segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Se puder, fuja dos bancos e financeiras porque juros do crédito pessoal é seis vezes a Taxa Selic


Juro do crédito pessoal é 6 vezes a Selic
Média cobrada pelos bancos nesse tipo de empréstimo fica em 68% ao ano; já a taxa básica está em 11,5% ao ano. No cheque especial, juro supera 186% ao ano; é preciso saber escolher melhor opção, alertam especialistas.
O consultor financeiro Rubens Tadeu de Castro, 43, decidiu aplicar na vida pessoal os conselhos que dá às companhias de pequeno e médio portes que assessora.
Há cerca de um mês, trocou dívidas mais caras -como a do cartão de crédito (juro médio de 10,7% ao mês, 238% ao ano) e a do cheque especial- por outra mais barata. E usou parte do dinheiro emprestado para investir na empresa que possui.
"Peguei R$ 70 mil por meio de refinanciamento imobiliário, com taxa de 19% ao ano [1,46% ao mês] em dez anos. Com isso, minha prestação com dívidas, que superava R$ 4.000 por mês, passou para R$ 1.300", diz Castro.
Mas ainda são poucos os que fazem essa reestruturação das dívidas pessoais. E menos ainda os que se dão conta de quanto vão pagar de juros ao final do empréstimo.
Das linhas de crédito consideradas pelo Banco Central para o cálculo do juro bancário médio -excluindo, portanto, financiamento imobiliário e cartão de crédito-, o cheque especial é a opção mais cara ao consumidor, com taxa de 9,17% ao mês, ou 186,7% ao ano.
O crédito pessoal (sem contar o empréstimo consignado, descontado em folha de pagamento) cobra, em média, juro de 4,42% ao mês, ou 68% ao ano -seis vezes o juro básico da economia brasileira (a taxa Selic), que está em 11,5% ao ano e pode chegar a um dígito em 2012.
SIMULAÇÕES -- O quadro ao lado traz simulações de empréstimos de R$ 70 mil por cinco anos -prazo em que Castro pretende quitar sua dívida- em diversas modalidades.
São situações hipotéticas, mas que ilustram as variações possíveis nos valores cobrados do cliente ao final do prazo do empréstimo, conforme o tipo de crédito e as taxas de juros de cada uma delas.
No crédito pessoal (excluindo o consignado), o valor total a ser pago à instituição financeira salta para R$ 200,6 mil.
E se alguém ficasse devendo R$ 70 mil constantemente no cheque especial por cinco anos -caso teórico que dificilmente aconteceria na vida real, pelo valor elevado e o prazo longo- pagaria, ao final, mais de R$ 13 milhões.
"Os juros no Brasil são muito punitivos", diz Erasmo Vieira, consultor da Planilhar Planejamento Financeiro.
"É preciso saber escolher o tipo de crédito mais adequado ao propósito que se tem, e avaliar se há condições para tomar o empréstimo ou se é melhor adiar a decisão." (Folha)

No Brasil, o problema dos altos juros é o 'spread' bancário
O Brasil é um país no mínimo curioso. Países como os EUA e a Alemanha entrariam em colapso se tivessem as taxas reais de juros brasileiras para crédito pessoal ou para capital de giro.
No entanto, essa resiliência verde-amarela não deve ser motivo de orgulho, muito pelo contrário. Juros altos minam nossa capacidade de investir e de criar um mercado consumidor forte e pujante, resultando em taxas de crescimento relativamente baixas para um país emergente.
A taxa básica de juros no Brasil, a Selic, não é a origem do problema, mas sim o que se cobra acima desta para emprestar, o "spread".
A atuação do Banco Central nos últimos anos resolveu um problema crônico de inflação que durou várias décadas. Baixar a Selic artificialmente será ineficaz e irá trazer de volta um velho e perigoso inimigo, que é a inflação.
Por que o "spread" é tão alto? Um estudo recente do Banco Central indicou que apenas dois fatores explicam 85% do "spread": margem de lucro dos bancos (55%) e inadimplência (30%).
A inadimplência é alta por dois motivos. Primeiro, nossa legislação protege pouco aquele que empresta. Prova disso é que o crédito que mais cresce é o de financiamento de veículos e o consignado, que têm, respectivamente, o automóvel e o salário como colaterais.
Segundo, seleção adversa: com taxas de juros tão altas, somente aqueles com recursos limitados e com poucas alternativas se dispõem a tomar empréstimo.
Com relação à margem de lucro, primeiramente uma ressalva. Qualquer empresa em uma economia de mercado sempre tentará obter o máximo lucro. O que impede o abuso é a competição.
O setor de telefonia no Brasil é exemplar. Se o consumidor tem a portabilidade da linha e a facilidade de trocar de empresa telefônica, os preços caem e a qualidade melhora. Ao contrário, notem a dificuldade que um cliente tem de trocar de banco.
Resolver o problema passa por incentivo e punição aos bancos: proteger seus direitos de cobrar, mas punir suas ineficiências e sua relutância em competir no mercado.
Para os clientes dos bancos, a regulação deve promover portabilidade da conta-corrente e facilidade em escolher outro banco melhor e mais barato.
MARCELO L. MOURA é professor associado do Insper. (Folha)

