos no auge da bolha imobiliária. A abertura do processo foi antecipada por reportagem publicada hoje pelo New York Times.

A FHFA exige dos bancos ressarcimento pelos empréstimos que foram vendidos à Fannie Mae e à Freddie Mac baseados em informações falsas ou incompletas sobre os mutuários e os imóveis.

As duas empresas de refinanciamento de hipotecas do governo tiveram que ser resgatadas com dinheiro dos contribuintes quando o calote nos empréstimos disparou para nível recorde.

No processo, a FHFA afirma que Fannie Mae e Freddie Mac compraram US$ 6 bilhões em hipotecas podres do Bank of America, US$ 24,8 bilhões do Merrill Lynch - instituição que depois foi comprada pelo Bank of America -, US$ 3,5 bilhões do Citigroup, US$ 4,98 bilhões do Barclays, entre outros. (O Globo/Valor)

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