Pressionadas por cortes no Orçamento, secretarias voltadas para mulheres e negros gastam menos em 2011 
Brasília – Apesar da promessa do governo de que os cortes no Orçamento não afetariam as políticas sociais, secretarias voltadas para as políticas especiais estão sofrendo com a restrição de verbas. Segundo dados obtidos pela Agência Brasil, as secretarias especiais de Políticas para as Mulheres (SPM) e de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial (Seppir) estão gastando bem menos que no ano passado.
No acumulado de 2011, a Seppir gastou R$ 16,8 milhões, contra R$ 24,6 milhões registrados de janeiro a novembro do ano passado. A diminuição corresponde a 31,6%. A Secretaria de Políticas para as Mulheres foi ainda mais afetada pelos cortes. No ano, as despesas do órgão somaram R$ 39,9 milhões, contra R$ 82,4 milhões nos 11 primeiros meses de 2010. A redução chega a 51,5%.
Alguns programas registram cortes expressivos na execução orçamentária. Na SPM, o Programa de Enfrentamento Sexual contra Crianças e Adolescentes, cujos gastos somaram R$ 292 mil de janeiro a novembro 2010, executou apenas R$ 15 mil em 2011, redução de 94,7%. No Programa de Gestão de Transversalidade de Gênero nas Políticas Públicas, os desembolsos caíram 72,1% na mesma comparação, de R$ 8,7 milhões para R$ 2,4 milhões. No programa de Prevenção e Enfrentamento da Violência contra as Mulheres, a queda atinge 45,3%, de R$ 37,3 milhões para R$ 20,4 milhões.
Na Secretaria de Igualdade Racial, o programa mais afetado é o Brasil Quilombola, que gastou R$ 2,4 milhões este ano ante R$ 5,6 milhões nos 11 primeiros meses de 2010 – retração de 56,9%. O programa de Promoção de Políticas Afirmativas para a Igualdade Racial executou 39,9% a menos de um ano para outro. A despesa passou de R$ 11,4 milhões para R$ 6,8 milhões.
Os gastos só não são menores por causa dos restos a pagar, recursos do orçamento de outros anos desembolsados nos exercícios seguintes. As verbas de anos anteriores responderam por 53% dos gastos da SPM em 2011, atingindo R$ 20,9 milhões dos R$ 39,9 milhões gastos até agora. No caso da Seppir, os restos a pagar somam R$ 7,6 milhões e representam 45% da execução total em 2011.
A diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), Guacira César de Oliveira reclama do bloqueio de verbas para as secretarias especiais. Segundo ela, o governo está perdendo uma oportunidade histórica de combater os problemas sociais. “A promoção da igualdade é caminho para o Brasil enfrentar os grandes problemas sociais. Não tem como o país enfrentar a pobreza, se Estado não assume a tarefa de aliviar os encargos sobre as mulheres e qualquer segmento da sociedade em desvantagem”, disse.
Apesar da restrição de recursos, a situação pode melhorar em dezembro, pois na última sexta-feira (18), a equipe econômica liberou R$ 12 bilhões que estavam retidos. No início do ano, o governo tinha cortado R$ 50,7 bilhões do orçamento para 2011. Com a liberação, o bloqueio de recursos foi reduzido para cerca de R$ 38 bilhões.
Procurada pela Agência Brasil, a SPM não se manifestou sobre a execução orçamentária em 2011. A Seppir prometeu enviar esclarecimentos nos próximos dias. (Agência Brasil)

Criação de emprego formal cai 38,4% e tem o pior outubro desde 2008
No mês passado, foram criados 126 mil postos formais de trabalho.
Na comparação com setembro, queda na criação foi de 39,6%.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta sexta-feira (18) pelo Ministério do Trabalho, revelam que foram abertas 126.143 vagas formais em outubro deste ano, uma queda de 38,4% em comparação ao mesmo mês do ano passado, quando foram criados 204.804 empregos formais. Contra setembro deste ano, quando foram abertas 209.078 vagas, houve um recuo de 39,6%.
O recuo acontece em meio à crise financeira internacional. "O maior efeito da crise atinge hoje a grande metrópole, que é São Paulo. Temos lá o maior parque industrial do Brasil. A crise diminui muito as encomendas. Com isso, estado de São Paulo sofre mais. A criação de empregos [em São Paulo] representou a metade do que fez no mesmo mês de 2010. Acrescido o efeito sazonal da produção agrícola, das safras de café e cana-de-açúcar em São Paulo e Minas Gerais", disse o ministro do Trabalho, Carlos Lupi.
O resultado é o pior para um mês de outubro desde 2008, quando foram abertos cerca de 61 mil empregos com carteira assinada. Naquele momento, a economia brasileira também se ressentia dos efeitos da primeira etapa das turbulências externas - que eclodiram em setembro daquele ano com o anúncio de concordata do banco norte-americano Lehman Brothers.
A criação de empregos [em São Paulo] representou a metade do que fez no mesmo mês de 2010."
Acumulado do ano -- No acumulado de janeiro a outubro deste ano, ainda segundo números oficiais do Ministério do Trabalho, o número de empregos com carteira assinada alcançou 2,24 milhões. O resultado representa uma queda de 18,3% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 2,74 milhões de vagas.
Os números de criação de empregos formais do acumulado deste ano, e de igual período de 2010, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo.
Além de ter registrado queda frente ao ano passado, os dados do governo mostram que a criação de empregos formais, de janeiro a outubro deste ano, também ficou abaixo do resultado registrado em igual período de 2008 - quando foram criados 2,33 milhões de empregos com carteira assinada.
Meta de 3 milhões de vagas não será atingida -- Há dois meses, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, admitiu que a criação de empregos com carteira assinada em 2011 deve ficar abaixo da meta inicial de três milhões de vagas. Segundo ele informou nesta sexta-feira, a criação de empregos formais, com a incorporação dos servidores públicos (números da Rais, que só saem no próximo ano, com a incorporação dos dados dos servidores públicos), deve ficar abaixo de 2,4 milhões neste ano.
Para 2012, o ministro do Trabalho admitiu que a crise deve ter impacto na criação de empregos formais. Entretanto, afirmou que a criação de vagas não deve ser impactada como em 2009 - ano marcado por fraco desempenho por conta das turbulências externas iniciadas em 2008 com a concordata do Lehman Brothers.
Em 2009, foram criados 1,16 milhão de vagas formais pelo Caged, contra 2,14 milhões em 2008 - um recuo quase pela metade de vagas abertas. "Não acredito que caia pela metade [a geração de empregos em 2012]", disse ele.
Ele acrescentou, entretanto, que não "tem como medir isso"."A crise internacional está assustando muito o mercado interno, que diminui as contratações, que estão se garantindo hoje no mercado interno [demanda doméstica]. O governo baixa os juros, dá alguns incentivos, como diminuições de impostos para setores estratégicos, linhas de crédito para outros setores. Tudo isso tem efeito, mas não é imediato", declarou o ministro Lupi. (G1)

Câmara avalia proibir feriados em datas próximas a eleições
CCJ aprova pacote de projetos que, entre outras medidas, eleva pena para compra de votos; textos ainda vão ao plenário.
Enquanto a comissão especial da Câmara criada para analisar o projeto de reforma política não avança, a Comissão de Constituição e Justiça votou na semana passada um pacote de projetos alterando pontos da Lei Eleitoral. Entre as medidas aprovadas está a proibição de se decretar feriados próximos ao dia da votação - prática polêmica adotada principalmente com o ponto facultativo do Dia do Servidor Público, no fim de outubro -, além de punição mais rigorosa para compra de votos, regras para a eleição do Parlamento do Mercosul, campanha de senadores suplentes e mensagens sonoras em urnas eletrônicas.
Dos 23 projetos que constavam da pauta, 10 foram aprovados. O restante entrará em votação posteriormente. Os projetos precisam ser votados pelo plenário. "Não podemos esperar mais para votar esses projetos, sob o risco de comprometer as eleições do próximo ano", argumentou o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado João Paulo Cunha (PT-SP).
Feriadões. Caso se torne lei, um dos projetos proibirá que prefeituras, governos estaduais e o governo federal decretem feriado na sexta-feira e na segunda-feira mais próximas do domingo da eleição. A regra pretende evitar a ausência nas urnas. "A antecipação ou a prorrogação de feriados em datas limites ao dia do pleito constitui-se numa verdadeira infração à democracia, pois, a rigor, no fundo, significa um estímulo à abstenção, o que poderá provocar distorções em resultados", argumentou o autor do projeto, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).
Outro projeto pune com mais rigor a compra de votos. Na proposta, a punição para quem oferecer vantagens em troca de voto, mesmo que a oferta não seja aceita, varia de 3 a 6 anos de reclusão e pagamento de 100 a 300 dias-multa. Atualmente, essa pena é de até 4 anos de reclusão e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
Aprovado no pacote de mudanças eleitorais, o projeto do deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) vai permitir a divulgação da lista completa de candidatos e a das propostas dos partidos em painéis móveis colocados em terminais de transporte coletivo e estações de trens. A Justiça Eleitoral vai definir os locais.
"As mudanças ajudam a melhorar o sistema eleitoral e a fechar buracos que são objetos de reclamação", disse João Paulo. Um dos projetos aprovados obriga que seja dado destaque para o suplente de senador e proíbe a divulgação da imagem do titular sem a dos suplentes. (Estadão)

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